O desatino o ministro



Enquanto isso


A lua cheia acaba de surgir no céu. Mesmo já passando por isso há anos, mesmo com os efeitos amenizantes da poção mata cão, é impossível descrever o que Remo Lupin passa cada vez que se transforma. Não apenas pela dor, mas também porque é como se cada célula humana do seu corpo fosse substituída pela sua porção animal


Talvez quando ele fosse mais jovem fosse mais fácil, afinal ele tinha seus companheiros animagos e mesmo não estando consciente das suas atitudes, seus amigos evitavam que ele fizesse alguma coisa que viesse a ferir alguém.


Mas agora Remo Lupin não tem mais seus amigos para ajudá-lo em seu suplício e por receio de fazer algo terrível, agora ele se mantém encarcerado durante estes períodos. O que não é fácil, são necessários feitiços poderosos para manter um lobisomem preso e impedir que ele siga o seu instinto. O estado em que seu refúgio fica após cada transformação é um lembrete constante disso


Por sorte o local isolado e os feitiços silenciadores colocados na cabana isolada onde ele se transforma evitam que as pessoas escutem o que se passa, pois caso isso acontecesse uivos pavorosos seriam ouvidos


Uivos como o que Remo Lupin solta neste exato momento. Neste instante ele não é mais um ser humano, sua porção animal tomou conta totalmente do seu ser


XXXXX


Em Hogwarts


Minerva acaba de chegar. Ela ainda não acredita no que acabou de presenciar, por sorte um dos quadros dos diretores a avisou e ela conseguiu chegar a tempo de evitar uma tragédia.


Sim, ela conseguiu. Mas ela não está de modo algum aliviada. Ao contrário, a diretora de Hogwarts está mais preocupada que nunca. Ela conseguiu evitar uma atitude extrema, mas até quando?


XXXXX


No ministério, há algumas horas atrás


Minerva espera o elevador, impaciente. Ela ainda não acredita no que o quadro de Fineus Black lhe relatou. Rufus perdeu definitivamente o juízo. Ela fala para si mesma. Espero que eu consiga chegar a tempo de impedir uma tragédia. Ela pensa enquanto entra no elevador


Os poucos segundos da curta viagem parecem demorar uma eternidade. Minerva sabe que não está sendo esperada e desconfia que não será bem recebida quando souberem a que propósito veio. Mesmo assim ela vai tentar, vai mover céus e terras para conseguir seu intento. Se ela não o fizer não valerá a pena lutar, ela deve isso a Dumbledore, ela deve isso a todos os que pereceram nessa guerra


Mantendo a sua pose altiva, Minerva McGonagall entra no gabinete do ministro sem se fazer anunciar


Rufus Scrimgeour olha para a senhora, demora apenas alguns segundos para que o ministro adivinhe o porquê da visita e seu olhar deixa claro que ele não gostou nada da presença da diretora de Hogwarts neste momento – que surpresa! (ele fala falsamente) Mas eu sempre imaginei que a senhora fosse uma dama e que pediria para ser anunciada como manda a boa educação


Não há tempo para protocolo neste momento (Minerva fala sem se abalar) e o senhor ministro sabe muito bem que o diretor de Hogwarts não precisa de qualquer tipo de formalidade quando convocado por um dos seus quadros


Não imagino o porquê de uma convocação (o ministro vocifera) o ministério tem tudo sobre controle


Você chama planejar um ataque a uma cidade trouxa ter tudo sobre controle? (a diretora de Hogwarts fala contendo a custo sua fúria) eu só posso pensar que o senhor enlouqueceu!


Contenha suas palavras, senhorita McGonagall! (Rufus rebate, exasperado) nós só vamos jogar com as mesmas armas (ele sorri de uma forma que Minerva não sabe identificar) ou melhor, com armas mais poderosas do que as deles. Isso não pode ficar assim! Nós estávamos quietos em nosso canto, foram os trouxas que começaram


Minerva olha, incrédula. Ela não pode acreditar que o homem na sua frente não viu o óbvio – você realmente acha que isso é coisa dos trouxas? (ela não se contém e pergunta)


É lógico! De quem seria? (Rufus vocifera) eu nunca ouvi falar de bruxos usando esse tipo de arma terrível, a maioria do nosso povo não tem sequer noção de que isso existe


Minerva suspira. Quem conhece a mulher saberia que ela está a um passo muito pequeno de perder a sua tão famosa compostura, ela ainda não acredita que o ministro pode ser um ser tão obtuso. Talvez isso seja um pré-requisito para o cargo, talvez seja por isso que Dumbledore nunca se interessou em assumir esse abacaxi. Ela pensa com uma pontinha de tristeza ao se lembrar de seu mais antigo e querido amigo. Ah, Alvo... Que falta você faz, talvez você conseguisse colocar juízo na cabeça destes homens que definitivamente não poderiam estar com o poder nas mãos


Além disso (o ministro tira a diretora do seu devaneio) eu estou sofrendo pressões terríveis, senhorita McGonagal. O povo quer que o ministério tome uma atitude, a população está com medo que aconteça novamente, muitos de nós não tem sequer coragem de sair de casa com medo que aquela coisa venha do céu novamente (ele respira fundo. Rufus Scrimgeour sabe que a diretora não irá gostar do que vem a seguir) já chegaram até mesmo a insinuar que talvez você sabe quem não estivesse de todo errado


Minerva olha para o homem a sua frente lutando pra não deixar seu queixo cair – e você acredita nisso? (as palavras saltam de sua boca)


Rufus fica um momento em silêncio, por apenas um momento ele permite que toda a sua dúvida e angústia venha a tona – eu não sei mais em que acreditar, senhorita McGonagall. Muita gente morreu, nosso povo está revoltado e exige que eu tome uma atitude. Temo que se não fizer isso uma tragédia maior possa acontecer


A diretora fica em silêncio. Ela não sabe o que dizer. Embora em momento algum ela deixe de achar que a atitude que o ministro da magia está prestes a tomar é um verdadeiro absurdo, ela entende o que o homem a sua frente está enfrentando. Voldemort aplicou o seu golpe mais perfeito


XXXXX


De volta ao momento atual


Felizmente eu consegui convencê-lo a esperar mais um pouco (Minerva pensa) agora só precisamos arranjar um jeito de mostrar à população bruxa que esse ataque trouxa tem o dedo podre de Voldemort


Ela sabe que há muito a fazer e que o tempo é curto. A diretora conjura seu patrono e o manda chamar os integrantes da ordem imediatamente, depois manda um recado para que Harry e os amigos a encontrem. Ela sabe que vai precisar de toda a ajuda possível até aquelas mais inusitadas


XXXXX


Em um local isolado


Faz pouco tempo que os primeiros raios de sol surgiram. Remo Lupin está exausto, física e mentalmente. É sempre assim após cada transformação, não admira madame Pomfrey mantê-lo na enfermaria após cada uma delas em sua época de escola. As consequências no seu corpo cansado se fazem cada vez mais presentes depois que ele se tornou um homem maduro


As pessoas que não sabem o que é se transformar em um lobisomem, talvez achem que tudo comece quando a lua cheia surge no céu e termine quando ela se vai, mas não funciona bem assim, a medida que a lua se torna crescente Remo Lupin sabe que uma ligeira mudança começa a ocorrer em seu íntimo. Quando ele era jovem ainda não notava, no entanto com o passar dos anos, ele pode perceber algo pequeno, bem sutil. Mas que ele aprendeu a não ignorar. Então da mesma forma que esta mudança ocorre, após a lua cheia ela começa a diminuir a medida que a lua minguante progride


Poucas pessoas sabem, mas finalmente Remo aceitou o seu destino e isso o fez ter um esclarecimento maior do que ele é. E ele fez algo em que sempre foi muito bom, estudar e pesquisar. Remo Lupin procurou conhecer tudo o que podia sobre a sua condição, ele o fez na esperança de contribuir para que a guerra que virá não leve a tantos dos seus. Se o lado negro tem lobisomens e o usarão, não vejo porque não podemos fazer o mesmo. Foi a conclusão que ele chegou


Então Remo Lupin traçou a sua solitária estratégia. Ele não contou pra ninguém o que estava fazendo, nem para sua amada Tonks. Não que ele não confiasse nela ou algo do tipo, mas simplesmente porque não sabia ao certo o que pretendia e não queria que a jovem tivesse uma expectativa além da conta


O fato é que já faz alguns meses que ele grava tudo o que acontece com ele durante cada transformação, e depois Remo Lupin estuda com afinco a sua porção não humana. Ele não tem a ilusão de que conseguirá deixar de ser um lobisomem. O que Remo Lupin quer é buscar uma forma de controlá-la. Quem sabe isso não se transforme em um trunfo diante de Voldemort e sua corja


Já faz algum tempo que ele teve uma idéia, uma idéia baseada em uma conversa que ele teve com alguém há muito tempo atrás...


XXXXX


Vários anos atrás


Lupin observa o casal inusitado. Ele ainda não acredita que finalmente James e Lilly estão juntos. Aliás, nem ele nem metade da escola, a outra metade apenas sorri e diz que do jeito que eles brigavam só poderia dar nisso


Logo que o casal engatou o namoro, tanto ele quanto Sirius temeram que seu amigo se afastasse, o que felizmente não aconteceu. Ao contrário, agora é frequente ver a ruiva rodeada pelos marotos conversando animadamente


E é deste jeito que eles estão nos jardins do castelo aproveitando os últimos raios de sol do dia. Os quatro marotos brincam com uma goles jogando-a uns para os outros e impedindo Peter de pegá-la, enquanto Lilly revira os olhos e se concentra em um livro


O que você está lendo? – James pergunta enquanto senta-se a seu lado seguido dos amigos


Lembrou que eu existo? – a ruiva fala, fingindo-se brava


Eu que deveria falar isso (ele fala no mesmo tom) fiz jogadas incríveis pra ver se você me notava e você nem deu bola


Lilly sorri – coitadinho... Desculpe, eu tenho tendência a ficar um bocado concentrada quando estou com um livro interessante


Sirius se mete na conversa – o aluado é do mesmo jeito, já estamos acostumados. Mas agora eu também fiquei curioso, o que você está lendo?


Ah... (Lilly fala) é um livro trouxa, um livro policial muito interessante. Eles estão hipnotizando a testemunha de um assassinato pra ver se ela se recorda do assassino


Estão, o que? – os marotos falam quase ao mesmo tempo


Ela olha para o namorado e os amigos – vocês não sabem o que é hipnose?


É algum tipo de feitiço? – Sirius pergunta


Na verdade não (Lilly nega com a cabeça) embora possa até parecer (ela para um momento buscando a melhor forma para explicar) é uma espécie de indução, alguém induz outra pessoa a um comportamento...


Como uma impérios? (Peter fala, abismado) E eles podem fazer isso? Não é proibido? Deveria ser, não se pode induzir as pessoas! Obrigá-las a fazer o que não querem!


Lilly respira fundo. Não é fácil explicar o que é hipnose para alguém que não tem nenhum conhecimento do mundo trouxa – Não, Peter. Não chega a ser como uma impérios, embora pra quem veja de fora aparente. Na verdade a pessoa hipnotizada na maioria das vezes concorda com o que vai acontecer


Mas como pode ser isso? (James pergunta) Como uma pessoa pode concordar em ficar sob o poder de outro?


A ruiva olha para o namorado. Por mais que ela tente explicar parece que ele e os amigos estão ficando cada vez mais confusos – ninguém está sob o poder de ninguém, James. A hipnose dura pouco tempo (ela fica pensativa) vamos colocar da seguinte forma, suponhamos que você tem medo de aranhas...


Eu não tenho medo de aranhas! – James protesta


Eu disse, suponhamos (ela fala sem se abalar) suponhamos que você tem medo de aranhas, você pode recorrer à hipnose pra tentar acabar com esse medo


Isso é possível? – Remo fala, abismado


Dizem que é possível (Lilly afirma) embora nem sempre funcione (ela olha para o livro) neste livro uma jovem foi testemunha de um assassinato, mas devido ao trauma não se lembra do que aconteceu. Ela recorre à hipnose pra tentar se lembrar e ajudar a pegar o assassino


E funciona? – o lobisomem pergunta


Não sei, ainda não terminei o livro – Lilly fala achando estranho o interesse do amigo


E na vida real? Isso dá certo? – Remo fala, cada vez mais curioso


Não sei muito sobre isso (ela responde intrigada ao ver o semblante decepcionado do rapaz e logo completa) mas posso pesquisar, se você quiser


Remo assente com um sorriso. Ele quer, ele ficou muito interessado no assunto


XXXXX


De volta ao momento atual


E desde aquele dia, Remo Lupin leu tudo o que lhe caia nas mãos a respeito da hipnose. No início era apenas uma curiosidade sobre como funcionava algo que a ele parecia uma variação da maldição imperius, mas com o passar do tempo ele começou a pensar se isso não poderia ser uma forma de conhecer um pouco mais a respeito da sua condição


Por isso mesmo Remo Lupin grava tudo o que acontece durante suas transformações, gravações essas que não tem nada a não ser muitos uivos agoniados, mas ele espera que isso seja uma forma de se conhecer um pouco mais e quem sabe assim usar a sua maldição como uma arma


Ele, depois de muito tempo muitas noites ouvindo infindavelmente as suas gravações, consegue estabelecer uma ligação entre seus uivos e a sua personalidade humana. Ele notou, por exemplo, que seus uivos ficam mais potentes quando tem uma noite de amor com Tonks antes da transformação


No entanto, ele também notou que em algumas das suas transformações, ele emite um uivo diferente, um uivo desesperado como se estivesse respondendo a algum chamado e isso o intriga demasiadamente


Isso fez com que Remo Lupin resolvesse fazer uma experiência, ele vai recorrer à hipnose para tentar descobrir o que se passa com sua poção animal. Ele não tem idéia se dará certo, provavelmente não, mas não custa tentar


Mas isso agora tem que esperar. O lobisomem acaba de ver o patrono de Minerva e a convocação para uma reunião urgente nunca é indício de algo bom




NOTA DA AUTORA


Volteeeeeiii... Volteeeei! Estou ouvindo coros de " aleluia"? Ou será que não tem ninguém aqui? Por favor, voltem! Não desistam de mim! Eu avisei que iria demorar mas que não desistiria


A viagem foi ótima, eu aproveitei bastante. Agora estou escrevendo com a corda toda sempre que tenho um tempinho (que aliás continua escasso, já que tenho mil e uma pendências no trabalho pra resolver)


Espero que tenham gostado do capítulo e, por favor, deixem uma palavrinha pra eu saber que vocês não desistiram de mim.


Bjos e até o próximo

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Comentários (1)

  • Natascha

    ficou ótimo! tomara q o Remo consiga descobrir alguma coisa....

    2012-12-07
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