No Pequeno Casebre dos Black



Harry e Hermione estavam agora presos no profeta diário. Segundo Hermione, Luna já havia feito a sua parte e se algo tivesse dado errado sairia alguma coisa sobre o assunto no profeta diário. Ela não dissera qual era o assunto, mas mesmos assim Harry estava ajudando-a a procurar qualquer coisa. Eles estavam assentados lado a lado e aquela proximidade o possibilitava sentir o perfume dos cabelos da garota.

Estavam no quarto de Hermione. Um quarto incrivelmente grande e cheio de coisas. Uma cama, obviamente, um sofá, várias prateleiras com livros, um largo armário, uma cumprida mesa de estudos e até um computador. - Hermione explicara que aquele quarto deveria parecer o quarto de uma garota trouxa. – Havia ainda vários “enfeites” que Harry achou que provavelmente faziam parte do quarto de qualquer garota.

Nos primeiros dias o tal Peter Granger manifestara aos tios certa preocupação em Hermione e Harry passarem horas sozinhos no quarto da garota. Mas Hermione repetiu que Harry era apenas o seu melhor amigo e seus pais não mais tocaram no assunto.

Se já era estranho estar passando as férias de natal na casa de Hermione, ainda mais estranho era estar esperando pela chegada de Luna Lovegood e Draco Malfoy. E quando a campainha tocou e Hermione foi atender Harry percebeu que precisaria fazer alguma coisa para mostrar quem mandava ali.

Tinha de alguma forma prometido a Hermione viver de forma semipacífica com Draco. Mas ele não iria aturar calado o outro dando de cima da garota.

Ouviu-se passos no corredor e em seguida Hermione estava de volta. Vinha com Draco e Luna em seu encalço.

- Olá, Potter.- disse o garoto ao vê-lo.

Harry ergueu as sobrancelhas para ele e se limitou a fazer apenas isso antes de fechar a cara.

Draco atravessou o aposento, jogou uma mochila a um canto e se deixou cair na cama de Hermione. Esta se virou para Luna.

- E então?

A garota, que antes observava tudo com os olhos arregalados, estreitou os mesmos – Foi a primeira vez que Harry a viu fazer isso. – e então abriu o malão e tirou de lá uma mistura de globo de vidro com candelabro e atirou-o para Hermione.

- Esplêndido!- disse a garota enquanto o erguia à altura dos olhos.- O fogo inominável!

Harry se levantou para ver aquela coisa melhor. Dentro havia uma pequena chama de fogo esverdeado. Mas não um esverdeado pálido como o das lareiras de Hogwarts! Este tinha um esverdeado irreal. Em uma intensidade indescritível que parecia chamar a quem o olhava. Harry pode ver a pequena labareda refletida nos olhos vidrados de Hermione.

Draco se levantou e se aproximou do grupo para também observar aquela coisa.

- Então é esse é o plano?- perguntou ele.- Você vai incendiar a casa de meu pai.

- Primeiramente alguém poderia me explicar o que é isso?- perguntou Harry.

- Chamam-no de fogo inominável.- disse Hermione.- Na idade média essa foi a única chama capaz de matar um bruxo. Nunca se soube de onde ela surgiu nem quem a trouxe. Só que o feitiço para proteger o bruxo que seria queimado contra as chamas falhou e tudo foi incendiado. Trouxas e bruxos, uma cidade inteira!

- Dizem que o feitiço da Maldição da Morte foi feito a partir dele.- disse Luna.

- Isso venceria Voldemort?- perguntou Harry.

- Sim.- disse Hermione.- Quando eles conseguiram apagar o incêndio um bruxo guardou uma pequena chama deste fogo e ele passou de geração em geração na família da mãe de Luna até que Andrômeda Tonks resolveu estuda-lo.

Os outros três escutavam Hermione atentamente.

- Mais tarde a mãe de Luna e a sua mãe, Harry, se juntaram a ela.- completou Hermione fitando Harry.- E antes de sua mãe morrer elas chegaram a desenvolver uma versão amena deste fogo. Que muitos anos depois Dumbledore conseguiu obter autorização para usar nas lareiras da escola.

- Por isso o fogo das lareiras tem estado verde.- murmurou Luna.

- Só que um tempo depois, durante uma experiência houve uma explosão.- disse Hermione.

- Mamãe morreu.- disse Luna baixando a cabeça.

- E Andrômeda Tonks começou a temer o fogo.- continuou Hermione.- Desde então ele esteve trancado no Departamento de Mistérios.

- Como Luna conseguiu uma amostra?- perguntou Harry.

- Disse que gostaria muito de conhecer o local de trabalho de mamãe.- disse a garota.- Não foi muito difícil.

- Ah! Vamos ao que intereça.- disse Draco se levantando e caminhando até a mochila já esquecida e a apanhando. Ele tirou um enorme rolo de pergaminho de lá e levou-o até a mesa de estudos de Hermione.

- O que é isso?- perguntou Harry quando se aproximou para espiar.

- O mapa da casa de meu pai.- disse Draco.

- Isso parece mais um vilarejo do que uma casa.- disse Luna.

- E na realidade é!- disse Draco.- Aqui está a casa principal.- disse indicando um ponto no mapa.- São três andares e mais dois subterrâneos.

Harry passeou os olhos pelo mapa. Aquilo não parecia uma vila, e sim uma cidade inteira. Uma não, duas. Parecia haver mais coisa debaixo da terra do que sobre a mesma. Hermione pediu que Draco explicasse como tudo funcionava, mas ele sequer pôde começar.

- Olá.- disse alguém à porta.

Hermione imediatamente guardou o tal fogo enquanto Luna puxava o mapa para si e o enrolava com incrível agilidade. Era Peter. Harry observou com certo divertimento Malfoy examina-lo de cima à baixo.

- Outros amiguinhos, Hermí?- perguntou ele


****


Rony se via caindo em um abismo sem fim. Ele gritava por ajuda. Gritava por Harry. Por Hermione. Por seus irmãos. Mas ninguém aparecia para salva-lo. Ele estava em pânico, sim estava. E ele mal acreditou quando de repente percebeu que havia acordado de mais um pesadelo.

Rony olhou à volta. Que lugar era aquele? Não se lembrava de como havia chegado até ali. Só então percebeu que estava nu. Sua cabeça doía. Ele assentou-se na cama e viu roupas espalhadas pelo chão. Levantou-se, a princípio pensou que iria vomitar, seu estomago parecia ter derretido, em seguida começou a vestir-se, ainda tentando lembrar de onde estava.

Lembrava-se ainda da briga com Fred. Da viagem de vassoura até o Cabeça de Javali. Onde estava sua vassoura? Ele olhou à volta, mas o máximo que encontrou foram outras roupas, femininas, caídas no chão. Então ele se virou de volta para a cama e viu uma mulher adormecida ali.

Após se recuperar do repentino susto ele focou seu rosto. Era uma mulher de cabelos negros e o rosto, muito bonito, pálido. Num flash ele se lembrou de tudo. Das bebidas no Cabeça de Javali. E então do vinho diante a lareira. Das vantagens que ele contara. Dela se aproximando dele. Dos dois se beijando e então...

- Já de pé?- perguntou uma voz preguiçosa e rouca.

Rony voltou a si. Era a tal Bela, estava agora assentada na cama coberta pelos lençóis.

- Onde está a minha vassoura?- perguntou ele.

- Vassoura?- perguntou Bela.- Você não trouxe vassoura nenhuma.

- Preciso ir embora.- disse ele. Apanhando sua varinha que estava caída na poltrona próxima à lareira.

- Porque não me conta do que estava fugindo?- sugeriu Bela calmamente.

- Quem disse que eu estou fugindo de alguma coisa?- perguntou Rony. E então ele notou que estava mesmo fugindo. Ele era um monstro, pensou. Lançara uma maldição Cruciatus em seu próprio irmão e em seguida seduzira aquela mulher. Talvez ela devesse saber que ele era perigoso.

Ele olhou à volta, então arrastou uma das poltronas até diante da cama onde Bela ainda permanecia assentada.

- Eu vou te contar.- disse ele.- Você precisa saber! Você foi legal comigo. Olha, meu nome é realmente Ronald Weasley, mas desde pequeno todos me chamam de Rony. E eu não tenho dezoito anos e nem me formei! Eu tenho dezesseis anos...quer dizer, dezesseis e meio. Eu estou no meu sexto ano, estudo em Hogwarts.

- Eu sabia.- disse a mulher ficando séria.

- Sabia?- perguntou Rony franzindo a sobrancelha.

- Já faz um tempo eu venho lhe investigando.- disse ela.- Mas, prossiga...

- Pois ontem foi o natal. E eu estava na minha casa...bem não é a minha casa.- disse ele.- É a casa do falecido Sirius Black, já ouviu falar nele?

- E quem nunca ouviu?- perguntou Bela. Havia um quê de crueldade em seu rosto.

- Pois então. Eu estava esperando o almoço de natal que minha mãe estava preparando. E um dos meus irmãos, eu tenho seis, ele estava rindo de mim, pois eu tenho uma namorada. Não porque eu tenho uma namorada, mas porque ela é metida e feia. E então eu me descontrolei e mandei uma maldição Cruciatus nele!- Rony escondeu o rosto nas mãos.- Eu nem sabia que era capaz de lançar um feitiço desses! E então eu não sabia o que fazer e fugi de casa.

Rony ainda tinha o rosto baixo. Bela o fitou durante algum tempo. Tinha agora um nítido e cruel sorriso nos lábios muitíssimo vermelhos.

- Eu também não lhe contei toda a verdade.- disse ela.- E já tive alguns problemas com a Maldição Cruciatus, como você.

Rony ergueu o rosto e a encarou sem entender.

- Mandei a primeira aos doze anos.- disse ela.- No meu primo.

Rony arregalou os olhos enquanto tentava desesperadamente lembra-se de onde conhecia aquela mulher.

- E Bela também não é o meu nome.- disse ela.- É apenas um apelido usado pelos mais íntimos. Meu verdadeiro nome é Belatriz. Belatriz Black Lestrange. E admito ter ficado surpresa por você não ter me reconhecido.

Rony sentiu seu coração parar por um segundo. Sua respiração estava falha. Num flash ele se lembrou do pôster da mulher na parede da sala de Tonks e da própria de pé ao lado da lareira. Não podia ser. Como ele não a reconhecera? Aquilo não podia estar acontecendo. Não com ele. O que diria Harry quando soubesse que ele passara a noite com a assassina de Sirius?

Ele arredou a poltrona alguns metros da cama. Seus olhos recaíram sobre o brasão de cobra sobre a lareira, só então percebeu que aquele era o brasão da Família Black. Belatriz Lestrange sorria divertida com a cara de susto do garoto. Em seu braço a Marca Negra era vista muito nitidamente.

Rony olhou da varinha da mulher ao lado da cama até o rosto da própria. Em seguida ele sacou sua própria varinha e se levantou.

- Vou-me embora e você nada fará para impedir!- disse ele.

- E do que vai lhe adiantar ir embora?- perguntou Belatriz.- Você a esse momento já está sendo caçado pelo ministério. Primeiramente por ter realizado magia fora da escola e segundo por essa magia ter sido uma Maldição Imperdoável.

E ela tinha razão. Rony começou a tremer.

- Vou procurar meu irmão.- disse ele.- Carlinhos Weasley. Ele está aqui em Hogsmead e provavelmente saberá como me ajudar.

- Aquele Weasley que tem trabalhado junto com os Aurores?- perguntou Belatriz gargalhando.- Você é tão tolinho, Rony. Vai ir direto para o covil dos Aurores?

Mais uma vez ela tinha razão.

- O que eu faço então?- perguntou ele aflito.

- Por Meu Lord!- sibilou Belatriz revirando os olhos.- Será que a minha companhia é tão ruim assim?

Rony voltou até a poltrona e se assentou ali.

- Por que não me mata de uma vez?- perguntou ele.- Você não me seduziu até aqui para me deixar vivo.

- Você me é mais útil vivo do que morto.- disse Belatriz calmamente enquanto se levantava e começava a se vestir.


****


Hermione, assentada em sua mesa de estudos, observava o fogo verde em sua esfera. Devia ser mais de dez da manhã. Luna, Draco e Harry deviam ainda estar dormindo. Ela não dormira muito àquela noite. Seu coração estava pequeno como que querendo dizer-lhe que algo ruim estava acontecendo. Por um momento ela pensara em deixar seu corpo e ir investigar. Mas Tonks a advertira que fazer aquilo, ali, era demasiado insensato.

Até agora tudo correra bem. Hermione sentira muito medo de que Draco viesse a causar problemas, mas a Sra. Granger ficara encantada com a educação do rapaz. E até Harry vinha se comportando bem perante o outro.

De repente ouviu-se passos no corredor. Hermione fitou a porta e se concentrou. Harry estava do outro lado. Ele fez que ia bater, mas desistiu. Andou de um lado para o outro. Novamente ensaiou bater na porta. Deu as costas e se distanciou. Hermione deu um tímido sorriso enquanto guardava a esfera com o fogo em uma gaveta.

Novamente os passos ecoaram pelo chão. A presença de Harry do outro lado da parede e a ansiedade que o garoto sentia eram nitidamente percebidas, agora, por Hermione. Ela girou na cadeira e esperou.

Harry mais uma vez se aproximou da porta e ensaiou bater na mesma. Em seguida, porém, ele abriu-a e entrou. Hermione o fitava.

- Desculpe, eu não sabia que você já estava de pé.- disse ele meio sem jeito.

Silêncio. Hermione o encarava sem nada dizer. Harry viu um ponto escuro no horizonte se transformar em uma coruja que vinha trazer o Profeta Diário.

Hermione se levantou, pagou um nuque e deixou o Profeta Diário sobre a mesa. Em seguida ela, finalmente, se virou para Harry.

- Deseja alguma coisa?- perguntou ela.

- Não.- disse ele.- Na verdade sim.- completou enquanto virava para trás e fechava a porta.

Harry ajeitou os óculos e se virou novamente para Hermione. Ela havia se levantado da cadeira. Ele imediatamente caminhou até ela. A garota tinha algumas olheiras sob os olhos.

- Você não dormiu?- perguntou ele enxergando em seguida o mapa de Draco aberto sobre a mesa.

- Não.- disse ela sem se mexer.- O que você queria mesmo?

- É que...- começou ele.- Essa coisa de Guerra nos ocupa tanto. Eu sei que nós ainda nem entramos nela direito, mas só o fato de não estarmos mais com Dumbledore enche demais a minha cabeça e... Eu tenho tido que praticar oclumência, tenho que elaborar táticas de quadribol e ainda tem todas as coisas relacionadas com os estudos... e tem o Malfoy. Eu não consigo parar de desconfiar dele e...

- Estamos de férias.- disse Hermione.

- Estamos sim, mas faz uns dois dias e eu tenho sentido algo estranho dentro de mim.- disse ele.- Um aperto, como se algo de ruim estivesse acontecendo com alguém de quem eu gosto.

- Eu tenho sentido a mesma coisa.- disse Hermione francamente.

- Só que isso tudo...- continuou Harry.- Todas essas coisas na verdade não são o que mais me afligem no momento. Isso apenas atrapalha. O que eu queria era ter me deitado ontem à noite e só conseguido pensar em você! Não que eu não tenha feito isso, mas é que as outras coisas estão aí...e só fazem nos atrapalhar.

Hermione fitava Harry como uma criança que olha para o brinquedo que há muito sonhou ganhar. Ele falava em seu jeito confuso, mas dentro dela tudo soava claramente.

- Eu queria ter algo bom pelo quê me lembrar.- prosseguiu Harry.- Como um beijo, mas todos os que houveram entre a gente não foram beijos para se lembrar.

Era uma coisa que vinha subindo. Que a fazia sentir frio no estômago e que subia até a sua garganta causando-lhe um nó que vinha seguido de uma estranha sensação de felicidade.

- Todas as vezes havia algo mais. Havia desespero. Havia angústia ou qualquer tipo de dor. O que eu queria era apenas poder deitar para dormir depois de um longo dia e ter a certeza de que você é minha, apenas minha. Que você me ama como eu amo você. E você pode até pensar que isso não é amor, que é só mais uma paixãozinha, como foi com o Rony, mas uma coisa que é tão boa e que dói tanto só pode ser amor.

Silêncio. Harry fitou Hermione que permanecia calada. Porque ela não falava algo logo? Às vezes ele desejava que ela pedisse que ele fosse embora. Assim o machucaria de uma vez só e não a longo prazo como vinha fazendo.

- Harry.- disse ela finalmente.- Me dê um abraço.

Harry soltou um suspiro com certa decepção, caminhou até ela e foi se perder em meio ao emaranhado de cabelos castanhos. O cheiro que emanava da pele de Hermione, misturado ao perfume dos cabelos da garota entravam pelas narinas de Harry e provocavam certa tonteira. Depois de alguns minutos a cabeça do garoto começou a doer um pouco. Mas aquilo não o estava incomodando, pelo contrário.

Os lábios da garota, quase que sem querer, tocaram o pescoço de Harry e ele sentiu um frio bom subir-lhe pela espinha fazendo-lhe arrepiar-se.

Hermione afastou-se um pouco de modo que os rostos dos dois ficaram frente a frente.

- Beije-me, Harry.- sibilou ela.

O garoto prontamente obedeceu. Em dois segundo os dois estavam encostados na mesa de estudos e nem notaram quando Peter Granger entrou no quarto.

- O que significa isso?- perguntou ele. Parecia nervoso.

Hermione e Harry, antes grudados pelos lábios, se soltaram e fitaram-no. Harry sentiu-se ruborizar.

- Desde quando você entra no meu quarto sem bater, Peter?- perguntou Hermione calmamente.

- O que significa isso?- repetiu o rapaz entredentes.

- Resposta errada.- disse Hermione sorrindo.- Creio que você poderia nos dar licença então. Estamos ocupados.

O rapaz encarou Harry longamente e então, sem olhar para Hermione, deixou o quarto batendo a porta ao passar.

- Como ele é chato!- murmurou Hermione enquanto se virava novamente para Harry.

- Às vezes eu acho que você é louca.- disse ele.

- Podemos continuar?


****


Draco, que lia preguiçosamente o Profeta Diário, deitado em sua cama ouviu o primo de Hermione, Peter Granger, entrar no quarto e dar um soco na porta ao passar.

- Aquele Harry Potter!- sibilou ele.

Draco se virou para ele e observou-o demoradamente.

- O que tem o Potter?- perguntou.

- Eu disse a meus tios que aquela história de “melhor amigo” era papo furado.- disse Peter.

- Você viu os dois juntos?- perguntou Draco com certa sensação de derrota dentro do peito.

- Juntos?- perguntou Peter.- Eles estavam quase se engolindo no quarto de Hermione!

- Pensei que você fosse o futuro namorado, noivo e marido dela.- disse Draco maliciosamente.

- Não que eu tenha deixado de ser.- disse Peter sorrindo com talvez mais malícia que Draco.- Vou agora mesmo contar aos meus tios sobre o que vi.- completou enquanto caminhava rumo à porta.

Draco num impulso se levantou e barrou a passagem. Não queria fazer aquilo, mesmo porque atitudes nobres não combinam com Draco Malfoy, mas ele sabia que era preciso. E de uma forma ou de outra ele até ganharia pontos com Hermione por isso.

- Não faça bobagens.- disse ele.- Não conte nada a seus tios.

- O que ele tem que eu não tenho?- perguntou Peter se assentando em sua cama.- Ele é feio, magricela e ainda é um pirralho!

- Primeiro: Ela gosta de caras que inspiram cuidado.- disse Draco com um sorriso divertido nos lábios.- Segundo: Você é um trouxa, logo Harry tem mais chances com ela do que você. Terceiro: Você penteia o seu cabelo de lado, e isso lhe deixa horrendo. Quarto: Você é chato...

- Cale-se!- disse Peter.

- Decidiu o que fazer?- perguntou Draco.

- Sim.- disse Peter se levantando.- Vou mesmo contar aos meus tios sobre o que eu vi.

- Como você é idiota!- disse Draco.- Se contar a eles sobre isso arruinará qualquer chance que você poderia um dia ter!


****


Rony escondeu o rosto nas mãos pela milésima vez enquanto tentava se acalmar.

- Como você consegue andar por Hogsmead sem ser reconhecida?- perguntou.

- A noite é minha cúmplice.- disse Belatriz.- E eu não fico sempre aqui. Só quando... Quando tenho algo a fazer por essas bandas.

- Como o que?- perguntou Rony.

- Como cuidar de você.- disse Belatriz.- Quando fugi de Azkaban eu me encontrava em ruínas. Creio que as pessoas chegaram a esquecer o meu velho e belo rosto. E tenho tomado o cuidado de não lançar muitos feitiços por aqui.

Rony deu ombros.

- Você sabe a que tipo de feitiços eu estou me referindo.- completou ela.

- Eu preciso fazer alguma coisa.- murmurou Rony.

- Tem certeza de que não quer comer nada?- perguntou a mulher que estava encostada ao lado da lareira.- Eu almocei sozinha e você sequer beliscou algo.

- O que você pretende?- perguntou Rony.- Vai me levar à Você- Sabe- Quem? É isso?

- Ele não sabe que você está comigo.- disse Belatriz.- E se soubesse, eu já tenho todas as informações que ele poderia extrair de você.

- Como assim?

- Modéstia parte eu sou uma excelente Legilimente, Rony Weasley.- sibilou ela.- Foi por isso que você não conseguiu me reconhecer. Foi por isso que você não conseguiu ficar sem este anel.

- O anel.- sibilou Rony.- Como você sabe dele?

- Foi um presente meu pra você.- disse Belatriz calmamente.

- Mas Lilá...

- Não sei como meu sobrinho fez para que ele chegasse até você.- disse Belatriz.- Mas foi um excelente trabalho!

- Draco Malfoy!- disse Rony.- Foi por isso que ele arrumou toda aquela confusão no dia do baile...

”Tenho que encontrar Harry ou Hermione. Tenho que avisá-los que Draco Malfoy não é confiável.” Dizia Rony mentalmente.

- Você acha que eles o ouvirão?- perguntou Belatriz fitando-o com crueldade enquanto apanhava o Profeta Diário do dia sobre uma poltrona.- “Rony Weasley foge depois de lançar maldição imperdoável no irmão.”- leu ela antes de virar o exemplar para Rony. O garoto pôde deslumbrar a própria fotografia na primeira página do jornal.


****


Hermione esbarrou no jornal ao apoiar-se com uma das mãos na mesa. Harry beijava seu pescoço enquanto ela tentava de alguma forma manter uma respiração regular.

Durante um mágico período ela esquecera do aperto no peito. Durante o mesmo ela esquecera de seu plano e pela primeira vez conseguira pensar só nela... e em Harry.

Mas de repente Harry parou e levou a mão à testa.

- O que foi?- perguntou Hermione sem se mover.

- A cicatriz!- disse Harry que agora estava quase cego pela dor.

Hermione imediatamente puxou uma cadeira e fez Harry se assentar. Em seguida virou-se novamente para a mesa de estudos afim de apanhar um copo d´água, ela chegou a servi-lo quando algo ali lhe chamou a atenção.

Um pouco amassado, o Profeta Diário permanecia ali. E tudo estaria bem se não fosse o título da matéria principal. Ouviu-se o som do copo se espatifando no chão e seguiram-se passos rápidos até o quarto.

Quando a porta se abriu dando passagem à Luna e Draco, Hermione tinha o jornal bem preso entre as mãos trêmulas.

RONY WEASLEY FOGE DEPOIS DE LANÇAR MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL NO IRMÃO.


***continua***


Nota da autora: Alguns dos últimos capítulos têm sido melosos, eu sei. Mas por favor, se não gosta de Romancesinhos tenham paciência. E se gosta, aproveite. Porque essa fic é composta de duas partes (como os que a acompanham pelo HPBR provavelmente já perceberam.) a primeira é essa coisa melosa, Harry e Hermione e etc. Já a segunda é bem, digamos, cruel. Espero que estejam gostando da fic e mais uma vez desculpem pelos meses sem postar, estive sem computador, e continuo sem internet e isso dificulta muito o trabalho. Pra compensar o período ausente tou postando logo até o capítulo 23. Ah! E obrigado a todos que têm comentado.

Julia Roquette

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