ENSINAMENTOS DE DUMBLEDORE



Capítulo X


 


ENSINAMENTOS DE DUMBLEDORE


 


      Harry e Rony se levantaram para cumprimentar Luna e Neville assim que os viram entrando no “Três Vassouras” com Gina e Hermione. Rony percebeu que TODOS os olhares masculinos presentes no bar se voltaram para as garotas. Harry aproximou-se de Gina e a beijou demoradamente fazendo com que os interessados de plantão se concentrassem em suas próprias mesas e bebidas. “Como gostaria de fazer o mesmo com a Mione” – pensou Rony e limitou-se a fechar a cara e lançar um olhar intimidador a quem quer que tentasse se aproximar delas, mais particularmente para quem tentasse se aproximar da SUA garota.


 


      Após os cumprimentos, procuraram se acomodar. Gina sentou-se ao lado de Harry; Luna e Neville sentaram-se frente a eles do outro lado da mesa. Hermione acomodou-se também, embora sua mente trabalhasse tentando arranjar uma boa desculpa para fugir dali e não ter que ficar o tempo todo se desviando do olhar insistente de Rony (dessa vez, eles ficaram bem longe um do outro, um em cada ponta da mesa). No entanto, era cedo ainda e Mione estava bem feliz por ter reencontrado seus amigos. Afinal, eles se conheciam desde que eram crianças. “Daqui a pouco me despeço deles e aparato para casa. Isso é uma das vantagens de ser bruxa.” – decidiu, procurando acalmar-se e aproveitar o momento. Ignorou Rony e cuidou de participar da narração que Gina fazia aos outros sobre a “Algemados” e sua dona Aeshma. Aceitou beber um sauvignon blanc, já que não se animava a provar bebidas mais fortes como cerveja e uísque, e beliscou alguns pedaços de cottage e cheddar distribuídos em algumas tábuas que estavam sobre a mesa.


 


      Rony sorveu um gole de cerveja, mas sem tirar seus olhos de Mione – “Merlin, como ela é linda” - E Merlin lhe respondeu – “É, e você estragou tudo, seu idiota.” - recriminou-se pela milésima vez, só naquele dia. “Que inferno!” – e tomou outro gole. “De qualquer modo, ela estava ali perto. Precisava tentar uma aproximação que resultasse, pelo menos, no retorno da amizade que havia entre eles no passado.” – concluiu persistindo em obter um contato visual com ela.


 


      Em um determinado ponto da conversa, Gina pediu licença e convidou Luna para irem juntas ao banheiro, enquanto Mione narrava aos outros o que sabia de Aeshma Beckya. Harry fazia algumas perguntas, pois não acreditava que Dumbledore pudesse ter se envolvido em um importante relacionamento amoroso, recente ou não.


 


      _ E por que não? – perguntou-lhe Hermione.


 


      _ Porque... porque... sei lá por quê. Dumbledore parecia não ter ninguém... assim, dessa forma – replicou Harry.


 


      _ Eu não acredito que ele tenha ficado só a vida dele toda – arriscou Neville.


 


      Rony suspirou – “Até Alvo Dumbledore tivera um amor e eu aqui, chupando o dedo e segurando vela. E, ainda por cima, com uma mulher maravilhosa na minha frente me ignorando.” – e empurrou mais outro tanto de cerveja goela abaixo.


 


      Gina e Luna retornaram à mesa.


 


      _ Ainda falando de Dumbledore e Aeshma? – perguntou Gina se sentando.


 


      _ Sim! – responderam todos em uníssono e gargalhando descontraidamente.


 


      “Ela fica linda sorrindo” – analisou Rony – “É a segunda vez hoje que tenho o prazer dessa visão” – e continuou tomando sua cerveja, mas passou a saborear uns pedaços de queijo também.


 


      Começaram, então, a falar de algumas recordações do tempo em que estavam juntos em Hogwarts e conjeturaram sobre outros colegas; falaram também dos planos que cada um tinha para o futuro, sobre quadribol e atualidades do mundo bruxo. Entrementes, Harry observou que havia três rapazes numa mesa mais adiante que não paravam de rir e cochichar ao mesmo tempo em que davam rápidas olhadelas para Hermione. Num impulso, Harry olhou de soslaio para Rony. Ele estava tão entretido em sua adoração a Mione que não perceberia nem se um trasgo montanhês entrasse ali agora mesmo. “Melhor assim” – pensou Harry voltando sua atenção para a namorada, para o bate-papo com seus amigos e para sua cerveja.


 


      Mal tinha acabado de analisar a situação ao seu redor, Harry se engasgou ao observar a cena que ameaçava se desenrolar. Um dos rapazes da outra mesa levantou-se e, aproximando-se de Hermione, cochichou alguma coisa em seu ouvido, ao que ela respondeu balançando a cabeça em negativa. Daí em diante tudo aconteceu de forma muito rápida; num instante Rony estava sentado em sua cadeira e, no outro, já estava entre Hermione e o desconhecido, segurando na mão esquerda dela e vociferando para o rapaz, entre os dentes:


 


      _ Você a está incomodando! Saia!


 


      Harry e Neville levantaram-se rapidamente receosos do que poderia acontecer. Hermione tentava desvencilhar-se, mas Rony não soltava sua mão.


 


      _ Desculpe aí, cara! Foi mal. Só achei que ela não estivesse acompanhada – respondeu o rapaz já se afastando.


 


      Rony bufava. Hermione reclamava, pedindo a ele que soltasse sua mão. Harry e Neville permaneciam em pé, de olhos arregalados, e em alerta, caso fosse necessário intervir. Gina pedia para Rony se acalmar e Luna, bem... Luna estava... De repente, CLICK! CLICK!


 


      Hermione sentiu algo apertando o seu braço, olhou aquilo e arregalou seus imensos olhos castanhos. A melhor descrição para ela agora seria semelhante à de um “meteoro-chinês”, vermelho, de franjas douradas, com olhos carmim-vivo e soltando fogo pelas ventas.


 


      _ O QUE É ISSO, LUNA? – gritou Hermione voltando o corpo para trás – QUE BRINCADEIRA É ESSA? – berrou, enquanto inutilmente tentava se livrar da algema dourada que agora prendia seu braço esquerdo ao braço direito de Rony – VOCÊ PODE ME EXPLICAR O QUE SIGNIFICA ISSO RONALD WEASLEY?


 


      Agora sim, Hermione olhava para ele. Só que ele preferiria que fosse de outra forma. Hermione puxava o fecho da algema furiosamente igual a um dragão ensandecido.


 


      _ Eu não sei por que Luna fez isso, Hermione – respondeu-lhe Rony mais calmo agora – Estou tão surpreso quanto você e...


 


      _ EU NÃO ESTOU SURPRESA! ESTOU ODIANDO VOCÊS DOIS! – interrompeu ela fulminando Rony e Luna com os olhos e continuando a puxar o fecho da algema desesperadamente. Luna escondeu-se atrás de Neville.


 


      _ Pára com isso Mione! – disse Rony segurando com força o braço dela que estava livre e a encarando– você vai se machucar. Ela não pôde evitar o arrepio que eriçou todos os pêlos do seu corpo por causa desse contato e por estarem assim tão próximos. Tentou se soltar, mas era inútil lutar contra ele.


 


      _Solte-me! - ela pediu-lhe entre os dentes e advertindo-lhe com os olhos.


 


      _ Farei isso, assim que você parar de tentar arrancar essa maldita algema! - Rony firmou seus olhos nos dela. Ele possuía alguma magia que dominava dragões em fúria. Hermione não esperava aquela reação do ruivo. Limitou-se a inspirar profundamente e fechou os olhos.


 


      Certamente, os três casais eram o centro das atenções no bar. Nesse momento, TODOS, sem exceção, olhavam para eles.


 


      _ Acalme-se, Mione. Eu posso explicar. Isso foi idéia minha, só minha. Nem a Luna, nem o Rony tem nada a ver com essa história – informou Gina. Harry olhou para a namorada e franziu o cenho.


 


      _ Tive sim – retrucou Luna sorrindo – Eu prendi os dois.


 


      _ Cale-se, Luna! É melhor irmos embora – disse Neville puxando a namorada pelo braço já prevendo as calorosas discussões que se seguiriam. Procurou seus pacotes.


 


      _ Gina, o que é que está acontecendo aqui? – perguntou Harry olhando para ela já irritado também. Ele sabia. Sabia que Gina estava aprontando alguma coisa para tentar reaproximar Rony e Hermione...


 


      _ Como é que eu posso me acalmar, Gina? Isso não teve graça! Vamos, dê-me a chave para que eu possa me soltar... Anda, Gina! – disse Hermione arregalando os olhos para a ruiva e estendendo a mão que estava livre.


 


      _ Não posso, Mione! Não tenho a chave.


 


      _ NÃO TEM A CHAVE? – gritaram Harry, Rony e Hermione ao mesmo tempo.


 


      _ COMO ASSIM NÃO TEM A CHAVE? – insistiu Hermione. Seu rosto havia adquirido um tom escarlate de tanta raiva que sentia. O dragão ameaçava se soltar novamente...


 


      _ Tchau, Gina! Tchau, Harry! Tchau... vocês dois – disse Neville saindo com Luna que saltitava muito satisfeita com o que tinha feito. Mas ninguém lhes respondeu e, então, tratou de cair fora dali o mais rápido possível e proteger Luna... afinal, ela não fizera por mal.


 


      _ Ah! Já sei! Podemos usar um feitiço e abrir as algemas – falou Hermione esperançosa, olhando para Rony. Ele assentiu, balançando a cabeça afirmativamente para ela.


 


      Gina resolveu falar enquanto Hermione procurava sua varinha de uma forma bem engraçada e com certa dificuldade por ter Rony preso a ela. Provavelmente perderia a amizade dela e Harry também ficaria muito aborrecido. Ele achava que não deveriam interferir. Ela havia insistido com ele várias vezes nos últimos meses para que interviesse e procurasse Hermione, uma vez que ela (Gina) não podia sair da escola. Harry fora irredutivelmente contra.


 


      _ Escuta, Mione. Por favor, vamos nos sentar novamente. Está todo mundo olhando. Deixe-me explicar...


 


      Só então Hermione passou os olhos ao redor e percebeu a quantidade de pessoas que observavam a cena, interessadas no desfecho. Resolveu sentar-se onde antes estavam Luna e Neville. Ao fazer isso, quase caía por causa do peso de Rony preso ao seu braço. Ela deu um passo pra frente, mas seu corpo a puxou para trás e ele a amparou. Mas ela desfez imediatamente aquele contato. Puseram-se, então, lado a lado e sentaram-se juntos, colocando as mãos algemadas sobre a mesa.


 


      Gina falou rapidamente e de um só fôlego para aqueles três pares de olhos que a fitavam exasperados. Só não sustentava o olhar de Harry. Ele estava soltando faíscas, bem mais que Hermione. Conhecia o namorado. Ele estava prestes a se transformar num basilisco ou algo bem parecido com um tenebroso monstro de olhos verdes. Prosseguindo, Gina contou que tinha realmente planejado aquele reencontro entre Hermione e Rony com a ajuda de sua mãe Molly, pois não suportava mais saber que ambos estavam sofrendo e que só tinha planejado o passeio, na esperança que eles se entendessem. Nesse ponto ela encarou a amiga, buscando compreensão.


 


      _ Não planejei as algemas. – completou Gina.


 


      _ Ah, é? – perguntou Hermione sarcástica – E como é que elas vieram parar aqui? Devem ter ido com a minha cara, não é? – insistiu levantando o braço algemado e trazendo junto o de Rony.


 


      _ Explique-se, Gina – Harry a fitava com os olhos semicerrados por trás dos óculos, as sobrancelhas franzidas.


 


      _ É, explique-se Gina! – repetiu Rony, mas não estava nem um pouco aborrecido agora. Pelo contrário...


 


      _ Eu as ganhei ainda há pouco na loja de eventos. Interessei-me por elas e Aeshma deu-me de presente. São algemas encantadas usadas em brincadeiras e outros... divertimentos... digamos assim – ela suspirou, mas continuou – Pensei em usar para prender vocês e comentei o fato com Luna. Não adianta tentar nenhum feitiço. Elas só reabrem daqui a três horas, ou seja, são sete horas agora, vocês só irão se soltar lá pelas dez – completou Gina já em voz baixa.


 


      - O QUÊ? TRÊS HORAS? VOCÊ ESTÁ LOUCA! SÓ PODE ESTAR! – falou Hermione alteando a voz novamente – Tem que haver um jeito!


 


      _ Não, Hermione. Não tem jeito. Você pode tentar qualquer feitiço. Não vai adiantar. E quer saber do quê mais? Vocês precisam conversar. Já se passaram dez meses, Hermione! DEZ MESES! E vocês nunca conversaram sobre o que aconteceu. Façam o que quiserem depois disso. Fiquem juntos, se separem, mas conversem. Você não pode fugir o tempo todo, Hermione! Se quiser me odiar depois disso, tudo bem. Eu aceito. Já fiz o que achava ser certo, seja qual for o resultado disso. E não me arrependerei, mesmo que perca a sua amizade – disse isso encarando a amiga e, então, levantou-se. Hermione não disse mais nada.


 


      _ Você vem comigo, Harry? – perguntou enquanto pegava suas sacolas e olhando para Hermione novamente, acrescentou – Vou levar seu presente para mamãe. Quanto a precisar da sua ajuda para a festa, isso era verdade. Mas se você não quiser mais essa tarefa, diga ao Rony que ele me dará o recado. Obrigada pelo dia de hoje! – dizendo isso se dirigiu para a saída do bar, mas ainda voltou-se para Harry.


 


      _ Harry? – insistiu Gina.


 


      _ Já vou. Vou fechar a conta e te acompanho – respondeu Harry sério. Virando-se para os amigos, colocou sua mão sobre a mão de ambos e os encarou. Hermione tinha a cabeça baixa e grossas lágrimas pingavam de seus olhos. Sentia-se traída, humilhada, cansada, nervosa e levemente tonta por causa do vinho. Rony não sabia o que fazer, nem o que dizer.


 


      _ Talvez ela esteja certa em forçar essa situação, Mione. Talvez não. Mas nós somos seus amigos acima de tudo e queremos o seu bem. Não suportamos vê-los sofrer. Essas algemas não significarão absolutamente nada se vocês não quiserem. O tempo vai passar e logo vocês estarão livres novamente. Dumbledore disse uma vez que “As conseqüências das nossas ações são sempre tão complexas... tão diversas, que prever o futuro é muito difícil”. Quanto à decisão, só vocês podem tomá-la e arcar com as conseqüências. Pensem nisso! – e Harry saiu deixando os amigos a sós, mas antes olhou significativamente para Rony como se lhe desejasse boa sorte e também passou no caixa para fechar a conta. “Ainda tinha uma discussão para travar a caminho de casa com Gina Weasley!” – concluiu.


 


      Ao sair do bar lembrou-se, ainda, de outra frase que Dumbledore dissera, se ele recordava bem, foi no 2º ano: “É necessária muita coragem para se opor aos inimigos, mas precisa-se do dobro dessa mesma coragem para se opor aos amigos”. E essa coragem, Gina Weasley a possuía!


 


      Do lado de fora do bar, Harry encarou a namorada e ela sustentou seu olhar em desafio. Ambos sabiam a luta que travariam dali a pouco. Harry pegou os pacotes e sem falarem nada aparataram para o jardim da Toca. Assim que teleportaram Harry largou os pacotes ali mesmo no chão e, segurando Gina pelos ombros, começou a gritar:


 


      _ O QUE VOCÊ ACHA QUE FEZ ALI, HEIN? EU PEDI A VOCÊ QUE NÃO INTERFERISSE NESSA HISTÓRIA. VOCÊ É MUITO TEIMOSA, GINA! COMO É QUE VAI SER NOSSA VIDA SE VOCÊ CONTINUAR A FAZER E DECIDIR COISAS SEM ME FALAR ANTES? – ele a largou e passou as mãos pelos cabelos, irritado.


 


      _ EU NÃO FALEI JUSTAMENTE POR QUE VOCÊ IRIA SER CONTRA! E EU ACHEI QUE DEVERIA FAZER ALGUMA COISA PRA AJUDAR MEU IRMÃO. QUE DROGA, HARRY! VOCÊ SABE O QUANTO HERMIONE É DIFÍCIL E ORGULHOSA. EU MESMA NÃO ACHEI QUE ELA PUDESSE PASSAR TANTO TEMPO AFASTADA DELE.


 


      _ VOCÊ NÃO DEVERIA TER SE METIDO NISSO! ELES SE RESOLVERIAM SOZINHOS, MAIS CEDO OU MAIS TARDE! – os olhos verdes de Harry cintilavam de raiva.


 


      _ COMO, HARRY? DIGA-ME: COMO?! NA ESCOLA ELES SE REAPROXIMAVAM PORQUE ESTAVAM PERTO. MAS FORA DE LÁ... SERÁ QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE VER ISSO? – Gina gesticulava ferozmente – SABE POR QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE VER? SABE POR QUÊ? VOCÊ NÃO CONSEGUE VER PORQUE NÃO FOI VOCÊ QUE ACOMPANHOU O SOFRIMENTO DELES. EU, HARRY, EU ME CORRESPONDI COM OS DOIS DURANTE TODOS ESSES MESES! EU SEI!


 


      _ VOCÊ ESTÁ QUERENDO DIZER O QUÊ COM ISSO, GINA? QUE EU NÃO ME PREOCUPO COM MEUS AMIGOS? EU ESTAVA ESTUDANDO GINA! ESTOU FAZENDO UM CURSO IMPORTANTÍSSIMO! E VOCÊ SABE DISSO! O QUE VOCÊ FEZ FOI ERRADO! ADMITA! NÃO BASTAVA ELES SE REENCONTRAREM? VOCÊ TINHA QUE INVENTAR ESSA HISTÓRIA DE ALGEMAS?


 


      Eles se encaravam furiosamente e respiravam com dificuldade. Os olhos emitindo chispas de ódio.


 


      Molly Weasley apareceu na porta naquele instante para verificar o que estava acontecendo. Harry e Gina pareciam duas criaturas perigosas e indomesticáveis se trucidando até que um deles tombasse gravemente ferido ou morresse. Pelo visto, o dia não acabara bem... Resolveu entrar e esperar a tempestade passar.


 


      _ PENSE O QUE QUISER, HARRY POTTER! – esbravejou Gina – NÃO ME IMPORTO. NÃO VOU PASSAR A NOITE INTEIRA AQUI DISCUTINDO COM VOCÊ. JÁ DISSE QUE NÃO ME ARREPENDO! – e começou a andar em direção a casa, deixando as compras ali mesmo, espalhadas pelo chão.


 


      _ VOCÊ ACHA QUE VAI ESCAPAR DE MIM ASSIM TÃO FÁCIL, GINEVRA MOLLY WEASLEY? – dizendo isso, Harry a alcançou com dois passos largos e a segurando pelos pulsos, encostou-a numa árvore em frente a casa. Encararam-se com um brilho no olhar misto de raiva e desejo; a respiração acelerada e entrecortada. Então, Harry desceu uma das mãos, enquanto a prendia com seu próprio corpo. Enlaçou a cintura de Gina e a segurou com firmeza. Gina tentava se soltar sem sucesso. Harry era mais forte. Seus olhos verdes pararam sobre a boca da namorada. “Merlin, que lábios convidativos ela tem!” - pensou, a raiva dissipando-se - “E fica linda zangada!”. Então, não resistindo mais e chamando-a de minha “manticora de pêlos ruivos” procurou sua boca com sofreguidão e avidez. Gina também não resistiu à vontade de beijá-lo e, dando-lhe um mordida leve nos lábios o chamou de meu “rabo-córneo inglês”, assanhou-lhe os cabelos e passou a corresponder ao beijo de forma intensa, tão feroz quanto a briga já esquecida.


 


      Molly olhou novamente para fora, agora pela janela da cozinha, e sorriu. A tempestade já havia passado. Restava ainda uma ventania de primavera...


 


      Mais uma vez, Dumbledore estava certo: “A verdade é uma coisa terrível que causa remorso e, portanto, deve ser tratada com extremo cuidado”.


 


      Enquanto isso, no “Três Vassouras”, Rony ainda olhava Hermione sem saber o que fazer ou dizer. Ela lutava firmemente para não cair em prantos ali mesmo. Rony não estava suportando aquela situação: não podia consolá-la, abraçá-la ou beijá-la. Não tinha certeza qual seria a reação dela. Afastando dúvidas e receios, ele segurou firmemente na mão dela, a qual estava algemada a ele, pegou as sacolas que ainda estavam ali e levantou-se dizendo:


 


      _Venha, Hermione! Vamos sair daqui.


 


      Ela nada respondeu, tão pouco recusou. Andaram calados por um bom tempo até que Rony parou. Agora Hermione soluçava convulsivamente, as lágrimas rolando livremente pelas faces. Aquilo era mais do que Rony poderia imaginar. Ele era responsável por toda dor e sofrimento pelos quais ela estava passando. Não resistindo mais, colocou as compras no chão, segurou Hermione pela nuca com a mão que estava livre e encostou a cabeça dela em seu peito. As algemas brilharam, mas nenhum dos dois prestou atenção.


 


      Foram dez meses de raiva, de saudade, de frustração e de dor liberados nesse choro há muito reprimido. Rony não falou nada, tinha medo de que ela se assustasse e se afastasse dele novamente. Hermione estava muito frágil. Ele iria deixá-la desabafar pelo tempo que fosse necessário e procurar alguma maneira de trazê-la de volta. Lembrou-se, então, do baile de formatura e da besteira que fizera. Nenhum feitiço ou magia conhecidos seriam capazes de reverter aquela situação. Usar um vira-tempo agora seria muito perigoso, pois muita coisa já havia acontecido depois disso e não poderiam ser modificadas. O único jeito seria conversarem.


 


  


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.