Merlim



Capítulo 27 – Merlim

-Vamos. – disse Guilherme após guardar o comunicador no bolso.
Começaram a entrar na fenda que os direcionava à caverna. À medida que adentravam a caverna, o ar foi ficando menos frio até que os casacos e capas de frio que os garotos vestiam ficassem insuportáveis.
-Eu vou derreter desse jeito. – disse Rony tirando a capa. Ele deu um passo e jogou a capa à parede da caverna, parando.
-Ele tem razão, Guilherme. Está esquentando. – disse Gina parando também.
-Isso é que é estranho. Vocês já viram onde estamos? Não deveria estar quente assim...
O calor que estavam sentindo não era grande, mas o suficiente para que todos tirassem as capas e casacos.
-Temos que continuar, não é? – perguntou Rony dando um passou à frente de todos. Ouviu-se o som de pedra raspando em pedra e na mesma hora Guilherme imobilizou Rony com um feitiço.
-O que você...?
-Não se mexa. Você acabou de armar uma armadilha. Fique o mais imóvel possível. – disse Guilherme andando ao redor de Rony, dando passos calculados. – Hum...
-Hum... o que? – perguntou Rony com a voz fina de medo.
-Hum... isso não é bom... – disse Guilherme olhando para do teto da caverna, um metro acima deles e depois para as paredes ao redor de todos. – Vocês aí... – ele apontou para Harry, Hermione, Gina e Susan. - ...façam a posição de Defesa Circular e conjurem um Feitiço Escudo.
-Certo. – disseram eles em uníssono, conjurando em seguida o Feitiço Escudo.
-OK Weasley. Vai ficar tudo bem. Você ativou uma armadilha trouxa. Provavelmente flechas ou dardos venenosos sairão daquelas aberturas ali e ali. – ele apontou vários buracos imperceptíveis nas paredes. – Prepare-se. Quando eu disser, se jogue no chão e fique por baixo da rajada de flechas ou dardos até eu te dizer para sair, entendeu?
Rony apenas balançou a cabeça, em pânico.
-AGORA! – gritou Guilherme.
Rony se jogou no chão e pôs as mãos na cabeça, se protegendo. Guilherme se jogou no chão, juntamente com ele. No segundo seguinte, inúmeras flechas voaram sobre ambos os garotos, saindo de cada uma das paredes da caverna e indo parar na parede oposta, com as pontas afiadas enterradas na pedra maciça.
Guilherme se sentou no chão de pedra e olhou à volta para ver se todos estavam bem. Logo, ajudou Rony a se levantar e se aproximou dos outros.
-Essa armadilha não é incomum. Deve haver muitas dessas espalhadas pela caverna, por isso vamos seguir em fila indiana. Onde eu piso, vocês pisam. Eu vou guiá-los. Harry vem atrás de mim, Hermione vem atrás do Harry, Rony atrás da Hermione, Gina atrás do Rony e Susan atrás da Gina. Sigam em fila. Não dispersem. Se precisarem falar, avisem o colega da frente até me avisarem. Farei gestos com as mãos como "parar" e "seguir". – disse Guilherme gesticulando com a mão. – Agora vamos. Em fila.
Recomeçaram a caminhar pela caverna, as varinhas acesas, iluminando o caminho, até que Guilherme fez sinal para todos pararem.
-Porque paramos? – perguntou Rony.
-Podem sair de fila agora. Nessa parte não há armadilhas. Venha ver você mesmo porque paramos, Weasley.
Rony saiu detrás de Hermione e caminhou até onde Guilherme estava e sentiu seu queixo cair. À frente de todos estava uma ponte brilhante de gelo que era o único caminho por algumas dezenas de metros, o resto do espaço à frente deles era um abismo escuro e aparentemente sem fundo. Estavam em uma saliência de pedra, como uma varanda, onde a ponte de gelo começava.
-Porque paramos afinal? – perguntou Susan se aproximando. Quando a garota viu o abismo escuro, seus olhos brilharam e ela disse: - Uau... isso é incrível.
-Você esta linda nesse estilo Lara Croft, sabia? – perguntou Guilherme sorrindo para ela. Só então Harry percebeu onde foi que vira aquela roupa. Susan usava uma camiseta regata azul-acinzentada, uma bermuda curtíssima que ia até o meio das coxas, um cinto grosso de couro, e uma trança única e bastante longa que ultrapassava o meio das costas da garota. Usava também uma Espada presa à cintura, como todos eles usavam, e a varinha presa ao cinto.
-Obrigada. – disse ela rindo do comentário dele.
-Hum... e agora? Vamos fazer o que? – perguntou Gina também se aproximando e olhando o abismo negro.
-Ora... atravessar. Por acaso temos alguma opção?
-Mas essa ponte de gelo não me parece segura. – disse Gina novamente.
-É porque ela não é segura. – disse Guilherme. – Vocês aprenderam a rastrear magia nas aulas do Moody, não? – perguntou ele no que todos confirmaram com as cabeças. – Pois então, rastreiem magia na ponte ou envolta dela para verem.
Harry fez o que Guilherme disse. Harry fechou os olhos e se concentrou. Logo que abriu os olhos, viu um ponto de luz vermelha dançar no meio da ponte de gelo.
Naquele momento, houve uma grande explosão ao lado de fora da caverna, e os ecos os alcançaram rapidamente. Guilherme sentiu seu comunicador da Ordem esquentar, por isso o pegou e o abriu imediatamente. O rosto de Lupin apareceu no pequeno espelho circular.
-Guilherme, vocês já chegaram no Templo? – perguntou ele.
-Não, ainda não, mas estamos perto. O que está havendo aí?
-Comensais e centauros. Apressem-se. – disse Lupin uma última vez e depois desligou.
-Certo. Vamos. Mesma fila de antes, OK? Vamos logo. – disse Guilherme e no minuto seguinte ele já havia saltado o pequeno degrau que os separava da ponte de gelo.
Harry veio atrás de Guilherme, e a fila anterior se repetiu. Caminharam lentamente pela estreita ponte de gelo até que Guilherme fez o gesto para que todos parassem, e foi o que fizeram.
-Nos próximos metros há uma armadilha. Não sei o que pode acontecer, por isso fiquem aqui. Eu vou sozinho. – dizendo isso Guilherme caminhou mais alguns metros pela ponte de gelo. Enquanto Guilherme ia lentamente pela ponte de gelo, Harry observou que a ponte apenas tinha aparência de gelo, não era realmente de gelo. O material em que estava pisando não escorregava com o gelo, apenas brilhava muito à tênue luz das varinhas acesas. – Ei Harry, avise os outros para prepararem-se para correr.
Harry nem precisou se dar ao trabalho, pois todos ouviram o rapaz falar. Guilherme deu mais um passo e Harry viu o ponto de luz vermelha brilhar sob o "gelo" e os pés do rapaz. Durante alguns segundos, ninguém se mexeu, esperando que alguma coisa acontecesse. Nesse pequeno espaço de tempo um enorme tremor sacudiu toda a caverna e uma estalactite do tamanho do Hagrid caiu do longínquo teto acertando o inicio da ponte. O tremor parou, mas as estalactites não pareceram perceber, pois continuaram caindo.
-Bom, era uma armadilha mesmo... Por isso: CORRAM! – disse Guilherme, gritando a última palavra.
Todos correram como se o céu estivesse caindo às suas costas, e bem que parecia que estava caindo mesmo. Harry ouvia nitidamente as estalactites estourando sobre a ponte e quando ainda faltavam muitos metros para acabar a ponte, Harry sentiu que a mesma estava tremendo e logo percebeu que não demoraria muito para não haver mais ponte. Ouviu um grito de uma das garotas, e achou que a voz era de Susan:
-MAIS RÁPIDO! A PONTE ESTÁ CAINDO!
Harry tentou não olhar para trás, essa ação poderia determinar se ele e seus amigos sairiam da ponte a tempo. Mais alguns segundos correndo e Harry viu Guilherme se mover para o seu lado direito, então Harry viu que a ponte terminara e que ele se encontrava em uma ilha de pedra no meio do abismo negro. Harry sequer olhou ao redor, assim que chegou ao chão se virou e puxou Hermione da ponte. Logo Rony também saiu da ponte, suando, mas sem nenhum arranhão. A ponte caia gradativamente, do inicio para o final. O final da ponte se deslocou ligeiramente e se soltou da "ilha", começando a cair. Gina ainda se jogou e conseguiu agarrar-se na ilha de pedra com as mãos, por onde foi puxada pelos amigos. Harry olhou para Guilherme ele estava estático, do nada saiu gritando "Susan" e mergulhou no abismo escuro como se fosse uma piscina, desaparecendo da vista de todos.

***

Todos arregalaram os olhos para o abismo ao ver que Guilherme pulara. Estavam parados olhando para a escuridão quando uma bonita Espada dourada saiu da escuridão do abismo e se enterrou no chão de pedra dura. E então todos viram que uma corda fora apressadamente amarrada ao cabo da Espada e que a outra ponta da corda se encontrava muitos metros abaixo, no abismo escuro. A corda estava esticada ao máximo e raspava na borda da ilha, e desse modo, ameaçava rasgar. Harry pegou a corda e começou a puxar com toda a sua força, mas ela sequer se moveu. Logo, Harry, Rony, Hermione e Gina puxavam a corda, em conjunto. Minutos depois uma mão saiu do precipício que os cercava e foi puxada pelos amigos. Guilherme e Susan saíram do abismo sujos e arranhados, mas ainda assim, vivos.
-Estamos bem. Está tudo bem. UAU! – disse Susan abrindo a boca para algo atrás dos garotos. Todos se viraram e seus queixos caíram também. À frente de todos estava um grande e imponente Templo de pedra, mas suas paredes possuíam um brilho de gelo.
-É incrível. Impressionante. – disse Hermione.
-Como será que abre? – perguntou Rony se aproximando.
-Deve abrir essa porta quando se aperta um desses símbolos. – disse Guilherme apontando para imagens em alto relevo esculpidas na parede sobre uma visível porta de pedra.
-Porque não "chutamos" algum símbolo? – perguntou Rony novamente.
-Porque isso provavelmente iria ativar alguma armadilha mortal. – disse Guilherme simplesmente.
-Mas que coisa divertida, não é? – retrucou o outro.
-E como vamos saber qual o símbolo correto? – perguntou Gina se aproximando da parede para ver os símbolos melhor.
-Bom... Para isso, contamos com o Harry... – disse Guilherme novamente.
-E... eu? – perguntou Harry como se não tivesse ouvido ou entendido direito.
-Você mesmo Harry. Venha cá. – chamou Guilherme. – Afastem-se. – falou aos outros. – Tudo o que você tem que fazer Harry é usar Legilimência contra o Templo.
-Usar Legilimência contra o Templo? – perguntou Harry levando tudo àquilo como uma brincadeira.
-Eu sei que parece ridículo, mas é isso. Imagine você e o Templo naquele imenso espaço vazio e você verá o símbolo certo.
-Tudo bem, vou tentar. – disse Harry, fechando os olhos. Pôde ouvir Guilherme pedindo silêncio absoluto aos outros.
Harry imaginou o infinito espaço vazio, em branco. Logo se viu ali, uma imagem idêntica ao verdadeiro Harry. Logo um gigantesco Templo apareceu à sua frente. Harry se encontrava exatamente no lugar em que se encontrava na realidade: em frente à porta de pedra. Olhou cada um dos símbolos, se concentrando. Havia um cavalo com oito pernas, uma águia, um unicórnio, uma aranha, um peixe com dentes afiados, uma lança, uma flecha, uma ondulação, uma caveira e um vulto encapuzado com uma mão horrível por fora da capa. Esses eram os símbolos que adornavam a porta do Templo. De repente, quando sua concentração atingiu o ápice, Harry viu que todos os símbolos sumiram exceto um e nessa hora, Harry abriu os olhos.
-E então? – perguntou Guilherme.
-Deu certo. – disse Harry caminhando até a porta, levantou a mão e a colocou sobre um dos símbolos. – O símbolo correto é a água. – e apertou a ondulação.
Assim que apertou o símbolo, Harry abaixou a mão e se afastou um passo da porta. O símbolo da água brilhou, ligeiramente azulado e depois com o som de pedras se chocando, a porta abriu. A porta tinha apenas uns dois metros de altura, assim como o túnel que seguia Templo adentro.
-Vamos lá, não temos muito tempo. Guilherme caminhou na frente, acompanhado de Harry, seguidos por Susan e Hermione e por fim Rony e Gina.
O túnel seguia por uns 20 metros até começar uma escada. A escada era bastante curta e terminava em um patamar com uma entrada pra uma sala. Guilherme e Harry entraram na sala. A sala era circular e só havia uma entrada e saída, que era por onde entraram. Assim que entraram, várias chamas acenderam sobre os estranhos objetos espalhados pelo lugar. Eram estranhas taças com hastes longas que as deixavam à altura de uma pessoa. A parte redonda da "taça" seria onde a chama ficaria. Do lado oposto à entrada da sala haviam 4 portais lacrados magicamente. Cada um dos portais tinha um símbolo em cima.
-Água. – disse Harry apontando para o símbolo acima de um portal azul difuso em que não se via nada.
-Certo. Fogo. – Guilherme apontou para o símbolo em cima do portal vermelho. – Ar. – apontou para o símbolo sobre o portal branco. – E Terra. – apontou para o símbolo do portal marrom-esverdeado.
-Parece que esses portais estão...
-...lacrados? É, estão sim. Vamos Harry, essa não é a sala certa. – disse Guilherme saindo no que foi seguido por Harry. Os outros os esperavam no corredor. – Vamos.
Subiram mais algumas escadas e chegaram a outro patamar que terminava na entrada de uma única sala. Todos adentraram essa sala e se depararam com uma sala gigantesca. Era retangular e todos estavam na única entrada, no meio de uma das bases menores. O teto era alto, mas ainda assim visível. A sala estava quase vazia, exceto por um altar no lado oposto ao que eles estavam. Esse altar começava no centro da sala, onde dois degraus deixavam tudo num plano superior ao corredor. Encostada na parede havia uma estátua de um homem velho, de nariz centrado no rosto, barbas maiores que as de Dumbledore e olhos pacíficos. A estátua estava com a palma de ambas as mãos viradas para cima e ambas as mãos juntas, como se oferecesse algo pousado nas mãos. Um objeto retangular, de pedra grossa flutuava calmamente sobre as mãos da estátua. Em cada lado da estátua havia mais uma daquelas taças que tinham o mesmo objetivo de tochas.
Guilherme levou a mão ao bolso da calça e tirou o comunicador da Ordem e o abriu.
-Guilherme...
-O que houve, Lupin? – perguntou o garoto assustado pelo estado do outro. Lupin estava sujo, o rosto meio inchado e um filete de sangue escorria de sua boca.
-Eles entraram. Três Comensais entraram. Cuidado.
-Certo. Obrigado por avisar. – e desligou. – Atenção pessoal. Comensais entraram na caverna. Vamos lacrar essa sala. Weasleys venham cá.
Gina e Rony foram até onde ele estava e ouviram suas instruções. Hermione e Susan pareciam alarmadas e tiraram as varinhas dos bolsos. Harry ficou imóvel, apenas observando a estátua e o objeto flutuante, hipnotizado.
-Certo. – disseram Gina e Rony e saíram correndo da Sala e foram para o corredor. Harry acordou a tempo de ouvi-los gritar diversos feitiços de proteção.
-Você 'tá bem, Harry? – perguntou Guilherme.
-Aham. 'Tô sim.
-Ótimo. Hermione, Susan, façam uma parede de gelo aqui e aqui... – dizia ele quando uma enorme explosão lançou Rony e Gina para dentro da sala. Ambos voaram e caíram rolando no meio da sala. – Comecem logo. AGORA!
-Certo. Gelium. – disseram ambas. A parede de gelo começou a ser construída.
-Harry, me ajude. Estupefaça. Impedimenta. – disse Guilherme puxando a varinha também.
Harry pareceu acordar quando um feitiço verde-esmeralda entrou pelo buraco da parede de gelo. O Avada Kedavra voou diretamente até a estátua e a acertou. Harry começou a correr em direção à estátua no instante em que ela explodia em milhares de pedaços. A placa de pedra que ficara flutuando sobre as mãos da estátua subiu no ar com a explosão e Harry se jogou para pega-la. Como um bom apanhador, ele conseguiu.
Harry caiu no chão dolorosamente, deslizando por mais alguns metros no chão de pedra. Se sentou e viu Guilherme dando ordens para que os outros reforçassem a parede de gelo. Abaixou os olhos para a placa de pedra que tinha nas mãos e se surpreendeu. A placa de pedra continha inscrições em uma estranha letra, fina e rebuscada, e dessas letras saiu uma luz branca que cegou Harry, e então tudo escureceu.

***

Harry abriu os olhos e se deparou com um quarto completamente estranho a ele. As paredes, o chão e o teto eram de pedra fria, embora houvessem móveis rústicos e inúmeros tapetes para deixar o lugar mais aconchegante. Harry estava sentado em uma confortável poltrona pousada ao lado da janela, que tinha vista para muros de pedra e depois deles, uma floresta e um lago. Se levantou da poltrona, sentindo que estava mais relaxado e descansado. Quando ficou de pé, notou que estava mais alto do que o normal. Assim que se levantou, ouviu uma batida na porta e se virando para ela disse com uma voz calma e melodiosamente pacífica:
-Entre.
Um garoto loiro de aparentemente 12 ou 13 anos enfiou a cabeça pela fresta da porta e olhou para Harry.
-Oh... É você Edward? Vamos, entre.
-Certo mestre. – disse o garoto entrando. Ele era de estatura mediana, tinha longos cabelos loiros que estavam presos em uma trança única nas costas.
-Alguma novidade, Edward?
-Sim, ó honorável. O Al foi buscar a água e todo o resto está no laboratório.
-Entendo. Então não há motivos para ficarmos aqui, não é? Vamos indo.
-É claro. – disse o garoto que aparentemente concordaria com tudo o que Harry dissesse. O garoto fez um gesto para que Harry fosse à frente e ele o fez, sendo seguido de perto pelo garoto. À medida que caminhava pelos corredores do castelo, Harry via homens, mulheres e até mesmo cavaleiros se curvando em respeitosa reverência sempre que passava por eles. Aquilo era muito estranho no ponto de vista de Harry.
Continuaram a descer andares e mais andares pelo castelo, calmamente, como se aquele caminho fosse percorrido por ambos, várias vezes ao dia.
Por fim chegaram a um corredor que Harry achou pertencer às masmorras, devido à umidade e à falta de iluminação natural.
Chegaram ao fim do corredor onde haviam dois Cavaleiros de armadura brilhante e lanças, de guarda à porta. Ambos os Cavaleiros se curvaram em reverência à Harry, para depois deixa-lo passar. Harry continuou a caminhar pelo corredor calmamente quando ele terminou em uma grande sala circular. A sala era do tamanho do Salão Principal em Hogwarts, senão maior. Ao contrario do que Harry esperava, a sala não estava vazia. Um animal enorme estava deitado no chão, de olhos fechados, respirando calma e lentamente. Harry se aproximou do Dragão adormecido e o cutucou ao lado da cabeça. O animal abriu imediatamente os olhos brilhantes e olhou para Harry, sonolentamente.
-Ó Honorável, sois vós meu senhor? – disse o Dragão com uma voz estrondosamente feroz.
-Sou eu mesmo, meu grande amigo. Preciso daquele último favor agora.
-Com grande prazer, mestre. – disse o Dragão tateado a sala em busca de algo. Logo veio segurando algo que para ele parecia um palito, mas para Harry era uma tocha, que o Dragão fez questão de acender. Entregou a tocha acesa a Harry.
-Obrigado, meu amigo. Você não faz idéia de quanta utilidade isso terá.
-Fico feliz em ser útil, meu senhor.
Harry sorriu para o Dragão e segurando firmemente a tocha, seguiu por uma escada que descia mais ainda. Deparou-se com mais uma porta e puxou a varinha. Era a varinha mais linda que Harry já vira em toda a sua vida. Exalava uma aura incrivelmente mística e mágica. Era completamente dourada, tinha uns 30 cm de comprimento, o cabo encaixava perfeitamente na mão de Harry e havia uma espiral que ia da ponta do cabo até a outra ponta do objeto mágico. Parecia ser feita inteiramente de ouro. Harry pigarreou e apontou a varinha para a porta dizendo:
-Astakis mutukos flexus. Astakis mutukos flexus. ASTAKIS MUTUKOS FLEXUS!
Um brilhante raio púrpura saiu da varinha e acertou a porta, fazendo com que ela abrisse. Eles entraram calmamente na masmorra que mais parecia um laboratório de experiências.
Um outro garoto estava ali, sentado em um banquinho, segurando um enorme cantil de couro. Ele tinha cabelos castanhos e curtos e tinha visível parentesco com o outro garoto.
-Olá Alphonse. Conseguiu a água?
-Com certeza, ó honorável. Aqui está. – e entregou o cantil.
-Excelente. Vamos começar logo então. – disse Harry se aproximando da mesa de pedra, onde haviam vários ingredientes diversificados, uma barra de aço e um objeto comprido enrolado em um pano. Harry se aproximou de uma fornalha com a tocha que o Dragão acendeu e acendeu-a. Colocou um enorme caldeirão em cima e pegou a barra de aço, colocando-a dentro do caldeirão. Logo a barra derretera.
Harry caminhou até uma fôrma esculpida em pedra que tinha o tamanho de um pequeno carro e estava colocada no centro da masmorra. Pegou o cantil e começou a despejar uma límpida e pura água na fôrma, enquanto entoava um cântico em latim. Fechou o cantil e o colocou em cima da mesa, pegou a varinha e com um gesto, trouxe o caldeirão flutuando e despejou o metal derretido na fôrma. O metal derretido soltou um vapor que embaçou a atmosfera de masmorra. Ambos os garotos assistiam a tudo, sentados em baquinhos distantes, abobalhados.
Harry caminhou até a mesa de pedra e pegou um frasco com um pó branco brilhante, ao abri-lo, o levantou e como quem dá explicação aos céus disse em voz alta "Chifre de Unicórnio" e o despejou sobre o aço fundido. O pó brilhante logo afundou no aço em brasa. Ele repetiu o mesmo procedimento com o "Pêlo de Unicórnio", "Sangue de Unicórnio", "Sangue de Rês-Ma", "Penas de Fênix", "Pêlo de Nundu", "Escamas de Sereianos", "Pele de Mantícora", "Couro de Arpéu", "Pêlos de Seminviso", "Chifre de Erumpente", "Escamas de Dragão", "Chifre de Dragão", "Presas Venenosas de Dragão", "Cascas de Ovos de Dragão".
Depois de jogar os vários ingredientes no aço incandescente, Harry voltou à mesa e pegou um vidro pequeno com terra escura, voltou à fôrma e disse:
-Que essa Arma Mágica adquira a vitalidade da Terra. – e despejou a terra no aço quente.
Fez um movimento com a varinha e o vento varreu a sala, girando em volta da fôrma:
-Que essa Guerreira Divina absolva a força do Ar. – e o vento parou no aço fervente.
Com a varinha fez uma chama que aquecera a fornalha flutuar até o aço derretido:
-Que essa Anciã da Guerra guarde o poder do Fogo. – e com a varinha mergulhou a chama no aço borbulhante.
Pegou novamente o cantil e se aproximou da forma:
-Que essa Espada Sagrada mantenha a pureza da Água. – e despejou o liquido guardado no cantil.
Uma imensa e densa nuvem de fumaça subiu no ar, mergulhando a masmorra numa invisibilidade temporária.
Com um movimento de varinha, Harry fez a lâmina sair da fôrma, e sair flutuando até chegar à mesa. Pegou o embrulho comprido sobre a mesa e o abriu. Era uma bainha e uma empunhadura de Dragão. A empunhadura era de prata com ouro entrelaçados e extremamente brilhantes e combinava com a bainha. Harry com um movimento da varinha fez a lâmina flutuante se encaixar com a empunhadura. Por fim pegou a Espada e a levou até a fôrma que forjou a lâmina. Pegou o cantil ao lado dela e o fez flutuar enquanto se ajoelhava.
-Ó Excalibur, Arma Celeste, Guerreira Ancestral, Divindade da Guerra, Espada de Deus. Eu a construo... – e começou a derramar a água do cantil enquanto oferecia a Espada ao céu. - ...eu a forjo, EU A SANTIFICO.
Após gritar as últimas palavras, Harry se levantou do chão caminhou até a mesa e pegou a bainha. Embainhou a Espada e enrolou ambas, Espada e bainha, no pano, para depois sair caminhando para fora das masmorras.
Harry caminhou lentamente para fora das masmorras, sem encontrar ninguém. A Espada que carregava era Excalibur, a Espada Mágica mais poderosa que existiria. Uma Espada Sagrada, pensou Harry ao sair das masmorras. Olhou o hall de pedra onde se encontrava e começou a subir as escadas em direção à mais importante de todas as salas do castelo: A Sala do Trono.
Harry chegou à frente de grandes portas duplas de madeira maciça, onde haviam dois guardas bem armados. Ambos fizeram uma reverência e depois cada um abriu uma das portas para que Harry passasse.
Harry entrou no aposento, sentindo uma onda de alívio invadi-lo.
Olhou para as grandes tapeçarias e escudos pendurados nas paredes a sua volta, sentindo-se aliviado por finalmente tirar um peso de suas costas. Caminhou pelo tapete vermelho que começava na porta da sala para terminar no altar onde o trono do rei ficava. Ao caminhar pelo tapete, deparou-se com um homem de brilhante armadura vindo em sua direção.
-Olá, ó honorável. Como estás? – perguntou ele fazendo a tão conhecida reverência.
-Bem melhor agora, Cavaleiro. Se tudo correr bem, não mais precisarei de sua ajuda naquela tarefa anteriormente citada.
-Sinto-me feliz ao ouvir tal notícia, ó honorável. Mas mesmo assim, sempre que precisares podes chamar-me. Sabes que minha espada sempre o protegerá e à vossa Majestade, se necessário.
-É claro, meu amigo. É claro. Não se preocupe, se eu precisar de algo, não hesitarei em chamá-lo.
-Sinto-me honrado com isso, mestre. Mas agora tenho que ir. Com licença, ó honorável. – e depois saiu da Sala sem olhar para trás.
Harry continuou a caminhar pelo tapete vermelho, olhando as armaduras que "guardavam" as paredes da Sala do Trono. Chegou até o trono, onde havia um homem alto de cabelos e barbas escuros.
-Como estás seu trabalho, meu velho amigo? – perguntou o rei enquanto Harry se curvava levemente em reverência a ele.
-Terminado, vossa Majestade. Finalmente está terminado. Aqui está. – disse Harry se ajoelhando e entregando Excalibur ao rei.
O rei pegou o embrulho e o abriu. Desembainhou a Espada e a moveu levemente à esmo, cortando o ar.
-É realmente impressionante. Incrível o poder que desprende dessa arma. Eu o parabenizo, meu amigo. Você se superou dessa vez.
-Obrigado, meu rei. Se não se importa, gostaria de ir aos meus aposentos descansar. Não sou tão novo a ponto de poder gastar tanta energia.
-É claro, é claro. Pode ir e... bom trabalho. – disse o rei.
-Obrigado, meu rei. Obrigado. – disse Harry se retirando.
Saiu da Sala e caminhou pelo corredor, subindo escadas e mais escadas, como se estivesse indo ao alto de uma torre.
Chegou ao seu quarto e fechou a porta de madeira. Era o mesmo aposento onde Harry acordara. Viu a poltrona em frente à janela e viu os tapetes espalhados por todo lado. Aproximou-se de um espelho que não havia visto da primeira vez. A imagem que via no espelho não era a imagem de um garoto de 16 anos, cabelos negros e rebeldes e olhos muito verdes; era a imagem de um velho de barbas e cabelos brancos e compridos, seu nariz era grande e reto e seus olhos azul-anil profundo e reflexivos. Sem dúvida era o mesmo velho da estátua do Templo, pensou Harry. E então, Harry se lembrou da história que Guilherme contara sobre Excalibur, se lembrou de onde conhecia esse velho e fez a ligação. O velho que olhava Harry do espelho parecia estar esperando ele ligar os fatos, pois quando isso aconteceu, ele sorriu calmamente para Harry. Harry entendendo tudo não pôde deixar de sorrir de volta para Merlim. E então, tudo escureceu.

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N/A: Bem... Aí está o novo cap... Espero q gostem e COMENTEM!!!

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