A Rosa Branca



Capítulo 8
A ROSA BRANCA


Tinha consigo sua varinha, a Capa da Invisibilidade e a ansiedade: Harry já estava pronto para sair e só estava esperando Lupin descer. O professor tinha dito que, naquela noite, eles voltariam à casa dos Black – que agora era de Harry – para investigar sobre R.A.B. que Lupin parecia saber quem era. Mione, Rony e Gina tinham pedido para ir com Harry, mas ele se desculpou e disse que queria fazer aquilo sozinho.

Um pouco desapontados por não poderem acompanhar Harry, seus amigos Rony, Gina e Mione já tinham ido dormir com todos os outros. Lupin então desceu as escadas e disse um apressado “vamos Harry” ao que o garoto levantou-se e seguiu o professor;

- Como nós vamos, professor? – a pele de Lupin enrubesceu. Ele adorava ser chamado de “professor”.

- De tapete!

Tapete voador. Em algum momento Harry já tinha ouvido falar deles, mas só tinha visto um no dia anterior, no casamento de Fleur.

- Eu nunca viajei com eles – Disse agora que sua ansiedade tinha aumentado.

- Os tapetes saíram de moda antes mesmo de eu nascer e, além disso, são extremamente caros – Explicou Lupin ao que Harry surpreendeu-se: nunca tinha visto nada mais caro que uma vassoura, apesar de nunca ter comprado uma. - Eu viajei muito pouco com eles.


- Então por que não vamos de vassoura?

- Os tapetes são mais seguros, Harry. São feitos de um material mágico de forma que não são atingidos por nenhum feitiço, o que significa que, se algum Comensal tentar nos atingir do chão certamente não vai conseguir...

Harry e Lupin se dirigiram para o quintal da Toca. Já era noite e fazia muito frio. A lua Cheia brilhava como na noite do Chrono Equalium, lembrou Harry angustiado. Lupin então suspirou “Já faz um mês, Harry... Um mês que Dumbledore se foi.” Então Harry observou a Lua e olhou para Lupin lembrando-se que o professor era lobisomem. Mas como se lesse os pensamentos de Harry, Lupin adiantou-se:

- Não se preocupe, Harry. Tenho tomado todos os dias a poção que a Sra. Weasley tem feito pra mim. Hoje, como sabia que ia sair com você, tomei dose dupla. Não corro risco de me transformar...

Harry aliviou-se. Mesmo que estivesse mais apto a enfrentar um lobisomem em comparação ao terceiro ano, Harry não ia querer enfrentar Lupin. E então chegaram ao armário de vassouras do lado de fora da Toca. Lupin tirou algumas vassouras da frente e então pegou o pesado tapete persa vermelho. Não é tão bonito quanto o de Fleur, pensou Harry, mas é maior.

Lupin estendeu o tapete no chão e percebeu que o objeto parecia bem normal aos olhos de um trouxa. Então, Lupin fez um estranho movimento com a varinha e disse “Stramoondo!” ao que o tapete começou a flutuar a uns cinqüenta centímetros do chão. Lupin então subiu em cima do tapete e, em seguida, ajudou Harry a subir.

O tapete parecia tão sólido quanto o chão, embora tivesse uma textura bem mais macia. Quando Harry agachou-se nele, percebeu que o tapete não tinha sucumbido nem um centímetro mesmo com toda aquele peso em cima dele. Porém o objeto ainda estava parado:

- Antes de irmos... – Lupin hesitou. – Se acontecer alguma coisa... Digo... Comigo... Pense em mim na minha forma humana e diga “Finite Metamophosis!”, tudo bem? – Harry fez que sim com a cabeça – Pouquíssimas pessoas conhecem esse feitiço...

- Mas funciona para Animagos também?

- Não. Só para metamorfoses involuntárias, como é o meu caso – Lupin deu um longo suspiro. – Agora vamos. Casa dos Granger!

O tapete tremeu e Harry e Lupin se seguraram em uma das bordas. Eles tinham que ficar sentados porque o objeto tremia muito, principalmente quando se aproximava da camada de nuvens. “Casa dos Granger?”, pensou Harry em dúvida. Mas logo Lupin explicou que precisavam buscar algumas roupas dos Granger e uma coisa importantíssima que tinham esquecido na euforia da batalha. É só um favor, disse Lupin, prometo que não vamos nos demorar.

E então Harry e Lupin partiram a toda velocidade. É claro que um tapete não era tão rápido quanto uma vassoura, pensou Harry, mas com certeza era mais confortável e seguro. De carro, tinha demorado quase uma hora e meia no trajeto até a toca, mas de tapete chegaram em pouco mais de meia hora. Finalmente Harry e Lupin avistaram do alto a casa dos Granger, cujo telhado estava destruído:

- Vamos pousar no meio da rua?

- Não... Vamos entrar pelo telhado. Já é tarde, não deve ter ninguém olhando... Mas cubra-nos com sua capa.

Harry obedeceu. A capa não parecia mais tão grande quanto fora e não cobria Lupin e Harry por completo. Quando o tapete parou sobre o telhado destruído, Lupin e Harry pularam no sótão. Lupin apontou a varinha para o tapete e disse “Finite Incantatem” ao que o grande tapete caiu no telhado como se tivesse sido abandonado daquela altura. Deixe-o aí, disse Lupin apressadamente.

- Enquanto eu faço uma mala com os pertences dos Granger quero que faça um favor, Harry... Desça até os fundos da casa e entre numa edícula pequena que tem no quintal. Lá é onde fica o gato laranja da Hermione. A essa altura ele deve estar dormindo em sua caixa... Pode fazer isso?

- Harry assentiu. Desceram então pela passagem do banheiro que tinha ficado muito maior com os feitiços de destruição de Greyback e Belatriz. Algumas luzes da casa ainda estavam acesas e se pode ver marcas de feitiços de destruição por todas as paredes.

Enquanto Lupin entrou em um dos quartos, Harry desceu as escadas e foi até o quintal. Estava ainda mais frio e Harry encontrou Bichento caído no meio do quintal. “Morto!”, pensou Harry. Quando tocou no gato, não sentiu movimento nenhum... Ele estava frio e paralizado... Harry então pensou que Belatriz ou Greyback o pudessem ter petrificado.

- Finite Incatatem – Disse Harry. Um raio de luz emanou de sua varinha e atingiu o gato... Mas nada aconteceu.

“Mione vai ficar muito triste”, pensou Harry. Então pegou Bichento em seus braços e viu que não podia estar mesmo petrificado: seu corpo estava mole. Rapidamente, Harry chamou Lupin. Depois de um ou dois minutos, o professor desceu.

- Pronto, Harry. As malas já estão no sótão.

Então Lupin deparou-se com o gato mole nos braços de Harry. O menino fez uma cara triste, mas Lupin encarou o gato de outra forma. Lupin então abriu as pálpebras de Bichento e fez uma cara de desaprovação. Pegou o gato em seus braços e tacou o no chão de qualquer jeito:

- Está morto, mas quero levá-lo, professor... Mione gostaria de...

- Bichento não está morto, Harry! Isso é um Chrono Equalium... Belatriz ou Greyback devem ter feito para assustar Mione... Brincadeirinha de mau gosto... Mas eles não devem tê-lo levado... Vamos procurar o gato.

Harry então procurou o gato na pequena edícula, mas não o encontrou. Lupin então chamou Harry na cozinha. Ele foi rapidamente e Lupin mostrou dentro de um pequeno armário o gato triste e miando. Só que o som do miado não saía.

- Silenciaram o gato... – Disse Lupin apontando para o animal que desceu do armário pulando no chão, - Finito! – e o gato então voltou a miar.

- Mas por que fazer isso com o gato? - Perguntou Harry

A morte não é o pior dos destinos Harry... Além de fazerem uma cópia do gato para fazer Mione sofrer, Belatriz e Greyback prenderam o verdadeiro nesse armário da cozinha para que morre-se de fome... É muita maldade...

“É muita maldade mesmo”, pensou Harry enquanto o gato corria para seu pote de ração comendo desesperadamente. Pegaram Bichento e colocaram dentro de sua caixa de viagens. Depois que as duas malas dos Granger e a caixa de Bichento estava sobre o tapete, Harry e Lupin embarcaram.

O caminho até a Ordem foi bem mais lento porque não podiam voar muito rápido, já que as malas e a caixa de Bichento não estavam bem presas ao tapete. Quando chegaram finalmente ao Largo Gimmauld, o tapete pousou numa travessa. Lupin pegou a capa de Harry e a jogou em cima das malas e do gato, silenciando-o novamente.

Harry ficou com pena de Bichento que ficaria enclausurado novamente sem poder miar, então prometeu que sua visita à Ordem seria rápida. Ele e Lupin entraram na rua e foram até a divisa das casas onze e treze onde ficava escondida a Ordem.

Instantaneamente, uma porta mágica materializou-se entre os números onze e treze.

Os degraus de pedra da entrada da Ordem ainda estavam bem gastos e a tinta preta da porta continuava desbotada e arranhada. Harry girou a horrível maçaneta em forma de serpente e enfim pode entrar. O cheiro de mofo tinha ficado ainda pior no hall escuro e o lugar nunca estivera tão empoeirado com agora.

Tudo parecia exatamente como Harry deixara há quase dois anos, exceto pelo fato de que estava ainda mais suja e parecia menor e mais escura do que antes;

- Não quero me demorar – Disse Harry pensando que alguém poderia descobrir Bichento a qualquer momento.

Lupin, então, virou-se para Harry encarando-o serenamente:

- Está certo Harry, vamos lá... Tecnicamente você não precisaria ter vindo até aqui... Mas existe uma outra coisa que quero que você veja... – Lupin foi até uma mesa e mostrou uma pequena caixa.

A caixa era de papel e não era muito maior que uma de sapatos. Era, porém, mais cúbica e parecia muito bem fechada por uma fita branca de cetim. Harry aproximou-se dela e viu algo escrito em preto na tampa da caixa:
“Pertence a Rosa Branca”.

Harry então fez uma cara de dúvida para Lupin como se perguntasse: “Mas quem é Rosa Branca” e então Lupin engoliu e depois de um longo suspiro, disse:

- Sua Mãe, Harry...

- Mãe de Harry Potter? Mas como poderia? Harry nunca tinha visto nada que pertencesse a sua mãe realmente... E agora estava diante de uma caixa que dizia “Rosa Branca”...

- Era o apelido de sua mãe na época do colégio... Ninguém abriu. Provavelmente só ela sabia o que havia dentro dessa caixa.

- Mas e meu pai...?

- Seu pai odiava esse apelido dela. Então, quando se casou... Ela o abandonou completamente. Seu pai me disse que ela guardou seus pertences de colégio numa caixa em que ele não se atrevia a mexer. Eu e Tonks achamos a caixa dentro do armário de Sirius... Afinal, foi ele quem me pediu para guardar os principais pertences de seus pais, poucos instantes antes de ser levado para Azkaban – Harry estava paralizado tentando remoer as informações – Eu não quis tirar a caixa da Ordem, Harry... Porque talvez você nem queira abri-la e mostrá-la a ninguém... Ela pode conter coisas que você não vai querer mostrar a ninguém... Coisas que, depois do que eu vou te contar... Talvez nem você queira ver...

- O quê, professor Lupin? O que você tem que me contar que me impeça de ver o que há dentro dessa caixa? – Harry estava extremamente curioso. Pudera tocar pela primeira vez num pertence íntimo de sua mãe.

- Serena Evans, mãe de Lilian deu esse apelido a ela quando ela era pequena. Desde o primeiro ano, todos na escola a chamavam de Rosa Branca e, inclusive, os namorados dela... – Harry engoliu em seco. Ele esquecera-se do fato de que Lilian tivera outros namorados antes de seu pai e isso lhe era um pouco incômodo – Mas Tiago odiava esse nome porque era o nome que o último namorado dela usava... E antes de Tiago, o único namorado dela era... o Snape.

Harry congelou. Snape chamava sua mãe de Rosa Branca e por isso Tiago odiava esse nome! Mas então, por que Lilian guardava com tanto carinho uma caixa com esse nome? Harry estava muito perturbado.

- Veja bem, Harry. Seu pai odiava Snape e, como você deve saber, Tiago era muito ciumento... Mas Lilian adorava esse nome porque era como sua mãe a chamava. Eu me lembro que Lilian e suas amigas tinham todos apelidos de flor, e ela era a Rosa Branca – Depois de um longo suspiro, Lupin continuou - Dentro dessa caixa eu imagino que você vá encontrar coisas da época de colégio de Lilian... Da época em que ela ainda usava esse nome... E parte das coisas... Da época do namoro com Snape...

Harry enfim entendera o motivo que levara Lupin a não levar a caixa de sua mãe até A Toca: ele podia querer que ninguém soubesse da Rosa Branca, pois, de alguma forma, isso o fazia lembrar de Snape, o que era bem incômodo.

- No entanto – Continuou Lupin retomando – Sua mãe te amava, Harry e essa caixa pode ser o único meio de fazê-lo chegar mais perto dela. O único meio de conhecê-la melhor. Nós odiamos Snape e você mais ainda... Eu entendo. Mas eu peço pra que você não despreze totalmente essa caixa. Lilian gostava do nome e não ia querer que você fizesse isso.

- Lágrimas escorreram do rosto de Harry. Era difícil para ele simplesmente “engolir o orgulho”. Mas ele então pegou a caixa e abriu um sorriso de conformação.

- Não! Minha mãe gostava desse nome e pra mim é o que importa. Vamos embora, logo... Eu quero abrir a caixa!

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