ALGEMADOS



Capítulo VII


 


ALGEMADOS


 


           Ao chegarem a Hogsmeade, Harry, Gina, Rony e Hermione trataram logo de entrar no Café “Madame Puddifoot”, pois ficava mais próximo de onde eles estavam do que o bar “Três Vassouras”. Antes de entrarem, Hermione deu uma olhada ao redor e sentiu-se satisfeita por ter escolhido aquele lugar para morar. Hogsmeade era uma cidade acolhedora e tinha maravilhosos estabelecimentos artísticos, culturais e comerciais, além disso, ficava próxima a Hogwarts e ela tinha planos futuros de ingressar na escola como funcionária ou professora. Sua nova casa ficava na área residencial da cidade, um pouco afastada do centro comercial. Era um chalé de madeira com dois quartos, uma pequena cozinha, banheiro, sala e um lindo jardim na frente. Não iria levar os amigos lá porque o tempo e a presença de Rony não permitiam. Além disso, só receberia as chaves nessa semana, após o dia das mães. Talvez terça ou quarta-feira. “Era melhor que eles não soubessem onde ela moraria” – decidiu.


 


      “Madame Puddifoot” era uma casa de chás pequena e possuía um ambiente aconchegante e romântico; era bem decorada e com cheiro doce. Havia pequenas mesas circulares distribuídas em seu interior. Eles escolheram uma mesa situada em um dos cantos e logo foram atendidos por uma garçonete baixinha, gorducha e sorridente que se dirigiu diretamente a Harry:


 


      _ Boa tarde, Sr. Potter! Há quanto tempo não temos a honra da sua presença em nosso humilde estabelecimento – e virando-se para os outros disse: Boa tarde pra vocês também. O que vão querer?


 


      _ Por favor, traga bolachas mágicas de Cribbage e geléia de amora para todos – disse Harry.


 


      _ E para beber, senhor Potter, o que vai ser? Sugiro um delicioso chocolate quente com raspas de limão e canela que acabamos de preparar, pois o tempo está começando a esfriar um pouquinho...


 


      _ Não – disse Harry interrompendo a garçonete – Prefiro outra coisa... Deixe-me pensar... Ah! Já sei! Para mim, traga hidromel. E você, Gina, o que vai beber? - disse ele, virando-se para a namorada.


 


      _Chá cítrico bem quente adoçado com mel – respondeu Gina.


 


      _ Anotou aí? - perguntou Harry à garçonete.


 


      _ Sim, senhor Potter. Estou anotando.


 

      _ E vocês? – perguntou Harry dirigindo-se a Rony e Hermione.


 


      _ Eu quero chocolate quente. – responderam Rony e Hermione ao mesmo tempo. Instintivamente, procuraram algo verde para pegar, em busca de sorte. As mãos de ambos buscaram, ao mesmo tempo, um vidro verde de honeysugar que estava em cima da mesa. A mão de Rony pousou sobre a de Hermione que sentiu como se uma onda de choque e calor de proporções inimagináveis atingisse todo o seu ser. Seu corpo incendiou-se por inteiro ante àquele toque. Ela retirou a mão de forma tão rápida que o vidro tombou em cima da mesa, rolou e caiu no chão, espatifando-se. Tudo isso aconteceu em fração de segundos. Tempo suficiente para deixar Rony inteiramente ruborizado, mas as reações de Hermione não passaram despercebidas pelo ruivo. “Ela ainda me ama” - pensou, rindo-se intimamente.


 


      _ Não se preocupem, mandaremos limpar. Volto logo com os seus pedidos – ela saiu, acenando para um elfo doméstico que estava nos fundos do Café, terrivelmente mal-humorado, pior que o “Monstro” dos Black.


 


      O costume de tocar na cor verde é um hábito bruxo que fora levado ao mundo dos trouxas e, ainda hoje, é referenciado por lá, porém, tratado como superstição e, muitos deles, nem conhecem o seu significado real. Diz a lenda que a cor verde foi enfeitiçada por um mago da antigüidade muito bondoso e sábio. Desde então, essa cor tem o poder de transmitir uma força vital a quem tocá-la quando, em uma conversa entre duas ou mais pessoas, elas falam, no mesmo instante, a mesma frase ou palavra. Nessas circunstâncias, a primeira pessoa que tocar na cor verde receberá vibrações de estabilidade, fidelidade, constância, responsabilidade, perseverança, longevidade, êxito profissional, sabedoria e transcendência. Resumindo, sorte (para os trouxas). Se, ainda, duas pessoas de sexos opostos, que estejam nessa situação, pegarem um mesmo objeto, na mesma fração de tempo, e suas mãos se tocarem, terão suas vidas entrelaçadas por toda a eternidade. Todos que estavam à mesa conheciam esse feitiço. Também era conhecido como “Magic Love” ou “Feitiço do Amor”.


 


      O elfo doméstico chegou para efetuar a limpeza resmungando alguma coisa como “meninos tontos, atrapalhados e irresponsáveis” e saiu resmungando um “vê se não quebram a casa toda, seus miolos-moles”.  Mas emitia sons que mais pareciam grunhidos do que palavras. A garçonete voltou para servi-los e pediu-lhes que perdoassem o elfo rabugento.


 


      Hermione inquietou-se na cadeira fechando-se novamente em sua concha e se recriminando mais uma vez por estar ali. Ela sabia que, caso se reaproximasse dos amigos e dos Weasley, seus pensamentos, suas ações e seu corpo não ficariam indiferentes a Rony. Ela acreditava que, ficando longe dele, conseguiria esquecê-lo. Como estava enganada! Ela ainda o amava. Não foi necessário ficar nem um dia inteiro ao lado dele para constatar esse fato. Mas logo aquele dia acabaria e ela faria o possível para não se encontrar com Ronald Weasley novamente, não tão cedo. Sua mudança para Hogsmeade iria ajudá-la bastante, já que ficaria bem longe de onde ele morava e estaria ocupadíssima com a arrumação e inauguração de sua loja. Se tudo desse certo, só o veria novamente quando fosse ao noivado de Gina e Harry, pois não poderia deixar de comparecer. Depois disso, daria um jeito de permanecer afastada durante muito, muito tempo...


 


      Gina, percebendo que havia se instalado um silêncio constrangedor, resolveu agir.


 
     
      _ Precisamos ainda passar na Trapobelo Moda Mágica para comprarmos minhas sandálias e os sapatos de Harry! Você também está precisando de meias novas – disse para Harry - e eu e a Hermione iremos visitar uma nova loja de eventos que inaugurou recentemente em Hogsmeade. Vamos pedir a conta.


 


      Pagaram a conta, pegaram seus pacotes e saíram em direção à loja de roupas mágicas, mas isso não foi suficiente para melhorar os ânimos. Gina bem que tentou, mas nada. Então decidiu caminhar ao lado de Hermione e os rapazes as seguiram, logo atrás.


 


      Na Trapobelo Moda Mágica havia uma profusão de roupas, sapatos, sandálias e acessórios pra bruxo nenhum botar defeito. Era uma loja muito bem conceituada e aceita pelos padrões da mais alta sociedade do mundo bruxo. Harry, agora, também era muito bem recebido por lá. Rony comentou com ele:


 


      _ Você tá é bem, hein, cunhado? Por onde passa são bajulações, prestígios, elogios... Sr. Potter pra cá, Sr. Potter pra lá...


 


      _ Um festival de puxa-sacos, Rony. Isso sim! - retrucou Harry.


 


      _ E você não se aborrece com tudo isso? - perguntou-lhe Rony.


 


      _ Já me incomodei bastante. Xinguei, esbravejei. Você sabe que essa minha “fama” não começou nem aqui, nem agora. Pior são os repórteres metidos a sabichões. Hoje em dia, não me importo mais. Pelo contrário! Aprendi a usufruir muito bem da babaquice de cada um desses bajuladores que se acham, no mínimo, espertos.


 


      Rony ficou pensando em tudo que Harry acabara de lhe falar e ficou sentado a um canto da loja, enquanto seus amigos e sua irmã escolhiam seus objetos. Ele não gostava de fazer compras, dificilmente fazia isso, mesmo agora que já ganhava seu próprio salário. Talvez ele não fosse consumista por causa dos tempos difíceis. Limitava-se a comprar somente o básico para o dia-a-dia e só adquiria roupas e sapatos quando havia necessidade. Não era mesquinho. Só preferia economizar. De repente, uma linda echarpe de seda chamou-lhe a atenção. O acessório mudava de cor de acordo com a luminosidade e era toda bordada com delicados e finíssimos fios de ouro. Apesar de o preço ser alto, ele não teve dúvida: Iria comprar aquela linda echarpe e presentear uma pessoa muito querida.


 


      Hermione e Gina admiravam alguns calçados e demoraram mais do que o necessário para se decidirem por algum deles. Gina resolveu comprar uma belíssima sandália prateada de salto alto para usar com o seu vestido. Já Hermione não estava podendo gastar muito, por isso, comprou apenas um sapato preto simples, mas extremamente confortável e de excelente material. Iria usá-lo no trabalho. O vestido e outras coisas que usaria no noivado seriam escolhidos depois. Ela ainda tinha tempo para isso.


 


      Harry comprou um sapato fino e um relógio. Ao saírem da loja, Harry chamou Gina para conversar.


 


      _ Eu e Rony vamos ao “Três Vassouras” enquanto você e a Mione vão à loja de eventos. Depois, vocês nos encontram lá. Levaremos todas as compras conosco.


 


      _ Mas, Harry – retrucou Gina – Gostaria que você me ajudasse a escolher o modelo do convite...


 


      _ Gina, eu te amo! – Harry a interrompeu, puxando-a para si e beijando-lhe suavemente a boca. A ruiva derreteu, quase formando uma poça melada no chão. Ele a afastou um pouco e disse-lhe, encarando-a firmemente – Eu não tenho o menor gosto para essas coisas. Confio plenamente no que você e a Hermione escolherem. Vocês podem aproveitar um pouco para conversarem sozinhas e nós também – terminou, apontando para o Rony.


 


      _ Ok, então – respondeu-lhe Gina. Vamos, Hermione? - Despediu-se do namorado com outro beijo e saiu, puxando a amiga pelo braço e tomando uma direção contrária aos rapazes. Hermione caminhando com a amiga, voltou a cabeça para trás como se sentisse que alguém a olhava. E, realmente, um determinado ruivo a fitava insistentemente. Aquele olhar tinha o poder de fazer todas as suas células se agitarem... E que olhos penetrantes ele tinha! Foi uma contemplação rápida da parte de ambos, porém que irradiava uma intensa energia. Uma energia invisível e poderosa que traspassava as barreiras da razão e invadia as almas, aquecendo-as dos mais puros e nobres sentimentos. Hermione voltou-se para frente e prosseguiu seu caminho. Rony ainda a acompanhou com os olhos durante alguns minutos e ficou absorto em seus pensamentos até que Harry o chamou, puxando-o pela manga do casaco.


 


      _ Vamos, Rony! Vamos tomar uma cerveja amanteigada e conversar um pouco, meu amigo. Faz tempo que a gente não conversa e você está com uma cara péssima. Tudo isso por causa da Hermione?


 


      _ É Harry. E não sei mais o que fazer para trazê-la de volta pra mim. Já tentei de tudo. Minha vida tem sido um inferno nesses últimos meses, cara. Trabalhar tem me feito bem, pois foi algo novo que me aconteceu e conseguiu desviar minha atenção dessa situação. Gina, como sempre, me aconselhando bem. Minha irmã tem sido um apoio bem grande pra mim, mesmo estando em Hogwarts. Trocamos cartas quase todo dia. Nossas corujas estão fartas – brincou.


 


      _ Eu sei Rony. Eu sou suspeito para falar, mas Gina é uma mulher muito inteligente e sensata. Ela me assusta, às vezes com tanta segurança que transmite. Realmente amadureceu bem antes dos homens da família Weasley. O que mais me impressionou em sua irmã, nesses anos todos que a conheço foi quando ela aceitou nossa separação sem reclamações. Essa atitude dela foi fantástica e contribuiu em muito para que eu tivesse tranqüilidade para acabar com Voldemort. Nunca me perseguiu, nunca me importunou pedindo atenção.


 


      _ Mas vocês tinham certeza que era só a tempestade terminar que vocês voltariam a ficar juntos. Eu não tenho nenhuma chance com Mione... – rebateu Rony.


 


      _ Você sabe que a culpa maior foi sua Rony. Você fez um escândalo naquela festa... E era uma festa importante para ela... E tudo por causa de quê? Ciúmes, Rony! CIÚMES!! – vociferou Harry encarando Rony que agora estava de cabeça baixa.


 


      _ É, eu sei. – sussurrou Rony.


 


      _ VOCÊ SABE? Talvez até saiba, mas não consegue se controlar, cara. Até de mim, de mim – repetiu Harry batendo em seu próprio peito – você já sentiu ciúmes por causa da Mione.


 


      Agora eles já estavam entrando no “Três Vassouras” e foram logo pedindo cerveja amanteigada à Madame Rosmerta. O ambiente do bar continuava quente e esfumaçado. Era o lugar ideal para bater um bom papo com os amigos e tomar umas bebidas. Harry prosseguiu com o seu sermão.


                                                                                                                           


      _ Diga-me... Olhe pra mim Rony! – Harry o encarou - Você acha que eu não sinto ciúmes da sua irmã, hein? Acha? Eu senti como se houvesse um demônio grande e escamoso dentro de mim quando a vi beijando o Dino Thomas – exclamou levantando as mãos e gesticulando. Um demônio que parecia enterrar suas garras nas minhas entranhas, querendo me abrir e se soltar. Porém, Rony, eu consegui dominá-lo. A diferença é que você não consegue. Você deixa seu demônio escapar e quer esmurrar tudo e todos que estão perto de Hermione. Sua irmã é linda e todos os homens parecem querer devorá-la, mas eu apenas os ignoro. Os demônios aqui dentro até se contorcem. Só que eles sabem que ela é minha – e sorriu. Você tem que aprender a controlar seus demônios, Rony.


 


      Harry estava exasperado com aquela situação que havia se estabelecido entre seus amigos. Antes eles brigavam, mas logo em seguida faziam as pazes. No entanto, aconteceu o que ele mais temia: Foi só eles namorarem e pronto!  A primeira briga séria acabou o namoro e também a amizade. Continuou passando seu sermão em Rony que só escutava, entre um gole e outro de cerveja.


 


      Enquanto isso, Gina e Hermione chegavam em frente à loja de eventos. Elas pararam admirando aquele lugar. A loja era grande, belíssima e muito confortável. Observaram o letreiro que deveria ter uns seis metros de comprimento e leram o nome: “ALGEMADOS – Festas e Eventos” e mais abaixo se lia: Proprietária - Aeshma Beckya Jasengard Wilhempuful.


 


      Hermione abriu a boca e comentou.


 


      _ Nossa, Gina! Esse lugar é fantástico e eu já ouvi falar da proprietária. Será que vamos conhecê-la?


 


      _ Por que, Hermione? O que é que tem a dona dessa loja de tão sensacional?


 


      _ Ué, você não sabe? – perguntou Hermione.


 


      _ Não, eu não sei. Conte-me, então.


 


      Dito isto, ela e Gina entraram na loja. Uma linda bruxa magricela e simpática, de cabelos castanhos avermelhados e olhos azuis veio recebê-las. Chamava-se Lisa.






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