XADREZ DO AMOR



Capítulo XV


 


XADREZ DO AMOR


 


      Ronald ajeitou a sacola que carregava, alisou os cabelos e pensou mais uma vez em como arranjara coragem para um destemperamento desses. É bem verdade que os Weasley são desprovidos de regras de etiqueta e elegância, mas também não poderiam ser considerados pessoas inoportunas ou mal-educadas. Normalmente, ele não costumava ir a locais para os quais não fora convidado, por isso não sabia o que estava fazendo na porta de Hermione Granger, tocando a campainha com um buquê de flores na mão, uma sacola de pães frescos na outra e uma vassoura comum que deixara apoiada na parede.


 


      Tinha várias boas desculpas para quando ela começasse a fazer perguntas, mas explicar a decisão a si mesmo era completamente diferente. Aliás, ele sabia bem porque estava ali e não era apenas pela cortesia de um bom vizinho ou por amizade. Queria vê-la de novo, estar perto dela e a oportunidade aparecera.


 


      Tocou a campainha e esperou. Do outro lado da porta tudo era silêncio. Talvez houvesse saído para jantar. As carroças de mudança com os quatro operários haviam partido no final da tarde e era pouco provável que Hermione tivesse forças para cozinhar, mesmo usando feitiços. Ela devia estar saturada de magia por hoje.


 


      Ronald já se preparava para partir quando alguém abriu a porta. Uma mulher. Uma versão envelhecida de Hermione. No lugar da bermuda ela usava um vestido longo de tecido fresco e os cabelos cor de mel e curtos possuíam uma mecha grisalha que os dividia ao meio. Os olhos castanhos eram idênticos ao de Hermione.


 


      _ Ronald Weasley! Que surpresa! – A Sra. Granger cumprimentou enquanto examinava o rapaz atraente do outro lado da porta. Gostava da boca. As linhas em torno dela indicavam que ele sorria muito, o que era um bom sinal. E os olhos sugeriam bondade. Era possível saber muitas coisas através dos olhos de um homem. Os de seu marido eram bondosos. Ainda não compreendera porque sua filha não deixava o rapaz se explicar e o perdoava. Tinha certeza que ele merecia uma chance.


 


      _ Boa noite, Sra. Granger! Como vai? – disse Rony cumprimentado-a com um abraço carinhoso, extremamente feliz por ser bem recebido.


 


      _ Estou bem, meu filho. Só não o perdôo porque nunca mais apareceu lá em casa para me visitar. Vamos entre! – respondeu ela sorrindo. Só então viu a vassoura encostada na parede. Ele portava uma seleção estranha de objetos. Flores, uma sacola cujo conteúdo não conseguira identificar e uma vassoura... “Devia ser coisa de bruxo.” – pensou, mas resolveu perguntar – Está vendendo vassouras, Ronald?


 


      _ Oh, não. Eu...


 


      Curiosa, Hermione aproximou-se da porta para ver com quem a mãe conversava.


 


      _ Quem é, mamãe? – E parou espantada ao vê-lo. – Oh, céus! É você... Não esperava que ele aparecesse. Sabia que a vira entrar em casa, mas não contara com uma atitude tão ousada.


 


      Intrigada, a Sra. Granger encarou a filha. Então, ignorou o fato e sorriu. Segurando o braço de Rony, levou-o para dentro da casa - Por favor, entre Ronald!


 


      Hermione tentou pensar em uma forma de escapar, mas era tarde demais. Sua mãe já havia fechado a porta e atravessava a sala em companhia do charmoso ruivo, agora guarda-bruxos.


 


      _ Sim, senhora – disse ele obediente tentando não rir. Era evidente que a mãe de Hermione era mais espirituosa que a filha. Rony só teve tempo de agarrar a vassoura antes de ser puxado para dentro da casa pela mãe de Hermione. Ela era muito forte para alguém de seu tamanho.


 


      Sentaram-se na sala principal e logo ele e sua mãe estavam conversando. Hermione olhava a cena, a raiva brilhando em seus olhos. “Quem dera autorização para que ele viesse em sua casa? Ele agia como se quisesse estabelecer um relacionamento íntimo com sua família e, isso era algo que não aconteceria. Assim que conseguisse tirá-lo dali não esperava ver Ronald Weasley novamente, a menos que houvesse um incêndio na vizinhança.”


 


      Olhando mais atenciosamente, Hermione não acreditou no que viu: Bichento estava cumprimentando Rony. E Rony acariciou o gato. “Gato traidor” – Hermione pensava – “Merlin, isso não pode estar acontecendo. Era demais para ela. Sua mãe e seu gato. Todos contra ela. O que mais falta acontecer? Preciso agir e rápido.” Mas antes que pudesse dizer alguma coisa, sua mãe já estava assumindo o controle da situação.


 


      _ Muito bem, Ronald – A Sra. Granger falava sorrindo – estávamos nos preparando para o jantar. Não quer ficar e comer conosco?


 


      Por um segundo, Hermione sentiu-se sem ar. “O que faria?” Sabia que lançar um olhar de reprovação seria inútil. Sua mãe fingiria não notá-lo. Por isso nem perdeu tempo... Por mais que quisesse fulminá-la com os olhos. Em vez disso, ergueu os ombros e dedicou esse olhar ao visitante. A última coisa de que precisava para completar o dia exaustivo era a invasão de um convidado indesejado, por mais atraente que fosse.


 


      _ Tenho certeza de que o Ronald já tem outro compromisso, mãe.


 


      Ele retribuiu sua frieza com um olhar demorado que começou no alto de sua cabeça e estendeu-se até seus pés descalços. Isso a perturbava terrivelmente. Parecia que estava nua.


 


      _ Não – disse Rony em tom seguro – Para ser franco, não tenho outro compromisso. Será um prazer jantar com vocês.


 


      Triunfante, a mãe de Hermione sorriu para a filha. Hermione revirou os olhos.


 


      _ Viu? – Havia certa satisfação por trás da palavra, uma alegria que ela nem tentava disfarçar. Na opinião da Sra. Granger, Hermione estava se escondendo atrás do trabalho e da família para fugir do resto do mundo e negar o conhecimento de que ainda possuía um coração que podia ser ferido. Mas quem não corre riscos, não tem chances de ser feliz. Ela tinha que aprender cedo ou tarde que o mundo não é perfeito, que as pessoas são diferentes e que podem errar. Não se pode acertar sempre. E sua filha era exageradamente ligada em não cometer erros. A Srta. Perfeição.


 


      A Sra. Granger olhou para a vassoura comum não mão de Ronald e perguntou curiosa, apontando o objeto:


 


      _ A propósito, essa vassoura aí? É mágica?


 


      _ Isso mesmo – Hermione adiantou-se, notando a sacola em sua outra mão. _ Por que está carregando uma vassoura comum? O salário de guarda-bruxos não é suficiente e você complementa sua renda vendendo produtos de limpeza? – “Se o insultasse, talvez ele fosse embora.”


 


      Em vez de se mostrar ofendido, Rony sorriu. Agora é que ele ia ficar. Estava gostando da provocação. Parecia um jogo de xadrez. E ele adorava xadrez.


 


      _ Você e sua mãe têm idéias bem parecidas – respondeu mergulhando naqueles olhos castanhos.


 


      “Nem sonhando. Não mesmo” – Hermione pensou aborrecida. Surpresa, viu que ele estendia a vassoura em sua direção.


 


      _ É para você. Um presente para a casa nova – explicou ele notando a surpresa em seu rosto.


 


      _ Já tenho uma vassoura – ela respondeu emburrada, os braços cruzados.


 


      _ Hermione, se o rapaz quer lhe dar uma vassoura, deve ser educada e aceitar o presente. A Sra. Granger indicou em tom firme, tomando a vassoura da mão de Rony como se recebesse a coroa da Inglaterra.


 


      Ronald não conseguia interpretar a expressão de Hermione, mas tinha um palpite sobre seus pensamentos. Afinal, a conhecia bem e a profissão de guarda-bruxos o preparara para enfrentar situações complexas e de elevado potencial explosivo. Era hora de aliviar a tensão.


 


      _ Na verdade, trata-se de uma tradição bruxa – ele começou a explicar – A vassoura é só um símbolo. O costume de oferecê-la a alguém que acaba de se mudar para uma casa serve para indicar que é possível “varrer” os maus espíritos deixados pelos antigos moradores ou não permitir que esses espíritos entrem na nova casa. E os pães são para que nunca enfrente necessidades de ordem material. Trazem prosperidade – E mostrou a sacola.


 


      Hermione lembrava-se de ter lido alguma coisa sobre a tradição. Mas Ronald só sabia disso porque era um rapaz que vinha de uma família ligada a antigos costumes bruxos. Depois olhou para as flores na mão dele.


 


      _ E o buquê? Para que serve? – Hermione perguntou.


 


      Essa parte havia sido uma inspiração de última hora. Observado pelos olhos atentos e aprovadores da Sra. Granger, entregou o ramalhete de flores a Hermione.


 


      _ Para você. Para fazê-la sorrir – disse ele, simplesmente.


 


      _ Oh... – Era apenas um buquê de margaridas, mas que a deixou emocionada e sem fala. Estava sorrindo quase sem perceber enquanto olhava para as flores que acabara de aceitar. “Margaridas... A flor dos apaixonados... Bem-me-quer, mal-me-quer...” – Hermione entrou num doce devaneio.


 


      _ Funcionou! – A Sra. Granger disse entusiasmada, parecendo uma criança – Agradeça, minha filha.


 


      _ Obrigada – ela disse simplesmente, ainda sem ação.


 


      De repente Ronald se deu conta de que não providenciara um presente para a mãe de Hermione. Para ser franco, nem pensara nela enquanto estivera planejando sua estratégia.


 


      _ Sinto muito, mas não trouxe nada para a senhora – disse ele.


 


      _ Oh, mas você me deu um presente, Ronald – A Sra. Granger respondeu com um sorriso genuíno que ele gostaria de ver nos lábios da filha – Sua companhia. E ainda nem te agradeci pela maravilhosa echarpe que você me deu. Lindo presente! O que pensa sobre ravióli?


 


      Nunca ouvira falar sobre aquela palavra em toda a sua vida. Por isso balançou a cabeça.


 


      _ Receio não ter nenhuma opinião sobre o assunto. Para ser franco, nem sei do que a senhora está falando.


 


      _ Mas vai descobrir em breve. – Ela apontou para a sala de jantar – Hermione, leve nosso convidado para sentar-se. Servirei o jantar – Tomando a sacola de pães da mão da filha, levou-a para a cozinha deixando os dois jovens a sós.


 


      A tensão e o constrangimento foram imediatos. Hermione sabia que seria inútil seguir a mãe porque ela a mandaria de volta. A cena não teria um melhor desenvolvimento se a Sra. Granger houvesse redigido o roteiro e feito as marcações de palco. Respirando fundo disse a si mesma que sobreviveria ao pesadelo.


 


      _ Minha mãe trabalhou em uma embaixada estrangeira quando era jovem, antes de ser dentista, e nunca perdeu o hábito de comandar todas as pessoas que a cercam – disse Hermione tentando justificar o comportamento da mãe e ajeitando as flores em um vaso.


 


      _ Ela é encantadora – Rony elogiou com sinceridade.


 


      _ É o que todos dizem. Só queria explicar que não precisa ficar se não quiser.


 


      _ Essa é a sua maneira gentil de mandar-me embora? – ele retrucou.


 


      Hermione conteve o impulso de oferecer a Rony uma resposta afirmativa. Não precisava de um jovem ruivo bonito plantando idéias na cabeça de sua mãe. Estava cansada de ouvi-la repetindo a mesma ladainha sobre como estava se escondendo da vida e fugindo dos riscos. Para a Sra. Granger, Hermione deveria voltar atrás e perdoar Ronald. E isso era algo que estava fora de cogitação. Tivera o coração partido uma vez e a experiência havia sido o suficiente para ensiná-la a proteger seus sentimentos e emoções. Aprendera que não se deve amar um homem a ponto de pôr em suas mãos toda a confiança, todos os sonhos e esperanças de uma vida. Amara Ronald intensamente, tinham feitos planos juntos e uma vez quase tinham cedido ao desejo de se tornarem um só... E ele deu as costas para tudo isso sem se importar. Aquela lembrança a acompanharia até o último de seus dias. Não correria o risco de sentir aquela dor pela segunda vez. Nunca mais. E agora ele estava ali... O motivo de todo o seu sofrimento, sendo gentil e agradável com ela e com sua mãe. Esperava que o tempo passasse depressa, pois o melhor que tinha a fazer nesse instante era conformar-se.


 


      _ Se quisesse mandá-lo embora da minha casa já o teria feito – disse ela em tom seco.


 


      _ É bom saber disso. – Esperou que ela se dirigisse à sala de jantar para segui-la – Afinal, Hermione, o que é ravi... Rali... Ralivói?


 


      _ Ravióli. É um prato italiano feito de massa de trigo ou batatas recheado com carne bovina. Serve-se acompanhado com molho de tomates e queijo – Hermione não pôde evitar o sorriso. Rony sempre estranhava e confundia os nomes trouxas.


 


      _ Acho que vou gostar – ele falou.


 


      _ Acredito que sim – Hermione não conhecia nada que Ronald tivesse dispensado até então. A não ser ela, lógico. Mas ela não era um jantar...


 


      Já na mesa, antes de se sentar, Ronald aproximou seu rosto do dela.


 


      _ Você tem se sentido bem depois de sábado? – ele podia ver uma veia pulsando no pescoço dela.


 


      “Como poderia estar se sentindo bem com aqueles olhos azuis vibrantes sobre ela?” – pensou afastando-se dele e sentando-se do outro lado da mesa.


 


      _ Hermione? – a voz dele soava longe – Eu perguntei se você tem se sentido bem...


 


      _ Ahn? Sim. Quer dizer... Mais ou menos... Às vezes sinto meu pulso arder e latejar ocasionalmente.


 

      _ Engraçado. Eu também sinto isso. Às vezes dói bastante, outras não sinto nada, como agora.


 


      _ O que aconteceu com as algemas? Você as levou?


 


      _ Não. Elas sumiram.


 


      _ Como assim, sumiram? Para onde? – disse ela incrédula.


 


      _ Eu não sei, Mione. Também não entendo. Simplesmente desapareceram. Evaporaram.


 


      _ Conte-me mais – pediu ela curiosa sem perceber que ele a chamara pelo apelido.


 


      Rony, então, narrou a ela o que acontecera naquela noite quando acordara e percebera que ainda estavam algemados. Falou de sua preocupação, mas que em seguida, ao tentar acordá-la, as algemas brilharam intensamente e desapareceram. Só omitiu o fato de ela ter dito em seu sono que o amava. Isso ele guardaria só para ele. Olhou para Hermione e notou que ela estava melhor assim, descontraída. Comentou.


 


      _ Você precisa relaxar mais, Hermione – ele arrependeu-se logo em seguida por esse comentário infeliz, pois ela voltou a ficar tensa.


 


      _ Não sou tensa, Ronald – “Só quando estou perto de você” – pensou – Sempre fui precavida e muito desconfiada, você sabe.


 


      _ Você não era tanto assim. Desconfia das pessoas em geral, dos homens em particular ou de mim? – ele arriscou perguntar.


 


      _ Não, talvez e sim. - Ela sustentou seu olhar com coragem. O estômago estava contraído, mas Rony não precisava saber disso.


 


      O tão esperado jogo de xadrez da vida de Ronald Weasley estava apenas começando.


 


      _ Por que desconfia de mim?


 


      “Então não era óbvio?” – ela pensou irritada.


 


      _ Por que veio até aqui? – rebateu ela.


 


      _ Pensei em ajudá-la com a mudança, oferecer meus serviços – Rony olhou-a significativamente.


 


      Era difícil ignorar o arrepio provocado pelo olhar penetrante. Era como se os olhos dele a acariciassem, apesar do sorriso descuidado que distendia de seus lábios. Hermione o desconhecia. “Como é que aquele garoto bobo, tímido e estúpido tinha se transformado nesse homem tão sedutor?” – ela estreitou os olhos.


 


      _ Que tipo de serviço? – agora ela se arriscou.


 


      _ Todos que quiser – o peito de Rony urrava de felicidade; ela tinha entrado no jogo dele. Conhecia aquela garota e sabia que ela não era tão fria quanto tentava demonstrar, pelo contrário, seus beijos eram ardentes e intensos. Lembrando disso, criou mais coragem – Sou muito competente com as mãos.


 


      Hermione arregalou os olhos e perdeu a fala. Não podia permitir que ele a afetasse com aquele comportamento atrevido e insinuante. Ela sabia exatamente do que ele estava falando. Tentava pensar em uma resposta à altura.


 


      Do outro lado da mesa, Rony sorria vitorioso. “Derrubei um peão” – pensou satisfeito consigo mesmo – “E ganhei a noite” – notou que as faces dela ficaram bastante ruborizadas e que ela desviou o olhar.


 


      _ Olha o ravióli!


 


      Hermione assustou-se ao ouvir a voz da mãe. Não ouvira os passos dela entrando na sala. Ela carregava o jantar. O ravióli fumegante perfumava a sala através da fumaça desprendida pela manteiga que começava a derreter. Rony levantou-se rápido e foi pegar a travessa das mãos da Sra. Granger para aliviá-la do peso e da possibilidade de vir a queimar-se.


 


      _ Obrigada, querido. Você é muito gentil. Saiba que a comida é trouxa, mas o vinho é bruxo. Vinho dos Elfos que Hermione comprou.


 


      “Querido? Gentil?” – Hermione quase gritou indignada com tanta rasgação de seda. “Desde quando Ronald Weasley era querido e gentil?” Não gostava nada do que via. A mãe sorria como se houvesse ganhado um bilhete de loteria premiado. Ela estava fascinada por Rony. Resignada, esperou convencê-lo a manter-se afastado.


 


      _ Sobre o quê vocês falavam? – perguntou a Sra. Granger.


 


      Rony olhou para Hermione esperando que dissesse alguma coisa, mas ela estava novamente fechada em seu mundo. Então disse:


 


      _ Sobre minhas habilidades manuais.


 


      Hermione voltou a olhar para Rony, incrédula. Ele estava indo longe demais...


 


      _ Habilidades manuais? – perguntou a Sra. Granger interessada.


 


      _ Sim, sei consertar qualquer coisa que esteja quebrada – olhou marotamente para Hermione que quase o derrubou da cadeira com as chispas de ódio que seus olhos lançaram contra ele. Em seguida prosseguiu – Hermione sabe bem do que eu estou falando, Sra. Granger. Ela mesma me ensinou muitas coisas quando ainda estávamos em Hogwarts...


 


      _ Mesmo filha? Nossa, você nunca me contou que o Ronald era bom em consertar coisas.


 


      Hermione inclinou a cabeça e encarou Rony, advertindo-o que parasse. Não sabia por que ele fora tocar a campainha de sua casa. Tinha certeza que não o incentivara de maneira alguma. Agora tinha que procurar urgentemente um feitiço que combatesse a magia e o poder que Ronald exercia sobre sua mãe... E sobre ela. A Sra. Granger a encarava esperando por uma resposta.


 


      _ Sim, mãe. Ele é bom em consertar coisas – mentiu e pensou – “Só não pode consertar o meu coração.” – apontou para a travessa que estava no centro da mesa, convidando-o a se servir – Ficou muito bom em feitiços reparadores depois que cresceu. Eu vou lembrar-me de chamá-lo quando as coisas quebrarem aqui em casa – ironizou.


 


      _ Estou ao seu inteiro dispor. Sempre que me chamar...


 


      _ Não me lembro de ter chamado.


 


      A Sra. Granger serviu a comida em seu prato e percebeu o quanto aquela sala estava carregada de energias positivas e negativas. Energia de amor e de rancor. Apesar de não ser bruxa, ela sentia a tensão que envolvia aqueles dois corações apaixonados. Algo que poderia explodir a qualquer momento.


 


       _ Desculpe minha filha, Ronald. Ela está cansada depois da mudança.


 


      Ronald teve a prudência de conter o sorriso que ameaçava expressar-se em seus lábios. Ela derrubou um de seus peões mais fortes.


 


      _ Posso imaginar – Olhou em volta e notou algumas caixas empilhadas em um canto da sala. Mesmo assim, era possível ver que boa parte dos móveis e objetos haviam sido organizados – Ela fez um bom trabalho – E olhou para Hermione – Quando me mudei para o meu apartamento, levei meses para esvaziar todas as caixas. E não tinha metade do que você tem aqui.


 


      _ Se fosse organizado... – E começou a comer. Adoraria ver a cara da mãe depois desse comentário, mas se a encarasse ela saberia que estavam medindo forças e, então, estaria perdida.


 


      _ Mora perto daqui? – A Sra. Granger perguntou, desviando o rumo da conversa.


 


      _ Sim. A duas quadras daqui. Num prédio residencial bem antigo.


 


      Rony e a Sra. Granger comeram, beberam e conversaram animadamente sobre os mais diversos assuntos dos mundos tão diferentes em que cada um vivia. Hermione permanecera o resto do jantar calada, torcendo para aquele martírio terminasse logo.


 


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