Cerco



Capítulo 44 – Cerco


 


O jovem caminhou em direção ao galpão. Era o dia final. Ele estava pronto. Tão pronto quanto poderia estar algum dia. O grande lacre mágico que flutuava sobre a porta foi rompido quando a abriu. A luz solar penetrou ligeiramente dentro do enorme galpão. Mas a escuridão lá dentro estava tão densa e pesada que a luz pareceu simplesmente inútil em comparação com a escuridão do salão que seria capaz de abrigar um pequeno avião.


O rapaz adentrou o galpão escuro e caminhou alguns metros, melhorando sua vista para enxergar no escuro. E então pôde ver: uma longa rocha saía do chão em formato de estalagmite subindo mais de dez metros no ar e sobre a ponta fina e afiada havia uma placa de pedra quadrada onde um homem estava sentado, completamente imóvel, as pernas cruzadas, equilibrado. Silenciosamente, o visitante moveu uma mão, fazendo com que várias estacas metálicas, afiadas como lanças, se erguessem no ar, rodeando a forma imóvel do estranho. E então sussurrou, de forma tão inaudível que até para si mesmo era impossível ouvir:


-Uma perna, braço esquerdo, tato. Vai! – e mandou as estacas atacarem ao mesmo tempo de todas as direções possíveis. Ao mesmo tempo em que as armas dispararam na direção dele, o rapaz no alto da placa de pedra se moveu da posição em que estava para uma posição sobre um único pé, desviando das lâminas voadoras ou se defendendo apenas com o braço esquerdo.


-Nada mau, nada mau mesmo. – disse Guilherme, dando mais alguns passos escuridão adentro. Enxergava ali dentro como se fosse o dia mais iluminado do verão. O homem sobre a placa se virou para ele e deu uma cambalhota no ar, descendo a toda a velocidade lá de cima e desacelerando magicamente centímetros antes de chegar ao chão. Estava sem camisa e sujo, mas ileso. Seu cabelo negro estava desgrenhado e abaixo dos ombros, chegando quase ao meio das costas, devido ao longo tempo sem corte. A barba cheia e escura deixava seu rosto carregado, mas seus olhos continuavam brilhantemente verdes. Mais verdes do que nunca. Mais do que normalmente, pois estavam adaptados à escuridão do lugar, possuindo um brilho ligeiramente prateado. O homem à frente de Guilherme era ninguém menos do que Harry Potter.


-Que dia é hoje? – perguntou a voz, rouca pela pouca utilização nos últimos tempos.


-Hoje é dia 1º de setembro. O tempo acabou. O Expresso parte para Hogwarts hoje.


-Entendo. – disse ele, dando um salto e começando a fazer flexões no chão com apenas uma mão. Perguntou sem sequer parar o que estava fazendo: – Isso quer dizer que o treinamento acabou?


-Exato. Você está pronto. Ou ao menos tão pronto quanto pode ficar algum dia...


Harry parou a flexão no meio e com um único movimento simplesmente se equilibrou sobre uma única mão, o corpo esticado para cima, reto e imóvel. Então com um salto, voltou a pousar os pés no chão.


-Se você está dizendo. – caminhou em direção à porta por onde o amigo entrara e disse enquanto caminhava: - Você não pretende me atacar pelas costas de novo, não é?


-E de que serviria? Você não cometerá o mesmo erro duas vezes! – naquele momento Harry saiu para o sol e se espreguiçou fazendo Guilherme que estava logo atrás dele ver a grande cicatriz em X que marcava suas costas se esticar à medida que os músculos relaxavam e tencionavam. Sua omoplata esquerda ostentava a marca do ataque como uma tatuagem bizarra. Harry ficou ali parado, de pé, com os olhos fechados, apenas sentindo o calor do sol em sua pele pálida. Não saía ao ar livre havia muitos e muitos meses.


-Será que posso dar um trato no visual antes de irmos? – perguntou Harry, passando os dedos pela barba cheia e pelos cabelos compridos que lhe davam a aparência de um mendigo.


-Interessante. Estava pensando exatamente nisso.


-Quanto tempo passei lá dentro? – agora alongava os braços e estalava as juntas.


-Aqui fora se passaram apenas algumas semanas. Lá dentro, se passou mais de um ano e meio.


-Sei, sei. Foi o que eu pensei. – disse com indiferença, como se não esperasse outra coisa e aquilo não fizesse a menor diferença. – Podemos ir?


 


***


 


-É, até que não ficou mau. – disse Harry se olhando no espelho. O cabelo estava mais curto do que usava antes, mas até que tinha ficado bom. E nada de barba, é claro.


-Não ficou mau? Esse cara é um mágico! – disse Guilherme apontando o cabeleireiro careca que cuidara do amigo. Parou por um ou dois segundos, como se estivesse pensando e depois comentou: - Mas não literalmente, é claro...


-Chega de enrolação. – disse Harry, passando uma nota para o careca. – Ainda temos que ir para Londres, se lembra? – resmungou saindo do salão do velho.


-Ah, aproveitando que estamos parados, deixe-me te entregar isto. – e tirou um conhecido embrulho de um dos bolsos da mochila. – Se lembra disso?


-Mais ou menos. Lembro que estava com isso quando me avisou da morte dos Dursleys. – disse simplesmente.


-Exato. É pra você. Encontraram no seu quarto no número quatro da Rua dos Alfeneiros.


Harry pegou o embrulho e o abriu. Era um cordão de prata com um pequeno pingente em formato de escudo.


-O que é exatamente?


-Pelo que pude descobrir tem um forte feitiço de proteção. Um feitiço de proteção com pelo menos 15 anos. Achamos que sua mãe deu para Petúnia quando soube que Voldemort estava atrás dela. Nunca sequer foi tirado da caixa.


-Entendo. – Harry retirou a corrente e a colocou ao redor do pescoço. – Estou supondo que é seguro usar, já que você me entregou.


-Claro. Reforcei o feitiço que já havia e adicionei mais um. Pode ser útil. Segurança nunca é demais.


-Obrigado. Vou usar o tempo todo. – depois disso saiu andando sem olhar para trás. Dois minutos depois, entraram num beco e desaparataram para Londres.


 


***


 


Harry se surpreendeu ao ver que em Londres o sol já estava se pondo. No lugar onde treinara e do qual acabara de desaparatar ainda era o início da manhã. Olhou feio para o amigo ao seu lado. Ele, é claro, percebeu sem sequer precisar encarar o amigo.


-Eu sei, eu sei. Esqueci de converter os horários, certo? A essa hora o Expresso já está em Hogwarts. Melhor aparatarmos em Hogsmeade, não acha?


-Por que não fomos direto para lá então?


-Não seja mal-humorado, Harry. – e, com um sorriso, desaparatou.


 


***


 


Quando Harry se materializou na vila vizinha a Hogwarts notou as diferenças entre a atual vila turística e aquela de suas memórias. No tempo que passou distante, os efeitos da guerra se alastraram pelo pacífico povoado: lojas haviam fechado, vitrines estavam pregadas e lacradas por tábuas, janelas possuíam grades reforçadas e mesmo àquela hora em que acabara de anoitecer, quase não se via pessoas pelas ruas, exceto alguns aurores que faziam rondas (e os pararam três vezes no decorrer do pequeno percurso).


Quando finalmente chegaram aos portões de Hogwarts, tiveram que mandar uma mensagem para o castelo e aguardar enquanto um vulto ostentando uma luminária descia lentamente da porta principal até os limites do terreno. Era Snape, bem-humorado como sempre.


-McKinnon e... Potter? – Snape ergueu a lamparina, fazendo com que a luz amarelada que sustentava caísse diretamente sobre o rosto de Harry, fazendo seus olhos brilharem. O rapaz sequer piscou. Os olhos de Snape se arregalaram com a surpresa do que via. – O que houve com você?


-Do que está falando? – perguntou Harry adentrando o portão que o professor acabara de abrir. Sem esperar por uma resposta, simplesmente seguiu pelo caminho que levava até o castelo, acompanhado por Guilherme. Quando já estava longe de Snape, sussurrou para o amigo:


-Eu mudei tanto assim?


-Mudou. Parece bem mais velho agora do que quando partimos. Isso não passará despercebido pelas pessoas.


-Dane-se. – retrucou ele – Estou com saudades do pessoal e, no momento, isso é tudo que me importa.


-Espere um pouco. – ambos pararam em frente às escadarias de pedra que levavam ao saguão. Guilherme puxou a varinha – Illudere. – uma fina fumaça saiu da ponta da varinha e envolveu o corpo de Harry e, quando o amigo puxou um pequeno espelho de dentro da mochila, Harry notou que parecia estar vestindo seu uniforme, coisa que não era verdade até segundos atrás.


-Obrigado. Não precisava de roupas chamativas para ser o centro das atenções. – disse Harry que achara que ia vestir seu uniforme a bordo do expresso de Hogwarts, por isso até aquele momento vestia apenas uma jeans e uma camiseta branca.


-Sim, tenho certeza disso. Mas lembre-se que este Feitiço de Ilusão só dura uma hora mais ou menos. Se seu “uniforme” evaporar na frente de todos, aí sim, você chamará atenção.


-Pode deixar. Não pretendo me demorar, de qualquer forma. Só vou comer algo rapidamente e chamar Rony e Hermione.


-Ok.


Harry deu as costas ao amigo e adentrou o hall do castelo, se dirigindo o mais discretamente possível ao Salão Principal. Caminhou de cabeça baixa, fazendo o possível para não chamar atenção, rumo à mesa da Grifinória. Ergueu os olhos rapidamente, esquadrinhando as muitas cabeças que lotavam a mesa abaixo da bandeira vermelho-e-dourada e localizou uma cabeleira ruiva. Sem pensar duas vezes, se sentou rapidamente ao lado da moça, que se virou para ele quando ele se sentou. Não era Gina. Harry se surpreendeu. Em Hogwarts os Weasleys eram quase que os únicos ruivos. Pelo menos não se lembrava de mais ninguém que ostentasse tal característica. Aquilo era estranho. Foi só então que teve coragem de erguer os olhos e analisar o restante do salão: as mesas estavam muito mais lotadas do que normalmente, alunos que pareciam vindo dos mais diversos cantos do mundo se amontoavam embaixo das quatro bandeiras que simbolizavam as quatro casas. Pelo clima geral do salão, o jantar já parecia estar no fim. As caras de sono dos alunos demonstravam que estavam mais do que prontos para se dirigir a suas camas. Com exceção, talvez, dos alunos da Sonserina, que estavam extremamente mal-humorados, provavelmente pelo fato de sua mesa estar lotada de gente que não consideravam merecedora de tal lugar. Harry procurou ao longo da mesa até localizar um rapaz de cabelos loiros platinados: Malfoy. Ele estava ali sentado e olhava exatamente em sua direção sem, no entanto, demonstrar qualquer emoção no rosto. Era um dos poucos sonserinos que não demonstrava desagrado com a situação de superlotação em sua mesa. Na verdade, não parecia se importar. Malfoy o encarava diretamente nos olhos e uma expressão de reconhecimento leve aparecia em seu rosto.


Finalmente, Harry virou-se para sua própria mesa à procura dos amigos. Esquadrinhou rapidamente as muitas pessoas que estavam ali, até que localizou a verdadeira ruiva da família Weasley. Ela havia crescido no mês que se passara. Parecia mais madura e bem mais magra. À medida que falava com as pessoas ao seu redor, parecia tensa e estressada. A guerra a estava afetando. Estava afetando a todos. As pessoas que Harry conhecia se espalhavam em meio às pessoas desconhecidas, todas parecendo mais velhas e pálidas do que se lembrava. Nenhuma delas parecia reconhecê-lo. Foi quando Harry conseguiu ver Rony e Hermione sentados na ponta oposta da mesa, acompanhados de Susan e Neville. Todos estavam debruçados sobre a mesa e conversavam confidentemente. Mesmo àquela distância, Harry pôde ver o distintivo de monitora-chefe brilhando na frente das vestes de Hermione. Não pôde evitar um sorriso. Uma ponta de orgulho pela garota nasceu em seu peito. Aquele tipo de coisa era o que garantia normalidade na situação crítica em que se encontravam.


No exato momento em que ia se levantar para se dirigir na direção dos amigos, Guilherme entrou no Salão Principal. Seus pés de moviam rápida e urgentemente, a capa esvoaçando às suas costas, lembrando ligeiramente Snape, que o seguia de perto, se movendo de forma igualmente urgente. Inicialmente, um silêncio súbito e chocante se instalou no recinto, deixando seus passos ecoarem fortemente por entre as mesas silenciosas. Foi quase como dar um mergulho tão profundo que não havia nenhum som exceto o som da própria respiração. Depois o momento passou e um burburinho se espalhou por todos velozmente, com a velocidade de um incêndio se espalhando por uma floresta.


Os olhos de todos os estudantes e professores ficaram presos às duas pessoas que caminhavam pelo meio do corredor, se aproximando rapidamente de Dumbledore. As barbas prateadas e longas do professor brilharam à luz das velas quando se inclinou sobre a mesa para ouvir os sussurros urgentes de Guilherme e Snape. Dumbledore concordou com a cabeça à medida que ouvia. Por fim, Guilherme e Snape terminaram o que tinham para falar e se afastaram ligeiramente. O silêncio novamente se espalhou subitamente como se uma nuvem de fumaça tivesse se espalhado pelo Salão Principal: todos encaravam Dumbledore, esperando uma reação. Ele parecia pensativo e concentrado em seu prato enquanto acariciava a ponta de suas barbas prateadas. Então, de repente, seus olhos se ergueram e se fixaram em um ponto específico do Salão. Mais especificamente em uma pessoa. Dumbledore o encarava abertamente, e Harry se sentiu sendo escaneado, analisado mais a fundo do que alguma vez já fora em sua vida. Pôde ouvir, mais do que ver, todas as cabeças do Salão Principal se virando na sua direção, procurando descobrir para onde o diretor estava dirigindo seu olhar de forma tão concentrada. Harry se sentiu sob holofotes, mas mesmo assim não desviou os olhos dos dois pontos azuis e brilhantes que eram os olhos do diretor de Hogwarts. Simplesmente continuou o encarando, sem se sentir intimidado. Nunca passara por sua cabeça encarar Dumbledore tão abertamente. Sentia quase como se o estivesse desafiando. Mas Harry apenas fixou seu olhar e manteve o rosto impávido, inexpressivo.


 


***


 


Quando todas as cabeças se viraram naquela direção, Hermione se juntou aos colegas para tentar olhar o alvo da atenção de Alvo Dumbledore. De início não soube a quem dirigir seu olhar, exatamente. Pela posição em que estava, tinha uma estimativa bem abrangente do local para onde o olhar do poderoso bruxo se dirigira. Olhou atentamente para aquela parte da mesa da Grifinória, tentando distinguir alguém diferente dos usuais desconhecidos que agora povoavam Hogwarts. E então alguém se destacou: não porque tenha feito algo específico, mas por não fazer. Todos que estava naquela direção começaram a olhar em volta tentando ver a pessoa que todos procuravam, exceto um rapaz. Ele simplesmente ficou imóvel enquanto olhava na direção de Dumbledore, quase como se estivesse sustentando o olhar do bruxo mais velho. Era um jovem que aparentava vinte e poucos anos, cabelos negros e curtos despenteados de forma desleixada que lhe davam um ar meio relaxado e ao mesmo tempo o deixavam mais atraente. Daquele ângulo podia ver os olhos dele levemente: eram de uma tonalidade verde-esmeralda que nunca vira antes, nem mesmo em Harry. E mesmo que ele não a estivesse encarando naquele momento, podia sentir um arrepio percorrer suas costas ao olhar para aqueles olhos que despendiam uma aura de magia e poder incríveis. Tinha a leve sensação de que seu rosto era conhecido, mas não se lembrava de onde, quase como se fosse um amigo de infância há muito esquecido. Pelo menos era isso o que pensava até ele virar seus olhos brilhantes e límpidos na sua direção. Simplesmente sentiu sua boca se abrir num esgar de sentimentos misturados e quando se deu conta percebeu que estava gritando. Aquele era Harry. O seu Harry. Ele voltara.


 


***


 


Malfoy olhou na direção que sabia ser para onde Dumbledore estava olhando, um segundo antes de todos os outros. Encarou novamente o rapaz que entrara poucos minutos antes no salão e se sentara silenciosamente. Parecia ser o mais velho entre todos os estudantes que estavam superlotando as mesas das Casas. Draco o havia notado antes, mas de início não o reconhecera. Só descobrirá quem era quando, por fim, conseguiu enxergar a cicatriz brilhando em formato de raio em sua testa. Potter. Naquele momento o rival grifinório encarava o velho gagá – forma carinhosa como a maioria dos sonserinos se referiam ao amado diretor. Mas Draco não conseguira pensar em nada. No simples instante em que seu olhar se cruzara com o olhar de Potter, Draco sentiu seus olhos lacrimejaram e serem forçados em outra direção. Era quase como tentar olhar para o sol em um dia de verão sem nuvens. Inclusive achava mesmo que havia uma espécie de luz ao redor do Cicatriz agora. Quase como... magia. Uma aura de magia que o cobria, brilhando como um farol na escuridão.


 


***


 


Dumbledore pensou por um segundo sobre as palavras que acabara de ouvir de Guilherme e Snape. Balançou a cabeça concordando. Aquilo fazia sentido, no entanto, queria saber. Precisava saber se ele estava pronto. Ergueu os olhos na direção dele, se dando conta ao mesmo tempo de que todas as cabeças do salão fizeram o mesmo. Não precisou procurar. Sabia com exatidão a localização do Menino Que Sobreviveu Mais de Uma Vez. Olhou para o exato ponto onde sabia que encontraria os olhos verdes do rapaz. Quase não teve tempo de examinar as mudanças físicas que o rapaz sofrera naquele mês que passara isolado de tudo e de todos com McKinnon. Apenas o encarou nos olhos e percebeu que o rapaz o encarou de volta, mantendo firmemente o olhar do bruxo mais velho. Alvo se surpreendeu com a mudança: os olhos de Harry agora eram de uma tonalidade única de verde. Eram de um verde mais profundo, tal qual uma gema mágica, com um brilho e um poder que se podia sentir à distância. Quando Guilherme lhe contara seu plano, não imaginava que as mudanças fossem se pronunciar tão profundamente no garoto que estava ali. Nunca imaginara que fosse conseguir evoluir tanto em tão pouco tempo. Podia sentir a aura mágica escapando dos poros de Harry. Podia senti a barreira mágica impenetrável por trás daqueles olhos verdes, protegendo sua mente. Alvo Dumbledore, por fim, piscou, desviando o olhar e quebrando o contato visual. Não se lembrava da última vez que tivera de quebrar o contato visual com um estudante. Geralmente eles ficavam mais do que satisfeitos em desviar os olhos de seu olhar perscrutador.


Três segundos depois todos estavam concentrados no grito que veio da ponta da mesa da Grifinória e ninguém o viu sair do Salão Principal. Da mesma forma, ninguém notou o sorriso extremamente satisfeito que lhe povoava os lábios.


 


***


 


Antes que Harry pudesse fazer alguma coisa, Hermione pulou em seu pescoço, agarrando-o com todas as forças, chorando. Podia sentir as lágrimas molhando a frente de sua camisa quando ela enterrou o rosto em seu peito ao mesmo tempo em que envolvia seu pescoço com as mãos e o segurava bem próximo ao próprio corpo. Harry ergueu a cabeça, olhando enquanto os outros alunos saíam lentamente sob o olhar assustador de McGonnagal. O Salão Principal se esvaziou por completo e Hermione continuava a apertar seu pescoço com força, quase o impedindo de respirar. Mas Harry não reclamou. Depois de tudo pelo que passaram, acreditava ser esperada uma reação como aquela após um mês sem dar notícias a ninguém. Sequer havia se despedido dos amigos quando saíra para treinar. O fato de o estarem aceitando de volta com abraços e lágrimas era mais do que bem-vindo.


Não se lembraria do que acontecera nas horas seguintes. Tentando se recordar depois do que fora dito e ouvido, só se lembraria dos poucos amigos sentados ao seu redor, enquanto ele devorava algumas sobras do jantar. Se lembraria também que Hermione permanecera em silêncio o tempo todo, não voltando a pronunciar uma simples palavra ou qualquer som desde o grito desesperado e agonizado que soltara quando o reconheceu. Se lembraria de ter feito um resumo, breve e inofensivo, e na verdade bastante vago e inútil, sobre o treinamento pelo qual passara. Fora avisado para não alardear as suas novas habilidade e seguiu o conselho à risca. Mesmo assim, Rony e Gina pareceram preocupados com as poucas informações que decidira lhes contar. Hermione parecia estar em choque, o que significava que talvez nem mesmo estivesse ouvindo. Susan e Guilherme ficaram de mãos dadas, em silêncio, ouvindo o tempo inteiro. Guilherme não fizera qualquer menção de tentar impedi-lo de passar algumas informações aos amigos. Pareciam ter chegado a um entendimento em que Harry teria a responsabilidade de contar o que julgasse ser necessário e, da mesma forma, Guilherme não interferiria.


Na volta para torre naquela noite, Hermione caminhou ao lado de Harry, em silêncio. Os amigos andaram um pouco mais à frente ou um pouco mais atrás para lhes proporcionar certa privacidade, pois sabiam que os dois precisavam conversar. Harry lançava olhares esguios e rápidos à garota, sem saber como agir. Sentia um estranho receio na presença dela antes e isso não mudara. Se odiava por isso: treinara duramente para ser um guerreiro formidável e um bruxo poderoso e ainda sentia um nó no estômago na presença de uma garota. Patético, pensou. Abriu a boca várias vezes para tentar dizer alguma coisa, mas na hora em que o momento de proferir as palavras, sua mente se esvaziava e não sabia o que dizer. Simples assim. Hermione por sua vez não ajudava. Permanecia num silêncio absoluto, olhando fixamente para baixo ou, em certos momentos, para a frente. De qualquer forma, nunca olhava na direção dele. Por fim o rapaz se esforçou para esboçar um “senti sua falta” tímido e sussurrado, mas não houve reação por parte da garota.


Quando por fim chegaram ao corredor da Mulher Gorda, tomou coragem e tocou a mão dela, num gesto tímido, porém ousado. Ao menos de sua perspectiva. Ela não permitiu o contato por mais de alguns segundos, afastando a mão bruscamente para coloca-la no bolso ou talvez para entrelaçar os dedos de ambas as mãos.


Harry gelou com aquela quebra abrupta do contato. Depois de tudo pelo que passara, não esperava aquela atitude. Por fim entraram na torre da Grifinória. O Salão Comunal estava vazio quando chegaram às escadas que levavam aos respectivos dormitórios. Harry parou, virando-se para ela, sem saber o que dizer. Ela também parou, sem jeito. O silêncio voltou a predominar, desta vez, constrangido. No momento em que Harry já não suportava mais e abriu na boca para tentar dizer algo, a moça deu as costas murmurando uma despedida e se foi pela escada que levava ao dormitório.


Harry fechou a boca, pensativo. Não sabia o que fazer. Ela obviamente estava brava com ele, talvez por ter ido embora sem se despedir, talvez por ter passado tanto tempo sem entrar em contato. Não sabia o que pensar. Mesmo após todo aquele treinamento que também o ajudava a ter um raciocínio mais rápido e adaptável às diversas situações, não conseguia entender a mente de Hermione. Nunca conseguira e nenhum treinamento ia ajuda-lo nisso. Suspirando, se voltou para as suas escadas e as subiu em silêncio.


Naquela noite não conseguiria dormir, ou ao menos foi o que pensou. Tirou a roupa no dormitório silencioso, marcado apenas pelas respirações compassadas dos colegas adormecidos. Rony ainda não chegara. Dissera que tinha algo a fazer antes de se deitar. Tirando aquilo da cabeça, Harry Potter caminhou silencioso com um gato em direção à janela do dormitório. A mesma janela pela qual observara os terrenos de Hogwarts desde o primeiro ano. A mesma janela pela qual a suave luz prateada da lua entrava nas noites em que tinha pesadelos sobre Sirius e Voldemort. A mesma janela que presenciara inúmeras noites insones e inúmeros despertares assustados devido a pesadelos sangrentos e, por vezes, reais.


Harry abriu a janela e se sentou no batente, seminu, sentindo vento fresco da noite tocando a pele desprotegida do peito. Encarou as estrelas isoladas que brilhavam por sobre o povoado próximo. E ficou ali, apenas parado, observando a noite, tentando não pensar em nada em especial. Só queria se distrair até o sono chegar. Mas isso não seria possível. Por estar observando o horizonte foi o primeiro a notar quando as estrelas esmeraldinas surgiram, formando uma forma assustadora no céu. Notou aquilo, antes mesmo de Dumbledore que, por acaso, estava andando por seu escritório naquele mesmo momento. A caveira com língua de cobra ascendeu com uma velocidade assustadora, marcando o lado oeste de Hogsmeade. A luz que a caveira esverdeada produziu permitia a Harry ver as formas escuras se movendo pelas ruas claras, mesmo àquela distância – e também por culpa de sua visão aguçada.


Não sabia exatamente o que o levou a fazer aquilo, mas fez. O simples fato de sua reflexão inocente ter sido interrompida por uma marca da violência que o perseguia o deixou irado. Não podia sequer se dar ao luxo de observar a noite em paz? Estava farto daquilo. Farto de não ter um simples momento de conforto ou descanso. Farto de ter que passar por tudo aquilo, vez após vez. Puxou a varinha do bolso da calça, apontou para a Marca Negra no céu e murmurou:


-Ordere sepelio! – um raio de uma inacreditável cor dourada saltou da ponta de sua varinha, serpenteando pelo céu escuro da noite e iluminando os campos de Hogwarts tanto quanto a Marca de Voldemort iluminava Hogsmeade. Por fim o raio pareceu parar nos limites do terreno de Hogwarts e Harry achou ver no limiar entre seu feitiço e o espaço vazio do céu algo como uma fina cúpula cinza-prateada. Imaginava que aquilo existia, mas esperava que o feitiço chegasse à Marca Negra. E chegou. Depois de um breve segundo de hesitação, o raio dourado de Harry ultrapassou a cúpula que protegia a escola e voou até a caveira brilhante no céu. Ao acertá-la, a caveira explodiu em chamas douradas e se transformou em uma fênix flamejante, símbolo da Ordem.


Harry sorriu. Achou ter visto a cúpula abrir uma pequena e quase invisível passagem para permitir que seu feitiço passasse. Fora Dumbledore, tinha certeza disso. Alargando ainda mais o sorriso, Harry voltou a observar a noite, dessa vez sob a brilhante fênix que ainda iluminava o céu noturno, se desfazendo lentamente em fagulhas douradas que choviam sobre Hogsmeade como estrelas se desfazendo na hora da morte.


 


***


 


Dumbledore piscou os olhos. Estava mais do que satisfeito. Encarou Guilherme, ao redor de quem estivera andando. O rapaz ostentava um sorriso no canto dos lábios. Estava bem satisfeito, podia-se dizer. Sorriu abertamente para o rapaz, agora. Podiam ter esperança. Nem tudo estava perdido.


 


***


 


À medida que os dias passavam, notava-se cada vez mais o nervosismo que rondava a escola. Embora o vilarejo estivesse permanentemente povoado por aurores, os ataques ainda aconteciam de alguma forma, quase como um desafio aos bruxos protetores e contra o isolado ponto de segurança que era Hogwarts.


-Alguma coisa ainda vai dar errado. – disse Rony perspicazmente em uma manhã nublada daquele mês. – Quero dizer, com a pressão que todos vêm sofrendo, não me surpreenderia se alguém pirasse logo.


Ele estava certo, é claro. Aquela inquietação era algo que Harry vinha sentindo com cada vez mais frequência desde que voltara para Hogwarts. De alguma forma, a ansiedade e nervosismo pareciam se infiltrar através de todos os feitiços protetores e segurança em que Dumbledore podia pensar para alcançar os alunos e funcionários da escola. Antes do fim do primeiro mês de volta às aula, três alunos já tinham tido um colapso nervoso e a professora Sprout simplesmente largara a turma e a planta de que estava cuidando e fugira da sala gemendo e chorando. Era quase como uma guerra psicológica, pensou Harry. Os Comensais e Voldemort não atacavam diretamente Hogwarts, mas atacavam os arredores, mostrando que estavam à espreita e que poderiam atacar a qualquer segundo, a qualquer descuido, por menor que fosse. Esse tipo de pressão não era algo a que todos estivessem habituados. Mesmo Rony e Hermione que sempre estiveram ao seu lado nas mais perigosas aventuras, pareciam mais magros e exaustos do que jamais os vira. As grandes olheiras que marcavam o rosto de Hermione não o deixavam mentir, assim como o tom acinzentado da pele de Rony.


Por algum motivo, no entanto, Harry não se sentia sendo afetado como os outros. Tentava animá-los e manter o moral dos amigos alto, apesar das dificuldades encontradas. O desanimo e o cansaço eram constantes pelo simples fato de não conseguirem descansar devido à tensão e ansiedade. Harry fazia o possível para ajudar todos a se manterem ativos e na linha, mas mesmo com a ajuda de Guilherme – que também não parecia afetado por aquele desgaste como os outros – estava difícil. Uma grande dificuldade que encontrava era Hermione. Simplesmente não conseguia falar com a garota. A partir do dia seguinte à sua chegada, ela voltara a lhe dirigir a palavra, o que considerara um avanço, definitivamente. Mas nada mais acontecera, exceto talvez, uma troca de meia dúzia de palavras sobre assuntos cotidianos. E isso o desanimava mais do que qualquer outra coisa. Principalmente depois de ter dito aquelas três palavras mágicas a ela antes de ir para o treinamento. Aquelas três palavras que tinham o poder de fazer alguém feliz e, da mesma forma, de causar problemas. Para ele só pareciam ter causado problemas.


 


***


 


Mas os problemas só pareciam se agravar com o passar dos dias. O mais recente deles, foi toda a situação Rony/Draco/Gina que só ocorreu por uma questão completamente inocente e sem sentido. E teria sido um grande problema, não fosse o incidente que aconteceu logo em seguida.


-Não acho que a Gina vá concordar em pedir aos seus pais por você, Rony. – disse Harry. – O que acha, Mione?


-Harry está certo, Ronald, não incomode sua irmã com uma besteira como essa. Porque, afinal de contas, ela iria intervir e pedir aos seus pais por aquela vassoura nova para você? Ela também voa, sabia, podia pedir para si mesma.


-Veremos. Só acho que se ela pedir a eles, dizendo que é uma necessidade para o time, eles talvez concordem. Merlin sabe que preciso de algo assim para me animar. - Você viu a Gina, Neville? – perguntou Rony assim que passaram pelo Retrato da Mulher Gorda e deram de cara com o rapaz que vinha pelo corredor.


-Ela acabou de passar por mim. Acho que tinha marcado de se encontrar com alguém agora... pelo menos foi o que ela disse quando comentou que estava com pressa.


-Certo. Obrigado. – resmungou Rony, voltando a andar, mais rápido agora, não querendo perde-la.


Entraram num corredor longo que tinha janelas com vista para o lago. Não havia nada naquele corredor exceto uma porta que dava em um armário de vassouras. Quando se aproximaram, Harry, Rony e Hermione puderam ouvir um riso abafado e sussurros indistinguíveis. Rony parou e olhou desconfiado para a porta. Deu um passo e estendeu a mão para abri-la quando Hermione o deteve.


-Deve ser um casal de namorados. É melhor deixa-los em paz.


-Danem-se eles. Eu estou procurando a minha irmã. – retrucou Rony, escancarando a porta.


O queixo de Rony foi ao chão na mesma velocidade em que suas orelhas ficaram vermelho-vivo. Ali, parados entre vassouras, esfregões e baldes, estavam Draco Malfoy abraçado a uma Gina Weasley bastante chocada. Diante da cena do casal pego no flagra, todos ficaram imóveis, com medo de que caso se mexessem aquela cena se concretizasse em pesadelo ou, pior ainda, realidade. Rony estava petrificado, a mão apoiada na maçaneta da porta aberta, apertando-a com toda a força, com os olhos arregalados; Draco estava mais pálido do que nunca, mas tentava manter a pose impassível e a calma; Gina, que ainda estava entre os braços do namorado, estava corada e olhava para todos atônita, sem crer que aquilo realmente acontecia; Hermione parecia prestes a ter um colapso nervoso, mas não se mostrava surpresa, talvez apenas um pouco desaprovadora; Harry parecia tão chocado quanto Rony, pois mantinha a boca meio aberta, sem saber o que dizer.


-O que é isso? – perguntou Rony, com a voz baixa e esganiçada. – O que você pensa que está fazendo? – Rony parecia decidido a ignorar Gina e jogar toda a culpa em Malfoy. - MALFOY, LARGUE A MINHA IRMÃ!


Antes que Rony pudesse saltar sobre os dois, Harry e Hermione haviam agarrado seus braços e o arrastavam para longe da porta.


-O que vocês estão fazendo? Harry? Porque está me puxando? Me largue e vamos arrebentar aquele desgraçado que agarrou a Gina à força e...


-Ele não me agarrou à força, Rony. – disse Gina saindo do armário de vassouras com Draco. Olhou para o loiro e suspirou pesadamente, estendendo a mão. Draco sorriu e pegou a mão da garota. Estavam de mãos dadas quando Gina disse: - Eu e Draco estamos namorando há algum tempo.


-O QUÊ? VOCÊ ENLOUQUECEU? VOCÊ PIROU COMPLETAMENTE? VOCÊ TEVE UM COLAPSO MENTAL? – depois a voz de Rony ficou baixa e extremamente venenosa, como se estivesse tentando se convencer além de convencer os outros. – Ele deve ter jogado um Feitiço para Confundir ou talvez usado uma Poção do Amor, sim, ele é bom em Poções, não deve ter dificuldade em fazer uma dessas e...


-Rony, eu estou namorando Draco e não, ele não me enfeitiçou de forma alguma... – e vendo que Rony continuava a sussurrar para si mesmo, Gina perdeu a paciência – RONY, CALA A BOCA! – o garoto arregalou os olhos e parou, chocado, a boca meio aberta. – QUER ME OUVIR, POR FAVOR? Isto já está acontecendo há algum tempo. Já fui examinada pela enfermeira, à pedido do Draco, inclusive, que me garantiu que não estou sob efeito de nada que não seja o fato de estar apaixonada pelo meu namorado.


Rony parou, mudo, olhando abobalhado o casal à sua frente. Harry olhou para Hermione, que surpreendentemente não parecia nada surpresa com toda a situação. Mas antes que alguém mais pudesse falar alguma outra coisa, o chão tremeu, as paredes e o teto tremeram. O castelo pareceu tremer com o som de algo explodindo. Algumas lascas de pedra se soltaram, caindo do teto do corredor, junto com uma fina névoa de poeira cinzenta. Todos se entreolharam, preocupados e em silêncio, a discussão instantaneamente esquecida.


-ATENÇÃO TODOS OS ALUNOS, DIRIJAM-SE IMEDIATAMENTE AO SALÃO PRINCIPAL. ATENÇÃO TODOS OS ALUNOS, DIRIJAM-SE IMEDIATAMENTE AO SALÃO PRINCIPAL. – berrou a voz de McGonnagal magicamente amplificada. – TODOS OS PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS, DIRIJAM-SE IMEDIATAMENTE NO SAGUÃO DE ENTRADA. TODAS AS MEDIDAS DEFENSIVAS EM VIGOR. HOGWARTS ESTÁ SOB ATAQUE! – outra explosão se fez sentir no castelo, o barulho ensurdecedor se propagando pelos corredores de pedra, e desta vez, algumas pedras do tamanho de punhos fechados começaram a chover pelo corredor , explodindo ao bater contra o chão. – REPETINDO: HOGWARTS ESTÁ SOB ATAQUE!


No mesmo instante Guilherme entrou correndo pelo corredor, com Susan em seus calcanhares. Desviou habilmente de cada destroço que havia no chão, escapando ainda daqueles que estavam caindo e parou deslizando ao lado deles. Susan continuou correndo, passando por eles e entrando na Torre da Grifinória.


-Vamos, temos de ir para a expedição.  – ele parecia ansioso. – Temos de sair agora. Nos encontrem lá embaixo. Saímos em 5 minutos, com ou sem vocês. – e depois disparou novamente, sumindo em um corredor lateral.


Harry olhou para os amigos, tomando a liderança da situação. Deu um passou à frente, se colocando entre Rony e o casal que ainda tinha as mãos dadas.


-Creio que não temos tempo para isso. Vamos descer logo, antes que sejamos deixados para trás.


-Concordo. – disse Gina, olhando para o irmão e dele para o namorado. – Podemos discutir toda essa situação depois.


-Do que você está falando? – perguntou Rony. – É claro que...


-Você não vai! – disseram Rony e Draco em uníssono.


-O quê? – ela pareceu surpresa pelo fato de os dois concordarem nisso. Rony e Draco se encararam e depois olharam para a ruiva.


-Você não vai, Gina, é muito perigoso! – disse Rony firmemente.


-Isso mesmo, é melhor não... – disse Draco carinhosamente ao se aproximar da garota. A ruiva se desvencilhou do namorado, eu um passou à frente se afastando dele e enfiou o dedo no peito do irmão.


-Não sei o que você está pensando, Ronald Weasley. É claro que eu vou. E quero ver quem é que vai tentar me impedir, porque eu...


-ESTUPEFAÇA!


A moça simplesmente desabou nos braços de Malfoy, que ainda segurava a varinha recém-sacada. Ele a aninhou nos braços e olhou para os grifinórios.


-O que estão fazendo aqui ainda? Vão logo!


Harry e Hermione se afastaram um pouco, mas pararam ao ver que Rony não se mexera. Ele encarava o loiro que segurava sua irmã carinhosamente. Ele parecia, admirado.


-Você gosta mesmo dela, hein? – perguntou ele, se aproximando da garota desacordada e colocando uma mecha vermelha atrás da orelha da moça. O rapaz loiro apenas concordou. – Então cuide dela. Não a deixe se arriscar. Não deixe que tente salvar todo mundo se colocando em risco para isso. Quando eu voltar, se ela estiver bem, nos conversamos sobre isso.


-Ok. Agora vai logo, Weasley. – disse Draco, olhando para baixo, para o rosto da menina. Rony se afastou um pouco e se virou.


-Boa sorte, Malfoy. – e depois saiu correndo, junto aos amigos.


Draco se encostou na parede de pedra do corredor, escorregando até o chão, ajeitando melhor a garota que amava em seus braços. O castelo tremeu novamente com outra poderosa explosão. Draco Malfoy olhou para as janelas do outro lado do corredor, preocupado. Não só com o ataque que o castelo sofria, mas no quão furiosa ela estaria quando finalmente acordasse.


 


***


 


Quando Harry Rony e Hermione chegaram ao Saguão de Entrada, a comitiva estava pronta para partir. Mal trocaram meia dúzia de palavras, antes de sair para os jardins onde a batalha acontecia. Os flashs de feitiços brilhavam por toda a volta, alguns se desviavam para as paredes do castelo, mas quase não causavam nenhum dano; outros batiam em árvores ou em morros do próprio gramado e crateras e incêndios se iniciavam. Estava claro que o ataque se iniciara e ainda ocorria em grande parte na Floresta Proibida. Era dali que saíam manadas de centauros ostentando a Marca Negra nos peitorais ou escudos. Três enormes catapultas de madeira escura lançavam enormes blocos de pedra em chamas contra as paredes do castelo. Aquilo sim estava causando danos. Harry olhou para trás, assim que passaram pelas enormes portas principais e pode ver as pessoas se reunindo no Salão Principal, antes de as portas serem fechadas e lacradas. Olhando para cima, Harry pôde ver enormes buracos em chamas onde os projéteis lançados nos ataques tinham atingido as paredes de Hogwarts.


Harry começou a correr acompanhando a comitiva em direção aos portões da escola. Olhou para o lado e viu que uma das catapultas explodira em chamas, ruindo sobre si mesma e caindo aos pedaços, esmagando Comensais da Morte. Professores e Aurores corriam ao redor, os protegendo enquanto lidavam com os ataques que aconteciam. Harry ainda se surpreendeu ao ver as armaduras e estátuas do castelo envolvidas em batalhas também. Até mesmo algumas criaturas de Hagrid participavam. Enfim os portões. Assim que os cruzaram, Harry viu que toda a área ao redor da escola estava ocupada por um exército de criaturas mágicas e Comensais da Morte. Hogsmeade queimava ao fundo, uma pilha de cinzas e sonhos em chamas. Foi apenas um vislumbre, pois assim que pisou fora de Hogwarts, a chave de portal foi ativada. Mas Harry sabia que Hogwarts não tinha muito tempo. Tinham que ser rápidos, porque com aquele cerco à escola, todos ali dentro tinham um destino certo. Hogwarts ia cair e todos que estivessem com ela iriam junto.


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N/A: Oi meu povo. Tô vivo! \o/


Reta final então, mais dois caps e epílogo e FIM!!!


Antes de tudo algumas explicações: perdi meu PC, tive que recomeçar o cap do ZERO. Vocês têm noção? São 12 páginas de Word. Meu HD já era e estou sem PC, então não esperem cap novo tão cedo. Pretendo sim terminar de postar essa fic antes de fazer 30 anos (tenho 22 gente) e peço que me perdoem pela demora milenar. Sério, me sinto mal por fazer vocês esperarem tanto. Uma desculpa pra demora é a seguinte, estou com muitos projetos em andamento. Sério. Tenho um romance em andamento. logo trago mais notícias sobre isso, caso queiram. Ah, o novo capítulo já foi começado, mas sem previsão de postagem. O que mais?? Ah, sim, me sigam no twitter e mandem reclamações sobre a demora se quiserem: @guilhermealeixo
É isso gente. Espero que gostem do capítulo. Até a próxima. Fui!

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