Véspera de Natal II



Rony desceu as escadas apressado e passou pela mãe sem nem se quer olhá-la.

- To saindo mãe, não me espera pra jantar! – disse enquanto passava pela porta dos fundos

A Sra. Weasley se dirigiu apressada até ele.

- Hei, Rony! Espera filho! – o garoto parou em frente a moto, ainda de costas para a Sra.

- O que foi mamãe? – perguntou ele meio impaciente

- Aonde você vai? – ela aguardou ansiosa pela resposta

Rony se virou lentamente. Era impossível decifrar seus pensamentos naquele momento, seu olhar era vago e seu rosto não transmitia nenhum sentimento.

- A Sra. precisa parar com isso, precisa parar de controlar nossas vidas! – ela o olhou assustada – a de todos nós! Chega mamãe, já passou dos limites, a Sra. não acha?!

A Sra. Weasley fazia cara de ofendida, e lágrimas surgiram de seus olhos.

- Será que você não entende Ronald?! Eu já perdi seu irmão, não quero perder mais nenhum de vocês! – disse ela um pouco alto

Rony permanecia com o mesmo olhar e com a mesma feição, era como se a mãe não tivesse nem ao menos lhe dito nada.

- Nós já escolhemos nossos caminhos mãe – começou ele a falar, num tom calmo – escolhemos lutar, ao invés de nos esconder. E a Sra. deveria ter orgulho disso, e não ficar pelos cantos choramingando! Chega de ficar nos dizendo o que fazer, nós não somos mais crianças...

- São sim! Vocês ainda são as minhas crianças! – Gritou ela a plenos pulmões

Rony pareceu perder a paciência dessa vez, passou as mãos no rosto e tentou se controlar.

- Nada do que a Sra. disser vai nos fazer desistir – disse num sussurro agressivo – absolutamente nada! Então, de uma vez por todas, para de se intrometer, eu já to cansado disso!

Rony se virou e subiu na moto.

- Eu vou jantar com os pais da Thereza! – disse ele a uma Sra. Weasley abatida – Os meninos também vão sair, deixe eles irem em paz!

Ele arrancou a moto, deixando-a paralisada. Segundos depois ela não podia mais vê-lo.
Ouviu os garotos chegando e limpou algumas lágrimas que ainda desciam pelo seu rosto.

- Mamãe! Ta tudo bem? – era Gina, seguida pelos outros – ouvi a Sra. gritando...

A Sra. Weasley se virou para a filha, tentando esconder os olhos vermelhos.

- Está tudo bem filha! Agora vá com Deus! – disse ela entrando

- Tem certeza que essa era a Sra. Weasley? – perguntou Draco debochado

Eles começaram a rir.

- Cala a boca Draco! – disse Gina divertida – Vamos logo!

Eles seguiram para a casa nova e lá se dividiram. Apenas Harry e Hermione ficaram na casa.

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- Aquela foi a nossa última noite de paz – disse Hermione a Olívio - Na noite seguinte a guerra tomou rumos mais sombrios e o mundo bruxo caiu numa escuridão jamais vista!

Olívio suspirou fundo.

- É impossível esquecer daqueles dias Mione! – disse ele num tom triste – Toda noite eu tento não sonhar com aqueles rostos que se foram, tento não sonhar com o dia em que eles se foram...

- Todos nós Oli, todos nós!

Eles ficaram em silêncio, como se estivessem pensando no que tanto evitavam pensar e que por apenas ser relembrado já tomava conta de seus pensamentos.

- Bom eu preciso ir agora – disse Olívio um pouco assustado, se levantando – Tem umas coisas que eu preciso resolver por lá, mas assim que eu terminar eu volto tudo bem?

Hermione se levantou também.

- Claro Oli, não precisa se preocupar!

Os dois caminharam juntos até a porta.

- Bom,então até mais tarde! – disse ele começando a se virar

- Olívio! – chamou Hermione meio incerta – Você gostaria de almoçar conosco hoje?

O rapaz deu um grande e carinhoso sorriso.

- Eu adoraria!

Hermione retribuiu o sorriso.

- Então até o almoço! – disse ela

- Até! – e saiu

Hermione voltou para dentro da casa, e foi como se as lembranças daquela noite invadissem a sua mente, tanto o que ela vivera quanto o que lhe fora narrado.

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Rony agora estava dentro da mansão dos Danavan e tinha que admitir, ela era bem mais bela por dentro do que por fora. Thereza não estava nada satisfeita, por ela aquele jantar nem sequer existiria, mas por muita insistência dos pais ela acabou concordando.

- Amor desmancha essa cara! – pediu Rony desesperadamente

Ela revirou os olhos.

- Eu vou tentar, prometo – disse olhando pro namorado.

Rony não teve tempo de responder nada. O Sr. e a Sra. Danavan haviam acabado de adentrar à sala.

- Então esse é o famoso Ronald Weasley?! – era a Sra. Danavan, que lhe cumprimentou com um beijinho no rosto.

Ela era elegante e bonita, parecia muito jovem pra ser mãe de uma quase adulta, mas tinha um ar gentil e era muito sorridente.

- Não tão famoso assim, acredite! – brincou Rony sem graça

- Olá meu rapaz, é um prazer conhece-lo pessoalmente! – dessa vez foi o pai da menina, apertando sua mão.

Ele também era muito elegante, mas aparentava ser mais velho que a esposa, e demonstrava certo ar de superioridade.

- O prazer é todo meu Sr. Danavan! – disse nervoso

Eles conversaram mais um pouco e logo depois o jantar foi servido. Rony se sentiu pouco à vontade durante o jantar, os Danavan eram muito sofisticados e cheios de frescuras, mas ele se saiu bem.

- Então Ronald, – começou o Sr. Danavan após o jantarem – nós costumamos ver muito você nos jornais, matéria sobre sua vida, essas coisas...

Rony riu.

- Os jornais nem sempre dizem a verdade Sr. Danavan – comentou o garoto - A verdade mesmo é que eu nunca quis ser um desses heróis baratos que os jornais costumam vender por aí! – disse ele sério – nem eu e nem meus amigos!

- Vocês não concordam com o que dizem sobre vocês? – perguntou o homem intrigado

- O que eles dizem sobre nós Sr. Danavan? Até eu já estou confuso! – disse ele – Uma hora nós somos heróis, no minuto seguinte estamos conspirando contra o Ministério...

Eles ficaram em silêncio, e Rony continuou.

- Alguns acham que é porque eles querem vender, mas a única coisa que eles querem realmente, de uma forma ou de outra, é ver a desgraça alheia. – ele parou - Com o perdão da palavra!

- O que você quer dizer com isso? – perguntou o pai de Thereza

- Bom, se eles nos criticam é porque querem pressionar Dumblendore, se nos elogiam querem pressionar o Ministério! – continuou ele – Eles só pensam neles e em como vão ferrar próximo, nenhum deles valem o chão que pisam Sr. Danavan! Principalmente aquele pessoal d’O Profeta!

- Rony! – soltou Thereza nervosa

- Que foi? – perguntou ele a namorada, e logo se virou para os pais dela sem entender nada – me perdoem se eu disse algo que lhes ofendeu, mas eu só estava sendo sincero!

- Sem problemas Sr. Weasley! – exclamou o Sr. Danavan um pouco inquieto – Pra dizer a verdade, O Profeta agradece a sua sinceridade!

Rony o olhou ainda mais confuso e depois se virou para Thereza, como que implorando por uma resposta.

- Papai é um dos donos d’O Profeta Ron! – disse ela sem graça

Se fosse o Rony de messes atrás talvez ele teria ficado completamente vermelho, gaguejado, metido os pés pelas mãos e saído dali deixando uma péssima impressão aos pais da garota. Mas o Rony de agora era um Rony bem diferente, mais maduro, mais inteligente, talvez a guerra tivesse feito isso a ele, talvez Thereza, ou talvez os amigos, isso não importava, o que importava era que ele mudara, e mudara pra melhor.
Ele se virou novamente para o pai da garota, e tinha uma expressão muito tranqüila, apesar da surpresa.

- Thereza nunca me disse, eu não sabia que o Sr. era um dos cinco donos – disse ele – mas de qualquer forma eu não vou pedir desculpas por ter sido sincero e ter dado a minha opinião! O Sr. me perguntou e eu apenas respondi, talvez se eu soubesse teria dito o mesmo...um pouco mais suave, é claro!

Ele riu com o último comentário e arrancou uma pequena risada do Sr. Danavan.

- Tudo bem filho! – disse ele um pouco mais à vontade – Você tem razão, a maioria realmente não valem nem o chão que pisam, não sei se eu me incluo nessa maioria ou na minoria que ainda tem um pouco de dignidade.

- Eu também não sei Sr. Danavan e não posso julgá-lo, mas eu sei de uma coisa...Apesar da sua ausência como pai, o Sr. tem uma filha maravilhosa e se o Sr. for um dos que não tem caráter deveria ouvir alguns conselhos dela, porque ela sim tem dignidade, e se não fosse por isso, e pelo fato de eu amá-la muito, - o homem parecia muito atento e emocionado - talvez eu não estaria aqui e não teria passado a maior vergonha da minha vida!

Eles riram, deixando o ambiente mais tranqüilo.

- Obrigado Ronald, por cuidar da minha menina – Rony o encarou e sorriu – E obrigado pela sinceridade!

- Eu que agradeço por tudo, pelo jantar, pela confiança – disse olhando pra Thereza – e pela conversa também!

- Você é um amor rapaz! – disse a Sra. Danavan rindo

- Obrigado!

Eles ainda trocaram alguns elogios antes de se despedirem, e Thereza o levou até o portão.

- Meus pais te adoraram! – disse ela

- Eu também gostei muito deles e espero não tê-los ofendido! – disse ele – Principalmente seu pai.

- Papai quase nunca vai ao Profeta, só vai quando é necessário, e mesmo assim não diz muita coisa, apenas aceita! Talvez depois de hoje ele comece a tomar algumas atitudes!

- Seu pai é um homem bom! – ela sorriu – Que foi?

- Nada. – ele a olhou sério – É só que eu te amo!

Ele sorriu e a beijou.

- Também te amo, muito! – disse escorregando o dedo até a ponta do nariz dela – Amanhã você almoça lá em casa não é?

- Huhum – disse balançado a cabeça – meus pais viajam amanhã, e eu não quero passar o natal sozinha!

- E não vai! – exclamou dando alguns beijinhos nela – Vai passar comigo e com a minha família, e vai ser o melhor natal da sua vida!

- Tenho certeza que sim! – disse rindo e logo depois o beijando

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Draco e Gina estavam sentados em uma mesa num bar bruxo, já haviam comido, e agora conversavam enquanto tomavam algumas cervejas amanteigadas.

- Eu queria tanto ter visto, só de me contarem eu rolei no chão de rir! – disse Gina rindo muito

- Isso é porque não foi com você! – disse Draco também rindo – Virar uma doninha branca na frente da escola inteira não é nada agradável!

- Seu pai soube? – perguntou a ruiva parando de rir.

Draco também parou, e ficou mexendo distraído na garrafa de cerveja sobre a mesa.

- Eu não me importo com o fato dele estar preso! – soltou, voltando a encará-la – E às vezes eu me sinto culpado por isso, sinto nojo de mim mesmo!

Gina pôs sua mão sobre a dele, que estava sobre a mesa.

- Não há nada de errado nisso Draco! Qualquer pessoa em sã consciência e que tenha um bom coração sentiria o mesmo que você. Por mais que ele seja seu pai, ele nunca mereceu sua admiração, nem seu amor! – ela parou de falar e meio tímida tirou sua mão da dele.

Os olhos dele brilhavam, e Gina não sabia ao certo o porquê deles estarem assim.

- Obrigada – disse ele sorrindo

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas bebendo suas cervejas.

- Eu quero te mostrar um lugar, você vem comigo? – perguntou Draco se levantando e deixando algum dinheiro sobre a mesa.

Gina deu uma última golada em sua cerveja amanteigada e o seguiu para fora do lugar.

- Se segure em mim, certo?

Ela assentiu com a cabeça e agarrou o braço dele.

- Pronto. – disse ela e Draco aparatou

Eles aparataram em frente a uma grande casa, ela era sombria e parecia que não era habitada a um bom tempo. Gina não fez perguntas, apenas o acompanhou, ainda de braços dados com ele. Draco foi adentrando a casa, atravessou o escuro jardim, até chegar perto da entrada.

- Onde nós estamos Draco? – perguntou Gina, falando pela primeira vez.

- Era aqui que eu morava Gina. – disse ele olhando atentamente a casa, como se ela lhe trouxesse muitas lembranças.

- Essa é a mansão dos Malfoy? – perguntou assustada – É melhor nós irmos Draco, pode ser perigoso!

Mas Draco pareceu não se importar, continuou parado com aquele olhar sobre a casa. Gina tentou puxá-lo, mas foi em vão.

- Eu venho aqui às vezes, e fico olhando pra ela – começou ele, e Gina se acalmou enquanto ouvia-o.

- E porque você vem? – ela parecia interessada

- Eu fico olhando... como se quisesse encontrar uma resposta Gina, uma resposta de que eu não sou como eles, que todo o sofrimento que eu passei nessa casa não foi em vão, – ele suspirou e passou a olhar pra ela – e que eu sou bom o bastante pra você...

Gina o soltou.

- Draco.. – tentou ela, mas foi interrompida por ele.

- Não Gina, me deixa falar de uma vez o que está entalado na minha garganta há muito tempo, porque se você não deixar agora... – ele parou, sua garganta estava seca - talvez eu nunca mais consiga!

Eles ainda se encaravam. Draco olhou para a casa novamente e Gina abaixou a cabeça.

- Eu passei anos da minha vida fingindo ser alguém que eu não era, anos nessa casa tentando encontrar um bom motivo pra sair dela e nunca mais voltar. – ele voltou a olhar a ruiva, mas ela permaneceu olhando para o chão – Foi quando eu percebi que eu não precisava de motivo nenhum, eu só precisava simplesmente partir, sem olhar pra trás, sem magoas, sem lembranças, apenas partir!

Ele parou de falar por alguns breves segundos, que para Gina duraram uma eternidade.

- E então eu salvei Hermione naquele dia em Hogwarts, eu tive coragem pra fazer o que eu sempre quis! Mas o resto não foi como eu esperava, as magoas e as lembranças não se foram, e eu comecei a me amargurar, a única coisa que me fez seguir, durante um bom tempo, foi o ódio e a vontade de vingança. – ele novamente ficou em silêncio.

Ele acariciou o rosto dela, fazendo-a levantar a cabeça, e ela pode ver o quão meigo ele era. Seus olhos transpareciam tanta ternura, e ela enfim se sentiu calma, pela primeira vez desde que eles ficaram sozinhos.

- Mas eu encontrei outro sentido pra viver Gina, e hoje quando eu olho pra essa casa a única coisa que eu consigo ver é meu passado, e não mais o meu futuro. E sabe por quê? - ele se aproximou mais da garota – Porque o futuro que eu escolhi pra mim está bem na minha frente agora, está me olhando com os olhos mais doces que eu já vi na vida, porque meu futuro é você Gina Weasley!

E com um leve e suave movimento ele a beijou, um beijo desesperado e ao mesmo tempo terno. Ela pôde sentir toda a urgência que ele tinha, e ele todo o medo que a consumia. O beijo foi encerrado aos poucos, com mais alguns beijinhos, como se as bocas não quisessem se desgrudar. E Gina enfim se pronunciou.

- Draco, eu não quero me machucar! – disse ela ofegante, ainda muito perto dele – Então, por favor, se isso for só uma diversão pra você, não vá em frente e não me deixe ir em frente.

Draco abriu o sorriso mais lindo que Gina já vira, lhe deu mais alguns beijos fazendo seu corpo todo se arrepiar e a encarou.

- Será que você entendeu o que eu disse Wesley? – perguntou ainda sorrindo e acariciando o rosto da garota – Eu te amo, e vou te amar pra sempre! Eu quero me casar com você, quero ter filhos com você...

- Uma coisa de cada vez Malfoy! – brincou ela

Eles riram.

- Agora o que me resta saber é se você sente o mesmo, ou se eu to fazendo papel de bobo apaixonado sozinho. – ele riu, mas deixei transparecer todo o seu nervosismo à espera da resposta.

Gina não pôde deixar de sorrir do nervosismo dele.

- Do que você está rindo? – perguntou ele

- Hei! – chamou ela tocando o rosto de Draco, fazendo-o estremecer – Eu estou rindo porque você ficou lindo assim... todo inseguro.

Ele acabou se desarmando e riu tímido. Gina se aproximou.

- E porque enfim eu vou dizer algo que já tava entalado na minha garganta há muito tempo... – seus olhos se encontraram, e se encararam tão profundamente que poderiam ver a alma um do outro – Eu te amo Draco Malfoy, te amei desde a primeira vez que te vi, mas você se mostrou tão imbecil todos esses anos, - eles riram - que quando você mudou eu tive medo de tentar e me magoar! E sim, eu sinto o mesmo que você!

Draco estava ofegante, ela se aproximou lentamente dele, como se quisesse aproveitar cada segundo daquele momento mágico. Enfim suas bocas se encontraram novamente, mas era diferente do primeiro beijo que acontecera a pouco, era um beijo de amor, um beijo onde ambos sabiam que eram correspondidos. Eles sorriram bobos quando o beijo teve fim.

- Como você já recusou o pedido de casamento, - brincou ele – quero saber se pelo menos a Srta. aceita ser minha namorada?

- Eu posso pensar no seu caso Malfoy, mas não vou te dar esperanças – brincou ela marota – Ah vai, ta bom, ta bom, eu aceito ser sua namorada. Sua doninha saltitante!

Ele deu um sorriso sexy e a beijou novamente.

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