A volta do espelho



Algumas horas atrás


Luna se dirige, apressada, para a classe de poções. Ainda é cedo para a sua aula, mas ela precisa encontrar o professor, a corvinal precisa falar com ele por causa de uma idéia que teve na noite anterior, uma idéia louca, mas que pode dar certo.


Depois de passar noites em claro pensando no que poderia fazer para ajudar Harry Potter a encontrar o objeto da Corvinal, ela decidiu dar uma ajuda ao destino. Isso porque ela se lembrou de algo que Gina falou há algum tempo atrás a respeito de uma poção que ela tomou no dia do ataque a Hogwarts, no dia da morte de Dumbledore


Ela bate na porta da sala e vê que o professor a fita com curiosidade


Bom dia senhorita – ele olha para o relógio – acho que é um pouco cedo, ainda falta um tempo para a sua aula


Luna respira fundo, ela poderia muito bem passar horas tentando bolar um plano para conseguir o que precisa, mas não há tempo pra isso, sem falar que às vezes as melhores soluções são as mais simples possíveis – desculpe vir mais cedo – ela diz – mas eu preciso falar com o senhor sobre um assunto muito sério, eu preciso da sua ajuda


O professor de poções olha para aquela menina, ele não se lembra do seu nome, mas se lembra de vê-la acompanhando Harry em uma de suas festas e se ela é amiga de Harry Potter não custa nada ouvir o que ela tem a dizer


Ela entra na sala acompanhada do professor, Horacio faz sinal para que ela se sente – bem, menina, é alguma dúvida a respeito de poções?


Não – Luna nega com a cabeça – eu gostaria de pedir uma coisa ao senhor, uma coisa que eu preciso para ajudar o Harry


Horácio olha para a aluna. Ele, como a grande maioria dos professores, sabe da busca que Harry está fazendo e todos se propuseram a ajudá-lo no que fosse possível – por que o próprio Harry não está aqui? – ele questiona


Na verdade ele não sabe que eu vim – Luna diz – ele me pediu ajuda pra encontrar um objeto, mas até agora não consegui nenhuma pista e olha que eu tenho me esforçado. Eu tenho certeza que mais cedo ou mais tarde eu vou encontrar, o problema é que o tempo está passando – ela encara o professor – e só ver o que está acontecendo lá fora pra saber que mais cedo ou mais tarde o ataque virá, então eu preciso que o senhor me ajude


Ainda não entendo, como posso ajudar? – Sloughorn fala cada vez mais curioso


Luna respira fundo. Ela não sabe o que irá fazer caso o professor de poções se negue a atender seu pedido, mas ela não tem outra alternativa – eu preciso de algo que me ajude, eu preciso de um pouco de Felix felicis


Horácio olha para a menina ainda pasmo com a sua coragem, ele não é Snape, mas é muito difícil que um aluno simplesmente tenha a coragem de chegar nele e pedir algo desta natureza


Luna continua com seu olhar sonhador – é claro que eu poderia pedir ajuda da Hermione e fazê-la, eu tenho certeza que ela consegue, mas eu sei que essa poção demora muito. Eu podia tentar também conseguir um pouco por outros meios, mas não me agrada essa idéia, não gosto de pegar o que não me pertence sem autorização


Essa menina deve ser louca! O professor pensa, lutando para não deixar seu queixo cair. Além de vir aqui me pedir uma poção extremamente difícil e cara, ainda diz que poderia muito bem tentar pegá-la


Então neste momento o ar sonhador de Luna dá lugar a um ar decidido – e então, professor... O senhor pode me ajudar? Como eu disse, o tempo está passando e eu não quero decepcionar o Harry


Horário Sloughorn parece pensar por um momento, algo nesta menina o intimida. Talvez a forma como ela se posicione. Ele poderia muito bem dizer que não e tomar cuidado para que seu estoque não fosse saqueado, mas ele sabe que não pode fazer isso. Ele não iria se perdoar se algo acontecesse a Harry Potter por sua causa, já basta ter nas suas costas a morte de seus pais, então ele apenas diz – sim, menina, eu vou ajudar você...


XXXXX


De volta à sala precisa


Todos os presentes olham estupefatos para Luna


Então é assim? – Rony não se contém – você simplesmente pediu um pouco de Felix Felicis para o Sloughorn e ele deu? Como pode ser tão simples?


Luna sorri, mas logo depois fica séria – eu tive a impressão que não havia nada de simples nesta história. Ele parecia meio tristonho, culpado eu acho. Eu posso até estar errada, mas algo me diz que se fosse qualquer aluno pedindo a poção o professor não daria, acho que foi o fato de ajudar você, Harry, que o convenceu


Harry balança a cabeça em compreensão. Ele viu o professor se consumir de culpa pela morte da sua mãe quando lhe entregou as suas memórias no dia do enterro de Aragogue e ele sabe que o professor de poções faria de tudo para ajudá-lo. Harry só se recrimina de não ter tido essa ideia antes, nem ele nem ninguém. Talvez fosse preciso existir uma Luna Lovegood para ter uma idéia simples e eficaz como essa


Mas e aí, o que aconteceu? – Hermione questiona


Eu vou contar o resto da história – a corvinal diz com seu costumeiro olhar sonhador


XXXXX


Voltando há algumas horas atrás


Luna acabou de sair da sala de poções. Ela viu a curiosidade no semblante da sua amiga Gina, mas infelizmente a corvinal não tem tempo para explicar, ela quer fazer isso o quanto antes. Como ela disse ao professor o tempo está correndo rapidamente e um momento apenas pode ser o suficiente para que se percam muitas vidas


Ela toca o pequeno frasco que está seguramente guardado no bolso de suas vestes, pelo que o professor lhe explicou esta quantidade deve lhe dar algumas horas de boa sorte. Na verdade Luna não sabe direito o que deve fazer, Gina apenas lhe disse que tomou um gole desta poção juntamente com Rony e Hermione na noite em que os comensais invadiram a escola e que escapou de várias situações que poderiam ter lhe custado a vida, no entanto a ruiva não deu maiores detalhes. Então ela decide tomá-la neste momento e esperar para ver os resultados


Luna abre o vidro depois de se certificar que ninguém está vendo, ela respira fundo e toma a poção. O gosto não é ruim, mas ela não sente nada diferente. A corvinal suspira e decide voltar para a sua sala. Talvez demore alguns instantes pra fazer efeito. Ela pensa enquanto se dirige para as dependências da corvinal


Antes de chegar ao seu destino, Luna dá um encontrão em Collin. Ele sorri e a cumprimenta. Luna gosta dele, Collin é um bom amigo. Ele nunca a tratou mal mesmo antes que ela fizesse amizade com Harry Potter


Ola Collin – Luna retribui o cumprimento – vejo que está com pressa


Desculpe o encontrão – o garoto diz meio sem jeito – é que eu já estou atrasado para a aula de poções e ainda tenho que guardar minha câmera, a diretora disse que daria uma detenção se eu a levasse para qualquer aula novamente. Eu sei que o Sloughorn não liga muito pra essas coisas, mas eu não quero correr o risco de alguém ver e me delatar


Eu guardo pra você – Luna diz num impulso – você pode pegar comigo na hora do jantar. Não se preocupe, eu cuido bem dela e assim você não se atrasa. Eu não estou muito bem e o professor me dispensou – a corvinal logo explica lembrando que Colin faz poções junto com ela, e que ela deveria estar em sala neste exato momento


O rapaz olha para ela pensativo e acaba concordando – poxa, Luna, obrigado – ele diz enquanto entrega a câmera para a loira – eu pego com você mais tarde


Imagine, Colin, não é trabalho algum – ela diz e segue seu trajeto


Ela está no meio do caminho. Luna caminha mais distraidamente que de costume, pensando se deveria ou não estar sentindo algo especial e mal nota quando a escada em que se encontra resolve mudar de posição


A corvinal se vê em uma ala não muito conhecida. Ela tem duas opções, sair do local e retornar a sua sala comunal ou acreditar que isso se deu devido à poção e explorar o local. Logicamente Luna escolhe a segunda opção, ela vaga por alguns instantes até encontrar uma sala que pela poeira não deve ser usada há um bom tempo, anos talvez


Luna abre a porta não sem algum receio, ela acredita que a poção não deixará que nada de mal aconteça, mas ela não consegue evitar que seu coração dispare ao forçar a porta que se abre sem nenhum esforço


Se ela não tivesse tomado a Felix Felicis, Luna diria que é impossível ter algo importante em um local tão abandonado, mas neste momento a única coisa que ela pensa é que a poção está dando certo


Para sua decepção, ela não vê nada parecido com um objeto dos fundadores, apenas caixas e mais caixas e algo coberto por um lençol


Mesmo que não estivesse usando a poção da sorte. Luna teria feito o que fez, sim ela teria feito pois a curiosidade falaria mais alto, então a corvinal caminha em direção ao lençol e o tira cuidadosamente


É só um espelho. Ela pensa, desanimada. Pelo jeito a Felix Felicis ainda não começou a fazer efeito


Luna está se preparando para deixar um local quando uma olhada melhor no espelho a sua frente lhe mostra que ele não é um espelho comum


XXXXX


De volta à sala precisa


Os presentes se entreolham. Harry encara Luna, não é preciso ser um gênio para saber o que a loira encontrou. Sim, ela encontrou o espelho de ojesed, o espelho que Dumbledore disse que iria para outro lugar. Harry sempre pensou que ele deixaria o castelo, mas pelo jeito não foi assim. Ele vê que todos estão curiosos para que Luna continue seu relato e ele também está. Harry está não apenas curioso, ele tem uma pontinha de esperança em seu coração


O que você viu? – as palavras escapam da boca do menino que sobreviveu


Calma, Harry – Hermione intervém – deixe a Luna continuar – ela olha para a corvinal que assente com a cabeça e continua seu relato


XXXXX


Novamente, há algumas horas atrás


Luna pode até não ser uma garota convencional, mas ela é acima de tudo uma garota e como todas as garotas ela simplesmente não é capaz de se ver diante de um espelho sem dar nem que seja uma rápida olhada


Seus expressivos olhos azuis se arregalam ao ver a fisionomia mostrada na frente do espelho. Sim, é ela, mas não é a Luna que ela sempre vê no espelho do banheiro de seu quarto todas as manhãs, ela olha para os lados e vê que está completamente sozinha naquela sala. No entanto não é isso que o espelho mostra


O espelho mostra uma figura que ela conhece muito bem, uma figura com quem ela conviveu, uma figura que ela amou durante oito anos de sua vida, uma figura que embora não esteja presente fisicamente, ela sabe que ainda está com ela. Sua mãe


A corvinal não pode evitar que uma lágrima caia. Luna sabe que a sua mãe não está mais neste mundo e ela já conhece sua escola bem o suficiente pra saber que isso é uma espécie de magia, uma magia que lhe trás uma paz e uma angústia ao mesmo tempo em seu coração


Ela vê que a sua mãe sorri. É como se dissesse à filha que tem orgulho da garota que ela se tornou. Luna sente isso, ela sabe que se sua mãe estivesse viva ela lhe teria dito isso várias vezes


A corvinal pisca várias vezes para espantar as lágrimas. Ela deve tentar ser racional, embora tenha adorado esta visão não foi por isso que ela foi parar ali, então ela repara melhor na imagem que está na sua frente e vê que a sua mãe está usando um colar, um belo colar, um colar que ela tem certeza absoluta que sua mãe nunca possuiu


Ela tenta tocar o espelho e vê que o seu reflexo tenta tocar o colar, mas o reflexo de sua mãe a impede. Ela se lembra desta expressão, Luna já havia visto este semblante em sua mãe várias vezes, em todas as vezes que ela era apenas uma garotinha e havia sido curiosa e tentado mexer com algo perigoso


Sim, agora ela tem certeza, este é o colar que ela procura e com certeza há algo maligno ali. Mesmo que ela não tenha como conseguir o objeto, saber o que é já é alguma coisa, então a corvinal procura prestar o máximo de atenção possível no colar para que possa descrevê-lo com precisão para Harry e os amigos


Então Luna sorri. Ela não vai precisar prestar tanta atenção assim, graças a seu amigo Collin


XXXXX


De volta ao momento atual


Os presentes ainda não acreditam no relato de Luna, a eles parece surreal demais. Mas Harry sabe que é perfeitamente possível, o espelho de ojesed mostra os desejos mais profundos do ser humano e para ele o fato da corvinal ver a horcruxe sendo usada por sua falecida mãe nada mais é do que a junção dos dois maiores desejos da amiga, ver a mãe novamente e ajudá-lo. Ele só não entende uma coisa


Eu ainda não entendi porque este colar não foi parar nas suas mãos, Luna – ele diz – quando eu desejei a pedra filosofal, ela foi parar no meu bolso


Eu acho que sei, Harry – Hermione se manifesta – deve ter algo no colar que seja perigoso ao toque, talvez por isso a mãe da Luna tenha aparecido, para evitar que ela se ferisse


O menino que sobreviveu suspira desanimado – isso quer dizer que é um colar – ele diz – pelo menos agora sabemos o que é. Você pode descrevê-lo? – ele pergunta pra a corvinal


Luna sorri – eu posso fazer melhor – ela tira algo do bolso – eu estava com a câmera do Colin, então eu tirei uma foto, mas não sei como tirá-la daqui


É melhor não mexer – Gina diz, cautelosa – eu vou chamar o Colin, ele com certeza sabe o que fazer


Mas ela não chega a sair. Neste exato momento Gina sente uma sensação que ela já conhece, ela por um instante não está mais com Harry e seus amigos, mas ela também não está sozinha


Se isso tivesse ocorrido alguns meses antes a ruiva ficaria desesperada, mas não agora. Ela está estranhamente calma, ela sente a presença de Voldemort na sua mente, mas desta vez ela vai lutar de modo diferente


Gina, está tudo bem? – Hermione pergunta, preocupada, ao ver que sua amiga agora ostenta um olhar vazio


Não mexam com ela – Luna diz num impulso


Como não, Luna – Rony quase grita –está acontecendo algo!


Eu sei – a corvinal diz – mas ela está com a gente, se algo sair do controle a gente interfere. Não me perguntem por que, mas eu acho que deve ser assim


Eles vêem que Gina olha pra eles. Por um momento seus olhos parecem vazios, apenas por um momento. Mas Harry a conhece muito bem e ele sente que de uma forma ou de outra a ruiva ainda está lá e isso fica evidente quando ela sussurra - Por favor, venham comigo


Ela começa a caminhar em silêncio antes que Rony faça algo para impedi-la, Hermione diz – a Luna tem razão, não mexam com ela. Vamos segui-la...




NOTA DA AUTORA


Sim eu demorei... Sim, minha última postagem foi o ano passado... Sim, eu sei que muita gente deve estar pensado que eu desisti da fic... Sim, eu sei que alguns pensam seriamente em me azarar...


Por favor não façam isso! Eu tenho consciência que eu demorei, o final do ano foi super corrido, depois eu viajei e assim que voltei peguei com força total nas fics. O problema é que eu tinha outras que estavam mais atrasadas, então tive que dar prioridade pra essas.


Espero que tenham gostado da forma como descobriram o que era o objeto da Corvinal, não tenho a pretensão de ser uma JK da vida, mas queria alguma coisa que ficasse totalmente diferente do último livro


Muito obrigada a todos que lêem, pelo incentivo e pela paciência. Assim que der estou postando novamente e só pra não perder o costume, quem puder deixar uma palavrinha de incentivo vai fazer uma autora muito feliz


Beijos

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Comentários (1)

  • Natascha

    ficou ótimo......ainda bem q vc não desistiu da fic.....

    2014-02-05
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