A Volta de Quem não Havia Ido



CAPÍTULO DEZ – A Volta de Quem não Havia Ido






– Quê? Como assim Grope voltou? – a expressão de espanto mesclada à curiosidade ficou presente em cada traço do rosto de Hermione, que mesmo após escutar além de Rony, Harry, sobre a história de Grope, parecia se recusar a entender.

– Hermione, eu sei o que parece, mas, só vamos descobrir hoje à tarde. Hagrid pediu que fossemos à sua cabana, para que possamos conversar. – começou Harry fixando o olhar nos olhos da amiga.

Hermione pigarreou, assim como McGonagall costumava fazer quando alguém lhe dava uma desculpa esfarrapada sobre o porque do não cumprimento das tarefas, em tom de descrença. Os três agora desciam a grande escada de mármore no Saguão de Entrada, e já se encaminhavam ao Salão Principal quando Gina alcançou-os.

– Bom dia! O que achou Mione? – disse Gina animada.

– Péssima idéia. – retorquiu Mione sem ao menos olhar para a amiga – Só vamos descobrir mais tarde. Essa do Hagrid... – Hermione balançou a cabeça e rumou para a mesa da Grifinória, deixando-os para trás. Gina que estava atrás dos três tomou a lacuna deixada por Mione.

– O que o Hagrid tem a ver com eu ser a nova artilheira? – indagou Gina curiosa.

– Nada Gina. – respondeu Rony – Nada. Problemas da Mione.

Tirando o desentendimento matinal entre Gina e Mione, o restante do dia transcorreu excelentemente bem. Após o café da manhã, Harry, Rony e Hermione se dirigiram a torre da Grifinória para terminarem a redação que McGonagall havia pedido sobre transfiguração humana e feitiços conjuratórios. Hermione parecia ser uma máquina redatora, durante o mesmo período de tempo, Harry escrevera apenas um rolo de pergaminho e Mione já estava na metade do terceiro rolo. Rony assim como Harry escrevera somente um rolo e já achava um excelente trabalho. Uma hora antes do almoço, os três foram à biblioteca para fazerem um pesquisa pedida por Hagrid.

– Madamme Pince, nós gostaríamos de ver alguns livros sobre Agoureiros e seus hábitos noturnos. – pediu Hermione educadamente. Madamme Pince era a bibliotecária de Hogwarts, uma velha senhora que estava sempre disposta a azarar aqueles que danificasse seus livros ou fizesse o mínimo ruído em sua biblioteca.

– Estão na estante “L”, prateleira quarenta e cinco, organizados por título. – respondeu Madamme Pince com a voz de alguém que cede um favor sem a real intenção do mesmo. – Mais alguma coisa?

– Harry, Rony, vão lá e peguem uma mesa que já vou com os livros.

Poderia ser só a impressão de Harry, mas o garoto tinha certeza que a amiga iria pedir mais alguma coisa a Irma Pince. Seguiu com Rony pela grande biblioteca de Hogwarts que parecia um enorme labirinto cheio de estantes e altas prateleiras. Rony sentou-se numa mesa próxima a um grande vitral de Herpo, O Sujo.

– Espero que Mione nos ache. – afirmou Rony enquanto retirava uma pequena chave do bolso, a chave do quartel da Ordem.

– Rony esconde isso! – precipitou-se Harry.

Rony levantou a mão antes que Harry tomasse a chave do amigo.

– Só vou fazer o que o Sr... – Rony olhou a mesa de madeira lisa – Duncan e o Sr. Munge fizeram.

Harry não estava entendendo nada do que se passava na cabeça do amigo, até que Rony começou a escarafunchar a ponta de sua chave sobre a madeira da mesa, e Harry viu que próximo ao seu cotovelo havia ranhuras na madeira e olhando com mais atenção Harry viu que eram letras formando nomes. Rony provavelmente estava escrevendo o próprio na madeira, e Harry ficou ali olhando o trabalho do amigo em escrever seu nome e pensou em quantos já não haviam escrito seus nomes nas mesas e outros locais do enorme castelo. Talvez até mesmo seu pai tivesse deixado uma marca, talvez algo mais além do Mapa do Maroto.

– Trouxe outros títulos além dos que – Hermione congelou ao ver o que Rony fazia, parecia que a amiga estava sendo atacada intimamente – Rony! Como você pode fazer isso com o patrimônio de Hog... O que estou dizendo... Reparo! – o local onde Rony estava escrevendo por sorte não foi atingido e o feitiço ricocheteou no braço de Rony.

– Hermione! – Rony esfregava o braço com a mão esquerda – Isso ardeu.

– Errei centímetros. Por que está fazendo isso? – perguntou Hermione em tom de desaprovação máxima enquanto Rony ainda terminava de esculpir o “y” de Weasley.

A voz de Rony indicava que aquela pergunta era óbvia demais. – Para não se esquecerem dos Weasley, oras!

– Bem como eu ia dizendo eu peguei esse livro sobre os Agoureiro e já fiz uma cópia do que nos interessa. – Hermione abriu um grosso livro de couro verde e retirando de dentro dele dois pergaminhos idênticos, ela entregou um a cada um para que pudessem analisar. O pergaminho mostrava exatamente o mesmo conteúdo do livro que Hermione abrira: os hábitos noturnos dos Agoureiros. – Eu tomei a liberdade para sublinhar os aspectos mais importantes para a redação. – Hermione parecia gostar mais ainda daquilo tudo a medida que Rony e Harry mudavam a expressão de confusão para satisfação.

– Mione, você quase fez a redação para nós. – disse Rony confuso.

– Para mim está excelente, além de me poupar trabalho sobra tempo para que eu possa desenvolver a redação de McGonagall sobre os feitiços Conjuratórios. – finalizou Harry. Rony sorriu satisfeito e Mione mais ainda.

– Mione o que são esse livros aí? – indagou Harry à amiga sobre dois outro volumes além do de couro verde que repousavam sobre a mesa da biblioteca que ocupavam.

– Ah, sim! Você tocou no ponto em que eu queria. – Esses livros falam sobre o Departamento de Mistérios.

Harry parecia ter sido atingido por um chute no estômago. Milhares de mariposas voavam dentro de sua barriga e sua cicatriz ardia levemente enquanto seu cérebro parecia que fora congelado por instantes, tudo aquilo cessou com a mesma rapidez que se instaurou. Tudo ocorreu devido à menção do Departamento de Mistérios.

– Mione, você pegou os livros errados. – palpitou Rony lendo os títulos pela indicação lateral de cada um. Harry fez o mesmo, e leu “A Magia do Tempo”e “Tempus Complexus”. – O que o tempo tem à ver com o Departamento de Mistérios?

– É sobre isso que eu quero falar, se houvesse menos interrupções – retorquiu inquieta – estaríamos na metade do assunto. Harry e Rony concordaram com a cabeça e Hermione começou a tagarelar umas falas feitas.

– Mais poderoso que qualquer maldição, feitiço ou azaração, o Tempo é algo extremamente complexo e muitos bruxos já perderam suas vidas tentando controlá-lo. Por ser baseado em nossas escolhas o Tempo tem conseqüências diversas nos mais diversos aspectos. – Hermione parecia ler aquilo tudo de um pergaminho invisível á sua frente – A única forma que foi possível domesticar o tempo foi através das viagens no Tempo, que foram executadas desde os primórdios da magia egípcia, mas só teve uma fórmula realmente concreta e aprovada em 1718, quando Vicent Supineti criou um objeto de metal encantado com um dos antigos feitiços egípcios sobre o Tempo, hoje é conhecido como o Vira-Tempo.

Harry e Rony arregalaram os olhos diante de tanta informação fornecida pela amiga. – Mione, você continua sendo nosso livro preferido! – exclamou Rony delirante. – Eu vi alguns desses feitiços em pinturas dentro das pirâmides. Lembram-se quando fui ao Egito?

– Ah, sim. Os egípcios são fantásticos, têm diversos rituais mágicos e foram uns dos primeiros povos a domar a magia que circulava em suas veias. – complementou a fala. – Mas voltando a assunto, o Tempo. O Tempo é estudado no Departamento de Mistérios. Vimos isso se lembram?

Harry fechou os olhos e lembrou-se da cena em que um comensal caia no chão e tinha sua cabeça rejuvenescida anos até que formara um conjunto bizarro de cabeça de bebê e corpo de homem. Harry sacudiu a cabeça e abriu os olhos, era terrível pensar no Departamento de Mistérios.

– Lembro... Aquele sino. – disse Rony olhando para além do vitral – Aquilo era assustador.

– Não era. – afirmou Mione – O Tempo é assustadoramente perigoso. E Harry é sobre isso que eu queria falar com você. Você-sabe-quem já venceu o tempo. Ele é de alguma forma imortal.

– Então para quê aquela maldita profe... – tagarelou Rony.

– Rony você é burro? – Rony negou – Só pode ser! Você não percebeu que foi por causa da profecia que Harry não morreu na noite em que você-sabe-quem matou os pais dele? Ou que talvez seja por ela que Harry vá derrotar você-sabe-quem!?

– Tudo bem, Mione só perguntei.

– Vocês dois não vão começar uma briga, não é?

– Desculpa cara. – indagou Rony

– O Rony! – exclamou Mione – Mas Harry o que eu queria contar a você é que talvez você devesse fazer como eu e Gina, ter um pouco de curiosidade sobre aquela sala, aquela pena pode vir a calhar.

– E deve ser muito poderosa! – disse uma voz feminina atrás de Harry. O garoto se virou para poder ver quem falava, mas não foi preciso porque o falante sentou-se ao seu lado e Harry viu Gina segurando um pesado livro de Herbologia. – Se não fosse – continuou a garota enquanto abria o volume sobre plantas carnívoras – Dumbledore não teria nos impedido de continuar a explorar a sala.

– Isso é verdade. – confirmou Rony.

– Tudo bem; mas para que eu devo saber mais sobre ela – vendo o olhar de censura de Hermione, Harry corrigiu – sobre os meus pais!

– Você está parecendo o Rony! – ofegou Mione em tom de desistência.

– O que você quer dizer? – retorquiu Rony.

– Você dois! – exclamou Gina.

Harry sabia que ele estava sendo injusto com as amigas. Ele sabia perfeitamente bem que conhecer quais eram as proteções que sua mãe lhe confiara, poderiam ser a chave para a solução dos seus enigmas mais íntimos. Mas não era tão simples assim, só ele tinha escutado o que Dumbledore havia dito sobre o Departamento de Mistérios e só ele tinha a real consciência de como aquele labirinto de portas, câmaras e corredores era perigoso. Havia um pequeno martelo batendo com força dentro de sua cabeça dura, dizendo que talvez fosse melhor revelar aos amigos, já sabiam sobre a profecia e tudo o mais, um pouco mais de informação não seria ruim. E uma voz dentro de seu cérebro falou mais alta e decidiu pelo resto do corpo. Vou contar.

– Preciso contar algo a vocês. – os três pararam abruptamente a discussão e dirigiram os olhares á Harry. – É sobre aquela noite no Departamento de Mistérios. Não, não é sobre a profecia, – disse Harry quando Rony começou a gesticular – e sobre o que existe dentro do Departamento de Mistérios. Vocês se lembram de que quando estávamos naquele aposento circular o meu canivete – Harry pausou – o meu canivete ele derreteu em uma das portas. – todos concordaram. – Aquela porta... Enquanto Dumbledore duelava no Átrio do Ministério da Magia com Voldemort – todos tremeram à menção daquele nome – ele disse que não desejava a morte de Voldemort, mas algo pior.

– O quê é pior do que a morte? – exclamou Rony abruptamente.

– Foi o que você-sabe-quem indagou a Dumbledore. – Hermione o olhava com a fascinação que seus olhos só exprimiam na leitura de um bom livro.

– O que Dumbledore disse? – indagou Gina a curiosidade transbordando.

– Que ambos sabiam do que existam formas muito piores que a morte de acabar com um homem.

– Então você quer dizer que o Departamento de Mistérios encerra esse poder? – perguntou Hermione indecisa.

– Exatamente. – finalizou Harry.

O silêncio ondulou sobre a mesa. Durante o que pareceu ser uma hora, só o que se ouvia era o ranger das penas sobre os pergaminhos. Harry mal conseguia escrever sua redação de Trato de Criaturas Mágicas e o mesmo parecia aplicar-se a Rony. Mione que já havia acabado a sua, não parava de se levantar o procurar outro títulos, Harry tinha certeza que ela estava pesquisando o que poderia ser pior do que a morte. Gina parecia inabalável, escrevia com calma e serenidade. Em alguns momentos Rony molhava a pena, Gina passava a página e Hermione ofegava. Harry sabia que talvez estivesse passando preocupação demais aos amigos, mas embora tivesse sido doloroso á ele expor tudo aquilo, ele se sentia mais livre por ter contado mais um pouco dos segredos que agora guardava.

Quando o sol já contornava ao lado oeste, e o horário do almoço já havia se estabelecido, os quatro guardaram todo o material que havia espalhado e desceram as escadarias para o térreo, rumo ao Salão Principal. Durante o almoço, o silêncio também tomou conta do ambiente. O único sinal sonoro foi o da colher da travessa de batatas que Harry deixou cair acidentalmente. Harry se levantou da mesa mais cedo que os demais e foi caminhando pelos gramados do castelo.

Após atravessar as portas duplas de carvalho, Harry desceu os grandes degraus de pedra e pisou na grama fofa e verde. O sol brilhava opaco, o excesso de nuvens faziam com que poucos raios chegassem com força á propriedade. Harry avistou o grande Salgueiro Lutador balançando seus galhos junto com a brisa leva que corria os terrenos externos. O campo de quadribol mantinha sua imponência, e as altas torres do castelo eram refletidas na superfície lisa e límpida do grande Lago.

Ao lado esquerdo do castelo, a Floresta Proibida formava um muro maciço de marrom e verde-folha, e uma grande clareira era visível em sua orla, nela uma cabana se erguia. Ao lado da mesma um enorme canteiro, cultivava abóboras gigantes que eram colhidas pelo guarda-caça do castelo Rúbeo Hagrid.

Era notável que Hagrid colhia as abóboras para a Festa de Dia das Bruxas que ocorreria na noite do dia seguinte. As últimas festas de Dia das Bruxas que Harry havia comparecido tinham sido um tanto quanto conturbadas. Um grande acontecimento sempre ocorria nesta data, mas neste ano Harry não acreditava que algo pudesse acontecer, já que naquela conjuntura tudo acontecia fora dos muros daquela escola. Harry foi caminhando em direção a cabana de Hagrid quando Rony, Mione e Gina o alcançaram. Só então Hagrid os avistou, e começou a acenar com sua enorme mão que tinha o tamanho de um bebê.

– Olá, Harry! Mione, Rony e Gina! – Hagrid abriu um sorriso enorme, até mesmo para as proporções de um meio-gigante. – Vocês chegaram bem na hora, faltava só essa última – disse o guarda-caça colocando a última abóbora gigante em uma pequena charrete que saiu andando sozinha, contornando o castelo até as estufas. – Flitwick enfeitiçou-o para mim.

– Hagrid, a gente pode entrar? – perguntou Hermione receosa.

– Lógico! Sim, como estou sendo mal-educado. Entrem, entrem! A casa é de vocês. – disse Hagrid gesticulando em direção a porta da cabana.

A pequena cabana de Hagrid continuava a mesma, poltronas do tamanho mesas, uma cama que parecia uma enorme plataforma coberta com retalhos de todas as cores. A pequena cozinha anexada a cabana, permanecia escura, e o velho fogão a lenha continuava aceso embora não houvesse lenha queimando, assim como na lareira próximo ao sofá que Harry, Rony e Gina se sentaram. Hermione sentou em uma poltrona de couro grená, e era perceptível que a amiga parecia ter sido engolida pela cadeira, já que só se via as pernas e o pescoço da garota. Hagrid colocava uma chaleira no fogo para que tomassem um chá. Depois de todos confortavelmente acomodados, Hagrid trouxe quatro xícaras de chá e uma caneca, Hermione parecia desaprovar a bebida de Hagrid, que Harry sabia, era conhaque.

– Fico feliz, de ver vocês aqui. – Hagrid bebeu um longo gole de conhaque – Estão animados para a Festa do Dia das Bruxas? – perguntou inocente – As abóboras realmente cresceram este ano, e vocês...

– Hagrid, não muda de assunto. – pediu Harry.

– Hagrid! – chamou Hermione. A garota tinha os braços cruzados e trazia no rosto a expressão da mais completa fúria. – Que história é essa de Grope ter voltado?

– Ah! Sim. O Gropinho. Eu... tentei sabe... O Dumbledore depois até aprovou. – barganhou Hagrid com Mione que mesmo sabendo que Dumbledore havia aprovado não mudara sua expressão.

– Pode começar a se explicar. – exigiu Rony. – Comece por onde Grope foi.

– Vocês sab-sab-sabem. – Hagrid olhava para o castelo além da vidraça – O Gropinho, ele se sentiu solitário, esses meses de férias. – Hagrid encarou Mione como se a mesma fosse a culpada. – Ele queria o Arry e a Hermy.

Hermione começou a resmungar para si própria – Sabia... Nunca... Dar certo... – Voltando ao tom normal de voz, Hermione inquiriu. – E afinal onde ele foi?

– Foi para as montanhas.

– Quê?! – Gina parecia ter levado um soco da bochecha de tanto susto.

– É, mas ele voltou.

– Como Dumbledore permitiu isso? – Hermione já estava de pé.

– Ele não podia fazer nada. – vociferou Hagrid – Ou você queria que Dumbledore o enfeitiçasse para que permanecesse quieto aqui dentro dos muros desta escola?

– O Hagrid tem razão. – comentou Rony. – Os gigantes odeiam magia. Ele tem que ter a liberdade que teria se fosse livre.

– Ele é livre! – a voz de Hagrid parecia cada vez mais indignada com a reação dos garotos – Só que concordou em não trabalhar para o você-sabe-quem!

– Tudo bem Hagrid. – Hermione parecia inconformada, mas não queria magoar o amigo. – E o que você quis dizer ao dois – Hermione indicou na direção de Harry e Rony – que eles haviam acabado de dormir?

– Grope aproveitou e... e... e... trouxemaisgigantesparanossolado.

– Fala devagar. – criticou Gina.

– Grope aproveitou e trouxe mais gigantes para nosso lado. – finalizou Hagrid. Todos os quatro, Harry, Hermione, Rony e Gina, tinham as bocas abertas como se todos ali gritassem de desespero mas suas vozes eram sufocadas pelo medo que se instaurou ali.

– Eu não acredito. – Mione que já havia sentado novamente, tinha as pontas dos dedos afundadas no cabelo em sinal de preocupação. Rony parecia petrificado, tinha um olhar congelado na floresta, vista do lado de fora pela janela da cozinha. Gina e Hagrid foram os que melhor reagiram, mas mesmo assim o silêncio pareceu ondular com já havia feito naquele mesmo dia.

– A gente volta a se encontrar. – aquilo não foi uma pergunta, foi uma afirmação de Mione. A garota saiu pela porta e a deixou entre aberta.

– Melhor eu ir com ela! – Gina seguiu a amiga.

– Nós vamos também. Tchau Hagrid. Até breve. – Harry se sentiu estranho e saiu no encalço de Rony.

Após o depoimento de Hagrid sobre os gigantes, tanto Harry quanto os outros ficaram ainda mais preocupados e nervosos. Hermione parecia dissipar sua preocupação lendo livros, ou fazendo as tarefas passadas pelos professores. Gina fazia o mesmo, mas diferente de Mione tinha a atenção desprendida do momento. Harry e Rony jogavam uma partida de xadrez de bruxo.

Tudo parecia assustadoramente calmo, a exceção do fato de um pequena colônia de gigantes ter se instaurado nos terrenos da escola. No dia seguinte ocorreria a primeira visita á Hogsmeade do trimestre, além do banquete de Dia das Bruxas. Enquanto A torre de rony chutava um peão seu para fora do tabuleiro, Harry ficou admirando o pequeno vilarejo de Hogsmeade, além do lago, pequenas casinhas soltavam repolhudas nuvens de fumaça, provenientes das chaminés de suas lareiras. Harry sentiu um sobressalto, mas descobriu que fora porque a torre de Rony agora se aproximava de sua rainha.

A tarde passou veloz como um tufão e antes que Rony dissesse “Xeque!”, a noite já cobria o céu; belíssimas tonalidades de cores se mesclavam no céu formando uma bela tela lilás alaranjada. Pequenos pontinhos prateados começavam a despontar e a lua já adquirira seu posto e estava magnificamente prateada e redonda.

Quando Gina já começava a cair sobre os livros e Harry e Rony terminavam a segunda partida de xadrez Hermione, fechou os livros. E os chamou para que se sentassem.

– Eu pesquisei algumas coisas e queria mostrá-las á vocês. – Enquanto os olhos de todos pareciam fazer força para permanecerem abertos, Hermione falava sem o mínimo sinal de cansaço e se espantou que todos estivessem exaustos. – Harry se você encerra uma força sobre a qual você-sabe-quem não conhece, eu cheguei uma conclusão bem simples.

Harry se sentia confuso por fazer tudo aquilo, mas sabia que talvez a inteligência lógica de Hermione fosse lhe ajudar.

– Essa força, – começou Mione – foi ela que salvou sua vida na noite em que Você-sabe-quem matou seus pais. Voldemort não morreu, embora essa sua força tenha dobrado a maldição contra ele. Agora a pergunta é uma por que ele não morreu, e o mais curioso, porque você mão morreu?

– Grande hein? Jura que você quer saber isso? – falou rony com o sarcasmo na voz. – Mais da metade da população bruxo gostaria de saber o porque também.

– Se me deixasse. – afirmou Hermione com o desgosto na voz. – E, como eu ia dizendo, eu suspeito que tenha a resposta para uma das perguntas. O que me espanta é que talvez você-sabe-que...

– Diga o nome dele. – pediu Harry. – torna tudo mais claro e fácil.

– Tudo bem, Vo-vol-volde-de-mor-tt. – talvez tenham feito isso antes mesmo de Voldemort nascer. Esse é o único ponto que me preocupa. Mas faz muito sentido.

– Então diz logo.

– Os celtas. Eles foram os primeiros a domar a magia na ilha da Bretanha, mas nunca ousaram se aprofundar em assuntos mais obscuros. Existiam rituais.

– O Percy falou algo sobre isso quando fomos ao Egito. – comentou Rony desconectado ao assunto.

– Não atrapalha, Rony! – exclamou Gina indignada com a interrupção do irmão.

– Não, ele está certo não pensei nisso. Os Egípcios. Fascinantes! – Mione ofegou – Teri de ser muito poderoso...

– Isso não é empecilho. Voldemort é poderoso. – afirmou Harry.

– É eu sei, mas como? Rony o que Percy lhes disse?

– Mione, por favor não me fale daquele paspalho. Já basta não falar com mamãe e papai desde o ano anterior.

– Rony, o que os guias disseram na época. Você se lembra?

Gina tomou a frente da conversa. – Eu me lembro de ver hieróglifos onde retratavam o processo de mumificação, a pessoa recebia pedras e amuletos para carregar no sarcófago, mas havia um muito importante. Visitamos uma câmara onde haviam centenas de desenhos de um olho. Eu não me lembro o nome... – Gina olhou para o teto do salão comunal – Acho que se chamava o Olho de Corus.

– O Olho de Hórus. – corrigiu Hermione – Sei do que se trata. Estudei isso em História na minha escola trouxa, antes de vir para Hogwarts. Era um amuleto de proteção, basicamente contra mau-olhado, mas no mundo mágico, isso pode significar mais do que conhecemos.

– Definitivamente Voldemort não é uma múmia. – brincou Harry, embora soubesse que aquele assunto não fosse de brincadeiras, mas mesmo assim todos riram. Quando Harry olhou seu relógio viu que já passavam da meia-noite e que embora fosse final de semana e estivessem no sexto ano, aquele horário já havia passado do que era permitido para ficarem acordados. – É melhor irmos dormir. – completou Harry.

– Devia dar detenções a vocês dois – Rony disse com o sarcasmo na voz para Harry e Gina. – Cumpro meus deveres de Monitor. – disse Rony numa imitação muito pomposa de Percy. Harry escutou o amigo exclamar um palavrão à Percy, mas fingiu não ouvir.

Todos deram boa-noite uns aos outros e antes que Harry sentisse a cabeça tocar no travesseiro, já havia caído num sono lento e profundo. Estava jogando quadribol, e viu que Gina tentava roubar o pomo da mão dele, dizendo que ele não podia perder tempo com quadribol. O sonho mudara. Via uma pirâmide roxo de ponta cabeça, um pequeno rato descrevia círculos em volta da mesma.

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