Nem tudo é o que parece (2/3)



Capítulo 45: Nem tudo é o que parece – parte 2: Entre a luz e as trevas.



Duas pessoas vestidas de preto se levantavam de dois tronos também pretos. Um pouco surpreso; Harry reconheceu um deles com ele mesmo, mais velho. Eles conseguiram o poder absoluto sobre tudo e a terra estava em trevas. As trevas tinham acabado com tudo. E numa ordem sua, traziam um caldeirão enorme, grande como uma piscina. E eles: Harry e Tom Riddle (O outro sujeito) começavam o largo conjuro:

-Osso do pai, outorgado sem saber...

O caldeirão adquiria uma luz cegante. Emergiam do caldeirão três figuras: Seus pais e Gina. (Afinal, todos achavam que ela estava morta, menos você que está lendo.).

Gina. Ele tinha Gina a seu lado. Ela corria até ele e o abraçava. Quase podia sentir seu calor entre seus braços, seu cabelo roçando-lhe o rosto. Seu lábio unido ao dele... Sua presença, seu perfume...

Enquanto isso, uma sede de poder desconhecida estava surgindo nele. O desejo das trevas. A visão mudou, Harry podia se ver em cima de todos. Junto com Tom Riddle conseguiu esse poder e Harry podia ler as mentes e os corações de todos. Libertava os presos injustamente em Azkaban, avançando com uma varinha que lançava chamas...

-Ah, sim... Seus pais – comentou Tom Riddle – O ofereci uma vez Harry. E não acreditou em mim. Sem dúvida, faz um tempo, um ano pra ser exato. Se você quiser, uma-se a mim e eles estarão de volta. E também essa garota que tanto lhe parece importante.

Os três amigos presenciavam estupefatos a cena. A magia existente em Harry se liberava, como uma nevoa. Em sua cabeça, pôde ouvir por um segundo a voz de Gina dizendo: “Harry, não se una a ele! Apenas finja!” Mas depois a voz se dissipou. Metade da névoa era branca e a outra metade era negra. Ambas tentavam destruir uma a outra, enquanto a cicatriz de Harry doía mais intensamente. Até Rony começou a pensar: “ele nos deixará, se unirá a ele e nos abandonará!”.

Um peso no coração de Harry começou a atormentá-lo. Era como se ouvisse duas vozes em sua mente. Mas não se tratava da maldição imperius. Eram suas vozes, só que uma delas era potente e grave. A outra era a sua, normal. Começava uma luta em sua mente.

“Você sabe que é certo. Una-se ao senhor das trevas” – sussurrava a voz grave.

“Não! Eu sei que não devo” – respondia a outra voz.

“O senhor das trevas possui poderes inimagináveis. Ele pode... Ele pode...”.

“Mas... E o que vai acontecer com meus amigos? Eu não... Posso deixá-los!”.

“Eles? Não tem por quê morrer. Pode salvar suas vidas, a sua e fazer todos aqueles que ama voltarem”.

“Eles... Morreram... Nas mãos de... Tom Riddle” murmurou quase inaudível a segunda voz.

“Sim. Porque se oporam a ele. Mas se você não se opor, possuirá um poder suficiente pra governar o mundo”.

“Eu não desejo isso...” a segunda voz disse ainda mais baixo.

“Sabe que sim. Sabe que deseja o poder, não o negue”.

“Não o nego, mas sei que não é o certo” reconheceu a segunda voz.

“Ah! E Gina? Uma-se ao lorde das trevas e possuirá tudo aquilo que desejou um dia”.

Harry lembrou do espelho do primeiro ano... Viu a sua família. Se tivesse o espelho ali no momento, o que teria visto? Também lembrou da voz de Gina em sua mente e decidiu uma coisa:

-Entrarei no joguinho de Voldemort – disse Harry tão baixo que nem sua mente escutou e nem ninguém.

“Eu farei. – disse a segunda voz, tão ameaçadora quanto a primeira – Eu farei!”.

Harry se levantou como em transe... Avancou pra onde Riddle estava. Este, que sabia tudo (Quase tudo) o que se passava na cabeça de Harry, voltou a sorriu com uma satisfação cruel. Harry se uniria (?) a ele. Com a ajuda do escolhido, alcançaria a força suprema. Depois o eliminaria, pois não estava disposto a disputar com ninguém sua superioridade. E Harry avançava com um estranho brilho em seus olhos.

Nesse momento, uma voz que era forte e clara, pronunciou em élfico:

- Eru edain anyare iuvé. Ale valane ata Daedeloth ë Alata. Amarth dör remmen atë eru edäin.

Outra voz respondeu fracamente, mas audível, desta vez traduzindo:

-Um escolhido que vive entre a luz e as trevas. O destino do mundo está em suas mãos. Será posto a dura proba e a escolha será sua.

Mione e Jill lembraram da profecia e finalmente entenderam seu real significado. E as palavras bastaram pra que Harry saísse do seu transe. Mas se fortaleceu nele também o lado desconhecido nele mesmo. A indecisão o torturava e ele não sabia o que fazer. Riddle se fixou em sua indecisão e pra terminar de convencê-lo, disse:

-Você sabe por quê eu quis te matar? O direi... Em você flui a mistura do sangue dos elfos reais e dos homens e dizem que essa corja nunca se extinguirá totalmente. Em você também flui o sangue se Slytherin e Gryffindor. Sim, eu sei o que você leu, eu pus o diário em seu caminho. Juntos poderíamos fazer grandes feitos! Seríamos os bruxos mais poderosos já nascidos! Submeteríamos o mundo inteiro a nossa vontade!

Hrry parou pra pensar um momento... Algo não encaixava: Sirius lhe disse sobre o diário. Então...? Claro, por isso ele se comportara de forma tão estranha. Slytherin e Gryffindor... Compreendeu finalmente sua luta interna, o porquê. Mas sua parte sombria aumentava e diminuía como uma maré de fluxo irregular, e mesmo que quisesse, Harry não se sentia forte o suficiente pra resistir.

-Harry... – chamou Rony – Não o faça... Não vá com ele Harry.

Harry escutou isso e uma parte de seu antigo eu aflorou. A lembrança dos dias em que percorriam Hogwarts, compartilhavam bons e maus momentos... Inclusive tinha uma de tantas travessuras deles, quebrando normas com ajuda da capa e do mapa...

Tom Riddle escutou, mas não fez nada com Rony. Estava jogando um jogo perigoso e se fizesse algo de errado estaria pondo tudo a perder. Enquanto isso, Harry tentava resistir com uma força renovada a essa escuridão interna que coexistia com sua luz: Amizade, esperança, coragem.

-Harry, por favor – chamou Hermione – Não faça. Quem te dirá que ele cumprirá sua promessa?

Outra parte de si mesmo aflorou em Harry, o ajudando a resistir com um pouco mais de energia. Lembrou dos dias tristes em que não falava com Rony, só Hermione o ajudava nessas horas. Ela o ajudava e apoiava em tudo que ele fazia, mesmo que quebrassem as regras, coisa que ela jamais faria sem um motivo. Que amigos esses. Nunca o deixaram só quando ele precisava.

Jill se levantou e implorou também:

-Harry, você tem o poder de inclinar a balança. Não desperdice a chance de salvar o mundo. Não vá com ele.

Seus amigos o ajudaram em tudo que ele precisava, quando estava bem, quando estava sem Gina, quando queria Gina... De repente, Harry entrou num outro transe... Ele estava num lugar desconhecido, era tudo branco, ele estava com Gina.

-Gina? – chamou ele – É você?

Gina se aproximou dele e o abraçou, mas não o beijou.

-Sim, sou eu Harry! Tenho pouco tempo pra falar!

-Ótimo! – disse ele, sem acreditar, ou melhor, não acreditando, parecia mais uma ilusão de Riddle – O que tem pra dizer?

-Resista! Você tem que salvar o mundo, evitar o que tanto teme! Lembre-se das pessoas que você mais gosta, sua mãe, seu pai, Sirius, Hermione, Rony, Jill, Cho, o professor Dumbledore. Eles iriam querer que você fizesse o bem e você tem que lutar! Por mim! – ela disse, fingindo um pouco de tristeza, mas não era notável pra Harry – Vingue minha morte!

-Certo! – ele se decidiu e saiu do transe. Estava de volta a Stonehenge. Não havia se passado nem sequer dez segundos.

Tom Riddle olhou Harry diretamente nos olhos e estalou os dedos.

Apareceram três grandes caldeirões, cheios de água até a borda e com o fogo queimando debaixo.

-Tudo está terminado. O que escolhe Harry? Deve saber que o preto tapa o branco, se tem luz, tem que haver trevas. Só a escuridão é digna de veneração Harry. Diga sua escolha.

Soava tão convincente... Harry olhou primeiro aos três caldeirões, depois aos seus amigos e depois aos caldeirões de novo. E três vozes sussurravam em seu ouvido. A de sua mãe... A de seu pai... E a de Gina. Seus pais lhe imploraram pra que não aceitasse, que era um preço horrível de mais pra viver, que eles morreram pra que ele pudesse viver. Gina lhe implorava que não, pois sabia que ele não a traria de volta nem se pudesse, que ele devia acabar com Riddle, pela justiça.

-Fale garoto! – gritou Tom Riddle, começando a ficar impaciente. Harry começava a escapar de suas mãos. Bem, se isso acontecesse, teria que matá-lo. Não poderia convencê-lo de novo. Reunindo toda a força e coragem que podia, Harry respirou fundo “Por meu pai... Por minha mãe... Por Gina... Pelo amor... Pela justiça e pela paz... Pelo mundo” ele pensou e gritou:

-É claro... – Riddle abriu um sorriso que mudou pra uma expressão raivosa assim que Harry terminou de gritar – QUE NÃO!

-Você é mais tonto do que eu pensava Harry! Nem sequer tem a varinha! Mas se quer morrer... Avada Kedavra!

O impacto da maldição o fez voar longe. Viu o facho verde e brilhante de luz, apesar de ter os olhos fechados. “Esse é o gosto da morte?” Ele pensou. Mas não sentiu nada de especial. Não morreu, mesmo que se sentisse mais fraco do que antes. Assombrado, observou como o raio de luz atingia Tom Riddle, que cambaleava e voltava a ficar de pé. A cena se repetiu várias vezes e a cada vez que o raio atingia Harry, este se sentia mais fraco. Um último raio de luz o fez bater contra um dos monólitos, o fazendo bater a cabeça e ver tudo escuro. Antes de cair no chão, conseguiu ver uma multidão indefinida. Algo que parecia ser criaturas diferentes.

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