Caverna



Capítulo 26 – Caverna

-Como isso é possível? – perguntou uma desesperada Susan. – Como é possível que não tenham notícias dele?
-Susy... – começou Gina. – Acalme-se. Você sabe que não adianta agir dessa maneira, você viu o que aconteceu na semana passada devido à sua atitude?
Susan se calou, mas bufou de impaciência e raiva. Haviam se passado um mês e ainda não tinham notícias de Guilherme. A aflição tomava conta de todos os membros da Ordem.
Era noite na Sala Comunal da Grifinória, onde todos estavam sentados em frente à lareira, para se aquecer.
-Quero dizer, já faz um mês... e até agora ninguém nos disse nada... – disse Susan para depois se debulhar em lágrimas. O estado da garota era lamentável: estava mais pálida do que o habitual, seus olhos antes brilhantes estavam baços e sem vida e haviam enormes e profundas olheiras marcando seu rosto.
-Tenho certeza que logo eles descobrirão onde o Guilherme está. – disse Hermione.
No segundo seguinte Edwiges entrava pela distante janela aberta, carregando um rolo de pergaminho. Harry leu e olhou para os outros pronunciando apenas três palavras que trouxeram uma imensa onde de alívio a todos:
-Eles o acharam!

***

-Como você sabe? De quem é essa carta? Onde ele está? – perguntou uma desesperada Susan.
-Está tudo bem com ele. A Minerva nos escreveu assim que foi avisada de que ele estava b...
-Accio Pó de Flú. – disse Susan apontando a varinha para a escada dos dormitórios femininos. Não demorou nada e um saco cheio de Pó de Flú veio voando do seu dormitório. Antes mesmo de segurar o saco nas mãos, ela já disparara para o retrato da Mulher Gorda à toda velocidade, seguida pelo saco púrpura.
Os garotos ficaram se entreolhando por alguns segundos.
-Será que ela foi...
-...ver a Minerva? É bem possível. – disse Hermione dando um sorriso aliviado.
-Bom, quanto a vocês eu não sei, mas eu vou acompanhar a Susy. Até mais. – disse Gina disparando atrás da outra garota pelo corredor.
O restante do grupo se entreolhou em dúvida. Hermione foi a primeira a tomar uma decisão, se levantou dando de ombros e correu atrás das amigas.
-Então vamos lá. – disse Harry a Rony, quando ambos se levantaram e correram atrás das garotas.

***

-Srta. Peterson, sinto muito, mas a resposta ainda é não! E por favor, pare de insistir.
-Mas professora...
-Nada de "mas" Srta. Peterson. O Sr. McKinnon está muito bem, aos cuidados de especialistas em um local seguro. Não há motivo pra preocupação.
-Mas onde ele está professora? – insistiu a garota à beira de uma crise de nervos. A professora bufou de impaciência antes de dizer:
-Se eu lhe disser onde ele está, a Srta. irá se acalmar?
-Com certeza...
-Ótimo. Ele está na Sede da Ordem. Agora por favor, voltem aos seus... onde a Srta. acha que vai? – perguntou a professora se levantando de sua cadeira ao ver Susan acender a lareira e jogar Pó de Flú no fogo, a garota se virou e respondeu simplesmente antes de sumir no fogo verde-esmeralda:
-Vou ver o homem que eu amo. Largo Grimmald, número 12. – e desapareceu.
-Isso que é declaração de amor hein... – disse Rony em voz baixa para os outros.
Minerva bufou e se virou para eles:
-O que ainda estão fazendo aí? Voltem aos seus dormitórios...
-Por favor, professora. Nos deixe ir ver como o Guilherme está... – pediu Hermione com uma cara que apenas ela sabia fazer.
-Eu não sei se é uma boa idéia Srta. Granger...
-Por favor professora. Voltaremos ainda hoje...
-Certo, mas não voltem muito tarde. Vou avisar o Professor Dumbledore. – Minerva foi em direção à porta, mas parou à saída. Virou-se para Hermione próxima à lareira e disse: - E Srta. Granger... mande lembranças ao Guilherme. – e depois se retirou.

***

-Sentem-se... sentem-se... Bom... – começou Lupin. - ...a situação dele é estável. Em outras palavras ele vai ficar bom.
-Mas o que houve exatamente? – perguntou Hermione.
-Bom, nós ainda não sabemos. Procurávamos Guilherme há quase um mês e do nada ele apareceu na nossa porta, literalmente.

Flashback
-Certo, obrigado pelo relatório Quim. Peça ao Moody para procurar perto do Surrey, ou Sussex ou Briston. Seria a cara de Voldemort escondê-lo embaixo de nossos narizes.
-Tudo bem, Remo. Farei isso. – disse Quim Shacklebolt se levantando. No segundo seguinte ele havia desaparecido na lareira.
-Bem Remo, eu tenho que ir para casa. Arthur e os outros garotos chegarão em breve para jantar e eu tenho que pegar uma receita na Toca.
-Ah certo, Molly. Que Merlim te acompanhe. – disse Lupin piscando um olho para a Sra. Weasley, que riu.
Molly Weasley pegou o vaso de Pó de Flú, mas quando ia acender a lareira a campainha tocou. Molly se virou e disse à Remo:
-Deixe que eu atendo.
-Certo Molly. – disse Remo marcando um grande mapa com um alfinete vermelho.
Molly pousou o vaso de Pó de Flú sobre a lareira e saiu da cozinha. Ao se aproximar da porta, perguntou quem era e qual a senha. Não houve resposta. Tornou a perguntar quem era e qual a senha. Novamente não houve resposta. Alarmada Molly correu à cozinha puxando a varinha do bolso do vestido:
-Remo, possível invasão. Não responderam aos avisos.
Lupin também puxou a varinha e usou um feitiço que fez um grande estampido ecoar pela casa. Em questão de segundos, Tonks, Mundongo, Carlinhos e vários outros membros da Ordem desciam as escadas, prontos para o combate. Lupin fez um gesto para que Molly abrisse a porta e ela o fez com um aceno da varinha. As várias trancas se abriram e depois a porta se escancarou. Todos pararam seus movimentos de ataque e olharam surpresos para o rapaz à porta. O estado da pessoa era crítico. Parecia ter sido mergulhado em uma banheira de sangue. Estava sem camisa ou calçados. Suas calças negras estavam sujas e sem uma perna, a perna que sobrara estava rasgada em vários pontos e manchada de poeira e sangue. Todo o peitoral e abdômen do rapaz estavam sujos de sangue seco e fresco, haviam vários cortes de tamanhos e profundidades diferentes espalhados em todos os membros, o rosto estava inchado e com grandes hematomas e o cabelo emplastrado de sangue. Havia um corte que parecia ser o mais recente na bochecha direita, por onde ainda escorria sangue. Quando o rapaz abriu a boca para falar, um fino filete de sangue escorreu pelo canto de sua boca:
-Eu voltei... – foi o que disse antes de desabar no chão, inconsciente.
Fim do Flashback


-E foi isso o que aconteceu. – disse Lupin que explicara como a aparição repentina do garoto ocorrera.
-E onde ele está agora? – perguntou Harry.
-Nós o levamos para o quarto dele. A namorada dele, Susan, já está lá. Podem ir vê-lo, só não façam barulho.
-Certo. – concordou Hermione.

***

O quarto de Guilherme estava exatamente igual à ultima vez que Harry estivera ali, exceto pelo garoto inconsciente que agora estava pousado na cama. Eles se aproximaram e Harry pôde notar que os membros da Ordem fizeram um excelente trabalho com o rapaz. Estava limpo e não se viam nenhuma gota de sangue, em nenhum lugar; no entanto as cicatrizes permaneciam espalhadas por todo o corpo do rapaz. Harry viu a cicatriz na bochecha direita dele, era diferente das outras, ela tinha um estranho brilho esbranquiçado, como o brilho das pérolas.
Susan estava sentada em uma poltrona ao lado da cama do rapaz.
-Ele vai ficar bem. Eu sei que vai.
-É claro que vai. – disse Hermione tentando animá-la.
-Ele é bem forte, vai ficar bem. – disse Gina apoiando a amiga.
-É... ele vai ficar bem. Eu sei que vai.

***

Uma semana se passou sem que a condição de Guilherme se alterasse. Minerva, regularmente, entregava aos garotos um bilhete de Lupin, avisando que o rapaz continuava na mesma. Ele continuava inconsciente, mas estava dando sinais claros de melhora.
No final de semana, no entanto, Harry, Rony, Hermione, Gina e Susan foram novamente à Sede para visitá-lo.
-Quero dizer... ele já está desacordado à uma semana. Ele não deveria ter acordado? – perguntou uma aflita Susan.
-Pelo que Lupin nos contou, ele estava exausto quando chegou... deve ter usado todas as suas forças pra conseguir chegar aqui. – disse Gina olhando o rapaz.
Todos estavam sentados em confortáveis poltronas ao redor da cama do moreno. As janelas estavam abertas, mas as cortinas ligeiramente fechadas, fazendo com que as cortinas ondulassem levemente à brisa.
-Pode apostar que sim... – disse uma estranha voz rouca.
Todos olharam para o rapaz imóvel na cama. Ele sequer se mexera nas últimas duas horas e agora começara a falar. Susan de tão surpresa deu um grande grito e se jogou em cima do rapaz.
-Por Merlim... não faça isso... – disse o rapaz com a mesma voz rouca, fazendo com que a garota se afastasse, voltando à poltrona que anteriormente ocupava.
-Você está bem... Guilherme? – perguntou uma insegura Gina.
-Vou sobreviver, se é isso que você quer saber... – disse ele abrindo levemente os olhos. Olhou para todos ao seu redor e sorriu: - O que é isso aqui no meu quarto? Uma festinha? E ninguém me convidou?
Seu tom era sarcástico e até mesmo engraçado, mas ninguém riu pelo simples motivo da voz do rapaz estar tão fraca e rouca que era uma surpresa ele conseguir falar.
-Ei... relaxem. Eu estou vivo, não é? Hum... será que alguém poderia me dar um pouco de água?

***

-E então... quais as novidades durante esse tempo em que estive fora? – perguntou Guilherme naquela mesma noite enquanto a Sra. Weasley lhe entregava um cálice com uma poção verde-ácido.
-Bom... – começou Hermione, os lábios contraídos pela expressão "estive fora" que ele usara para se referir ao tempo que passou nas masmorras de Voldemort. – Amélia Bones foi nomeada a nova Ministra da Magia, mas fora isso...
-Ah bom... a seleção de Quadribol da Inglaterra jogou contra a Turquia e venceu por 280 a 240. – disse Rony fazendo cara de quem acabara de se lembrar daquilo.
-Sério? Mas isso é muito bom... E quanto foi o jogo da Irlanda contra a Argentina? Sabe como é... Voldemort ainda não colocou o Canal do Esporte Bruxo nos seus calabouços. Eu fiz uma sugestão a ele, mas de nada adiantou... – disse Guilherme como se aquele comentário fosse apenas rotineiro para qualquer conversa.
O clima pesou depois daquilo e um silêncio palpável envolveu a todos. Hermione com sua curiosidade natural, não conseguiu segurar a pergunta que a estava atormentando:
-Hum... Guilherme... como você conseguiu fugir de lá?
-Ãh? Fugir? Não Hermione, eu não fugi... eles é que me soltaram...
-O QUÊ?

***

-Isso não é hora para interrogatórios... – disse Lupin chegando ao quarto. Ele vinha com a varinha em punho e deu a desculpa de que iria usar um feitiço para sumir com as cicatrizes, antes que fosse tarde demais.
-Sumir com as cicatrizes? Nem pensar... eu dei duro para consegui-las, você não vai tira-las de mim sem lutar... – disse Guilherme, novamente naquele tom sarcástico que tendia à comedia, mas que não fazia ninguém rir.
-Pare de brincar... se eu não fizer elas sumirem logo, será tarde demais.
-Eu estou falando sério. Não quero que você as faça sumir, Lupin. – disse o garoto ficando sério.
-Mas... por qual motivo? – perguntou o bruxo em dúvida.
-Hum... acho que elas serão como um lembrete de que sempre há um peixe maior... quero dizer... um lembrete de que eu nunca serei forte o bastante, que sempre haverá alguém mais forte que eu e que eu sempre poderei me dar mal. Entende?
-A escolha é sua... Mas voltando ao assunto de como você fugiu, você disse que eles o soltaram?
-Isso aí. Na verdade ele me soltou.
-Ele? Ele quem?

Flashback
Guilherme estava em pé, acorrentado à parede e à sua frente estavam os três algozes que o torturavam há um mês: O homem encapuzado, Voldemort e Bellatrix.
-Sabe garoto. Você já me encheu. Eu já não tenho mais paciência para lidar com você. – Voldemort puxou da bainha uma espada muito bonita que Guilherme reconheceu como a Espada de Slytherin. Levou a ponta da Espada até o rosto do garoto, pressionando a ponta da arma contra a pele do rosto: - Ou você me diz alguma coisa útil agora, ou você irá morrer, entendeu?
-Entendi sim. Você quer uma informação útil? Então aí vai: você devia escovar os dentes com mais freqüência... e devia trocar de desodorante, parece que o seu está vencido...
-Ora seu... – Voldemort pressionou a lâmina com mais força contra a bochecha direita do garoto, fazendo um grande corte ali. Voldemort pareceu tomar a decisão de acabar logo com aquilo quando o homem encapuzado interferiu:
-Milorde... me dê essa honra... deixe que eu faça isso...
Voldemort pareceu pensar no pedido e por fim aceitou, se retirando com Bellatrix.
O homem encapuzado acompanhou Voldemort e Bellatrix até o fim do corredor e depois voltou, parando em frente à Guilherme. Guilherme apenas encarou o que pensou serem os olhos do homem:
-Vamos... acabe logo com isso... Me mate...
O homem, no entanto, abriu a capa e tirou vários objetos de dentro dela: um fino punhal de prata, uma bainha dourada e sem espada, uma varinha, um cinto dourado, e um suporte de couro onde o punhal encaixava e se prendia no tornozelo: todos objetos de Guilherme. O homem jogou tudo aos pés do rapaz e depois com um aceno de varinha, desacorrentou o garoto.
-Pegue... e vá. – e dizendo isso, se afastou da porta, dando passagem ao garoto.
-Como é? – perguntou o garoto alisando os pulsos marcados pelas pesadas algemas.
-Pegue suas coisas e vá... agora... – a voz do homem soou estranha para Guilherme como se estivesse sob efeito de um feitiço para mudança de voz.
-Por que você está fazendo...
-O Lord das Trevas vai voltar logo e se você ainda estiver aqui e vivo, ele castigará a ambos... pegue suas coisas e vá...
A curiosidade entrou no peito de Guilherme e ele quis descobrir o motivo daquele Comensal estar fazendo àquilo, mas achou melhor se apressar. Pegou o cinto dourado e a bainha e os prendeu à cintura, pegou o punhal e o guardou dentro da capa que o homem lhe trouxera, assim como a varinha e o suporte de couro.
Logo o homem o guiou pelo corredor, levando-o até uma cela distante onde havia uma bola de praia furada.
-Pegue essa Chave de Portal ela o levará para um campo deserto ao norte de Londres. De lá, você se vira como puder. Tome, pegue logo.
-Mas porq...
-Isso não é hora para perguntar os meus motivos. Eu vou sair agora por essa porta... – ele apontou a porta da cela onde estavam. - ...e vou dar o alarme de que você fugiu, e é melhor que você realmente tenha fugido, por que senão, você não viverá para ter outra oportunidade. Vá logo. – e depois de dizer isso, o homem saiu pela porta gritando que o prisioneiro fugira. Sem opção, Guilherme segurou a bola furada e ativou a Chave de Portal.
Quando abriu os olhos, viu um campo imensamente grande e vazio. Suspirou fundo e começou a caminhar.
Fim do Flashback


-Bom... foi isso o que houve... – disse Guilherme finalizando a história.
-Certo, vou contar isso aos outros membros. E quanto a vocês... – disse Lupin se referindo aos garotos sentados em volta da cama de Guilherme. – Façam silêncio... ele precisa descansar. – e depois saiu do quarto.
-Não liguem para ele... – disse Guilherme retirando as cobertas de cima do corpo e se levantando. – Podem fazer o barulho que quiserem, nenhum som sai de dentro desse quarto devido aos feitiços que usei nas paredes e na porta.
Ele caminhou lentamente até seu baú e o abriu. Logo ele havia tirado vários embrulhos de dentro dele e jogado sobre a cama de uma única vez.
-E então... como vão os treinos de Espada com Clapham?
-Vão bem... Todos já sabemos usar espadas, e até já começamos a fazer duelos entre nós... – disse Gina sorrindo, orgulhosa.
-Isso é bom. Bem... – ele apontou para os muitos embrulhos em cima da cama. – Esses são seus presentes de Natal. Eu havia arranjado eles há muito tempo, pois não imaginava que eu seria capturado. – ele parou de falar, ligeiramente constrangido, para depois sorrir. – Mas enfim... aí estão. Deixe-me ver. Hum... esse é do Rony.
Ele pegou um rolo comprido embrulhado em papel brilhante e o entregou ao Rony. O garoto pegou o embrulho e o olhou surpreso para depois abrir, entusiasmado. Retirou um grande cartaz de dentro do rolo e alguns ingressos alaranjados, presos por um elástico.
-Eu não acredito... Ah meu Deus... – disse o garoto arregalando os olhos, e fazendo Guilherme rir.
-O que é isso afinal? – perguntou Gina se aproximando para ver. Rony, por fim, esticou o grande cartaz sobre a cama para que todos vissem.
O cartaz exibia todo o time dos Chuddley Cannons. Alguns jogadores estavam em pé e outros ajoelhados. Haviam vários rabiscos em toda a borda do cartaz, que na verdade eram autógrafos de todos os jogadores com dedicatória de "Feliz Natal" à Ronald Weasley.
-Espero que você tenha gostado Rony. Pra falar a verdade, os autógrafos não foram difíceis de conseguir, mas os ingressos...
-Ingressos? – perguntou Hermione, perdida.
-Aham. Os ingressos do principal jogo dos Chuddley Cannons na Temporada Britânica de Quadribol. Vai ser em julho.
Rony se sentou em sua poltrona, em choque.
-Aposto que ele vai ficar nesse estado por algum tempo. – disse Gina com desdém do irmão.
-Nesse caso vamos ao próximo presente: o presente da Hermione.
Guilherme pegou um grande embrulho retangular e bem grosso que Harry não teve dúvidas de ser um livro. Quando Hermione abriu, teve uma surpresa.
-O que é isso? – perguntou ela apontando para o livro grande e pesado que caíra do papel brilhante.
Guilherme apenas riu. Ele se aproximou e pegou o livro, passando a mão de leve pela capa de couro liso. Abriu e virou inúmeras páginas, todas em branco.
-É um livro, Hermione. Um livro incrivelmente raro. Calculo que só existam uns 20 em todo o mundo. Esse sim é um presente útil, principalmente a você. Veja. – ele acariciou a capa de couro vazia e lisa e pegou a varinha sobre a escrivaninha. Deu um toque da varinha na capa do livro e disse: - O Meu Eu Mágico de Gilderoy Lockhart.
No segundo seguinte, a capa do livro se transformou na capa de "O Meu Eu Mágico" e ao abrir o livro, Hermione descobriu que o interior também se transformara.
-É... é incrível. – disse ela abobalhada.
-Eu sei que sim. Meu tio comprou, por acaso, um exemplar desse Livro Transfigurativo há alguns anos e eu pedi que ele procurasse outro exemplar para presenteá-lo a uma grande amiga. Finite Incantatem. – E deu outro toque da varinha, fazendo o livro retornar à forma original: um livro em branco.
-Muito obrigado, Guilherme.
-Por nada, Mione. Faça bom uso. Hum... agora o presente da Srta. Weasley. – ele pegou um embrulho comprido e fino que Harry percebeu na hora ser uma vassoura de corrida e o entregou à Gina. – Espero que lhe seja útil no mês que vem na partida contra a Corvinal. Sei que não é uma Firebolt, mas é uma vassoura excelente, o mesmo modelo da vassoura de Susan e da minha própria.
-Uau... – disse Gina vendo a sua nova Nimbus 2005. Ela pareceu sem palavras e abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer: - Obrigada.
-Por nada. Bom... agora é sua vez Harry. – Guilherme pegou um embrulho uniforme na cama e entregou ao moreno. – Esse sim foi um presente difícil de conseguir. O seu, pra falar a verdade foi o mais difícil, Harry. Espero que goste.
Harry segurou o embrulho hesitante. O presente era grande, mas estranhamente leve. Sem fazer idéia do que poderia ser, Harry começou a desembrulhar. Assim que o laço se desfez, a Espada rolou para cima da cama. A Espada que lhe fora presenteada era estranha. A empunhadura fazia um par perfeito com a bainha. Ambas, bainha e empunhadura, eram de uma coloração de prata oxidada, como um metal mais escuro do que o normal. Uma alça de couro estava presa a cada ponta da bainha, podendo prendê-la tanto à cintura quanto às costas. Harry se sentou na cama e colocou a Espada no colo, sem saber o porquê de sentir um nó na garganta ao encarar a Espada.
-Era dos seus pais, Harry. Por isso foi difícil de conseguir. Dumbledore fez o favor de achá-la para mim.
Harry abriu a boca, mas o nó em sua garganta não permitiu que nenhuma palavra fosse dita. Guilherme olhando em seus olhos apenas balançou a cabeça sorrindo e disse:
-Não foi nada. Ei, Susy... falta você. - ele pegou o ultimo embrulho ao lado de um pequeno livro sobre a cama. O embrulho não era grande, do tamanho de uma caixa de jóias. Pegou Susan pela mão e a arrastou para a janela do quarto, enquanto os outros começavam a conversar animadamente sobre seus presentes.
-Hum... Susy, sinceramente, não era nessas circunstâncias que eu queria te entregar o seu presente. Queria entregar à meia-noite do dia 24 de dezembro em um jantar à luz de velas, mas infelizmente Voldemort estragou meus planos. Mas tudo bem... desde que você receba o presente e goste, já me dou por satisfeito. – e dizendo isso entregou o embrulho dourado.
Rapidamente a garota abriu o embrulho e pegou a pequena caixa retangular de veludo negro. Hesitou um instante, durante o qual encarou o namorado nos olhos, e depois abriu a caixinha. Olhou surpresa para os dois pingentes de prata na caixa, ambos presos em finas correntes prateadas.
-São enfeitiçados. – disse ele pegando uma das correntes em que havia um coração brilhante. – Usei um feitiço bastante complexo na verdade... – disse brincando. - ...que mantém os dois pingentes ligados. – Guilherme abriu o pequeno coração de prata e Susan pôde ver uma foto dele sorrindo pra ela em uma das metades do coração, na outra metade havia uma mecha de cabelos negros, presa por uma fita azul. – Para o feitiço ficar completo, preciso de uma mecha dos seus cabelos, Susy. E então... você topa?
-É claro que sim. – disse sorrindo.
Minutos depois Guilherme colocou uma mecha dos cabelos de Susan no outro pingente onde havia uma foto dela sorrindo muito. Guilherme colocou ambos os pingentes de volta dentro da caixa, onde brilharam, finalizando o feitiço.
-Você fica com o pingente que tem a minha foto e o meu cabelo e eu fico com o que tem a sua foto e o seu cabelo. – explicou ele colocando a corrente de prata no próprio pescoço.
-Certo. – disse Susan também colocando a corrente de prata ao redor do pescoço. – Nunca vou tirar.
-Nem eu... – sorriu Guilherme.
Aproximaram-se lentamente e se beijaram. Os pingentes balançaram nas correntes, se tocando. O som metálico dos pingentes se chocando fez os dois se afastarem, e quando isso aconteceu, um fio de luz dourado ficou parado no ar ligando o coração de prata no peito de Guilherme ao coração de prata no peito de Susan.
-Viu isso Susy? Nossos corações estão ligados... – disse ele brincando, enquanto ela ria.
Logo que se afastaram mais um pouco, o fio de luz se rompeu, desaparecendo.
Eles voltaram para perto dos amigos, que estavam ao redor de um livro, sobre a cama. O livro era de couro e tinha um fecho resistente.
-Eu não consigo pensar em mais nenhum feitiço. Já tentamos de tudo. – dizia Rony.
-Já tentaram de tudo o que? – perguntou Guilherme chegando abraçado à Susan.
-Abrir esse livro... – disse Rony apontando o livrinho escuro.
-E vocês não conseguiram abrir? – perguntou Guilherme erguendo a sobrancelha.
-Não... – disse Rony emburrado.
-Que bom!
-Que bom? Por que "que bom"?
-Que bom porque diários alheios não são feitos para que os outros leiam...
-Di... diário?
-Exato. Diário. O meu diário. – disse Guilherme apontando para si mesmo.
-Ih... aí o bicho pega, né? – resmungou Rony fazendo uma grande careta no que todos riram.

***

-É claro que nós deveríamos esperar por um ataque quando fomos ao Templo, mas não havia jeito...
-Porque não trouxeram mais aurores então? – perguntou Gina, enquanto caminhavam pela clareira congelada.
-Não poderíamos trazer mais aurores sem despertar a suspeita da Ministra. Amélia Bones é muito mais esperta do que Fudge, por isso se Dumbledore pedisse mais aurores, teria despertado grande desconfiança no Ministério.
-E membros da Ordem? – sussurrou Hermione, olhando para os lados, temerosa.
-Não havia muitos membros da Ordem disponíveis, pois todos têm que agir como se suas vidas continuassem normalmente, porque teoricamente, a Ordem da Fênix não existe. – dizia Guilherme andando à frente de todos, os guiando.
Finalmente saíram na clareira coberta de neve onde a batalha acontecera. A clareira estava deserta e não havia sinais de luta, exceto uma grande mancha avermelhada na neve e uma árvore cortada e queimada. Guilherme apontou para a grande fenda na parede de pedra, indicando que ali era a caverna. Parou à entrada e puxou uma corrente dourada de dentro da capa. Uma das pontas da corrente estava presa ao cinto da calça e a outra estava presa a um objeto redondo e pesado de ouro. O objeto parecia muito um antigo relógio de bolso de ouro. Sobre a tampa uma gravação se mexia. Uma ave flamejante estava pousada sobre duas letras entrelaçadas: "OF".
Guilherme segurou firmemente o objeto e o abriu. A tampa com a gravação em relevo abriu para fora, mostrando dentro um espelho circular cobrindo toda a parte de dentro.
-Remo Lupin. – disse Guilherme em voz alta para o espelho.
No segundo seguinte, o rosto de Lupin apareceu como se refletido no espelho redondo.
-Lupin, estamos entrando. – disse Guilherme, para depois fechar o comunicador da Ordem e guarda-lo no bolso da calça.

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N/A: Bem... Aí está o novo capitulo.... Espero que gostem e COMENTEM!!!

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