A Confissão de Minerva



Capítulo 36
A CONFISSÃO DE MINERVA


O professor Flitwick insistia em que todos os alunos aprendessem os tais “feitiços de ilusão viva”, mas as muitas lições de casa, trabalho e tarefas estavam deixando a todos, um tanto quanto atordoados. Enquanto muitos pensamentos rondavam a sua cabeça, dentre eles a detenção com Minerva, Harry lia no pesado Manual de Feitiços do Sétimo ano:

Feitiço de Ilusão Viva

Chama-se “ Chrono Vitalicium ” e é capaz de criar uma falsa imagem meramente óptica de que alguma coisa está ali, quando na verdade não está. O Chrono Vitalicium foi usado pela primeira vez...

Nesse momento as palavras no livro se embaralharam. Harry não conseguia mais enxergar nada do que estava lendo e muito menos entendia a real função daquele feitiço.

- Harry, você está bem?

Mas Harry não respondeu à pergunta de Mione. Na verdade, ele nem a tinha ouvido perguntar, sua cabeça estava em outro lugar. A aula chegou ao fim. Uma Mione, preocupada, virou-se para Harry e balançou o menino.

- Deotérios!

Um feixe de luz prateada saiu da varinha de Hermione e atingiu a cabeça de Harry. Todas as imagens embaçadas que ele via ficaram nítidas e quando olhou para o lado viu Mione e Rony encarando-o preocupados.

- Harry, é a primeira vez que tenho que usar o feitiço de desconfusão em você! O que está havendo?

- Não sei. Acho que é fraqueza...

- Vamos para o Grande Salão almoçar. Você precisa comer.

O Grande Salão estava belo com sempre. Os professores tinham-no enfeitado belamente com flores para indicar a chegada definitiva da Primavera e a água da fonte de Dumbledore refletia agora uma luz colorida.
Harry sentou-se a mesa e depois de comer um pouco percebeu que já estava bem melhor. O almoço e o feitiço de Mione eram tudo o que ele estava precisando naquele momento. A revoada de corujas de todas as cores e tamanhos invadiu o salão principal costumeiramente, mas Harry não esperava nada até que as asas de Edwiges cortaram o ar do Grande Salão.
A branca coruja trazia uma pequena carta com uma bela flor desenhada na lateral: um Girassol. Harry abriu a carta e leu:

“Querido Harry,

Tudo bem com você, querido? Mesmo?
Ontém a noite Minerva me enviou uma carta dizendo que hoje você vai cumprir detenção, mas eu não entendi o que houve, pode me explicar?
Bom, Harry... Minerva também me contou sobre a chave não ser uma horcrux, mas não se preocupe Harry... Você vai encontrar a última.
Quero que saiba que eu não estou medindo esforços para encontrar uma resposta para os tantos enigmas da carta de seu pai. Vamos encontrá-los meu amor, afinal, só falta uma horcrux e já temos muitas pistas sobre ela não é?
Mande-me uma resposta rápida! Estou na casa dos Weasley enquanto não acho um lugar para morarmos, ok?

Grande Beijo da sua madrinha predileta

Girassol

Obs. Caju me deixa gorda, você acredita? Acho que preciso trocar de roupa.”

Harry riu. Girassol era mesmo uma figura e ninguém além dela escreveria uma Obs sobre a cor da roupa que está usando. Mas o que tinha emocionado mais Harry era uma frase pequena no fim da carta: Estou na casa dos Weasley enquanto não acho um lugar para morarmos, ok?
“Morarmos”, emocionou-se Harry. Girassol gostava mesmo de Harry. Ele então viu um bilhete amassado, que reconheceu como sendo de RAB.

“Harry,

Sua atitude foi nobre, assim como a do Weasley, mas vão ter que cumprir detenção. Desculpe querido, mas são as regras da escola. Hoje, ás oito da noite, para os dois. Gina já entendeu.”

Gina já entendeu o que? Perguntou-se Harry, quando a namorada ruiva aproximou-se da mesa da grifinória sentando-se ao lado dele.

- Olá, Harry. Desculpe por ontém...

- Não tudo bem... – Disse ela comprimentando-a com um selinho. – Mas você deveria parar de encher sua cabeça com bobagens! Eu não gosto da Denetra... Nós somos amigos!

- Eu sei, Harry, eu sei... Eu fui uma idiota! – Disse ela culpando-se e abraçando o namorado. – Queria poder cumprir a detenção hoje em seu lugar.

-Não tem problema.

E os dois começaram a se beijar longamente e, quando abriram os olhos, Mione e Ron, Luna e Neville estavam fazendo o mesmo. Harry não pensava mais em detenção, já estava bem. Nesse momento, enquanto terminavam o almoço, Mione leu em voz alta a carta que tinha acabado de receber de Rebecca, sua irmã.

“Mione,

Comigo está tudo ótimo e com você?
As chaves foram mesmo um ótimo palpite. Tentem pensar em algo equivalente. Algo que esteja ligado a outro por um elo mágico, que tenha pertencido a Godric e esteve todo o tempo em Hogwarts. Não pode ser tão difícil! Eu só não me atrevo a ariscar um palpite porque não conheço muito sobre os objetos que existem aí na escola.

Beijos, Rebecca.”

***

As aulas da tarde correram um pouco mais tranquilas. Lupin estava ensinando a todos um feitiço de azaração muito interessante e que fez todos na sala darem muitas risadas.

- O Pekspi é também conhecido como feitiço do tropeço. É uma azaração super simples de ser feita. Geralmente se aprende no primeiro ou segundo ano, mas visto que vocês não tiveram muita sorte com Defesa Contra Artes das Trevas, é explicável o porque ainda não terem aprendido. O Pekspi é interessante porque ele é muito rápido tanto na hora de rogá-lo, quanto em sue efeito. Ao ser rogado contra a perna de alguém, aquela pessoa cai automáticamente no chão como se sua perna tivesse sido segurada ao andar. Feitiços de proteção como o Refleccis ou o Protego geralmente não funcionam contra o Pekspi, porque antes que possam se proteger dele, os defensores já foram derrubados no chão.

O resto da aula seguiu com uma série de gargalhadas. Todos fizeram duplas e um tentava acertar o outro com ou Pekspi ou se defender com o Protego ou Refleccis o que era, de fato, quase impossível.
Harry ficou especialmente hábil no feitiço e conseguia realizá-lo na forma muda o que dava ainda menos tempo e chance para Rony se defender. O amigo saiu da aula com um grande vergão na coxa de tanto que caiu no chão.
Depois dessa aula, veio o tempo de Transformações. A aula teria sido ótima com as tranformações humanas se Minerva não fitasse Harry de minuto em minuto como se avisasse: “Temos um encontro hoje a noite, Potter!”
Nessa aula eles também fizeram duplas e o objetivo era conseguir transformar o adversário em um animal qualquer e depois fazê-lo voltar ao normal. Frustrado com a aula de Defesa Contra Artes das Trevas, Rony foi fazer dupla com Neville para o azar de Harry, que teve que fazer dupla com Mione.

- Humani Animalium! – Gritou a menina brandindo sua varinha na direção de Harry.

Harry sentiu seu corpo ficar mais quente e, num segundo, viu que vários pelos brotavam em sua pele. Mione o tinha transformado num feioso coelho branco com as orelhas e as patas pretas. Harry então olhou com seu olhos de coelho para a rosto risonho de Mione e ouviu a garota gritar mais uma vez.

- Finite Animalia!

O corpo de Harry voltou a aumentar de tamanho e ele sentiu sua roupa voltar para o seu corpo. Mione estava lá a dar gargalhadas ao ver o menino voltando para sua forma natural e perdendo os dentes de coelho.

- Humani Animalium! – Disse Harry apontando a varinha para Mione e mentalizando uma barata bem nojenta.

Felizmente, ou infelizmente, a tranformação de Harry foi falha e Mione só pode sentir duas antenas crescerem em sua cabeça. Depois, Minerva teve que encarregar de tirá-las e Mione ficou um tanto nervosa com Harry por ele ter imaginado-a como uma barata nojenta.

***

Inevitavelmente, a hora da detenção com Minerva chegou, mas Rony estava muito mais nervoso que Harry, afinal a detenção dele era com Godwin e o ruivo tremia só de pensar nas tarefas que o cientista maluco tinha planeajado para ele.

- Bom, boa sorte Ron. – Disse Harry despedindo-se do amigo que ia em direção à masmorra enquanto ele se dirigia a uma sala quase no começo do corredor, no segundo andar.

Harry entrou na sala e viu que Minerva McGonagall estava lá sentada com muitas cartas sobre a sua mesa. Harry já previu o que iria acontecer: ia ter que carimbar cartas durante horas seguidas e, para variar, seu palpite não estava errado.
A professora Minerva já não o fuzilava tanto com os olhos, mas ele passou quase duas horas timbrando muitas carta com os selos de Hogwarts. Segundo a professora, eram cartas para pais desesperados querendo saber de seus filhos e, naqueles tempos, cartas assim eram muito comuns.

- A grande maioria das cartas tem a resposta: “Seu filho está bem, fique tranquilo.” – Afirmou Minerva num tom de zombaria que Harry estranhou.

A professora trajava um costumeiro vestido verde jade escuro e tinha os cabelos presos por um coque. Harry não se lembrou de, alguma vez, que tivesse visto os cabelos da professora soltos.
Já eram dez horas e Harry estava morrendo de sono, mas a professora McGonagall parecia uma máquina de responder cartas. Ela respondia enquanto Harry colocava no envelope e timbrava. O trabalho não pareceu tão insuportável no início, mas depois de duas longas horas, já estava se tornando enfadonho.
Naquele momento, Harry então foi pegar mais uma carta para timbrar, mas percebeu que haviam acabado. Olhou para a professora Minerva que segurava trêmula uma carta em suas mãos. Do rosto da professora, lágrimas de visível tristeza escorriam.

- A senhora está bem, professora? – Perguntou Harry educadamente reparando nas lágrimas que escorriam dos olhos da professora ao ler o pergaminho que estava em suas mãos.

- Essa, sr. Potter... Essa é uma carta de Dumbledore... Para mim.

- O testamento?

- Não. Essa carta veio junto com ele, mas é para mim. Só minha. – Minerva lia a carta, mas Harry percebeu que ela já a devia ter lido umas quinhentas vezes porque ela sabia muito bem o que estava escrito ali.

- Professora você quer um copo de água?
- Não, Potter... Obrigada. – Fez-se uma pequena pausa e a professora começou a ler a carta em voz alta: “Querida Minerva”...

- Professora, você não precisa ler...

- Mas eu quero! – Disse ela elevando a voz. – Eu preciso ler para alguém, sr...

- Me chame de Harry, por favor. É assim que Dumbledore me chamava...

- Tudo bem, Harry... Ouça a carta, por favor.

“Querida Minerva,

Se estiver lendo essa carta é porque eu já não estou no mundo dos vivos. E como não vou prender minha alma a um quadro falante como fez o irritante Dippet, acho que vou ter que escrever algumas coisas a você.
Eu conheço seus sentimentos por mim. Eles são profundos e eu sei disso. Mas creio que você não deve se prender a eles, minha cara. Confesso que por muito tempo nutri equivalentes sentimentos pela sua adorável pessoa, mas certas coisas... acho... simplesmente não podem acontecer.
Eu fiz um juramento, Minerva, você sabe disso. Jurei proteger Harry de todo o mal nem que isso custasse a minha vida porque Thiago fez o mesmo por mim. Se eu já não estou entre os vivos, é porque a guerra me levou com ela...
O Amor é mesmo um sentimento valoroso, cara Minerva, mas não guarde para um velho magro e caduco com eu. Se em vida eu não tive chance ou coragem para te dizer isso, através dessa carta eu gostaria de dizer: eu amo você.

Um grande abraço,
Alvo Dumbledore”

- Professora, eu não sabia...

- É, sr... Harry... Algumas coisas tem que ficar guardadas... Algumas coisas simplesmente não podem acontecer.

- Eu lamento, professora. E me sinto culpado por isso...

- Não se sinta, Harry. Dumbledore fez um voto perpétuo, jurando que daria a vida dele pela sua, exatamente como fez no ano passado escondendo-o sob a capa de invisibilidade e deixando-o petrificado.

- Mas porque ele fez esse voto... Quer dizer... Eu sei de toda a minha história, mas... Professora Minerva eu nunca entendi porque o professor Dumbledore sempre...

- Deu uma atenção especial a você?

- Acho que pode ser colocado assim... – Disse Harry suspirando.

- Um dos motivos – Foi contando Minerva conforme limpava as lágrimas de seu rosto. – de RAB ter deixado você em detenção comigo, Harry, é porque ela queria que eu contasse isso a você. Seu pai salvou a vida de Dumbledore, Harry. Bem no início da Guerra, quando Thiago entrou para a Ordem da Fênix, Você-Sabe-Quem desarmou Alvo e tentou atingi-lo com a Maldição Suprema.

- Exatamente como o covarde do Snape fez no ano passado! Deixou-o dearamado!

- Só que antes que Voldemort terminasse de conjurar o feitiço, Thiago pulou e o agarrou tirando sua varinha de sua mão. Enquanto Thiago lutava com Ele, Dumbledore teve tempo de fugir e recuperar sua varinha.

- Então meu pai salvou Dumbledore da morte.
- E por isso, Harry – Disse Minerva ainda chorando muito. – Dumbledore jurou proteger Thiago e toda sua família. Nessa época você nem existia. Seu pai tinha acabado de se casar com sua mãe. Infelizmente Dumbledore não pôde proteger seus pais, Harry... Mas protegeu o resto da família.

- Resto da família? Quem mais?

- Digo... Você Harry. Você foi tudo o que sobrou dos Potter. – Minerva tremia muito, mas já não chorava mais. Harry a encarava desconfiado... “Resto da família”. – Mas agora, Harry... Quero que saiba que eu estou a sua disposição para protegê-lo, Harry. Eu foi continuar a cumprir a promessa de Dumbledore! Dê-me o último anel, Harry!

Harry não sabia o que fazer nem dizer. É claro que não tinha problema algum em dar o último anel da Rosa Branca a Minerva, mas ele nunca tinha pensado nisso. Porém, Harry achou nobres as intenções de Minerva e decidiu que toda a ajuda era válida.
O último anel, Harry sempre carregava em seu bolso. Levou a mão até ele e tirou de dentro o objeto de ouro branco com a marca da rosa branca da lateral. Entregou-o a Minerva.

- Obrigada, Harry! – Disse ela abraçando a garoto. – Obrigada por me deixar ajudá-lo. Obrigada!

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