BULL



CAPÍTULO 3:



BULL.



- Rapaz! Você é tão parecido com Tiago, que por um momento acreditei nas histórias de assombrações da vila!...



Após o tumultuado susto, que pôs em polvorosa todo o restaurante, o homem saiu de trás do balcão, colocou literalmente todos os seus curiosos fregueses para fora e retornou aos garotos, apertando a mão de Harry com tanta força que quase lhe partiu os ossos.



- Você tem que ser o pequeno Harry! – Continuou.



Apesar de simpatizar com a figura, Harry tinha que ser cauteloso. Antes de confirmar, perguntou , tentando esconder sua saltitante curiosidade:



- Desculpe, o senhor é?...



- Ah, claro! Perdoem-me! Fiquei tão surpreso que esqueci de ser educado. Meu nome é Edgardo “Bull” MacNamara, dono deste humilde estabelecimento, “faz tudo” da vila e o melhor cozinheiro da região... pelo menos é o que dizem! Todos me chamam de Bull...



Ao ouvir a palavra “cozinheiro”, o estômago de Rony manifestou-se, roncando alto. Bull sorriu para o ruivo e indicou-lhes uma mesa.



- Façamos o seguinte, primeiro vou forrar seus estômagos, pois percebo que ainda não comeram hoje, e depois contamos quem somos e a que viemos, o.k.? Vão sentando, vão sentando... Eu já volto!



Dizendo isso, sumiu por uma porta lateral que deveria levar à cozinha. Hermione cochichou, rápida:



- Ele parece ter conhecido muito bem seu pai, Harry. Vamos contar a ele?...



Foi Rony quem respondeu:



- Não adianta o Harry negar quem é. Ele já sabe! Só não vamos abrir o que viemos fazer aqui e nem para onde vamos.



- Bom, para contarmos isso, teríamos que saber ... - Resmungou Harry, desanimado – Em todo caso, ele deve saber onde ficava a casa de meus pais, o que já é um avanço.



- É verdade! – Rony abriu um enorme bocejo e esticou os braços, espreguiçando. – Nossa! Estes treinamentos até altas horas estão me matando...



Hermione olhou firme para ele.



- “Esses treinamentos” são necessários se quisermos conjurar feitiços sem precisar dize-los em voz alta, o que é muito importante para nossa defesa. Nenhum de vocês conseguia até um mês atrás e agora já estão conseguindo com facilidade e também já estão aparatando sem falhas, e...



-O.k., o.k., Mione. Tudo bem! Não estou reclamando! Só observei um fato... – Cortou Rony, sorrindo para ela, que ficou decididamente desconcertada. Harry imaginou, uma vez mais, quando aqueles dois iriam se entender.



Bull voltou nesse momento, carregando uma enorme bandeja com pãezinhos de vários formatos, torradas, geléia, queijo, manteiga, panquecas, suco de laranja, bolo e algumas frutas. Arrumou a refeição diante dos garotos e então sentou-se, encarando Harry com absoluta satisfação.



- Nossa! Quanto tempo faz! Bem que Dumbledore disse que um dia você viria, mas não achei que demorasse tanto...



Hermione deixou cair os talheres, Rony engasgou e Harry estreitou os olhos, perguntando:



- O senhor conheceu Alvo Dumbledore? Como?



Bull riu roucamente, dando tapas nas costas de Rony, que continuava tossindo.



- Vamos, vamos! Não é preciso tanta surpresa e nem desconfiança! Até um pobre aborto como eu conhece Dumbledore...- Aí seu olhar entristeceu – Ou melhor, conhecia. É, Harry. Eu sei que vocês são bruxos, embora ainda não saiba os nomes de todos...



- Eu sou Hermione Granger e este é Ronald Weasley. Somos amigos de Harry. – Apresentou-se Mione.



- E bons amigos, eu aposto. Senão não viriam com ele conhecer o túmulo de seus pais, não é?



Diante do novo olhar surpreso dos três Bull suspirou, enquanto se ajeitava melhor na cadeira. Incentivando com as mãos para que os garotos comessem, começou:



- Seus pais mudaram-se para esta vila, Harry, algum tempo antes de você nascer. Costumavam vir até meu restaurante para jantar. Sua mãe tinha sempre um sorriso para mim, era sempre gentil, e seu pai...seu pai era um homem de caráter, dotado de um grande senso de humor! Era fácil gostar deles! Como sou um aborto, reconheci o que eles eram rapidamente, e com o tempo, conquistei-lhes a confiança, e eles me contaram sobre a guerra, o senhor das trevas, o trabalho deles e o perigo constante a que estavam expostos.



Harry sorvia cada palavra sobre seus pais, totalmente esquecido da comida, seus olhos fixos nos olhos saudosos de Bull.



- Quando a ameaça sobre eles aumentou, Tiago veio até aqui, tão preocupado como jamais o vi, me pediu segredo e me fez jurar que atenderia ao pedido que ia fazer. Quando aceitei, ele me passou instruções sobre o que fazer se acontecesse algo a ele e a Lillian, providências para depois... – Olhou constrangido para Harry – Foi a última vez que conversamos...



Engolindo o enorme caroço em sua garganta, Harry perguntou:



- Mas Dumbledore? Como?...



- Ah, sim! – Disse o homem, enxugando o conto dos olhos com o avental. – Foi ele que seu pai pediu para que chamasse quando algo lhe acontecesse, deixou-me aqui uma coruja, que deveria enviar a Hogwarts assim que percebesse algo estranho. Na noite em que... Quer dizer, quando ouvi todo o barulho que vinha da colina, mandei o bichinho imediatamente, mas Dumbledore já devia saber, porque quando cheguei lá, um homem enorme levava você embora numa moto voadora e Sirius aparatava, dizendo ter que pegar um rato. Depois disso, fui cuidar de seus pais...



- Conheceu Sirius também? – Harry interrompeu, temendo ouvir os detalhes.



- Como não? Ele visitava você constantemente. O amava como a um filho, Harry, e era difícil dizer qual dos dois era mais orgulhoso de suas proezas infantis, Tiago ou Sirius. Injustas as mortes, de ambos.



Harry baixou a cabeça e os dois permaneceram em silêncio. Rony, sempre solidário, tomou a palavra.



- A história das assombrações...



- Os moradores daqui dizem ouvir sussurros na colina, e vêem vultos estranhos. Eu achei que estavam só impressionados com o assassinato que ocorrera ali, e também convivo o suficiente com o mundo mágico para saber que muitas explicações poderiam existir. Mas a uns três anos atrás, os boatos se intensificaram, e eu resolvi passar algumas noites lá para descobrir do que se tratava.. Só achei silêncio completo. Nada de vultos também.



Harry ergueu a cabeça rapidamente, enquanto Hermione questionava, em um tom de voz engasgado.



- Três anos atrás?...



- Quando Voldemort voltou.- Completou Harry, com voz fria.

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