Despertar



Nas masmorras


Draco segue a diretora, ele se sente meio desconcertado por estar tendo que entrar furtivamente num local que outrora era considerado por ele mesmo como seu mundo. Sim, ele tem que admitir que a sala comunal da sonserina era por ele considerada como uma espécie de império particular. Lá ele era quase um rei, era respeitado e porque não dizer até mesmo idolatrado por muitos que lá habitavam


Nessa hora todos os alunos estão em aula o que permite que o loiro caminhe com mais liberdade, a última coisa que ele precisa é se preocupar com alunos filhos de comensais que poderiam delatar seu paradeiro para os pais e consequentemente o lorde das trevas saberia em um piscar de olhos


Draco não pode evitar lançar um olhar saudosista a cada recanto, mas logo ele balança a cabeça para espantar esses pensamentos, não é pra isso que ele está lá. Na verdade a passagem pelas dependências da sonserina seriam apenas para desencargo de consciência, ele sabe que o professor de poções nunca deixaria o colar em um lugar que fosse de fácil acesso mesmo que não soubesse que uma horcruxe habitasse a jóia ainda assim ela era um instrumento mortal


Bem, senhor Malfoy – Minerva o tira do devaneio – eu sei que o senhor, digamos, gozava das boas graças do professor Snape desde que entrou nesta escola, presumo que o conheça melhor que os outros alunos. Será que tem alguma idéia de onde ele poderia guardar o colar?


O loiro respira fundo, ele admite realmente que gozava das boas graças do professor de poções, mas isso não quer dizer que ele o conhecesse, pra falar a verdade Draco duvida que exista alguém que realmente o conhecesse


O professor Snape sempre foi muito discreto com a sua vida – o loiro finalmente diz – eu não posso dizer que sei muita coisa – ele olha para a diretora – é fato conhecido que este colar quase matou uma aluna, então eu creio que ele deve ter colocado em algum lugar seguro, talvez em sua sala ou mesmo em seus aposentos privados – ele vê que a diretora de repente empalidece – a senhora está bem? – ele não pode deixar de perguntar


Espero que sim senhor Malfoy – ela diz de modo distante – espero que sim, eu vou acompanhá-lo até a sala privativa do professor Snape e gostaria que você procurasse algo por lá e logo volto para buscá-lo


Ela sai deixando o loiro meio cismado. Tudo bem que Draco já deu mostras de que lado está, mas nunca ele achou que Minerva o deixaria sozinho em uma sala de um professor, aliás, nem ele nem aluno algum. No entanto não é hora para alimentar curiosidades então Draco passa a procurar o colar da corvinal na sala particular do ex-professor de poções


XXXXX


Mais tarde


Minerva respira aliviada, ainda bem que não havia nada nos aposentos privados que Snape utilizava e ela conseguiu alertar antes que uma tragédia acontecesse. Minerva não entende muito bem o pedido estranho que Dumbledore fez antes de morrer, mas como boa amiga ela irá atendê-lo mesmo sem saber o motivo


A diretora não pode dizer que Severo Snape ocupe muito tempo na sua mente e quando isso acontece seus pensamentos são tomados de revolta. Ela sempre soube que o ex-professor de poções era uma pessoa difícil, mas sempre lhe pareceu que ele fosse totalmente dedicado a Dumbledore e por este motivo fica ainda mais difícil aceitar o que aconteceu


Minhocas na cabeça, Minerva? – ela ouve a voz de Dumbledore e se sobressalta – desculpe, não queria assustá-la


Eu estava distraída mesmo – ela se senta de frente ao quadro – ah Alvo, se você imaginasse a falta que está fazendo, às vezes eu penso que não vou conseguir sem você


Devo me sentir lisonjeado – o quadro fala – mas eu tenho certeza que você está se saindo brilhantemente como sempre. Desculpe a minha ausência nestes dias, eu andei passeando pelos meus outros quadros, é sempre bom ter notícias do lado de fora. E por aqui, como as coisas estão?


Descobrimos mais uma horcruxe – Minerva fala alegrando-se de poder começar a conversa com uma boa notícia – e conseguimos resgatar o Sirius do véu


Excelente, Minerva! – o quadro diz com a mesma animação jovial que sempre foi característica do seu dono enquanto vivo – imagino que agora só faltam duas, ou melhor, uma visto que uma parte da alma continua no corpo do Tom


Quem dera fosse simples assim – Minerva fala com um suspiro – foi Draco Malfoy quem descobriu que o colar da corvinal era aquele colar que quase matou Catia Bell, mas ninguém sabe onde ele foi parar – ela encara o quadro lutando para que seu tom não soe acusatório, ao menos não demais – ele ficou com... – ela respira fundo antes de falar – ficou com o Snape


Minerva encara o quadro, ela sabe que a imagem não é realmente seu grande amigo e mentor, mas como o seu dono a imagem a fita com o mesmo ar misterioso, como se soubesse algo que não apenas ela mas ninguém mais saberia. Ela espera que ele diga algo para ajudar, mas o quadro apenas diz – entendo e suponho que não seja possível perguntar ao Severo onde ele guardou – ele vê que a diretora o fita como se de repente tivesse surgido um nariz extra no quadro – bem, eu tenho certeza que vocês vão dar um jeito nisso, se me der licença vou perambular por aí pra saber mais novidades


E assim como apareceu o quadro desaparece da sua moldura deixando a diretora mais pensativa que nunca


XXXXX


Na ala da escola aonde nenhum aluno vai


Harry está ao lado do padrinho. Sempre que ele tem um tempo, ele vai visitá-lo. Não parece que o enfermo tenha tido alguma melhora, mas só em saber que ele está a seu lado, Harry sente uma espécie de alento


Ele se agarra a uma esperança quase irracional de que Sirius vai ficar bem. Seu semblante está bem melhor do que quando Harry o viu ao sair do véu. Pelo que Aletheia disse, ele está estável, mas por algum motivo que ninguém sabe dizer, ele simplesmente não acorda, talvez exista um nível de magia dentro daquele famigerado véu que seja incompreensível para os bruxos comuns


Muitas vezes ele se pega pensando como seu padrinho conseguiu sobreviver dentro daquele véu e ainda o que acontecia lá dentro. Será que é uma espécie de portal? Será que é um lugar onde os que se foram ficam? E neste delírio maluco ele não pode deixar de pensar e seus pais e mesmo em Dumbledore


Por falar em Dumbledore, faz tempo que Harry não conversa com seu quadro. O menino que sobreviveu não deixa de se sentir um pouco culpado por isso, por mais que ele diga para si mesmo que a imagem reproduzida não é seu verdadeiro mentor o fato de ver aqueles olhos bondosos lhe dá algum alento. Sim, Harry sempre pode contar com os conselhos e palavras de incentivo do antigo diretor mesmo que ele ainda mantenha o ar que sabe algo que ninguém mais sabe


Tudo bem? – a voz doce de Aletheia o tira do devaneio


Na mesma – Harry diz – como você sabe melhor do que eu – ele olha para o padrinho – ao menos o seu semblante agora está mais sereno – o menino de sobreviveu diz contendo um arrepio, ele não pode deixar de lembrar como Sirius estava na primeira vez que o viu, mesmo desacordado seu semblante era de sofrimento


Não estou falando apenas disso – a freira diz – notícias do colar?


Não – Harry responde com um suspiro – mas acho que só de saber ao certo o que é e aonde pode estar já deve ser uma esperança


É assim que se fala – Aletheia diz com um sorriso – antes você tinha o resto do mundo para procurar agora é quase certo que ela esteja por aqui, com certeza já é uma dose de esperança


Esperança, esta é a palavra que vem a mente dos dois quando eles ouvem um gemido vindo da cama, Sirius Black está acordando...


XXXXX


Local desconhecido


Severo Snape está sozinho, mais sozinho que nunca depois da partida de Narcisa. Ele já devia estar acostumado, afinal passou grande parte da sua vida assim, mas não ele não está, a solidão faz com que a culpa assole a sua alma e pesadelos com tudo que ele já fez em sua vida povoam a sua mente, não importando se ele está dormindo ou acordado


Ele sabe que está em um jogo em que tem praticamente nenhuma chance de sair vivo, mas que ele precisa jogar. Severo Snape sabe que tem boas cartas desde que ele faça tudo conforme planejou, mesmo que de vez em quando aconteça algum imprevisto


A sua marca negra queima em sua pele, ele sabe que o Lorde das Trevas está chamando e pela primeira vez ele irá se atrasar. Severo Snape tem algo a fazer...


XXXXX


Muitas vezes as pessoas sonham e sabem que estão sonhando. Isso aconteceu várias vezes comigo, principalmente na minha infância. Geralmente quando as coisas estavam boas demais em minha casa, eu sempre sabia que estava sonhando


Infelizmente isso também acontece quando se trata de pesadelos, muitas vezes a gente sabe que não é real, mas isso não faz com que a gente consiga acordar


E foi assim que eu fiquei durante muito tempo. Ou talvez não, é meio difícil contar o tempo quando não se sabe direito o que está acontecendo. Um pesadelo sem fim, pelo menos era isso que eu pensava até que finalmente consegui abrir os olhos e me deparei com um anjo...


Quando foi que eu morri?


XXXXX


Harry sente seu estômago se contorcer ao ouvir o gemido de Sirius Black. É claro que ele esperava que isso acontecesse, mas agora que aconteceu ele não sabe direito o que fazer, por sorte Aletheia como a medibruxa experiente que é, toma a frente e já está ao lado do leito do seu padrinho


Calma – ela diz docemente – não se levante, você está fraco


Onde estou? Quem é você? – Sirius fala e se assusta ao ouvir o som da própria voz, faz muito tempo que ele não usa as suas cordas vocais o que causa um violento acesso de tosse


Não tente falar agora – Aletheia continua – você está em Hogwarts e eu estou cuidado de você


Ele não entende direito o que está se passando. Por um momento a sua mente confusa acha que ele ainda é um aluno, principalmente quando vê uma figura conhecida a seu lado – James? – ele balbucia – o que aconteceu?


Harry olha para o padrinho sem saber o que dizer, ele esperava muita coisa de Sirius quando o mesmo acordasse, mas definitivamente não passou pela sua cabeça que ele seria confundido com seu pai, por mais que todos sempre lhe tenham dito que os dois se pareciam, ele não esperava esta reação


Então Aletheia novamente toma as rédeas – descanse, senhor Black. Você está confuso, você quer uma poção para dormir?


Não! – ele diz, meio exaltado – eu não sei por que, mas tenho a impressão que dormi por muito tempo – e antes que ele termine a sua frase tudo lhe vem a mente como uma tempestade atordoante. Ele se lembra de Voldemort matando seus amigos, se lembra dos anos em Azkaban, se lembra da fuga, se lembra de Harry, se lembra do véu...


Ha... Harry! – Ele finalmente reconhece o afilhado – deixe-me ver você... Parece que você cresceu muito este ano


Harry olha para seu padrinho. O menino que sobreviveu parece desconcertado, é evidente que Sirius não sabe quanto tempo ficou fora. Então ele diz com cuidado – você ficou fora muito tempo, Sirius. Do que você se lembra?


Não me lembro direito de muita coisa – ele diz, pensativo – eu estava em casa quando fiquei sabendo que você estava no ministério – ele faz uma pausa como se forçasse a memória – eu fui até lá, duelei com Bellatrix então... – ele se cala parecendo espantado – lembro dela pronunciando um avada! Como eu ainda estou aqui?


Isso não importa agora, senhor Black – Aletheia fala – você ainda está muito fraco, aos poucos você saberá de tudo – ela se volta para Harry – vamos deixar seu padrinho descansar


Não! – Sirius fala mais alto que gostaria – por favor, ele pode ficar? – ele para por um momento – eu sinto como se estivesse ficado sozinho muito tempo


Harry lança um olhar suplicante para Aletheia, ele quer muito ficar ao lado de Sirius como se assim pudesse se redimir por todos aqueles anos


Tudo bem – ela diz – mas qualquer coisa você me chame


Harry assente com a cabeça e Aletheia sai deixando padrinho e afilhado a sós


Assim que a porta se fecha, Harry olha para o padrinho. Não dá pra negar que ele está bem melhor, mas mesmo assim o menino que sobreviveu sente a angústia tomar conta do seu coração, ele se sente mais culpado que nunca por achar que não havia solução para Sirius Black, ele se sente culpado por ter permitido que seu padrinho ficasse por anos naquele véu sofrendo sabe-se lá o que


Bem, garoto – Sirius o tira do devaneio – o que aconteceu comigo? Eu me lembro da luta no ministério e achei que tivesse sido atingido por um avada, mas pelo jeito não foi...


Foi um avada – Harry confirma e vê os olhos de seu padrinho se arregalarem – agora como você conseguiu sobreviver, eu não sei, ninguém sabe. Esperávamos que você nos contasse nós... – ele abaixa os olhos – nós pensamos que estava morto durante muito tempo. Você não se lembra de nada?


Me lembro da dor – ele diz e vê que o semblante de Harry empalidece – me lembro de um lugar sombrio, da solidão. Deve ter sido uma espécie de pesadelo muito real – ele olha para o afilhado – por quanto tempo eu fiquei desacordado?


Harry respira fundo e hora de contar a seu padrinho tudo que aconteceu


XXXXX


Enquanto isso


Narcisa ajuda sua irmã a preparar o jantar. Se anos atrás alguém lhe dissesse que iria fazer uma tarefa assim, ela desdenharia e diria que os elfos serviam pra isso, nunca em sua vida a arrogante senhora Malfoy se prestaria a um papel destes, no máximo ela iria supervisionar e aplicar alguns castigos nos elfos que não fizessem tudo conforme as suas ordens


Mas quer saber? Ela não se sente mal ajudando. Pelo contrário, ser útil de alguma forma lhe dá uma espécie de alento nestes dias tão difíceis


Narcisa nem precisa dizer que o que mais lhe angustia é a falta de notícias. Severo não entrou em contato com ela e nem poderia, pelo pouco que ela sabe, e quanto a seu filho ela se apega ferrenhamente a lógica que se algo ruim tivesse acontecido, Snape lhe avisaria de algum jeito


Está tudo bem, Cissa? – Andrômeda pergunta ao notar que a sua irmã está calada


Tudo, Andy – Narcisa diz e não pode evitar o sorriso ao ver que Andrômeda está lhe chamando pelo apelido de infância – são apenas coisas que teimam em povoar a minha mente, não posso deixar de pensar em como as coisas estão lá fora


Se algo tivesse acontecido você saberia – Andrômeda diz adivinhando os pensamentos da irmã – eu sei que muita coisa não é publicada, mas Ninfadora sendo auror, ela me diria


Ela sabe que eu estou aqui? – Narcisa pergunta alarmada. Por mais que sua irmã tenha concordado em abrigá-la, ela não sabe se seus familiares iriam apoiá-la


Sim, ela sabe. Assim como meu marido, nós não costumamos ter este tipo de segredo – Andrômeda diz e logo a acalma – mas não se preocupe, você não é acusada de nada. Além disso, é bom para a ordem ter você sob os nossos olhos – ela vê que Narcisa lhe lança um olhar magoado – ora Cissa, vamos ser francas. Você pode não ter a marca negra e eu sinceramente acredito que você não seria capaz de cometer nenhum ato extremo mesmo que odeie os trouxas, mas nem todo mundo pensa assim. Você não pode simplesmente querer que todos acreditem que você não é uma aliada de você sabe quem


Eu entendo, eu acho – Narcisa retruca, pensativa – eu não vou dizer pra você que nunca compactuei das ideias do lorde, você sabe que sim. Mas a minha fidelidade foi abaixo no momento em que vi nos olhos dele que meu filho era apenas um peão num jogo de xadrez, um peão que seria sacrificado conforme a sua vontade, e eu vi mais, Andy, eu vi que o que estava acontecendo com Draco poderia acontecer com qualquer um de nós, uma palavra errada, um gesto inadequado e pronto, o infeliz viraria o jantar daquela cobra asqueirosa eu ele carrega consigo. Isso não é vida, definitivamente não é


Fico feliz que finalmente você tenha acordado – Andrômeda diz enquanto encara a irmã – você sabe que a partir de agora virão tempos difíceis


Sim, eu sei – Narcisa interrompe com um suspiro, concordando. Ela sabe que virão tempos difíceis, não importando qual lado ganhe esta maldita guerra e neste instante ela se vê desejando com toda a sua alma que o Lorde das trevas não triunfe, pois caso isso aconteça ela sabe que não terá a mínima chance, nem ela nem seu filho amado pelo qual ela fez tudo que estava a seu alcance para proteger. No entanto neste momento Narcisa sabe que não pode fazer nada, exceto talvez aproveitar a reaproximação com a sua irmã e ajuda-la a preparar o jantar




NOTA DA AUTORA


Finalmente o capítulo, e com boas notícias! Finalmente o "belo adormecido" deu o ar da graça! Espero que tenham gostado, desculpem a demora, como eu sempre digo eu demoro mas não desisto. Quem puder deixar uma palavrinha de incentivo vai me fazer muito feliz


Bjos e até o próximo!

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Comentários (1)

  • Thamiris Santos Lupin

    oi sua fic é muito boa, mais se você postar com mais frequencia ficará melhor, afinal deixar passar muito tempo apenas deixa de ser interessante. Mais eu continuo esperando.

    2015-01-14
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