A difícil arte de se desculpar



De volta a Hogwarts


Harry caminha pelos jardins. Madame Pomfrey praticamente o expulsou da enfermaria, alegando que Gina precisava descansar. De nada adiantou a ruiva argumentar que a presença do namorado não atrapalharia seu descanso, a enfermeira disse que iria lhe ministrar uma poção para dormir e que a presença de Harry não iria sequer ser percebida


Desta vez o menino que sobreviveu não está apenas preocupado, ele também está com um peso na consciência. Harry sabe que foi injusto com o Malfoy e a despeito de suas desavenças, Harry tem que admitir que Draco está fazendo o possível


Ele se pega pensando se caso as coisas fossem diferentes ele e Draco talvez pudessem ser amigos. Não... Ele nega. Seria mais fácil o Snape me conceder pontos. Ele pensa com um arrepio de asco, arrepio esse que ocorre toda vez em que pensa no mestre de poções


Perdido em seu devaneio, Harry continua caminhando até que para ao notar uma figura na beira do lago. O menino que sobreviveu respira fundo, ele vai usar a sua coragem grifinória para fazer o que precisa ser feito. Se desculpar com Draco Malfoy


XXXXX


Enquanto isso, dentro do castelo


Hermione e Rony estão na sala comunal. Ela sabe que seu namorado está preocupado com a irmã, Rony não seria um Weasley se não estivesse. O instinto protetor dele é tão latente quanto o da própria mãe. E embora ele não demonstre, Hermione sabe que se dependesse do ruivo Gina não estaria metida nessa confusão. Mas ninguém pode fazer nada contra isso, nem ele nem ela nem o próprio Harry Potter. O destino de Gina já estava traçado desde o momento em que Voldemort soube de seu nascimento


Vai ficar tudo bem (ela diz abraçando o namorado) a Gina é forte, ela está se preparando pra isso...


O ruivo suspira – não vai acabar, não é? (ele olha pra ela e pergunta mesmo sabendo qual vai ser a resposta) Aquele maldito não vai desistir, vai acontecer de novo e de novo até que ele a pegue


Hermione estremece. O ruivo expressou em palavras seu temor mais profundo – a gente tem que ser otimista, Rony. Ela está se preparando, a sua irmã tem um potencial de magia extraordinário e isso está ficando cada vez mais forte. Mas a gente não pode esquecer que Voldemort conhece feitiços que a maioria dos bruxos sequer imagina que existe e aqueles que imaginam são éticos demais para utilizá-los. Eu não vou iludir você e dizer que vai ser fácil, a Gina tem uma luta árdua pela frente, mas não é apenas ela, todos nós temos, principalmente o Harry


Por falar nisso, onde ele deve estar? (o ruivo indaga) A gente bem que podia dar uma volta lá fora pra tentar encontrá-lo


Hermione parece sem jeito quando diz – eu não posso. Preciso ir à sala da diretora daqui a pouco


Acho que não adianta eu perguntar do que se trata, não é mesmo? – o ruivo fala, meio chateado


Só mais um pouco, eu prometo (ela baixa os olhos) em breve eu vou te contar, até porque acho que vou precisar da sua ajuda


O ruivo olha pra ela mais curioso que nunca. Hermione lhe dá um selinho – eu preciso ir agora, já estou atrasada


Ela se despede do namorado e caminha em direção à sala da diretora


XXXXX


De volta aos jardins


Draco está absorto em seus pensamentos. Ele não gosta de admitir, mas Aletheia sempre tem a palavra certa na hora certa. A impressão que dá é que ela sabe quando eu estou mal. Ele pensa. No fundo Draco sabe que ela tem razão. A reação do Potter foi previsível, ele sabe que para o menino que sobreviveu deve ser mais difícil do que para qualquer um aceitar a sua presença naquele castelo. Ele sabe... Draco pensa. Ele sabe que eu matei Dumbledore mesmo que não tenha sido eu a pronunciar a maldição. Se eu não tivesse aceitado a missão isso talvez não tivesse acontecido. Mas que escolha eu tinha? Não é como se alguém simplesmente pudesse chegar a Voldemort e dizer: não obrigado eu não quero me envolver com isso


Draco tem que admitir que num primeiro momento sentiu-se orgulhoso pela missão que lhe fora confiada. No entanto esse orgulho durou apenas até o momento em que ele viu o que realmente teria que fazer. Tirar a vida de alguém. Uma coisa era matar em uma batalha, lutando por algo que acreditava. Outra coisa é matar alguém a sangue frio


Hoje Draco admite que esse orgulho idiota que o fez sentir-se privilegiado por ter a confiança do Lorde para realizar tal missão foi apenas um entusiasmo passageiro. Hoje ele tem consciência de que ele foi apenas um mero peão num jogo de xadrez e qualquer um sabe que peões são facilmente descartados. Eles estão lá pra isso mesmo, serem descartados. Ele sabe que em momento algum se esperou que ele conseguisse o que lhe foi ordenado, o loiro sabe que foi usado, talvez para desmoralizar seu pai, talvez apenas por um capricho do Lorde das Trevas


Ele estava tão absorto em suas reflexões que apenas agora vê Harry Potter sentado não muito distante


XXXXX


Harry sentou-se não muito longe do loiro. O menino que sobreviveu admite que está bem desconcertado. É mais fácil pedir desculpas para um amigo do que para alguém com quem a gente não se dá, isso é fato. Mas Harry sabe que precisa ser feito, apesar de todos os atenuantes, ele admite que errou, que não deveria ter feito um julgamento precipitado. Mesmo sabendo que foi mais forte que ele, Harry se sente culpado


Harry vai fazer o que precisa ser feito, ele está disposto a engolir o orgulho e pedir desculpas. No entanto, ele não sabe direito como começar, nunca é fácil pra ele começar um dialogo com Draco Malfoy seja qual for o assunto. Aliás, ele não se lembra nunca em sua vida de ter tentado começar um dialogo com o loiro, não se pode chamar o dia em que Harry o interpelou no banheiro a respeito do que ele pretendia de um dialogo propriamente


Mas agora não há como fugir, e ele não quer fugir. Ele é, afinal de contas, um grifinório e ele tem a humildade de reconhecer que errou e de fazer o que é certo


XXXXX


Na sala da diretora


Hermione torce as mãos, ansiosa. Lupin e Tonks estão na sua frente. Ela tenta decifrar alguma pista em seus semblantes, algo que diga se estava certa ou se foi um delírio louco de sua mente


E então? (Minerva professa as palavras que ela queria) Encontraram?


Nós fomos à sala das velas – a metamorfogama fala


Lupin completa – eu vou contar o que aconteceu...


XXXXX


Há algumas horas atrás


Os olhos de Remo Lupin percorre as prateleiras há algum tempo, quando ele uve o sussurro de Tonks – Psiu! Aqui (ela fala e o lobisomem se dirige na direção da voz)


Ele se depara com uma prateleira repleta de velas. Na base de cada uma, uma pequena inscrição contendo o nome os pais e a data do nascimento. Ele vê a sua própria e um espírito infantil lhe pergunta o que aconteceria se ele a assoprasse


Não perca tempo (Tonks fala sorrindo) ela não apaga


Como você sabe? – ele pergunta


Achei a vela do Snape e a soprei (ela fala marotamente e logo completa diante da feição espantada do seu parceiro) ora, eu tinha praticamente certeza que não iria acontecer nada e mesmo que acontecesse não se perderia grande coisa!


O lobisomem olha pra ela e rola os olhos. Isso é bem típico da metamorfogama. Ele continua andando desta vez procurando as velas apagadas o que não demora a acontecer. Ele reconhece várias delas e não pode conter um suspiro ao ver as chamas apagadas das velas de James e Lilly e de alguns conhecidos até que em um determinado ponto...


XXXXX


De volta à sala da diretora


Como assim, a vela não estava lá? – Hermione pergunta exasperada e evidentemente frustrada


Não estava, Hermione (Tonks fala) nós viramos aquela sala pelo avesso e não havia sinal da vela dele. É como se ele simplesmente nunca houvesse existido


Hermione não sabe o que falar. Ela havia se preparado psicologicamente para duas notícias, para uma vela acesa ou uma vela apagada. Mas nada a havia preparado para isso, uma vela inexistente – eu não sei o que dizer...


Ela finalmente se pronuncia. Em seu semblante a pergunta que todos fazem. O que aconteceu com a vela de Sirius Black?


Eu não sei (ela balbucia) eu preciso pensar... Com licença


E dizendo isso Hermione se retira mais confusa do que um dia ela imaginou estar


XXXXX


Enquanto isso nos jardins


Harry permanece sentado, de vez em quando ele lança um olhar para o local onde o loiro está. O menino que sobreviveu sabe que Draco já deve ter notado a sua presença. Harry sabe que ele deve dar o primeiro passo, ele tem consciência que a sua atitude impensada e violenta se deu por causa da sua relação conturbada com Draco Malfoy. Mesmo assim Harry sabe que errou, que fez um pré julgamento, então ele deve fazer o que é certo


Ele se levanta e caminha até o loiro permanecendo de pé a uma distância segura. Não que Harry ache que vá ser atacado ou tenha medo disso, mas sim para dar espaço a Draco


Eu vim avisar que a Gina acordou (Harry começa sem saber direito o que falar) ela está bem


Suponho que eu devo ficar feliz com isso – Draco fala de modo irônico


Ela me contou o que aconteceu (Harry continua, ciente que isso não será fácil) eu lhe devo um pedido de desculpas


Poupe o seu discurso, Potter (Draco fala) você não me deve nada. Eu teria agido da mesma forma


Harry respira fundo – olha, Malfoy. Eu não gosto de você tanto quanto você não gosta de mim, mas eu estou tentando me esforçar e sei que você também está. O problema é que velhos hábitos não morrem de uma hora pra outra (ele se cala esperando que o loiro fale algo, mas Draco permanece calado, então Harry continua) se eu tivesse pensado por um minuto veria que não faria sentido você se arriscar atacando alguém sem varinha por aí


Potter (o loiro respira fundo e fala) eu já fiz muita coisa errada e provavelmente farei algumas ainda, eu sou humano. Pode ser difícil pra você acreditar, pra todos vocês, e eu também ficaria cético em seu lugar. Mas eu estou tentando, eu não vou dizer pra você que me tornei um cara legal, mas eu não quero ser um assassino, nunca quis


Se você está do nosso lado vai chegar uma hora que você vai precisar lutar (Harry argumenta) talvez contra pessoas com as quais você conviveu


Draco encara Harry por um segundo e em seguida baixa os olhos – eu sei, Potter. Eu venho pensando nisso desde que cheguei aqui. Não pense que é fácil... Eu estou tentando fazer o que é certo talvez pela primeira vez na minha vida. É difícil pra mim e a atitude de vocês não ajuda


Harry escuta calado, ele sabe que o loiro tem uma parcela de razão. Draco continua – eu sei que vai chegar uma hora que eu vou ter que lutar e talvez eu tenha que lutar contra pessoas próximas, mas vai ser mais difícil ainda se além de lutar contra eles eu tiver que ficar de olho em vocês. Quem garante que no calor da batalha alguém não vai aproveitar o momento pra me atingir? (ele vê que Harry quer falar) E não diga que nenhum de vocês é capaz disso!


Nesta hora Harry sente que o que Draco fala faz sentido, se ele realmente vai lutar é necessário que a sua presença seja conhecida por todos e que todos saibam de que lado ele está. Mas Harry não pode tomar essa decisão sozinho, ele precisa conversar com alguém, ele precisa ter certeza que será a decisão mais acertada


Isso vai ser difícil, Malfoy (Harry diz com um suspiro) mas eu prometo que vou tentar. Vou tentar deixar o meu preconceito contra a sua pessoa de lado, vou tentar tratar você civilizadamente... É só o que posso prometer


Draco assente com a cabeça e o menino que sobreviveu sai. No meio do caminho ele se vira – e desculpe mais uma vez


XXXXX


Num país qualquer do primeiro mundo


Um dos homens mais poderosos do mundo está sozinho em seu escritório. Ele se amaldiçoa por não ter visto antes. Agora sim, está claro como água. Ele sabe exatamente quem são os culpados por tudo que está acontecendo. E pensar que lhe foi dito que eles queriam uma convivência pacífica...


Eles se acham muito poderosos apenas porque fazem magia... Magia! Ele bufa. O que é isso diante de toda a tecnologia que possuímos? Quero ver o que aquelas famigeradas varinhas podem fazer contra nossas armas!


Ele sabe que nem todos aprovarão a sua atitude, sabe que haverá criticas. Mas ele sabe também que seu exército o obedecerá cegamente, como deve ser


Falta pouco tempo. Seus homens já estão a postos, falta apenas uma coisa. A sua ordem...




NOTA DA AUTORA


Acho que vocês já devem estar cansados de me ver entrar aqui pedindo desculpas pela demora, acertei? Mas eu não posso deixar de fazer isso, eu me sinto extremamente mal por não postar com a regularidade que gostaria. Então... Desculpe a demora, pessoal. Eu juro que não é de propósito, mas as coisas andaram atribuladas pra mim nos últimos tempos. Felizmente agora parece que vão voltar ao normal (não vou elogiar muito, pois toda vez que faço isso acontece alguma coisa...)


Espero que tenham gostado do capítulo. Finalmente o mistério de Hermione se revela (embora eu ache que a esmagadora maioria dos meus leitores já soubessem do que se tratava). Se ele vai voltar? Como ele vai voltar? Nâo percam os próximos capítulos... (autora dá uma risada maligna e se esconde das azarações)


Mais uma vez, muitíssimo obrigada a todo mundo que passa por aqui e lembrem-se de deixar uma palavrinha pra fazer uma autora feliz


Bjos

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