Uma esperança



No salão da Grifinoria


Rony Weasley está sozinho. Harry e Gina cansaram de esperar por Hermione e foram se recolher. O ruivo não pode deixar de emitir uma careta ao lembrar que "concidentemente" o casal decidiu ir deitar ao mesmo tempo e que devem estar dormindo um nos braços do outro, isso se na melhor das hipóteses eles estiverem dormindo. É difícil pra ele, mas Rony sabe que seu amigo precisa de Gina mais do que nunca. E é apenas por isso que ele engole o seu ciúme e aceita tal intimidade


Muitas vezes ele se pega pensando se conseguiria passar por tudo que Harry passa sem perder a sanidade e chega à conclusão que provavelmente não. Nestas horas ele se recrimina pelas vezes em que se menosprezou, pelas vezes em que pensou que não tinha nada, que era apenas mais um filho em uma família numerosa e com poucos recursos e nessas horas ele se pega pensando no quanto ele era idiota


Felizmente eu cresci. Ele pensa. O ruivo sabe que a sua vida é muito boa, apesar de tudo que vem acontecendo. Ele tem uma família maravilhosa, amigos especiais e uma namorada linda que o ama e que o faz muito feliz


Por falar nisso, é ela quem aparece quando a porta se abre. A morena esboça um sorriso, mas sua feição mostra que ela está exausta. Rony já reparou que Hermione parece carregar um fardo tão grande quanto o de Harry. Ele se chateia um pouco pelo fato de sua amada não compartilhar, mas o ruivo sabe que se ela pudesse, ela contaria


Tudo bem, linda? – Rony fala dando um beijo suave nos lábios da namorada – o que o Lupin queria?


Ele queria minha ajuda pra saber mais sobre hipnose, depois eu explico direito o que é – Hermione responde de maneira vaga ao ver o olhar curioso do seu namorado. Seu ex professor não pediu segredo, mas ela não se sente bem em partilhar isso sem a autorização dele, mesmo que tenha absoluta confiança em Rony


Tem algo a ver com o que está acontecendo com você? – o ruivo pergunta e antes que Hermione diga algo, ele completa – e não venha me dizer que não está acontecendo nada. Eu sei que está e eu sei que isso está tirando seu sono e não é apenas por causa de tudo o que está acontecendo, horcruxes e tudo mais. É outra coisa...


A morena respira fundo. Já faz algum tempo que ela quer dividir sua angústia com seu namorado. Mais do que isso, ela precisa dividir esse peso com alguém. Rony pode até não acreditar, mas Hermione preza e respeita a opinião dele mais do que a de qualquer um – eu vou te contar, mas você não pode contar pra ninguém. Nem para o Harry, principalmente pra ele (ela vê que o ruivo a fita, curioso) você vai entender


Então a morena começa a relatar o motivo de sua angústia nos últimos tempos...


XXXXX


Na sala precisa


Harry acaricia os cabelos de Gina que se aconchega ainda mais em seus braços. Este é um daqueles momentos em que ele tem certeza que tudo vale a pena, estar com sua amada e vislumbrar a possibilidade de um futuro lhe ajuda a não perder a sanidade


Ele sabe que há um caminho longo a percorrer e que o tempo não está a seu favor. Uma das coisas que Dumbledore lhe ensinou foi a não subestimar Voldemort. Seu mentor sempre deixou claro que, embora maligno e louco, aquele que se intitulava lorde das trevas era um bruxo brilhante, com habilidades que nenhum outro possuía


Demorou um pouco para Harry entender, mas hoje ele sabe que também tem um trunfo. Ele tem um motivo para lutar, ele tem a Gina e um futuro a seu lado, ele tem amigos que são a sua família. Ele não quer morrer, mas ele não se importa de morrer se isso for o seu destino, desde que leve o bruxo maldito com ele


Harry se pega pensando que ele e Voldemort possuem vários pontos em comum. Ele não pode deixar de imaginar que talvez pudesse ter se transformado em um jovem amargo e revoltado, talvez ele até pudesse vir a odiar os trouxas, não seria uma coisa tão absurda se considerar a forma com que ele sempre foi tratado pela parte trouxa da sua família


O menino que sobreviveu sabe que escapou por muito pouco. Ele sabe que deve isso principalmente a seus amigos, Harry fica imaginando que se não tivesse encontrado Rony talvez tivesse aceitado o aperto de mão de Draco Malfoy e ninguém sabe onde isso o teria levado


Mas não é hora de ficar pensando em como a sua vida poderia ter sido. Se Harry fosse fazer isso poderia ficar louco em pouco tempo, é hora de pensar no futuro, em como a sua vida ficará, ou melhor, é hora de não pensar em nada, apenas aproveitar algumas horas de paz ao lado da sua ruiva


XXXXX


No salão comunal da grifinoria


Rony Weasley luta para não deixar seu queixo cair. Ele, definitivamente, não acredita no que sua namorada acabou de lhe contar. Não que ele não acredite nela, mas porque a seu ver isso seria impossível


O que você acha, Rony? – ela pergunta como se a sua vida dependesse da resposta do ruivo – por favor, diga alguma coisa


Eu... Eu não sei o que dizer – o ruivo finalmente se pronuncia – é tudo tão inacreditável, mas ao mesmo tempo faz algum sentido


Faz? – Hermione pergunta aliviada pelo namorado não lhe dizer que ela está delirando


Todo mundo sabe que os quadros mágicos só adquirem a capacidade de se manifestar após a morte daqueles que retratam, mas ao mesmo tempo aquele véu é o véu da morte, não é mesmo? Pela lógica as pessoas deveriam morrer lá (ele vê a namorada murchar e completa) embora eu não tenha conhecimento de ninguém que tenha caído nele antes. E agora essa história da vela, ou elas estão acesas ou estão apagadas, isso é fato. Elas não desaparecem, ninguém tiraria uma vela de lá...


O rosto de Hermione se ilumina e ela sorri como há muito tempo não sorria – ninguém, Rony? Ninguém mesmo? Elas estão presas lá por algum tipo de magia que as impeça de serem retiradas?


Que eu saiba não, mas... – ele e interrompido pelo beijo que Hermione lhe dá. Sem querer, Rony a encheu de esperanças


Nossa! Que animação! – Rony consegue pronunciar depois que recupera o fôlego – não que eu não tenha gostado, mas o que eu fiz pra merecer?


Você me deu uma idéia – Hermione fala puxando-o pela mão – vem comigo


Onde? – o ruivo pergunta enquanto é arrastado pelo salão comunal


Vamos tirar uma história a limpo – Hermione fala e continua a puxar o namorado – vamos precisar da ajuda de uma pessoa, mas quanto antes fizermos isso melhor


XXXXX


Enquanto isso, nos jardins


Draco caminha, solitário. Ele não consegue definir direito o que sentiu após participar da sua primeira reunião com a chamada Ordem da Fênix. Ele sabe que a suas informações foram relevantes, mas ele não tem nenhuma ilusão de que as pessoas o aceitaram. Draco quer e precisa ajudar, ele já se deu conta que não há como permanecer neutro diante de tudo que está por vir. No entanto ele não tem muita esperança que o tipo de resistência que eles planejam vá fazer muita diferença diante dos planos do lorde


Por mais que o loiro pense, Draco não consegue entender por que Dumbledore o apóia e o defende tanto. Ele até compreende aquela história de todo mundo merece uma segunda chance, mas isso não significa que ele tem que ser bem tratado por aquele que ele tentou matar o tempo todo, ou significa?


Seus pensamentos são interrompidos quando ele vê um garotinho correndo pelo gramado. Um pouco distante, Barbara observa o filho. O que eles estão fazendo aqui? Draco se pergunta toda vez que seus caminhos se cruzam. A mulher disse que ela e o menino estavam passando uma temporada no castelo, o loiro é um rapaz inteligente e não precisaria ser para saber que ela está abrigada por algum motivo sério e Draco desconfia que tem muito a ver com os motivos pelos quais ele também esta lá


Seus pensamentos são interrompidos por uma voz infantil – moço!


Draco olha e vê o garotinho falando com ele – moço (ele repete) minha bola!


Adrian! – ele ouve a voz da mulher – como se diz?


Minha bola – o garoto se corrige – por favor, você pode pegar?


Só então Draco vê uma bola a seus pés, uma bola trouxa o que o intriga bastante. Será que ele é trouxa? Não... Ele logo nega. Creio que não, eles parecem conhecer muito bem o nosso mundo. Mas que é estranho que ele brinque com uma bola trouxa, isso é


Moço! A minha bola, por favor – o menino repete. Draco então pega a bola na mão e a joga


Você não sabe chutar? – o menino questiona


Adrian, tenha modos! – sua mãe repreende


Pois você devia aprender – Adrian fala ignorando a mãe – não é tão legal quanto quadribol, mas é legal mesmo assim


Adrian! – Barbara fala novamente – seja educado! Ou você quer entrar?


Ah não, mãe – o menino choraminga – é muito chato ficar sozinho lá dentro! Não tem nada pra fazer (ele olha para o loiro) você bem que podia jogar comigo, eu te ensino


Desculpe – Barbara então se dirige ao loiro – eu tenho que aproveitar o momento em que não há ninguém pelos jardins pra sair um pouco com ele. Meu filho está ficando claustrofóbico dentro do castelo, ele não está acostumado a ficar o tempo todo isolado


As pessoas não sabem que vocês estão aqui? – Draco pergunta se sentindo solidário com ela instantaneamente. Ele sabe muito bem o que é ficar escondido o tempo todo


Alguns sabem – a mulher responde – mas não seria seguro se todos soubessem, você me entende


Draco assente com a cabeça, embora ele não entenda por que uma mulher e um garotinho precisam da segurança de Hogwarts. Quer dizer, ele sabe que o mundo lá fora não está seguro para ninguém, mas ele tem consciência que infelizmente a escola não tem condições de dar abrigo a todos. Se ela está lá deve ter algum motivo especial. Ele olha curioso para a mulher na sua frente, mas percebe que não terá maiores explicações até que ele sente uma mãozinha puxar as suas vestes


E então, vai jogar ou não? – Adrian o encara


O loiro respira fundo. Nunca em sua vida ele imaginou brincando com uma criança e principalmente com um brinquedo trouxa. Mas... Quer saber? Ele não tem nada a perder mesmo – tudo bem, pirralho. Me ensina como joga isso aí


Minerva observa a cena pela janela e não pode deixar de sorrir ao ver o sonserino tentando desajeitadamente chutar uma bola. Mais uma vez Dumbledore parece ter tomado a decisão certa. Sempre há alguma esperança...




NOTA DA AUTORA


Finalmente o capítulo, mais uma vez eu peço desculpas por demorar tanto. Mas como sempre falo, eu demoro mas não desisto. Espero que tenham gostado. Muito obrigada pela paciência e aquelas almas caridosas que puderem deixar uma palavrinha vão me fazer muito feliz


Não vou ficar falando muito, tenho outras fics atrasadas pra atualizar.


Bjos e até o próximo

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Comentários (2)

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