A Voz da Esfera



CAPÍTULO OITO – A Voz da Esfera





Os dias em Hogwarts, passavam velozes e faziam parecer que tudo era repentino demais e muitas vezes deixavam Harry, Rony e Hermione tontos com tanta informação. Os três já haviam progredido significativamente com o Feitiço da Invisibilidade, embora Mione não o tivesse realizado na primeira aula, conseguiu com êxito, na segunda aula de Flitwick. As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas estavam sendo fantásticas, e já usavam dois “treinadores”. Nas aulas de Hagrid, ele parecia ter sido instruído para que não mostrasse animais perigosos, mas animais do programa, e mesmo um Agoureiro e um Dedo-Duro não tendo nem garras nem presas, Hagrid mostrou à turma qual a forma de diferencia-los e como dão excelentes animais de estimação.

Harry embora animado com todas as aulas, tinha de suportar Trelawney predizendo sua morte continuamente e Snape, que preservava os mesmos cabelos oleosos e o nariz em forma de gancho, continuava desprezível.

– Potter! O que pensa que está fazendo? – uma voz voraz se dirigiu à Harry, que estava cortando displicente sua enguia – Cinco pontos à menos para a Grifinória! Realmente Potter, não faço idéia de como atingiu um Nível Ordinário em Magia, mal sabe preparar uma ridícula poção antídoto! – Snape saiu da carteira de Harry com a capa enfunando às suas costas.

– Entra ano e sai ano, Snape é o mesmo bosta de dragão de sempre! – reclamou Rony, aumentando o fogo de seu caldeirão com a varinha.

– Eu sei disso! – admitiu Mione enquanto sua poção curava, conforme esperado. – Mas sabemos que há mais por traz disso, Snape não seria assim se o pai de Harry não tivesse feito algo realmente ruim.

– Meu pai não fez nada da forma com que você diz! – retorquiu silenciosamente – Você não sabe da história, a metade! – a poção de Rony começou a borbulhar e soltar faíscas amarelas.

– Rony! Joga a casca de azevinho! Rápido! – Rony agilmente despejou o azevinho na poção e Snape instantaneamente advertiu-os, da frente da turma – Quinze pontos à menos, Srta. Granger. Mais uma ajuda à seus amiguinhos e serão trinta! Tragam um frasco com a poção de vocês aqui sobre minha mesa. Quero dois rolos de pergaminho para a próxima aula, listando os ingredientes necessários para o preparo da Poção da Memória. Dispensados!

– Ainda bem que este tédio chegou ao fim – disse Rony alargando o nó da gravata devido ao calor sufocante e abafado das masmorras.

– Agora temos História da Magia, – completou Harry – ao menos não há escadas para subir.

– Seria interessante, que vocês dois pudessem começar anotar o que o Binns fala.

– Hermione, copiamos suas anotações há cinco anos. Não comece. – indagou Harry enquanto adentravam na sala de Binns.

– Não é isso! – Hermione deu um suspiro de nervosismo – Aula passada, ele começou a falar da formulação do ministério da magia bretão, – Hermione retirava um rolo de pergaminho da mochila e abria sobre a carteira para mostrar à Harry e Rony – além da redação que ele pediu sobre a Suprema Corte dos Bruxos eu pesquisei sobre umas coisas.

Binns já havia entrado em sala, e já expelia as palavras soníferas de sempre, mas desta vez Rony e Harry, não cochilaram, porque Hermione parecia mais interessante que Binns.

– Eu fui à biblioteca e descobri algumas coisas sobre aquela sala da Ordem. – Hermione abriu o rolo de pergaminho e mostrou aos dois, um desenho feito a mão da porta com o número sete e diversas gemas entalhadas no mesmo.

– Belo desenho, Mione! – disse Rony admirando a porta desenhada.

– Não Rony! – disse Harry observando uma data na parte inferior do desenho – Não pode ter sido Mione, olha aqui. Tem uma data, aqui, só que está meio ilegível.

Restaurum! – sibilou Hermione com a ponta da varinha, e a inscrição se tornou legível, e Hermione leu a – Solstício, quatrocentos e cinqüenta e um.

– Parabéns Srta. Granger! Dez pontos para a Grifinória! – Rony olhou surpreso para Harry depois para Mione – Como eu ia dizendo, o Ministério foi aberto oficialmente, como organização do Estado, em meados do ano de quatrocentos e cinqüenta e um, temos como nosso primeiro ministro registrado Arthurious, que também foi rei da Bretanha na mesma época, quando os trouxas sabiam de nossa existência. A Suprema Corte dos Bruxos era formada, na época pelos cavaleiros de Arthurious, que hoje remetem à lendas trouxas. A Corte dos Bruxos se iniciou com doze integrantes, e atualmente são sessenta jurados da Corte, incluindo nosso diretor Alvo Dumbledore, que é o atual presidente da organização para-ministerial.

– Poupou-me saliva – suspirou Mione – vejam só, exatamente o que encontrei, na biblioteca! – Hermione foi desenrolando o pergaminho e mostrando gravuras e anotações, que pareciam terem sido feitas após a explicação de Binns.

– ‘Tá Mione! E daí? – disse Rony que estava achando a opção de tirar um cochilo mais interessante do que ouvir teorias feitas por Hermione.

– Ronald! Você é um grosso!

– Eu... – antes que pudesse começar à se desculpar, a sineta já havia tocado e ambos saíram da sala discutindo.

Quando já estavam no Saguão de entrada, a discussão ainda não havia findado e Harry interferiu – Vocês, podem parar! Ao menos um instante?

– Harry está certo; por que tanto discutem? – disse Gina que já havia chegado e os empurrava para o salão principal.

– O Rony é um trasgo insensível! – resmungou Hermione nos ombros de Gina – Eu sei, é sim... Sempre foi... – Gina olhou para Harry e indicou Rony com o olhar. Harry entendendo o que se passava na cabeça de Gina chamou Rony para se sentar na outra ponta da mesa da Grifinória. Gina piscou para Harry, quando ele se sentou ao final da mesa, com Rony.

– Rony! Rony! – chamou o amigo que não tirava os olhos de Hermione – Rony!? – esgoelou Harry.

– Me chamou?

– Eu ‘tô tentando fazer isso, já tem um tempinho, se você não percebeu.

– Ah, tudo bem. Pode dizer – disse Rony ainda estava observando as duas do outro lado do salão.

– Não Rony! Olha para mim! – e depois de alguma insistência Rony assim o fez. – Seja sincero, todo mundo está percebendo.

– Sincero com o quê?

– Não seja um paspalho, Rony. Você e a Mione.

– O quê que tem nós dois? – as orelhas de Rony estavam ficando escarlate, e a cada minuto, Rony tremia mais segurando o garfo. Seu ápice foi quando Gina caminhou na direção de Harry e sentou de frente para o irmão, fazendo com que Rony derramasse a jarra de suco de abóbora, sobre o linho branco e logo havia uma enorme mancha laranja sobre a toalha úmida.

– Rony! Por favor! – disse Gina com nervosismo e acenado para a sujeira ordenou – Evanesco! Limpar! – e a toalha voltou a ser branca e seca. – Já que você se nega a aceitar, pelo menos dê valor a educação que nossa mãe nos deu e tenha – Gina encostou o dedo indicador no polegar – um mínimo de sensibilidade. Hermione não é seu c-a-p-a-c-h-o – vociferou Gina sublinhando as letras.

Todos no salão principal, observavam a pequena discussão, e ao que pareciam, sabiam exatamente do que se tratava, pois os olharem estavam divididos entre Rony e Hermione, que se localizavam em opostos do aposento. Rony que agora tinha, não só as orelhas vermelhas, mas todo o rosto saiu com os nós dos dedos fechados. Harry seguiu o amigo antes que fizesse uma besteira.

– Rony! Espera aí – Harry se virou e mirou Gina – Cuida da Mione! – e Harry continuou a correr.

– O que está olhando Cauldwel? Cinco pontos à menos para Corvinal! – vociferou Rony com um garoto do terceiro ano.

– Rony! O que está fazendo? – Harry segurou o amigo pelo ombro e quando o mesmo se virou gritou, vários perdigotos molhavam os óculos de Harry, – Sou monitor, faço o que acho certo!

Harry segurou o amigo com as duas mãos e o balançou dizendo – Você não é o dono do mundo! Não podia sair por aí tirando pontos de quem você bem entender!

– Potter! Weasley! – McGonagall que passava, os advertiu – Modos serão bem-vindos se os srs. se lembrarem deles!

Hermione vinha caminhando na direção dos dois, Rony não havia percebido, pois ela estava às suas costas, mas quando ela se aproximou, apertou o braço do amigo e os dois saíram do salão principal.



Nem Gina, muito menos Harry entenderam, o que havia ocorrido naquela quinta-feira, porém a única coisa que havia ficado clara, era o consenso, em que chegaram, pareciam ter feito um acordo mudo de que um tentaria discutir menos com o outro. E de fato as discussões haviam diminuído significativamente no decorrer de setembro.

Durante as aulas, o suficiente era só uma fagulha de discussão para que ambos se encarassem e mudassem de assunto.

Mesmo que Harry permanecesse ávido de curiosidade sobre as descobertas de Mione a respeito da sala da Ordem, ele ainda não havia ousado tocar no assunto desde o incidente no salão principal. Mas para o contentamento de Harry, no final de uma terça-feira cinza e chuvosa encontrou Gina e Hermione sentadas na sala comunal analisando pergaminhos diversos, e grossos livrões de História da Magia. Aproveitando que Rony havia ficado no Saguão de Entrada esperando McGonagall para reservar o campo de quadribol para os testes dos jogadores ausentes, abordou as duas de forma simpática e alegre.

– Oi Gina! Oi Mione! – aquilo soou um pouco forçado a Harry, mas mesmo assim continuou com o tom alegre e simpático – O que vocês têm aí? – Harry puxou um pergaminho próximo e viu o desenho de uma pena escrevendo – Ah, são os pergaminhos que vocês pesquisou na biblioteca?

– Sim são eles. – disse Hermione asperamente.

– A Mione estava me explicando, que aqueles livros e pergaminhos na sala da Ordem são os registros da lendária Sala de Regis...

Hermione parecia ofendida por não poder explicar algo que sabia e interrompeu Gina imperativamente – Bem, Harry não é bem assim. Aqueles livros são ofícios do arcaico ficheiro ministerial, hoje em dia – Harry interrompeu com dúvida – O que são ficheiros, arco o quê?

– Antigos Harry, arcaico significa antigo – Hermione rolou os olhos como se aquilo fosse óbvio – Ficheiros é a denominação que aqueles livros azuis recebem.

– E o que tem de lendário neles? – respondeu Harry mirando Gina com curiosidade.

– A questão não é a lenda, mas a origem. Teoricamente, essa sala foi supostamente destruída da memória de muitos e atualmente é considerada uma lenda. – Hermione puxou um pergaminho antigo e leu para os três – A Sala dos Documentos, do antigo Ministério da Magia foi supostamente enfeitiçada e desapareceu para sempre, muitos historiadores ministeriais acham revoltante a hipótese da desaparição, no entanto céticos dizem que qualquer bruxo é capaz de sacudir a varinha e tornar um local invisível, e mesmo porque, dada a data de construção do presumível aposento, torna-se impossível declarar a veracidade do mesmo.

Harry não pôde deixar de pensar o mesmo que Rony naquele momento, mas sabia que se ousasse perguntar e daí? ele seria no mínimo azarado por duas bruxas competentes, optou por afirmar com o pescoço.

– Você está enxergando Harry? – disse Mione com um sorriso semelhante ao de Trelawney – Consegue ver a ligação?

– Hermione, – Harry suspirou e preferiu olhar a janela – eu estou tentando ver, mas não sei onde você quer chegar.

– Harry! – Rony vinha correndo na direção do amigo – McGonagall disse que podemos usar o campo no final de outubro á noite, e como os únicos jogadores restantes foram eu e você, – Rony retirou um pergaminho do interior das vestes e entregou ao amigo. Antes que Harry pudesse comentar, Hermione já havia guardado suas coisa e olhava para Rony e quando o mesmo retribuiu o olhar a voz seca de Hermione sobressaltou-se – E daí? – abraçou os livros e girando sobre os calcanhares dirigiu-se para o dormitório feminino junto com Gina.

– Você viu o que ela fez? – Rony esbugalhava os olhos mirando as escadas do salão comunal.

Preferindo não meter a varinha onde não foi chamado, Harry comentou – Que bom! Este aviso ficou ótimo! Sexta não é? – Harry pegou a varinha e expeliu o pergaminho até o quadro de avisos e o afixou ali.

Rony olhou para Harry inconformado e deixou a torre da grifinória inquieto, Harry que já não agüentava tantas brigas e tantas histórias sobre a maldita sala que registrava todas suas ações, preferiu deixar a redação de Snape para outro dia e resolveu dormir.

Quando encostou a cabeça no travesseiro macio e aconchegante instantaneamente foi levado pelo poder do sono. Gina vinha correndo em sua direção e indicava algo acima de seus ombros, Harry olhou para trás e viu um enorme bloco roxo e antes que pudesse analisar melhor a visão foi acordado pelos socos e gritos de Rony.

– Cara, levanta! Você vai se atrasar para a aula do Hagrid! – Rony que tentava dar um nó no cinto ao invés da gravata, deu um outro soco no ombro de Harry – Aqui eu estou descendo, ok?

– Tudo bem – Harry tateou os óculos sobre a mesinha de cabeceira, quando sua visão entrou em foco, Rony não estava mais ali.

Harry apressou a vestir-se e em pouco tempo já descia as escadas do dormitório, havia apenas uma pessoa na sala comunal, uma menina de cabelos vermelhos escorridos, aguardava alguma coisa sentada em uma das poltronas em torno da lareira que agora conservava apenas cinzas e lenha carbonizada.

– Já não era sem tempo! – Gina levantou-se e caminhou junto com ele até o quadro da mulher gorda – Você dormiu bem? – perguntou Gina enquanto ambos desciam as escadas do quinto para o quarto andar.

– Digamos que sim, – Harry pensou em Gina, presente no seu sonho – é dormi bem, e você?

– Tive um sonho estranho, – Gina olhava a estátua de Euríco, O Presbítero e continuou – um pirâmide roxa, e você estava lá em cima.

Enquanto adentravam o grande salão principal, cheio de gente, Harry desviou o assunto – Ah, sonhos são besteira... Rony e Mione estão ali.

– No mesmo lugar? – disse a voz amalucada de Luna pelas costas dos dois, Gina contendo um risinho respondeu que sim para Luna que saiu resmungando até a mesa dos corvinais.

Gina e Harry sentaram-se defronte aos amigos, e não ousaram perguntar porque estavam tão próximos, mas logo cedo o motivo se mostrou evidente, Rony e Mione dividiam o Profeta Diário que trazia na foto da primeira página a Marca Negra refletida sobre um rio em chamas.

– Eles de novo? – perguntou Harry amargurado, enquanto enchia a xícara com leite quente.

– É, bareze – Rony estava com a boca cheia de torradas, o que tornou a comunicação um pouco, difícil – gue os cobensais brincaram de novo.

– Isso, mesmo. – Mione olhava incisiva para a foto – Eles são tão infantis, não são?

– Mione, não se chateia não... – Rony olhava a amiga com carinho – Eles são horríveis e nós sabemos disso.

Harry olhou perplexo para Gina que tinha estampada no rosto a mesma expressão que ele próprio, após aquela briga como podiam estar tão maleáveis, um com o outro. Harry sabia que algo havia ocorrido, mas nem que isso fosse a última coisa há se fazer, ela jamais perguntaria diretamente à nenhum dos dois, Gina que ainda observava os braços do irmão, que agora estavam envoltos nos ombros de Mione, parecia estar na mesma linha de pensamento de Harry e então preferiu terminar suas torradas com geléia de laranja à falar alguma coisa.

Havia, não só na mesa da grifinória, mas em todos o salão principal, um silêncio profundamente barulhento e a única coisa que interrompeu o longo silêncio, foi uma risada sarcástica que veio da mesa sonserina. Após todos terminarem, Harry, Rony e Mione pegaram suas mochilas e despediram-se de Gina antes que saíssem para os jardins da escola.

O dia estava ameno e o sol já não lhe castigavam as nucas, e as vestes não pareciam tão quentes. No caminho para a cabana de Hagrid, Harry avistou a faia sobre a qual seu pai e seu padrinho brincaram quando jovens. Harry sabia que eles haviam sido levados pelos Comensais, mas ainda recusava-se a acreditar que Lupin também havia ido, embora soubesse que estivesse desaparecido, ainda tinha um fio de esperança.

– Bom dia a vocês! – Hagrid anunciou sua presença à turma, embora seu tamanho já fizesse isso sem ajuda – Hoje vamos continuar a diferenciar os Dedos-Duros dos Agoureiros.

– Hagrid está seguindo o programa tão certinho! – disse Hermione com a voz que só ela e a Prof. McGonagall conseguiam produzir. Hagrid indicava diversas barricas com verduras e alguns vermes para tentarmos alimentar os animais.

– Podem começar. Peguem uma ave aqui! – Hagrid tinham no mínimo, umas cinqüenta gaiolas onde pássaros azuis e verdes gritavam tresloucados. Harry pegou um Agoureiro especialmente irritado que não parava de cantar seu choro lamurioso e triste, e piorando as coisas Malfoy estava às suas costas rindo à toa com Pansy, que ultimamente vivia atrás de Malfoy assim como um garoto magricela com cara de coelho, Nott.

– Vamos Potter! Controle sua galinha! – disse Nott com sua voz rancorosa – Harry olhou para trás e viu que o seu Agoureiro estava fazendo piruetas no ar por meio de linhas invisíveis, Harry reconheceu imediatamente a Maldição Impérium.

– Não seja tolo de duelar contra mim, Nott – Harry olhava fixamente nos olhos do garoto que tinha fogo nos olhos, Harry não havia percebido que seu Agoureiro havia voado para o teto da cabana de Hagrid – Sabe que você não pode. – e dizendo isso sentiu a mão de Hermione às suas costas apertando seu ombro. – Não Harry!

– Ah, Potter bobinho! Ficou com medinho? – Nott, Malfoy e todos os outros sonserinos riram de Harry, que apertou com força a varinha no bolso interno das vestes.

– Onde vocês foram? – Rony olhava por cima do ombro dos amigos e quando encontrou os sonserinos perguntou – O que eles aprontaram?

– Ah, Rony! O de sempre... – Hermione puxou o livro de dentro da mochila enquanto silenciava seu dedo-duro.

A aula de Trato de Criaturas Mágicas fora realmente boa levando em consideração a matéria em si, porque de tempo em tempo, Malfoy e Nott amaldiçoavam suas aves para que fizessem gestos obscenos contra Harry, Mione, Rony e principalmente Hagrid. Quando voltaram para o castelo, sentiram o vento frio e úmido do outono tocar-lhes a fronte.

Enquanto subiam as escadarias para atingirem o sétimo andar, e assistirem a aula de Flitwick, Cho e sua amiga de cabelos crespos, Marieta, passaram pela escada paralela à que subiam, e para espanto de Harry e curiosidade dos demais, Cho lhe virou o rosto e saiu pisando forte. Fingindo não ver, Harry continuou subindo as escadas freneticamente esquecendo até os amigos que ficaram um pouco mais atrás, quando já atingira a Sala de Filch para pegar um atalho até a classe de feitiços, esbarrou em Gina, fazendo com que seus livros se dispersassem pelo chão de pedra lisa.

– Pode, deixar eu arrumo isso – Harry puxou a varinha e com um grande aceno empilhou os livros de Gina, que agora os repunha de volta na mochila, Harry notou que sobre seu ombro caía uma bela madeixa de cabelos vermelhos espessos e sedosos, e levado pelo impulso – Você está bonita Gina! Realmente... – Harry ficou ali agachado olhando a menina enquanto fechava sua mochila.

– ‘Brigado, Harry. – Gina olhou o relógio e continuou – nossa tenho que correr; são muitos lances de escada até a sala de McGonagall. Até breve.

– Gina! – Rony e Mione apareciam no pé da escada, olhando para o amigo disse: – O que ela estava fazendo aqui?

– Eu derrubei sem querer a mochila dela, mas não foi nada. Vamos senão Flitwick vai nos deixar para fora.



O início de outubro começou com ventos úmidos que se transformaram em poucos dias em chuva fortes, capazes de no mínimo fazer muito barulho contra as altas janelas do castelo. As aulas continuavam apertadas e McGonagall e Tonks pareciam máquinas de pedir redações, eram no mínimo três por semana. Tonks vivia a alegar – Dessa forma, vocês irão praticar a escrita para seus N.I.E.M’s além de adquirir conhecimentos em nossa matéria em progredir em relação às suas notas. McGonagall era mais severa e respondeu asperamente ao comentário de Simas se ela ficaria um dia sem delegar uma tarefa à alguém.

– Sr. Finnigan, o dia em que meus alunos controlarem minha aula, – McGonagall olhou através de seus óculos quadrados para Simas e persistiu – fique sabendo que então minha presença não será mais necessária.

Hermione e Gina continuavam a pesquisar sobre a sala da Ordem enquanto Rony e Harry aproveitavam o tempo livre jogando xadrez de bruxo ou simplesmente brincando de Snap Explosivo. Fred e Jorge haviam mandado um bilhete a Rony perguntando se o irmão estaria interessado em vender algumas guloseimas por Hogwarts.

– Rony você é monitor – insistia Hermione – não fica bem, assim você nunca vai chegar a ser monitor chefe!

– Mione, não enche! Pelo menos eu vou ganhar alguns sicles!

– Rony não é pelo dinheiro! – Hermione parecia prestes a iniciar uma briga, mas diante do olhar severo de Rony ela se reteve – se você acha bom eu também acho.

Em meados do mês de outubro um bilhete avisando a data da primeira visita Hogsmeade havia sido afixada no mural de avisos e para euforia geral isso indicava a chegada do dia das bruxas.

Hermione e Gina naquele dia mesmo, vieram correndo até Harry estavam cheias de pergaminhos e livros sobre os braços.

– Harry, Rony! – gritou Gina pelo buraco do retrato da mulher gorda – Venham ver isso! É impressionante.

Quando realmente entraram no salão comunal, dirigiram-se até uma mesa vazia e espalharam todo o material que haviam descoberto.

Rony se sentou e ao contrário do que Harry esperava, sua reação foi favorável e no momento era só sorrisos. Harry que ainda não havia entendido o propósito daquilo tudo sentou-se e pediu primeiramente uma explicação.

– Sobre o que é isso tudo? – disse enquanto remexia os pergaminhos e os livros de História da Magia que haviam sido pegos emprestados da biblioteca.

– Você leu o livro que eu te dei de aniversário? – perguntou ansiosa a amiga. Só agora Harry se lembrava, do pesado livrão, estava no fundo de sua mala ainda não havia sido nem tocado.

– Eu comecei a ler, mas ainda não terminei.

– Onde você parou? Na parte que Slytherin conhece Gryffindor, ou quando a Slytherin era só um guerreiro contra os romanos?

– Mione eu vi as figuras, ok? – Harry se sentiu triste por ter de responder aquilo, sabia que talvez Mione se chateasse, mas por Merlin, sua reação foi adversa.

– Tudo bem, talvez agora você leia. Sou a única com paciência para lê-lo por diversão.

Rony rolou os olhos e ficou analisando alguns pergaminhos.

– Mione vamos direto ao assunto – Gina abria uma pergaminho particularmente grosso – A profecia.

Como? Harry pensou. Como elas sabiam da profecia? Isso era impossível só Dumbledore e ele tinham consciência do real sentido e significado da profecia. Elas na podiam, não tinham como. Gina vendo sua expressão de espanto perguntou curiosa.

– Harry, você ‘tá bem?

– Quem contou da profecia para vocês? Como Dumbledore pode fazer isso! Ele prometeu! Ele não pode.

– Harry... – Hermione começou a falar mas foi interrompida pelos gritos de Harry.

– E DAÍ SE TEM QUE SER EU? EU IA CONTAR A VOCES NA HORA CERTA!

– Harry... – Rony tentava acalmar o amigo até que depois de o chamar cinco vezes ele deu um soco no braço de Harry.

– Isso doeu! – Harry passava a mão sobre o braço em que Rony havia lhe dado o soco.

– É para você acordar! – disse Rony com a voz raivosa – Está todo mundo olhando para você, como se você fosse um retardado.

– E que profecia é essa? – perguntou Mione – Como têm que ser você, a profecia que Gina tava falando já aconteceu!?

Harry percebia a grande confusão que tinha se metido, agora seria obrigado a contar o que a voz da esfera do Departamento de Mistérios havia dito, ou melhor predito; havia a opção de não contar e ficar perecendo louco.

Harry admirou a janela que estava encharcada da chuva, pensando em Pontas, Almofadinhas e Aluado, encheu-se de coragem e disse com a voz baixa: – A minha profecia, quero dizer minha do Voldemort.

– Harry que negócio é esse? – a cara de Rony era como se acabasse de ter visto uma aranha.

– Deixe-o continuar – insistiu Gina dando tapinhas no braço do irmão.

Com a mesma coragem que começou, prosseguiu – Em junho, quando fomos ao Departamento de Mistérios e entramos naquela sala cheia de esferas de vidro, vocês – olhou para Rony – encontram uma esfera que tinha escrito Lord das Trevas e meu nome certo? – vendo a confirmação dos amigos prolongou-se – Bem, aquelas esferas são profecias, cumpridas ou não. Voldemort queria saber o que estava escrito nessa profecia, por isso me atraiu até lá. Mas Neville deixou a esfera cair naquela câmara com aquele véu. – Harry parou um instante antes que pudesse continuar. Ficou observando os pingos de chuva baterem com força contra a janela e escorrerem para o parapeito. – E a esfera quebrou. E levou consigo o segredo que guardava.

– Como assim? – interrompeu Rony.

– Quando as esferas se quebram, elas liberam um espectro de fumaça do profeta referente, e ela fala a profecia novamente e depois se dissipa no ar.

– Então, nem você, nem Voldemort sabem ao certo o que a profecia os adverte? – indagou Gina.

– Não, Dumbledore escutou essa profecia, de Trelawney há dezesseis anos atrás, antes da morte de meus pais, e ele tem formas mais seguras de guardar memórias e pensamentos do que normalmente um ser humano possui.

– Então ele te contou? – perguntou Rony curioso.

– Sim, ele me contou. – Harry olhou novamente pela janela, mas desta vez, lembrou-se de sua mãe, que dera a vida para salvá-lo. – E, resumindo, eu só posso morrer pela varinha de Voldemort, assim como ele só pode morrer pela...

– Sua varinha. – alguém havia completado a frase, mas não fora nem Gina, nem Mione muito menos Rony. Harry olhou a volta e viu que Neville escutava tudo atentamente.

– Neville! Você...escutou? – perguntou Harry sem jeito.

– Pode deixar Harry, minha avó já havia me contado dessa profecia. Ele vive dizendo que eu ainda posso ser herói. – Neville olhou para a janela assim como ele mesmo havia feito minutos antes, e só então Harry percebera como Neville havia crescido e não era mais aquele garoto gordo, tolo e esquecido que Harry havia conhecido na primeira viagem de trem para Hogwarts. – Mas Harry, – completou Neville – sabemos que você é o escolhido. Conta comigo. Tô do seu lado. – Neville deu uma piscadela para Harry

– Eu também, Harry. Se aquele paspalho do Vol-vol-demort-t-t quiser te matar, ele vai ter que matar a gente primeiro! – disse Rony, que pela primeira vez falara o nome de Voldemort ao invés de Você-sabe-quem.

– Isso mesmo Harry! Conte com a gente para tudo que for preciso. – disse Gina que se levantou rapidamente para falar.

– Eu acho que isso, leva ao ponto que queríamos não é Gina? – disse Mione enquanto enfiava a mão dentro das vestes e retirava um galeão dourado. Harry sabia que aquela era a moeda da Armada de Dumbledore e que mais do que nunca Harry precisava que a organização voltasse a ativa.

– Hermione, por favor, esquente a moeda! Marque para a próxima quarta.

Hermione abriu um largo sorriso e puxou a varinha do bolso. Colocou a moeda sobre o pergaminho e ordenou – Protius! – e o número de série da moeda se alterou e o pergaminho que estava sob a moeda recebeu um rombo, feito a fogo.

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