GELO, FESTAS E COMPRAS



CAPÍTULO VI


 


GELO, FESTAS E COMPRAS


 


            Após o almoço, Gina, Harry, Rony e Hermione ajudaram a Sra. Weasley enfeitiçando pia, louças, talheres, copos, cadeiras, mesas, trapos e vassouras para que uma boa limpeza e arrumação fossem feitas na cozinha. Logo estariam se preparando para irem às compras.


 


       Hermione iria ajudar Gina a contratar alguém para cuidar somente dos convites e da ornamentação da festa de noivado, já que a Sra. Weasley disse que ela mesma iria cuidar dos comes e bebes (ela não confiaria esse serviço a mais ninguém). Porém, a principal tarefa de Mione seria ficar responsável por verificar o andamento e a organização dos trabalhos e também pela distribuição dos convites, podendo até, caso não gostasse de algo ou houvesse falha dos contratados, mudar de decorador ou fornecedor, pois Gina estaria em Hogwarts e não poderia sair até sua formatura. Depois do almoço do dia das mães, estaria voltando para lá. No entanto, todos os motivos e ornamentos seriam escolhidos pela noiva. Hoje mesmo resolveriam isso e comprariam o vestido de noivado, entre outras coisas.


 


        O almoço na casa dos Weasley não foi um sacrifício tão grande para Hermione como ela acreditava que seria. Na verdade, e para seu espanto, foi até bem divertido, exceto por alguns constrangimentos ocasionais causados pelos acidentais encontros entre o seu braço e o de Rony quando trocavam algumas travessas à mesa, pois foram praticamente obrigados a ficarem lado a lado. “Foi melhor do que ficar frente a ele, pois assim não precisava encará-lo ou ficar desviando o olhar para não ter que sustentar aqueles olhos azuis que pareciam estar colados nela o tempo todo.” – analisou. O Sr. Weasley sentou-se à cabeceira da mesa com a esposa a sua direita e Rony à esquerda; Gina, sagazmente, sentou-se ao lado da mãe e Harry, logicamente, quis sentar-se ao lado da namorada, de certo que sobrou para Hermione sentar-se ao lado de Rony, caso contrário ficaria muito afastada de seus anfitriões, já que os outros lugares à mesa perto deles estavam vazios e, ter uma atitude assim, soaria como uma ofensa ao casal e ela nunca faria nada que pudesse magoá-los. Suportaria até ficar de braços enlaçados com Ronald Weasley!


 


        Rony, por sua vez, achou maravilhosa aquela oportunidade de ter Hermione ao seu lado e tentar estabelecer algum novo tipo de contato com ela, conversar, ou pelo menos, prestar bastante atenção ao que ela respondia aos outros. Soube, por exemplo, que ela estava de mudança e que abriria uma livraria em Hogsmeade, enquanto aguardava uma proposta de estudo e estágio em um lugar e cidade de nomes esquisitos, dos quais ele nunca havia escutado falar. “Deveria ser algo do mundo dos trouxas” – refletiu. Só que esse fato foi rapidamente esquecido por ele, pois o que mais lhe chamou atenção nessa conversa foi “livraria em Hogsmeade”. Isso o interessou muitíssimo. Soube, ainda, que a Sra. Granger a estava ajudando. Ele gostava muito da Sra. Granger e ela também nutria muita simpatia por ele, apesar de terem se visto poucas vezes. O contato entre eles se intensificou durante os primeiros meses em que esteve brigado com Hermione, quando ele ia a Londres procurando por ela. A Sra. Granger havia lhe dado muitos conselhos também, mas não havia lhe falado em nenhum momento onde a filha estava, pois também não sabia. Hermione apenas a comunicava que estava bem e que precisava ficar só. Rony acreditou nela, pois não havia mentira em seus olhos. Em um daqueles dias, Rony confessou a ela que estava apaixonado por sua filha. Saindo de seus devaneios, arriscou uma pergunta:


 


      _ Mione... Err... Hermione, como está sua mãe?


 


      Ela não acreditou que Rony tivesse falado com ela, bem como nenhum dos presentes. Todos os olhos naquela mesa correram para Hermione naquele instante, como se estivessem assistindo à cena mais importante de um filme e esperassem ansiosamente pelo desfecho da situação. Com uma tranqüilidade que ela não sabia de onde vinha, virou-se corajosamente para Rony e, fixando seus olhos nos deles como se o advertisse para encerrar aquela conversa ali mesmo, respondeu: 


 


      _ Ela está muito bem, Ronald. Obrigada por perguntar.


                                                                          


      _ Diga-lhe que mandei lembranças – insistiu ele.


 


      _ Darei seu recado – respondeu Hermione voltando sua atenção para o prato inacabado.


 


      Ronald deve ter entendido o recado de “não quero conversa” transmitido pelo olhar de Hermione, pois não lhe perguntou mais nada. Gina divertia-se com aquela cena e dava pequenos cutucões em Harry por baixo da mesa; seu plano estava indo muito bem até agora. Pelo menos, uma conversa já havia se iniciado e o gelo, aos poucos, ia sendo quebrado.


 


      Por volta das 13h, Harry perguntou à Gina aonde eles iriam, pois teriam, em primeiro lugar, que passar no Beco Diagonal e irem ao Gringotes pegar alguns galeões e sicles. Dinheiro não era problema para Harry Potter e nem atendimento. Sua situação melhorou ainda mais, depois que o mundo bruxo soube que ele havia derrotado Voldemort e que estava estudando para ser auror. Ele era um bruxo conhecido, respeitado e muitíssimo bem recebido em todos os lugares aonde ia. Gentilezas e bajuladores não lhe faltavam. A situação financeira dos Weasley também havia melhorado bastante. Arthur Weasley foi promovido e ganhou a confiança do Ministério em relação as suas idéias de proteção aos trouxas, criando uma lei que garantia, tanto a segurança dos trouxas como a dos bruxos, além de estabelecer uma relação harmoniosa entre esses dois mundos. Acrescente-se, ainda, que foi muito bem aceita por ambos e teve maior credibilidade que sua lei anterior. Todos os seus filhos homens já estavam trabalhando e ganhavam seu próprio dinheiro, ficando, ainda, ao seu cargo somente sustentar as despesas da caçula da casa.


 


      Gina queria muito ir à Trapobelo Moda Mágica em Hogsmeade, mas Hermione lhe sugeriu que também poderiam visitar algumas lojas de trouxas em Londres para que ela pudesse comprar seu vestido. Harry também iria precisar de um terno.


 


      Depois de estarem todos de acordo com o caminho que iriam fazer em sua jornada de compras, Gina e Harry perceberam que Rony não dissera nada e nem fizera menção de que iria junto com eles. Então, Harry perguntou a Rony:


 


      _ E você, cara? Não vem conosco?


 


      _ Não, Harry. Já comprei o presente de mamãe. Não tenho nada para fazer em Hogsmeade e nem no Beco Diagonal.


 


      Hermione remexeu-se no sofá, sentindo um aperto no peito. “O que ela estava esperando? Que ele dissesse que iria? Eles haviam feito grandes planos para aquela tarde e Rony não estaria presente... Que droga, Hermione! Vocês não têm nenhum relacionamento, nem são mais amigos... Então, porque se sentia tão decepcionada? Você deveria estar feliz porque ele não vai. Não é isso que você quer? Ficar longe dele?” – sua mente fervilhava com tantos questionamentos.


 


      Gina cochichou algo no ouvido de Harry sem que Mione percebesse.


 


      _ Mas Rony, você vai me deixar sozinho com essas duas mulheres?  Por Merlin, como é que eu vou suportar isso? Tenha piedade!


 


      _ Não precisa exagerar – retrucou Gina ao ouvido de Harry, mas sorrindo e olhando de canto para Hermione. Ela permanecia calada e cabisbaixa, sem emitir opinião. “Isso em Hermione Granger é muito bom. Significa que ela está confusa” – pensou Gina levantando-se – Vamos, então?


 


      Rony empertigou-se no sofá. Não estava muito animado a sair. Como poderia suportar uma tarde inteira ao lado de Hermione sem poder tocá-la, abraçá-la, beijá-la? Ela nem falava com ele. Já não bastava uma manhã inteira naquele tormento? Qual seria o feitiço que poderia trazer aquela mulher de volta para ele? Merlin!!!!


 


      _ Eu vou com vocês! _ falou Rony, levantando-se do sofá.


 


      Todos se despediram dando beijos em Molly Weasley e partiram para as compras. Molly sorriu enquanto os observava aparatar. Sua filha Gina estava muito bem encaminhada e feliz em seu relacionamento com Harry. Uma leve ruga de preocupação se desenhou em sua testa ao constatar o distanciamento entre Rony e Hermione. “Eles se amam, mas são tão teimosos!” – ponderou. Rony estava muito triste e Hermione, abatida. “Quando será que Hermione iria perceber que também era uma Weasley e perdoar seu filho?” – sem ter uma resposta para sua pergunta, entrou em casa.



♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥



      O banco Gringotes era um grande prédio branco, dirigido por duendes e que tinha cofres que se estendia por vários quilômetros em Londres por túneis subterrâneos. Lá ficavam guardados dinheiro e pertences valiosos de vários bruxos, como jóias, relíquias, obras de arte, entre outros. Harry tinha atendimento especial e foi recebido pelo gerente-mor de Gringotes:


 


      _ Boa tarde, Sr. Potter. Em que podemos ajudá-lo? – E dirigindo-se a todos, continuou – Sentem-se, por favor. Srta. Weasley, Srta. Granger, Sr. Weasley, como vão?


 


     _ Boa tarde, Sr. Bogrode. Vim fazer uma retirada – respondeu Harry.


 


      _ Pois não, Sr. Potter. É sempre um prazer atendê-lo. O senhor está com a sua chave em mãos? Diga-me apenas de quanto será a retirada e providenciaremos o valor. Galeões e sicles?


 


      Harry assentiu e entregou a chave dourada ao velho duende dizendo-lhe o valor do saque. Após saírem de Gringotes, eles fizeram uma visita a Fred e Jorge na “Gemialidades Weasley” e verificaram que a loja era realmente um grande sucesso. Estava apinhada de fregueses e quase nem puderam cumprimentar os gêmeos. Mas eles deram uma paradinha no atendimento, “passando a bola” para os dois novos empregados contratados. Vera ainda estava lá também.


 


      Hermione resolveu comprar uma pena caneta-tinteiro, pois iria utilizar em sua nova loja para as várias anotações que necessitaria fazer e ainda perguntou aos gêmeos:


 


      _ Vocês já aperfeiçoaram a pena auto-revisora? Gostaria de levar uma também.


 


      Ronald levantou as sobrancelhas lembrando-se que Hermione percebera que a pena auto-revisora que ele ganhara dos gêmeos no 6º ano estava trocando as letras das palavras e criando termos incompreensíveis. Isso aconteceu quando Hermione o ajudou com um trabalho sobre dementadores para ser entregue ao professor Snape. A pena mudou, por exemplo, o nome de Ronald Weasley para “Roonil Wazlib” e dementadores para “cava-charcos”. Foi detectado que o defeito era causado pelo enfraquecimento do feitiço.


 


      Fred e Jorge ficaram surpresos com a presença de Hermione e também por ela estar comprando seus produtos. Enquanto Jorge atendia Hermione, Fred fazia várias caretas e piscava para Rony, além de torcer o pescoço de modo bem engraçado fazendo biquinho como se perguntasse se ele e Mione estavam juntos. Rony fechou a cara para Fred. Hermione efetuou o pagamento e todos se dirigiram para a saída da loja acenando para os dois rapazes.


 


      Já na porta da loja, Rony olhou de soslaio para os gêmeos e viu que eles estavam abraçados como um casal de namorados, se acariciando, fingindo se beijarem e atuando um quentíssimo amasso. Rony limitou-se a mostrar o punho cerrado para os dois, que caíram na gargalhada.


 


      Durante o passeio no Beco Diagonal, Harry e Gina caminhavam abraçados e tagarelando, tendo, de um lado, um emburrado Rony e, do outro, uma sisuda Hermione. Ao passarem pela “Floreios e Borrões”, Hermione disse aos outros que iria entrar para dar uma olhada em algumas novidades do mundo literário. Todos a seguiram. Lá, ela encontrou um grande livro mágico de culinária que recitava os ingredientes e a forma de preparo de todas as receitas. Além disso, o livro era personalizado e capaz de cozinhar sozinho se fosse programado por seu dono; os ingredientes somente teriam que ser deixados em ordem na mesa e o livro aberto na receita escolhida. Feito isso, dizia-se um feitiço: “Receito preparum”. Hermione não pensou duas vezes e resolveu comprar um para presentear a Sra. Weasley no dia das mães.


 


      _ Será que ela vai gostar, Gina?


 


      _ Com certeza, Hermione. Eu mesma não pensei em nada igual. Pretendo comprar para ela uns sapatos de bico dourado. O Harry vai dar-lhe um colar de ametistas. E você, Rony? O que comprou para mamãe?


 


      Rony que estava folheando um livro sobre a história do quadribol junto com Harry, virou-se para as moças e respondeu:


 


      _ Um kit de tricô, com lã de várias cores e agulhas de todos os tipos.


 


      Todos acharam muita graça daquilo, até Hermione. Rony achou fantástico vê-la sorrir, ainda mais por causa dele. Há muito tempo não tinha esse prazer. Eles se fitaram rapidamente. Os olhos brilhavam pela alegria do momento. Não havia amargura, nem rancor. Mas isso foi apenas por um breve instante. Não demorou para que a tristeza voltasse a colocar uma barreira invisível e intransponível entre os dois.


 


      Gina verificou que seu plano estava indo muito bem, obrigada, apesar de que não havia se estabelecido entre Rony e Mione nada que parecesse com um diálogo. “Mas o iceberg Hermione finalmente estava derretendo.” – pensou.


 


      Após comprarem os sapatos para sua mãe, Gina verificou com Hermione que não havia nenhuma loja no “Beco Diagonal” que vendesse vestidos ou ternos para ocasiões mais formais. Decidiram, então, atravessar a linha imaginária que separa o mundo bruxo do mundo trouxa em Londres. Numa determinada parte do Beco Diagonal que mais parecia uma rua sem saída, Harry tocou em alguns tijolos de um muro, os quais abriam uma passagem secreta para o “Caldeirão Furado”, um bar e hospedaria de Londres. Harry se hospedara lá uma vez.


 


      Rony sempre ficava encantado com o mundo trouxa e daquela vez não era diferente. Talvez puxasse esse gosto de seu pai, ou talvez porque admirasse tudo que pudesse lembrar a mulher que ele amava. O fato é que não conseguia parar de olhar insistentemente para cada coisa que via: lojas, pessoas, carros, motos, bicicletas, cabines telefônicas. Era tudo muito interessante e ele não se conteve:


 


      _ Como se chama mesmo aquilo ali, Mione? – disse apontando para uma bicicleta e nem se tocando que a chamara pelo apelido que os remetia a um tempo mais íntimo.


 


      _ Bicicleta, Ronald. É um meio de transporte dos trouxas.


 


      _ Bi.. bicliceta? Como eles conseguem se equilibrar em apenas duas rodas?


 

      _ Bicicleta, Ronald. BI – CI – CLE – TA – respondeu Hermione pacientemente. E eles conseguem andar até em um aparelho que tem apenas uma roda e que se chama monociclo – Ela adorava vê-lo curioso e desorientado.


 


      E Ronald continuou perguntando e Hermione respondendo. Gina estava achando tudo isso simplesmente ma – ra – vi – lho – so. Tinha realmente conseguindo atiçar o que cada um tinha de mais incontrolável em suas personalidades. A curiosidade de Ronald e o anseio de Hermione em responder a perguntas, principalmente das coisas que ela conhecia.


 


      Gina e Harry, a fim de não se intrometerem na conversa dos dois, procuraram manter certa distância de Rony e Hermione que tagarelavam logo à frente esquecidos deles.


 


      Finalmente, chegaram a uma loja de trouxas e Gina logo se encantou por um vestido verde que estava exposto na loja. De seda e cetim, o vestido possuía um decote generoso e as costas nuas. Com um corte acinturado, e saia longa, levemente evasê, o vestido tinha caído perfeitamente bem em Gina. Não havia nenhuma dúvida para a ruiva. Seu vestido seria aquele. Ainda bem que Harry havia trocado alguns galeões por dinheiro trouxa no banco. Harry também encontrou seu terno e Hermione comprou uma blusa fina para dar de presente a sua mãe.


 


      Eles já estavam cansados e carregados de pacotes, mas ainda tinham que ir a Hogsmeade contratar alguém para cuidar dos convites e dos arranjos da cerimônia. Mas antes iriam dar uma paradinha no “Três Vassouras” ou no “Madame Puddifoot” para descansarem e comerem alguma coisa.


 


      Pensando sobre isso, voltaram pelo Caldeirão Furado para o Beco Diagonal e de lá, aparataram em Hogsmeade. “Esta realmente tinha sido uma tarde bastante agradável e proveitosa” – pensou Gina. “Um clima de festas, compras e muito gelo derretido. E ainda não havia terminado...”


 



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