Eu amo você



NA: Gente, keru avisar desde jah q eu copiei mais uma parte do livro da Jk. A da Fleur com o Gui, sabem? Aaahhh me desculpem, mas eu amo demais akela parte, eh linda. Eu precisa por na fic. Espero q gostem... Bjssssss

Cap. 34_

Quando Malfoy entrou na enfermaria, carregando Gina nos braços, teve ímpetos de dar meia volta e sair correndo dali. Ele nunca, mesmo estudando sete anos em Hogwarts, vira uma concentração tão grande de Weasleys em um só lugar. Diversas cabeças ruivas estavam em volta de uma cama, de cabeças baixas, e uma delas sacudia tanto que Draco deduziu que estava chorando.

Quando a porta fechou-se atrás do garoto, todos se viraram para ver quem estava chegando. Viram Gina, meio consciente, meio desacordada, e arregalaram os olhos.

_Oh, Merlim, minha filhinha! _Molly, que já estava com os olhos vermelhos e inchados, começou a chorar ainda mais, escondendo o rosto entre as mãos.

_O que você fez com ela, seu infeliz?! _Jorge perguntou dando um passo à frente com o punho fechado. Carlinhos segurou-o antes que ele chegasse até Draco. Só então Draco reparou nas roupas rasgadas e ensangüentadas de alguns deles. Da maioria deles.

_Ela está viva? _Arthur perguntou com a voz preocupada. Draco fez que sim com a cabeça. _Então, vamos deixa-lo explicar o que aconteceu.

_O que eu posso dizer? _Draco retrucou com a voz aborrecida. Ele não estava contente em ter que se explicar para... Weasleys _Ela foi atacada.

_E você a salvou? _Fred perguntou com um toque de ironia _Que comovente.

Draco cerrou os olhos. _Olha aqui, seu...

_Eu acredito nele. _alguém o interrompeu. Draco olhou para o canto mais afastado da enfermaria e encontrou Rony, com os olhos quase tão vermelhos quanto o de Molly. Draco achou que não estava ouvindo direito. _Eu... Quase fiquei em pânico quando ela sumiu. Eu vi quando você foi atrás dela. Sozinho.

A enfermaria caiu em um silêncio constrangedor, quebrado apenas pelos soluços de Molly. Então, Jorge pigarreou e falou em um tom solene:

_Obrigado, então. Já fez sua boa ação do dia. Pode ir agora.

Draco ficou indignado. Mas não quis discutir. Não com Gina como estava. Delicadamente, colocou-a em uma das camas vazias, afastou seu cabelo do rosto e deu-lhe um carinhoso beijo na testa. Ia virar-se para ir embora, quando Gina segurou sua mão.

_Não me deixe sozinha aqui. _ela pediu com a voz fraca, entreabrindo os olhos. Draco ajoelhou-se ao lado da cama.

_Você não está sozinha. Sua família está aqui. _ele respondeu com a voz calma, passando a mão em seu rosto.

Gina apertou com mais força a mão que ainda segurava. _Eu quero você.

Draco engoliu em seco. A enfermaria voltou a se calar. Até que uma voz séria falou:

_Deixem o garoto ficar. _Draco virou-se para ver quem falara, e viu Lupim, seu antigo professor de defesa contra as artes das trevas. Perguntou-se o que ele estava fazendo ali.

Nenhum dos Weasleys disse que sim. Mas nenhum deles disse que não. Nem Fred e Jorge, que se viraram zangados para o outro lado. Assim, Draco decidiu, por conta própria, puxar um banquinho e sentar-se ao lado da garota.

Só então olhou com mais atenção a sua volta. Lupim parecia arrasado, e uma garota com cabelos cor de chiclete tentava consola-lo. Molly ainda chorava, curvada sobre uma cama. Em uma outra cama, Moody, um outro professor de defesa contra as artes das trevas, repousava, olhando ressabiado para os lados. A última cama da enfermaria estava coberta com um lençol branco, sob o qual era visível o formato de um corpo. E em meio a tudo isso, madame Pomfrey entrou, carregando uma bisnaga de remédio.

_Aqui, Molly, encontrei a poção.

Molly girou para receber a bisnaga que a enfermeira lhe passava, e deixou uma brecha entre o grupo, pela qual Draco pôde ver quem estava na cama. E a visão embrulhou-lhe o estômago.

Um rapaz de cabelos ruivos e compridos estava deitado, com o rosto absolutamente mutilado. Draco teve ânsia, e virou-se para desviar o olhar. Escutou Molly chamando o rapaz de Gui, e lembrou-se de Gina contando sobre o irmão. O único que a apoiara quando soubera do romance. O seu preferido, ainda que ela não admitisse com todas as letras.

Molly começou a passar o remédio no rosto do filho e Draco debruçou-se sobre a cama de Gina.

_Você vai ter que ser tão forte, meu amor. _e encostou sua testa a dela. Ela não ouvira. Já havia voltado a dormir.

***

Harry e Hermione voltaram a encontrar Dumbledore no corredor da enfermaria. Harry o procurara por todos os lados. Queria informações. Queria saber como estavam as coisas.

_Professor. _Harry gritou tentando chamar sua atenção, mas Dumbledore não se virou _Professor! _ele chamou mais alto e começou a caminhar até ele. Dumbledore segurou a porta da enfermaria aberta e esperou-o. _Eu... Queria saber como estão as coisas... _ele respondeu lentamente.

_Vou descobrir agora, Harry. _e entrou na enfermaria.

Harry entrou atrás dele e viu um quadro de desgraças e tristezas. Seus olhos rápidos de apanhador absorveram todos os detalhes da sala em segundos. O corpo na última cama. Os Weasleys. Malfoy. Gina desacordada. Moody. Lupim.

Com os olhos contraídos de raiva, apontou primeiro para o lençol.

_Quem... _mas Dumbledore não o deixou terminar.

_Quim. _ele respondeu com a voz pesarosa. Harry sentiu o estômago se contrair e ouviu Hermione deixar escapar um soluço rápido ao seu lado. Lembrou-se do tempo que passara com o auror na sede da Ordem da Fênix.

Harry ia perguntar como, mas um nó na garganta não permitiu. Desviou os olhos para Gina. _Ela... Ela está bem? O que houve com ela?

_Ela está bem e foi atacada por Lucius Malfoy. Por sorte nossa, Draco estava por perto.

Draco ergueu os olhos, que até então só focalizam Gina. _Como o Sr sabe?

_Encontramos Lucius em um dos corredores. _Dumbledore respondeu sem se alterar _Ele estava sentado no chão, tentando colar os pedaços de uma varinha quebrada. Obviamente, nós o prendemos.

Harry engoliu em seco e olhou para o outro lado. _E o profºMoody?

_Eu não sou seu prof º, garoto. _Moody rosnou da cama.

_Ele recebeu um feitiço de confusão muito potente. Já está se recuperando.

_E... A Sra Weasley? _ele perguntou receoso _Está bem?

Quando Molly ouviu seu nome, levantou-se e foi até o garoto, chorando copiosamente. _Oh, Harry, meu querido, você está bem? _e abraçou-o com força. Por trás de seus braços, Harry viu Gui deitado na cama. Harry sentiu um grande choque, e murmurou “Oh, Merlim” em voz baixa. Ao seu lado ouviu Mione ofegar e cobrir a boca com as duas mãos. _O que... Houve? _ele perguntou a Dumbledore, ainda em voz baixa, quando Molly se afastou.

_Lupim não é o único lobisomem do mundo, Harry. Existem uns, bem maus, sob o controle de Voldemort. Um deles atacou Gui essa noite.

_Ele vai... Virar lobisomem também?

_Não. Porque o lobisomem que o não estava totalmente transformado. Não estamos na lua cheia, Harry. Isso é um caso único. Nunca aconteceu antes de um lobisomem atacar alguém, assim, em sua forma humana.

Harry não conseguia acreditar que todas aquelas coisas haviam acontecido em uma só noite. Marisa. Quim. Gui. Vidas demais destruídas. De uma vez só. E tudo por culpa de Voldemort.

Enquanto pensava nisso, a porta se abriu e uma figura graciosa entrou por ela. Como uma luz em meio a escuridão. Fleur caminhou com passos leves até a cama, com seus lindos cabelos loiros ondulando a cada movimento. Como se seguissem uma ordem não expressa, os irmãos Weasleys se afastaram da cama, deixando a volta do leito apenas Fleur e Molly.

O lindo rosto de Fleur estava aterrorizado. Molly ergueu os olhos e reparou nisso. Como se Gui também tivesse reparado e como se ele pudesse ouvi-la, Molly começou a dizer em voz baixa:

_Tudo bem, querido. Ninguém aqui vai se importar com sua aparência. Isso... Não é importante. Nós sabemos que você sempre foi muito bonito... E... E ia se casar.

_Então, o que você quer dizer com isto? _disse Fleur, de repente, e em voz alta. _O que você quis dizer com “ele ia se casar”?

A Sra. Weasley levantou seu rosto coberto de lágrimas, olhando imediatamente. _Bem... só que...

_Você acha que Gui não gostaria de se cazzar comigo de qualquer maneira? _ protestou Fleur. _Você acha que, por causa dessas mordidas, ele não vai me amar?

_Não, não era isso o que eu...”

_Porque ele vai! _disse Fleur, controlando-se e jogando para trás sua cascata de cabelos prateados. _É preciso mais do que um Lobisomem para que Gui deixe de me amar.

_Bem, sim, tenho certeza _disse Sra Weasley _Mas eu acho que talvez... Dado que ele... ele...

_Você achou que eu não ia querer me cazzar com ele? Ou talvez você esperasse isso? _disse Fleur, suas narinas se dilatando. _O que importa a aparência dele? Eu sou bonita o bastante para nós dois, eu acho! Todas essas feridas mostram que meu noivo é corajoso! Eu farei isto! _ela acrescentou com firmeza, empurrado Sra. Weasley pro lado e tirando a pomada das mãos dela.

Fleur debruçou-se sobre a cama do noivo e começou a passar a pomada em suas feridas. Lágrimas peroladas começaram a descer por seu rosto e a cair sobre o rosto ensangüentado de Gui.

Molly cobriu a boca com uma das mãos e começou a chorar baixinho.

_Sabe... _ela comentou com a voz chorosa _Eu... Eu tenho uma grinalda feita por duendes que... Ficaria muito linda em seus cabelos...

Todos se encaravam surpresos. Todos sempre souberam da aversão de Molly a esse casamento. E a Fleur, particularmente. Então, antes que qualquer um pudesse entender alguma coisa, as duas já estavam abraçadas, chorando juntas.

Harry sentiu uma pontada no estômago. Isso não podia continuar. Simplesmente não podia. Voldemort fazia mal demais ao mundo. Então, segurou Hermione pelo braço e, discretamente, puxou-a para fora da enfermaria.

_Harry, você está bem? _ela perguntou preocupada, olhando para o rosto furioso do namorado. Sua mão segurava com força a varinha, como se ele fosse atacar Voldemort a qualquer minuto.

_Eu não posso mais deixar essas coisas acontecerem. _ele respondeu passando, nervoso, a mão pela testa. _Eu preciso... Matar Voldemort. Sou o único que pode. Você conhece a profecia.

_Mas, Harry... Dumbledore pediu para que você não se aproximasse de Voldemort por enquanto.

Harry encostou-se à parede e escorregou por ela até se sentar no chão. _Mas eu não posso continuar com isso. Você está vendo o que aconteceu em uma só noite, Mione? _a garota ajoelhou-se ao seu lado _Quim morreu. Você viu como Gui está... E... E você mesma disse da quantidade de pessoas que morrem por dia. _Inspirou com força o ar a sua volta _Eu vou atrás dele.

Mione suspirou, resignada. _Como?

_Durante muito tempo ele entrou na minha mente. Eu posso fazer isso também. Sei que posso. Dumbledore tem me ensinado muitas coisas, e talvez eu consiga saber de... Um lugar... Que ele vá estar... Então, eu vou encontrá-lo.

Harry a encarava, entusiasmado. Mione não desviava seus olhos dos dele. _Eu vou com você.

Harry continuou olhando-a. Sabia que não a faria mudar de idéia. E era por isso que a amava. E um impulso, abraçou-a e apertou-a com força entre seus braços.

_Eu amo tanto você, Hermione.

Hermione fechou os olhos, aspirando seu perfume. Quando deu por si, Harry já se afastara e já a olhava novamente.

_O que você ia me contar, quando os comensais atacaram a escola?

Mione calou-se por uns segundos. Pensou no bebê que carregava em seu ventre. Instintivamente, passou uma de suas mãos pela barriga. Depois pensou que Harry jamais a deixaria ir com ele, se soubesse que ela estava grávida. Pensou na preocupação que ele carregaria consigo.

_Nada. _ela respondeu com uma voz calma e apoiou a cabeça em seu ombro _Nada importante.

Harry olhou intrigado para seu cabelo castanho. Sabia que não era verdade. Mas, longe de insistir, abraçou-a mais uma vez e deixou-a que repousasse em seu ombro.


***

Antes mesmo de o dia amanhecer o corpo de Quim foi levado da escola e Moody e Gui foram transferidos para St Mungus. Não antes de Gina acordar e ver o irmão.

Draco não sabia qual seria sua reação. Por alguns segundos, ele receou que ela fosse chorar. Muito mais do que em toda sua vida. Mas a reação da menina foi bastante parecida com a de Fleur.

_Qual o problema, Draco? Acha que eu vou gostar menos dele por isso? Acha que ele vai ser uma pessoa diferente?

Draco não respondeu. Sabia que eram perguntas retóricas e sentiu um imenso orgulho da namorada.

Na manhã seguinte, Gina já se preparava para receber alta. Estava bastante aborrecida. Draco sumira desde a manhã do dia anterior e eles sequer chegaram a conversar sobre o que acontecera. Por que ele não fora vê-la no dia anterior?

Quando estava para sair, uma coruja que ela conhecia muito bem entrou pela janela e deixou uma carta em sua cama. Gina viu a coruja indo embora e, somente depois, foi até a cama pegá-la.

Reconheceu a caligrafia fina e caprichada.

“Venha até meu quarto assim que receber alta. Sabe a senha. Sabe onde fica. Não demore”.

Gina estreitou os olhos ofendida com o tom de ordem. Franziu o nariz, pensando em ir ou não. No fim das contas a curiosidade (e a saudade, quem diria?) a convenceu a ir. Olhando-se no reflexo na janela, arrumou o cabelo, e saiu da enfermaria com passos rápidos.

O castelo andava tão silencioso que ela pensou que já fossem férias. Somente depois se lembrou de que ainda era cedo. Muito cedo.

O sol já lançava sua luz sobre as águas límpidas do lago. Uma brisa suava e quente do verão já iniciado agitava com leveza as folhas das árvores da floresta proibida.

Gina via todo esse espetáculo pelas janelas e sorria.

Aproximou-se, finalmente, do duende sem orelha e disse a senha. Quando a porta abriu-se, o quarto estava escuro e, aparentemente, vazio.

Assim que ela entrou, as luzes se acenderam, mas Draco não estava ali. A única coisa que ela encontrou foi uma enorme caixa embrulhada para presente, sobre o tapete do quarto.

Sorrindo, divertida, Gina olhou para os lados, procurando o namorado. Não o vendo em lugar nenhum, foi até o embrulho e começou a abri-lo livremente.

Ficou nas pontas dos pés para puxar o laço no topo da caixa. O laço se desfez e ela começou a rasgar o embrulho. Seria um urso de pelúcia?

Mas, quando ela conseguiu abrir toda a caixa, encontrou uma caixa, ligeiramente menor, embrulhada dentro da primeira.

Bufando como um gato contrariado, ela puxou o segundo laço com menos delicadeza e rasgou a segunda caixa.

Dentro encontrou uma terceira. Impaciente e curiosa, Gina se pôs a rasgar os embrulhos com uma velocidade maior e sem cuidado nenhum. Encontrou mais uma caixa, duas, três, quatro, que iam ficando cada vez menores. Já perdera a conta e o quarto já estava coberto de papéis de presente e caixas vazias, quando ela chegou a uma pequena caixinha preta, sem embrulho nenhum, que lembrava muito um estojo de joalheria.

Seu coração disparou. Uma alegria tomou conta de si, sem que ela percebesse. Mas quando abriu a caixinha, ela estava totalmente vazia.

_Mas o quê... ? _ela franziu a testa e perguntou zangada, olhando em volta. Mas não terminou a pergunta, porque viu Draco, sem camisa, encostado displicentemente ao batente da porta do banheiro.

_Primeiro você tem que dizer que sim. _ele falou erguendo a mão e exibindo uma linda aliança dourada.

Gina sorriu sedutora. _Preciso mesmo responder? _ela perguntou, enquanto ele desencostava da porta e caminhava até ela, desviando das caixas pelo chão.

_Não. _ele chegou bem perto. Perto o suficiente para que ela sentisse sua respiração _Mas eu achei que era educado perguntar.

Gina ergueu o rosto e beijou-o. Ele passou os braços por sua cintura e apertou-a com força contra si. Aquele seria um momento inesquecível na vida dos dois.

***

Harry não se alimentava direito há algum tempo. Visivelmente, olheiras se formavam sob seus olhos e, quando alguém perguntava se ele andava dormindo, ele respondia irônica e distraidamente: “Dormir? Acho que eu dormi ontem”.

Rony não demorou muito para saber dos planos do amigo. Era seu melhor amigo. Se Harry não contasse, ele descobriria sozinho de qualquer maneira. Harry achou que era melhor contar. Rony garantiu que estaria com ele. Assim que ele tivesse um plano, claro, porque até aquela manhã de domingo, Harry não pensara em absolutamente nada.

O Sol sequer nascera totalmente ainda. O céu negro era tingido leve e gradualmente de um vermelho alaranjado, que indicava que a qualquer momento, o Sol estaria em seu lugar novamente espalhando luz e calor para quem fosse capaz de sentir. Harry não via nada disso. Sentando à penteadeira de Hermione, a única coisa que ele via era seu próprio reflexo.

Via, mas não enxergava. Com o queixo apoiado em uma das mãos, ele se permitia ficar perdido em seus próprios pensamentos. Tentava forçar uma brecha na mente de Voldemort. Tentava invadir seus pensamentos desde a noite que o castelo fora atacado, há quase um mês. Passara um mês se preparando. Para qualquer coisa. Mas o máximo que conseguira até aquele momento fora sentir o sabor do veneno de Nagini, com o qual Voldemort se alimentava, como se ele mesmo o estivesse ingerindo.

Um dia conseguira, também, ver um arco. Mas fora rápido demais. Ele sequer tivera tempo para ver os desenhos celtas nas colunas que o ladeavam. Quase não tivera tempo para ver uma porta de bronze presa ao arco, para trancar a passagem quando fosse necessário. E fora tudo que ele pudera ver. Não conseguira identificar que lugar era esse.

Foi então, enquanto uma revoada de pássaros voava de uma árvore sob o quarto de Hermione, que Harry sentiu o coração se apertar dentro de seu peito e uma onda de sentimentos ruins se espalharem por seu corpo. Era assim que ele se sentia quando conseguia forçar caminho por entre a mente de Voldemort. Um pouco pior do que enfrentar um dementador.

Harry apertou os olhos com força. Seu corpo tremeu. Suas mãos enrijeceram. Repentinamente, ele se virou na cadeira, ainda de olhos fechados. Sua mão bateu em um frasco de perfume, que caiu da penteadeira e se quebrou no tapete.

_Harry! _Hermione acordou sobressaltada e pulou da cama _O que... ?

Mas não terminou a pergunta, por que Harry levantou-se cambaleando da cadeira, e foi até a janela. Sem abrir os olhos, ele encostou as duas mãos ao vidro frio e apoiou seu peso nas mãos.

Um gosto amargo desceu por sua garganta, mas não era veneno. Harry não saberia dizer, porque nunca experimentara antes, mas parecia imensamente com... Sangue.

_Harry. _Hermione chamou novamente. Mas não era isso que Harry ouvia. Dentro de sua cabeça, ele ouvia gritos. Gritos de desespero. Gritos de pessoas sendo torturadas. As mãos de Harry se apertaram novamente e ele sentiu raiva, porque soube imediatamente que era isso que Voldemort devia estar ouvindo.

Então, os gritos pararam. Por uns momentos tudo pareceu calmo. E foi aí que uma imagem explodiu subitamente na mente de Harry. O mesmo arco de antes. Mas desta vez, ele via além do arco. Via seu interior.

Era como uma arena. Uma escadaria circular ocupava toda a lateral do lugar. Harry estava no lugar mais alto. E, no centro, no fim de toda a escadaria, dois corpos estavam estendidos no chão.

Os dentes de Harry rangeram de raiva sem que ele se desse conta. Seus punhos se fecharam e bateram contra a janela. E, dentro de sua cabeça, ele ouviu uma voz asquerosa e sibilante dizer:

_Podem levar. Já me exercitei o suficiente até o café da manhã.

Harry se deu conta de que era a voz de Voldemort. Dois homens encapuzados entraram em seu campo de visão, desceram até onde estavam os corpos e, sacando a varinha, levitaram-nos até um pequeno portão, embaixo das escadarias, que parecia levar para o subterrâneo.

Então, uma risada maléfica soou nos ouvidos de Harry e ele foi trazido de volta a realidade.

Estava suado. Frio. Imediatamente, Hermione segurou seus braços, quase em pânico.

_Harry, você está bem? O que... Você viu? _ela perguntou já sabendo do que se tratava.

_Era uma arena. _ele falou de uma vez só _Celta. Porque tinha desenhos de magos em um arco. Sabe. Merlim e Morgana. Aquela irlandesa que enfrentou um exército sozinha... Como era mesmo o nome dela? _Hermione fez um gesto com a mão, incentivando-o a falar. _Tinha... Um teto abobadado. Desenhos de humanos fazendo sacrifícios à natureza. _Hermione repetiu o gesto. Precisava saber mais. Harry reparou na esperança da garota. _Só deu pra saber isso. _ele concluiu com desaponto.

Mione encarou-o por uns minutos e deu um suspiro. _Bem, _ela emendou rapidamente _tenho que certeza que podemos encontra-lo. Mesmo somente com isso.

Harry encarou-a entre incrédulo e desanimado. _Eu vou à biblioteca. _Mione deu-lhe um leve beijo na testa, ficando na ponta dos pés, e saiu do quarto, deixando Harry com suas próprias esperanças.

***

Gina estava preparada para atirar o que de mais concreto tivesse ao seu alcance se Rony tivesse a audácia de criticar sua decisão de se casar com Draco. Já mandara uma carta para a casa, mas Rony teria que escutar isso pessoalmente. Ela tinha que lhes contar. Mas não ia aceitar críticas. Nem ofensas a Draco.

_Tudo bem. _Rony respondeu com um meio sorriso.

_Mas eu não estou pedindo, eu estou... _então parou o que dizia e o encarou surpresa _Você disse o quê?

_Eu disse que tudo bem. _Gina entreabriu a boca surpresa demais _Você não viu como ele saiu do salão, Gina. Você não viu como ele ficou preocupado. _ele acrescentou à guisa de explicação, mas emendou rapidamente _Eca, só Merlim sabe o que aquele Malfoy nos encheu, mas... Se ele salvou você, acho que ele está redimido.

Gina não soube o que responder. Só o fato de o irmão aceitar seu casamento a deixava deslumbrada demais. Levantou-se, foi até ele, que estava em pé ao lado da lareira, e abraçou-o. Rony retribuiu o abraço, meio sem graça, meio sensibilizado.

Harry, que descia as escadas no momento, parou no último degrau e cruzou os braços. Era bom ver um pouquinho de felicidade, só para variar.

Nesse momento, o buraco do retrato se abriu e Hermione entrou na sala correndo.

_Harry! _ela exclamou sacudindo um pesado livro na mão. Harry descruzou os braços. Gina e Rony se separaram. _Venha ver o que eu achei. _e bateu o livro aberto sobre uma mesa. Harry se aproximou. Rony foi até eles. E Gina só não os acompanhou porque identificou Errol tentando entrar pela janela fechada. Provavelmente era uma carta de resposta. E pela cor, Gina viu que era um berrador.

_Este aqui. _Mione exclamou apontando uma foto do livro com o dedo _Foi este lugar que você viu?

Harry sentiu um solavanco no estômago e uma excitação crescendo dentro de si. _Foi. _ele respondeu apenas. Não tinha mais nada a dizer. Então ergueu os olhos para os amigos. _Eu... Eu acho que estou forte o suficiente para ele. Dumbledore me treinou muito durante esse tempo, mas... Pode ter muitos comensais lá. Entendem? E se... Cairmos em uma emboscada? Vocês não podem estar lá.

Rony fechou o livro com força. _Você ouviu alguma coisa, Mione? Por que eu acho que estou ouvindo um zumbido. Nada muito significativo.

_Eu estou falando sério... _Harry complementou.

_Eu não ouvi nada. _Mione concordou e Rony sorriu.

_E você sabe onde fica esse lugar? _o ruivo perguntou.

_Vocês ouviram o que eu disse? Ouviram? _Harry perguntou abrindo os braços.

_É um templo. Os bruxos o usavam na época que os celtas começaram a ser acusados de bruxaria para sediar combates de... Trouxas. Sabe? Gladiadores. Como em Roma. _e deu um leve empurrãozinho em Harry _Caramba, Harry. É o templo vermelho. Famoso pela quantidade de sangue trouxa que foi derrubado lá. Como você não reconheceu pelo nome? Binns nos mostrou fotos de lá esse ano.

_E a parte sobre “pode ter vários comensais lá”. Vocês ouviram? _ele retrucou ignorando a namorada.

_Acha que podemos chegar lá de flu? _Rony perguntou.

Mione olhou pensativamente pela janela, direto para a floresta proibida. _Acho que é mais fácil de outro jeito.

***

_Sabe, vocês não vão conseguir achar nenhum deles sem minha ajuda. _Harry alfinetou enquanto eles caminhavam pela floresta proibida. Rony carregava um pedaço de carne em uma vara comprida e Hermione ficava tateando às cegas. _Vocês não os enxergam. Olha isso, _ele provocou _você acabou de passar por um deles Hermione. _Então, a carne na ponta da vara foi para o chão, como se tivesse sido puxada, e saiu caminhando pela floresta, obviamente sendo puxada.

Era a nona, desde que começaram a procurar.

_Agora, chega, Harry. _Hermione se zangou virando-se para trás e batendo um pé no chão. _Você não está colaborando. Por que você não nos quer com você?

_Não é questão de não querer. _ele respondeu sem se perturbar _É questão de...

_E não diga PERIGO! _ela berrou. Rony imaginou que se ela berrasse assim com ele, ele já estaria de volta no castelo, encolhido embaixo de sua cama. _Por que você sabe tão bem quanto nós que... Que tudo que você enfrentou nesses sete anos, nós enfrentamos com você. Tudo bem, nós não ficamos cara a cara com Voldemort, e sabemos que isso é você quem vai fazer. Mas que DROGA, Harry, você não sabe conta?! Você é só um! Como você acha que pode acabar com Voldemort e com todos os comensais sozinhos?!

_E como VOCÊS acham que podem?!

_TRÊS têm mais chances que um!

Harry achou desnecessário continuar gritando. _O que você ia me contar. _Hermione deu um passo para trás surpresa _E não diga que é nada, por que, por Merlim, Mione, você têm andado estranha demais. O que você tem?

_Esse não é o assunto no momento, Harry.

_Não. É sim. É assunto em qualquer momento. Porque eu achei que não houvesse segredos entre a gente, Mione.

Antes que ela pudesse controlar, seus olhos encheram de água. _Eu vou contar, Harry. Quando voltarmos disso. Confie em mim.

_Eu confio. Mas parece que você não está confiando em mim agora.

_Você está tentando fugir do assunto. _ela respondeu, visivelmente fugindo ela mesma do assunto, e conjurando mais um pedaço de carne crua. _Eu vou achar um testrálio sozinha nem que... _então Harry viu um testrálio passando correndo entre as árvores e avançando na carne de mão de Mione. A garota, entretanto, não soltou a carne. _Rony! Rony, eu achei! _Rony correu até eles e segurou o que ele achou ser o pescoço do bicho. Só Harry via que era o focinho. O testrálio conseguiu puxar a carne de Hermione e ela caiu de joelhos na terra. Rapidamente, Rony subiu no testrálio. Harry sentiu vontade de rir, vendo-o montar ao contrário. Mione, entretanto, ainda que desajeitadamente, conseguiu subir virada para o lado certo e, curvando-se para frente, sussurrou “arena vermelha” em seu ouvido.

O testrálio levantou vôo rapidamente.

_Droga! _Harry exclamou, e pulou em cima de um dos vários testrálios que passavam por ali, partindo imediatamente atrás dos amigos.

***

O Sol já atingia a linha do horizonte quando eles chegaram ao seu destino. Por discrição, Hermione desceu em uma colina perto do tempo. Uma coloração vermelha, como a que Harry vira de manhã, coloria os campos esverdeados. Rony desceu do testrálio cambaleando e enjoado. Hermione, que já andava enjoando com mais facilidade do que qualquer outra pessoa, colocou todo seu jantar da noite anterior para fora. Harry desceu do seu testrálio com altivez. Já estava se acostumara a andar com eles.

Delicadamente, Harry puxou o cabelo de Mione para trás, enquanto ela se sentava na grama, segurando o estômago revirado. Harry deu um beijo em sua testa.

_Eu não quero estar brigado com você se... Se acontecer alguma coisa. _Hermione ergueu os olhos _Eu sei que se tiver alguma coisa que eu precise saber, você vai me contar. Eu confio em você.

Hermione encostou a cabeça no peito forte do garoto. De repente sentiu um medo desesperador. A frase “se acontecer alguma coisa” perturbou-a profundamente. _Eu amo você Harry. _e voltou a encara-lo _Eu só quero que você saiba.

Harry beijou-lhe novamente a testa e apertou-a com mais força entre os braços.

_Olhem. _Rony apontou para a entrada do templo, visível de onde eles estavam. Um grupo de seis comensais desaparatou dali. Depois, girou o rosto para olhar os amigos. _Acham que é essa a hora?

Harry levantou-se do chão e estendeu a mão para Hermione. _Eu não vejo uma melhor.

***
Quando Gina terminou de ouvir o berrador de Fred e de Jorge (que passou o que lhe parecia uma hora gritando), procurou por todo o castelo onde estavam Rony, Harry e Hermione. Mas não os achou em lugar nenhum.

Estava se lembrando da voz de Fred dizendo que Grope seria um marido melhor, enquanto a voz de Carlinhos se fazia ser ouvida dizendo para que ele deixasse a irmã em paz e a voz de Jorge perguntava se ele não sabia de algum dragão solteiro para casar com ela, quando ele olhou sobre a mesa que Hermione usara para apoiar o livro. Mas o livro não estava mais lá.

Mordeu o lábio e olhou pensativamente pela janela. Já anoitecera. O que eles deveriam estar aprontando agora? Pensou, mas não conseguiu decidir se deveria ou não falar com Dumbledore.

***

“Quem sabe ela seja a próxima, Harry?”

Harry não sabia dizer o porquê, mas algumas frases explodiam em sua cabeça, despertando lembranças e fazendo medos que nunca o abandonaram se manifestarem.

“Você se importa muito com ela”

Caminhavam sobressaltados por corredores escuros e estreitos. Hermione seguia logo atrás dele. Rony ao lado da garota. Suas mãos apertavam tão fortemente as varinhas que os nós de seus dedos estavam ficando brancos.

Hermione pensou com tristeza na Ordem. Não que estivesse arrependida de ter ido. Mas isso lhe parecia tão suicida agora. A Ordem parecia uma força tão distante.

Fizeram uma curva em L no fim do corredor e saíram em uma sala redonda com uma estátua ladeando a porta que eles haviam acabado de cruzar.

_A senha? _a estátua perguntou, fazendo o trio se sobressaltar.

Os três se entreolharam intrigados. _Hm... _Hermione começou em dúvida, mas Harry arriscou precipitadamente:

_Hm... Eis Lord Voldemort?

_Harry, não! _Mione gritou, e a sala ficou em silêncio por uns minutos.

_Senha errada! _a estátua quebrou o silêncio e, assim que ela terminou de falar um chiado pôde ser ouvido, como de fogos de artifício subindo no ar, e, logo após uma bola de fogo explodiu no alto da sala.

_Cuidado! _Harry gritou empurrando os amigos para o lado, enquanto faíscas do fogo se espalhavam pelo lugar.

_Tem que ter uma lógica, Harry! _Mione gritou se sobrepondo aos estalidos de novas bolas de fogo que explodiam no céu _É um lugar Celta. A senha deve ser Celta. A estátua já estava aí. Voldemort deve ter aproveitado isso. Ele só. Deve ter. Descoberto a senha. E usado desde então. _ela falou pulando por cima de linhas de fogo que se formavam no chão.

_A senha? _a estátua trovejou novamente. Harry virou-se novamente para ela.

_Vá para o inferno! _ele gritou zangado.

_Senha errada! _ a estátua respondeu novamente. Orifícios se abriram nas duas paredes laterais. Lanças saíram pelos buracos abertos.

_Abaixem-se! _Rony gritou, bem a tempo dos três pularem no chão. Então, as lanças cruzaram a sala rapidamente, e teriam cortado qualquer coisa no seu caminho.

_Harry, pare!

_A senha? _a estátua repetiu pela terceira vez. Harry abriu a boca para responder mais alguma coisa, mas Mione levantou-se e interrompeu-o antes:

_Droga, Harry. Pare!

Harry levantou-se também. _Senha erra...

Mas antes que ela pudesse concluir a frase, e ainda que nem Rony nem Hermione pudessem explicar o que acontecera, a estátua explodiu, em milhares de pedacinhos que voaram para os quatro cantos da sala, fazendo um imenso barulho. Uma passagem abriu-se na parede oposta a que a estátua estava e as bolas de fogo e lanças desapareceram.

_Caraca. _Rony exclamou encarando Harry, totalmente boquiaberto. Harry fulminava com o olhar o lugar em que a estátua estivera há apenas alguns segundos.

Hermione também tinha uma expressão surpresa. _Como você fez isso? _ela perguntou e Harry pareceu acordar de um transe. Seus olhos se descontraíram e ele olhou para ela.

_Eu não sei. _ele respondeu confuso _Eu só... Quis desejei explodi-la. E... Ela explodiu.

_Uau. _Rony continuou com os olhos arregalados _Deseje que Voldemort exploda da próxima vez.

Mas Hermione não achou graça. Achou os poderes de Harry desenvolvidos e, talvez, descontrolados demais. Harry olhou uma última vez para onde a estátua estava. Só restavam algumas marcas de queimado no chão. Nada além disso e de cinzas pelo chão.

_Vamos. _ele concluiu depois disso e passou pela passagem que se abrira segurando firmemente a varinha na mão.

Rony seguiu-o prontamente. Mione olhou uma vez para trás, e somente depois seguiu os amigos com uma expressão alerta.

***

Gina bateu na porta de Minerva receosamente. Alguns segundo depois, Minerva abriu uma frestinha da porta e olhou para fora.

_Por que sempre que você vem me ver, à noite, eu tenho um mau pressentimento? _ela perguntou abrindo totalmente a porta.

Gina não entrou. Tinha pressa. Já passara tempo demais desde que vira Harry, Rony e Mione pela última vez.

_Eles sumiram, profª. De novo.

Os lábios da professora se contraíram até formar uma fina linha. Depois ela saiu da sala marchando, sem dizer nada. Gina seguiu-a.

***

"Vem morar comigo em Londres? "

A única coisa que eles podiam ver no fim de um corredor longo e escuro era uma porta alta, com um archote ardendo em cada um de seus lados. Harry achava muito estranho não terem encontrado ninguém ainda. E se perguntava o que iriam encontrar atrás daquela porta.

De repente se deu conta de que nunca, em toda sua vida, fora tão feliz quanto nos últimos tempos. Talvez tivesse sido tão feliz com seus pais, mas era pequeno demais para lembrar.

"Trazer amor pra vida de uma pessoa, Harry, é a única maneira de salvá-la de verdade. "

Nunca se sentira tão encorajado a destruir Voldemort. A perspectiva de uma vida com Hermione, longe de qualquer tipo de perigo, ameaça, era fantástica demais.

E não saber o que eles iam encontrar atrás daquela porta era assustador demais.

Harry parou em frente à porta e colocou a mão sobre a maçaneta. Por uns instantes, ficou paralisado, sem poder abri-la. Até que sentiu a mão de Hermione sobre a sua. E viu Rony colocar a sua, sobre a dela. Mais encorajado, ele girou a maçaneta em forma de adaga e empurrou, de uma vez, a porta pesada.

"No meu caso, essa pessoa não existe, Harry."
_Eu sou essa pessoa.


Um salão amplo se estendia a frente deles. O chão todo de mármore e com várias estátuas de bruxos e bruxas e colunas brancas espalhadas pelo lugar. Mais à frente, na outra ponta do salão, Harry viu o arco que ele vira anteriormente através da mente de Voldemort. Mas dessa vez ele estava ali. Era real. E ele simplesmente sabia o que tinha atrás dele. Sabia o que o esperava.

Então percebeu cinco pessoas paradas ao longo da sala. Vestiam preto. Umas mais próximas. Outras bem distantes. Harry estreitou os olhos. Todos eles estavam com o rosto virado para a porta e pareciam surpresos com a entrada de estranhos.

O comensal mais próximo tirou, então, o capuz, e deixou uma onda de cabelos negros escorregarem pela capa.

_Olha só quem está aqui... Alguma coisa me dizia que você iria vir, Harry. Um dia você ia vir até aqui. _A voz zombeteira de Belatriz cantarolou o que ela chamaria de alegremente. Mione chamaria de cruelmente.

Harry não respondeu. Antes que ele, Mione e Rony percebessem, Belatriz apenas ergueu a mão e estalou os dedos. Dezenas de cordas saíram da parede atrás deles e avançaram diretamente para seus pulsos e pernas. Uma corda se prendeu ao pulso de Rony e apertou-o. Uma outra se prendeu na perna esquerda de Mione. Mione puxou a varinha, tentando corta-las. Mas elas eram rápidas demais. Quando deu por si, seus pulsos também estavam presos.

Harry tremia de raiva. Há muito tempo não via Belatriz. Mas o tempo não apagara a lembrança que ele tinha dela. Não mudava o fato de que ela tinha assassinado seu padrinho.

E isso lhe deu muita, muita raiva.

Uma corda se enrolou em seu pulso direito, mas, com os olhos apertados de fúria, ele apenas puxou rudemente o braço e a corda simplesmente se partiu. Belatriz pareceu não entender. E no minuto seguinte, Harry sacou a varinha, fez um gesto transversal e rápido com o braço e as cordas se partiram todas. Sem explicação.

Mione, que tentava se livrar de uma corda no tornozelo, ergueu os olhos admirada. Rony massageava os pulsos doloridos.

_O que diabos você fez?! _Belatriz berrou surpresa e irritada. Sacou sua varinha e todos os comensais atrás a imitaram. _Você sabe contar, garoto? Nós somos cinco. Vocês estão em desvantagem.

_Já estive pior. _Harry respondeu encarando a comensal com um olhar furioso. Ele não podia controlar. Era raiva demais. A última estátua da sala começou a tremer ligeiramente e o comensal a seu lado se afastou olhando-a, assustado. Inutilmente ele tentou chamar Belatriz, mas ela estava ocupada demais.

_Você não aprendeu? Você não aprendeu que quando meche com gente grande as pessoas a sua volta é que pagam o preço? _olhou para Rony e Mione ao lado de Harry _Quem você trouxe para a morte dessa vez? Eles?

A estátua explodiu. O comensal pulou para longe dos escombros e Belatriz olhou para trás, atraída pelo barulho. Depois voltou a encara-lo.

_Você está ficando fora de controle, pirralho. _e ergueu a varinha _Eu não vou deixar você sair por aí destruindo o templo do meu Lord!

Belatriz gritou Cruccio, ao mesmo tempo em que Harry gritava expeliarmus. Os feitiços cruzaram no ar e ricochetearam em um ângulo de noventa graus. Um deles foi diretamente na direção de Hermione.

_Cuidado! _Rony gritou e puxou seu braço bem a tempo. Uma coluna que se erguia atrás dela explodiu e ela cobriu o rosto com os braços. Rony viu de relance quando um comensal a sua frente ergueu a varinha e abriu a boca, mas ele foi mais rápido e paralisou-o com um feitiço “impedimenta”.

Foi o estopim para que uma batalha começasse no salão.

Harry desejou que Rony e Hermione soubessem o que estavam fazendo, por que assim que Rony fez o primeiro feitiço, Belatriz e mais um comensal que ele nunca vira na vida avançaram contra ele, como lobos sedentos de sangue.

Harry pulou para trás da estátua de uma bruxa alta e esbelta bem a tempo. Viu um feitiço verde passar por seu lado direito e a cabeça da estátua explodindo. Respirou fundo, levantou-se novamente, apontou a varinha sem mirar muito bem, gritou “Estupefaça” rezando para que tivesse acertado alguém, e pulou para fora de seu esconderijo, correndo para trás de uma outra estátua. De relance viu um dos comensais que o seguia caído no chão. Com seus velozes olhos de apanhador, viu Rony atrás de uma coluna se preparando para atacar e Hermione duelando ferozmente com um outro comensal.

_Você não pode fugir desse jeito, sabia? Quando você vai aprender a enfrentar as pessoas? _Belatriz perguntou e Harry escutou seus passos batendo no chão. Respirou mais uma vez e levantou-se. Belatriz já estava com a varinha erguida, mas mal emitira a palavra “Avada”, quando Harry já gritava “estupefaça” e uma luz vermelha atingiu-a diretamente no peito. Belatriz foi atirada pelo ar, contra uma coluna erguida no meio do salão. Bateu a cabeça no chão e caiu estuporada.

No mesmo minuto, Harry escutou o grito de Rony ecoando no salão. Ergueu os olhos e o viu caído de joelhos no chão, sendo torturado por um Cruccio. O comensal a sua frente tirara o capuz e Harry reconheceu McNair. Com um sorrisinho triunfante no rosto. Enquanto Rony gritava com todas as forças que tinha, como se cada centímetro de seu corpo estivesse sendo rasgado e queimado.

Passou por Hermione, que ainda duelava com o mesmo comensal, e alcançou-os mais rápido do que imaginava possível. Quando o comensal o viu, tirou a maldição de Rony e ergueu a varinha para Harry. Rony apoiou-se fracamente na parede para se levantar.

Harry via os clarões dos feitiços de Hermione cruzarem a sala. Orgulhou-se dela. E de Rony. E desejou mais do que nunca acabar logo com isso.

_Sectusempra! _McNair exclamou brandindo a varinha como se fosse uma espada. Harry pensou rápido e bloqueou a azaração com um feitiço escudo. Só que seu escudo não foi suficientemente forte. O feitiço lançado pelo comensal cortou sua roupa do ombro até o coração e abriu um pequeno corte em sua clavícula.

_Expeliarmus! _Harry berrou como se não tivesse sentido nada. A varinha do comensal voou para longe descrevendo um arco no ar. Desarmado, o comensal ficou encarando Harry com a mesma fúria que Harry sentia, sempre que se deparava com comensais. Lentamente, Harry se aproximou dele e encostou sua varinha em seu peito.

_Petrificus Totalis. _ele pronunciou lentamente. Os braços e pernas do comensal se endureceram e ele caiu de lado no chão.

Belatriz acordou a tempo de ver isso. Ergueu o rosto do chão e apertou com força a varinha. Aquele garotinho não podia. Derrotar. Cinco dos melhores comensais de Lord Voldemort desse jeito. Simplesmente não podia. Ele tinha que ter um ponto fraco. Um calcanhar de Aquiles.

E foi quando Harry virou-se para ver se Rony estava ok que Belatriz viu que o melhor a se fazer não era ataca-lo. Era atacar seus amigos. Nem chegara a levantar do chão e já pronunciara “Cruccio”, mirando diretamente em Hermione.

" Porque você é muito importante pra mim. "

Mione estava no meio de um feitiço e foi pega de surpresa. Soltou a varinha e jogou o pescoço para trás. Um grito de dor explodiu de seu peito e se espalhou por todo lugar.

_Mione! _Harry gritou virando-se assim que escutou seu grito.

"O Rony está sendo cabeça dura, mas um dia ele vai se dar conta da garota perfeita que você é e vai assumir o amor que ele sempre sentiu por você.
_Eu estou falando de você, Harry. "


Aproveitando a oportunidade, o comensal que Hermione enfrentava mirou em seu peito e gritou “Cruccio”, com um asqueroso sorriso no rosto. Mione achou que não ia resistir. Sua cabeça parecia estar sendo esmagada. Cada nervo de seu corpo se esticava ao máximo e ela gritava o mais alto que conseguia. Queria morrer. Queria que aquilo parasse não importava como. Queria ser salva.

"Harry, eu acho que amo você."

Harry sentiu a raiva aumentar. Viu quando Belatriz levantou-se do chão e entendeu o que tinha acontecido. Perdeu totalmente o controle. Seus olhos se estreitaram, virando fendas verdes, que pareciam queimar de fúria. Ele deu alguns passos para frente e, com um gesto da mão, fez Belatriz voar novamente pelos ares e bater na parede. Mione perdeu os sentidos no chão. As estátuas começaram todas a tremer ao mesmo tempo. Belatriz olhou para o garoto. Pela primeira vez, desde que ele a conhecera, com um olhar assustado.

_Você é mais forte do que qualquer um julgava. _ela sibilou e levantou-se do chão. O comensal que duelava com Hermione ergueu a varinha para Harry, mas Rony imediatamente se colocou a sua frente e deu continuidade ao duelo de Hermione.

Belatriz se pôs a correr, feito uma criança para o arco que levava para a arena. _Mestre. _ela chamou antes mesmo de alcançar a porta _Apareça, mestre.

Harry mirou para suas costas e murmurou petrificus totalis pela segunda vez na noite. Belatriz caiu no chão, imobilizada.

Imediatamente, Harry se ajoelhou no chão ao lado da namorada. Ergueu-a, delicadamente, e repousou sua cabeça em suas pernas.

_Hermione. _ele chamou baixinho, sentindo um medo que corrompia toda sua alma. Um medo que ele nunca sentira antes. _Pelo amor de Merlim, Hermione, acorda. _uma lágrima escapou por baixo do aro de seus óculos e molhou o rosto da menina.

"Se for para eu ser feliz para sempre com alguém, eu quero que seja com você. "

Harry debruçou-se sobre ela e abraçou-a com força. Só então sentiu algo que o tranqüilizou: o coração da garota batendo. Respirou fundo e afastou seu corpo do dela. Olhou em volta e ficou imaginando como ele fazia alguns dos feitiços que faziam todo aquele estrago. Sequer sabia. Era quando a raiva o dominava que isso acontecia. Ele não conseguia evitar. Ele simplesmente perdia o controle do que estava fazendo. Parava de pensar no que ia fazer.

Dumbledore sempre dissera que isso não era bom para ele. Dumbledore sempre disse que isso seria perigoso em uma situação de risco. Dumbledore sempre achara que o raciocínio era melhor do que um feitiço muito potente.

Será que era a uma situação assim que ele se referia?

Olhou em volta. Pensou no que ia fazer. Mas nada lhe surgia em mente. Apenas no coração. Algo que o atrai para trás do arco.

_Eu queria muito que você não tivesse que passar por isso, Mione. Nunca. Porque você não merece. _ele falou e deu um beijo na garota _Eu queria realmente dar um mundo seguro pra você viver. Faria qualquer coisa para que você nunca mais corresse perigo. _deu mais um beijo em seus lábios. _Eu amo você. _deitou-a delicadamente onde ela estava e levantou-se.

Apertou a varinha com força e começou a caminhar até o arco.

"Eu não quero que Voldemort tire você de mim. "

***

_Se você se lembrar, Gina, de qualquer coisa que eles tenham dito... _Dumbledore insistia mais uma vez andando de um lado para o outro em frente à lareira.

Mas Gina não lembrava. Dessa vez, Harry, Mione e Rony não haviam comentado nada. Ao não ser...

_Eles estavam com um livro, professor! _ela explodiu de repente. Snape e Minerva, que também estavam na sala, viraram imediatamente os rostos para ela.

Dumbledore foi até ela e segurou seus ombros.

_Encontre esse livro, Virgínia. _ele pediu. Virgínia viu algo parecido com desespero em seus olhos. Fez um sim determinado com a cabeça e saiu da sala.

***

Quando cruzou o arco, Harry viu exatamente a mesma imagem que vira anteriormente. Respirava fundo para se manter calmo. A única diferença era que agora não havia dois corpos no chão. E ele via uma outra pessoa do outro lado da arena.

Voldemort.

_Eu escutei uma bagunça na minha ante-sala. Imaginei que eram crianças... _Voldemort sibilou a guisa de boas vindas.

_E por que não chamou reforços? _Harry perguntou astutamente. Queria saber se tinha mais gente a caminho.

_Porque eu queria que você chegasse até aqui. Eu queria que você viesse.

_Você sabe que não pode evitar o fim? _Harry perguntou arqueando as sobrancelhas sugestivamente.

_O seu fim. Eu queria que você viesse, porque só eu posso matá-lo.

_Ou vice versa. _Harry retrucou dignamente.

_Não existe vice versa dessa vez. _Voldemort respondeu e ergueu a varinha. Ele gritou Avada, mas antes de terminar o feitiço, Harry pulou para o degrau abaixo e um jato de luz verde passou por cima de sua cabeça.

"Eu não tenho medo, Harry. Não com você perto de mim. "

Harry continuou pulando de degrau em degrau, de patamar em patamar, sentindo feitiços explodirem a cada passo que deixava para trás. Voldemort começou a caminhar a passos lentos na direção em que ele ia. Harry pulou para trás de uma estátua encostada à parede.

_Não fuja, Harry. Não vai doer nada. _ele comentou com um tom jocoso. _Bom, pelo menos eu nunca vi ninguém reclamar.

Harry sentiu seus passos se aproximarem, respirou fundo e pulou para fora da estátua, gritando expeliarmus, enquanto Voldemort gritava Avada Kedavra, mais uma vez.

Foi como reviver um momento. Ambos já haviam visto isso acontecer. As varinhas se uniram por um feixe de luz, com algumas contas deslizando por ele.

Voldemort fez uma expressão extremamente raivosa, que não combinava muito com suas feições ofídias.

_Nossas varinhas não duelam. _ele resmungou, enquanto as contas deslizavam cada vez mais para o lado em que ele estava. _Terá que ser de outro jeito. _e ergueu, abruptamente, a varinha, fazendo o feixe se romper.

Harry não entendeu o que ele quisera dizer, mas entendeu no momento seguinte. Assim como Dumbledore, Voldemort parecia perfeitamente capaz de fazer algumas “coisinhas” sem sua varinha.

O chão e as paredes tremeram. O templo parecia querer desabar. Harry não se perturbou. Manteve a calmas. Concentrou-se. Fechou os olhos e, imaginando que podia usar uma varinha, pensou no feitiço Finite Incantatem. E o chão parou, gradualmente, de tremer. Harry reabriu os olhos, para encontrar Voldemort encarando-o furiosamente.

_Você aprendeu coisas demais nos últimos tempo, garoto.

E se revoltou. No minuto seguinte, bolas de fogo, como as que Harry vira na sala da estátua, começaram a explodir acima de sua cabeça. Harry mal teve tempo de olhar para cima, antes de agilmente, pular para os degraus mais baixos e se abrigar no vão entre as escadas e o portão por onde ele vira os comensais levarem os dois corpos torturados.

_Você não pode me vencer! _Voldemort gritou de algum lugar acima dele _Simplesmente não pode! Você é fraco demais para mim! Como _e baixou a voz para um sussurro maldoso _seus pais eram.

Harry sentiu um ódio descontrolado tomar conta de si. Voldemort parecia ter se entusiasmado. Alguns degraus das escadas estavam incendiados. O fogo não se alastrava por falta de combustível. Mas logo, teria bolas de fogo por todos os lados e o fogo nem precisaria se alastrar. Harry respirou uma, duas vezes. Pensou em Dumbledore e em como ele evitara que Harry participasse ativamente dos movimentos contra Voldemort porque ele sempre se descontrolava. Ele ia provar que não era verdade. Ele ia provar que tinha total controle sobre seus poderes.

Levantou-se de onde estava e olhou para cima. _Olhem quem apareceu para brincar... _Voldemort brincou com um sorriso maligno. Mas não teve tempo para nada além disso. Harry ergueu a mão e, como se tivesse realizado um feitiço estuporador de levitar, uma pedra que se deslocara de um dos degraus saiu do chão e precipitou-se na direção de Voldemort. Sem esforço nenhum, Voldemort parou-a. _Isso é tudo que você sabe fazer? _ele perguntou, mas Harry não pôde responder. Assim como ele fizera, Voldemort ergueu a mão e Harry sentiu como se todo seu corpo estivesse em brasa. Gritou, e caiu de joelhos no chão. Voldemort rompeu a azaração. _Por alguns minutos em achei mesmo que você tivesse ficado forte. _Harry levantou-se, como uma expressão de ódio no rosto. _Por alguns minutos... _ele continuou lentamente e com uma voz baixa e sibilante _eu fiquei pensando, realmente, em como você seria forte ao meu lado... Em como seria agradável ter um aliado como você.

Harry fuzilou-o com o olhar. _Nunca. _ele resmungou sentindo um imenso ódio.

_É o que vamos ver. _ele respondeu desafiador e, no momento seguinte, sentiu como se estivesse anestesiado. O mundo a sua volta parecia ter deixado de existir. Tudo que ele sentia era uma imensa tranqüilidade.

“Pegue sua varinha” _Harry escutou uma voz sussurrando em seu subconsciente “Vamos lá, pegue sua varinha”. _Isso não lhe parecia um problema no momento. Tirou a varinha do bolso. Ergueu-a novamente. _ “Olhe lá fora” _a voz lhe dizia _ “Vê? A garota de cabelos castanhos?” _Harry olhou para Hermione, que acabara de recuperar a consciência. Ela apoiou uma mão no chão e ergueu metade do corpo. A voz enrijeceu. “Mate-a”.

Harry hesitou. Não via motivos para fazer isso.

“Mate-a” _a voz insistiu mais urgentemente.

Harry apertou a varinha em seus dedos.

“Mate-a” _a voz repetiu mais uma vez.

" Eu sinto muito por ter tentado fugir disso, mas eu a amo, Mione."

“Não quero!” _uma voz mais forte respondeu em sua cabeça.

“MATE! Agora!” _Harry escutou a primeira voz gritar. Seus punhos se fecharam.

"Respira, Harry. É vida."

“Eu não! Vou!” _sua voz respondeu em um tom alto e agressivo. _Matá-la! _a última parte explodiu com força de sua garganta. De repente ele voltou sentir a realidade a sua volta. Voltou a sentir a tortura que era duelar com Voldemort. Voltou a sentir a dor que a maldição cruciatus lhe causara.

Então, com um berro de fúria, ele ergueu a mão e o chão, de onde ele estava até Voldemort, começou a se abrir. Várias pedras se deslocaram. Com um gesto da mão, Voldemort fez o chão parar, mas foi o suficiente para que Harry, como se tivesse efetuado um feitiço estuporador, jogasse-o contra a parede, violentamente.

Voldemort pareceu não acreditar.

_Eu nunca faria alguma coisa contra ela. _Harry respondeu _Nunca.

Voldemort não olhou diretamente para Harry. Olhou para cima de sua cabeça. Harry olhou para cima, para ver o que ele olhava tão insistentemente, bem a tempo de ver algumas pedras se soltando do teto abobadado e caindo sobre ele. Harry fechou os olhos, concentrando-se. Não tinha muito tempo. Desejou que seus poderes se descontrolassem novamente e que as pedras caíssem em cima de Voldemort. E, sem que ele soubesse explicar como, as pedras pararam, mudaram sua trajetória e desabaram no instante seguinte, sobre Voldemort.

Harry ficou olhando esperançoso para o amontoado de rochas que ocupava o lugar onde Voldemort estivera. Alguns segundos se passaram. E, repentinamente, Voldemort reapareceu, fazendo as pedras voarem para todos os lados.

_Você vai viver o bastante para ver sua namoradinha trouxa morrer. _Harry sentiu seu peito inchar de raiva _Sabia que os pais dela morreram chamando o nome da filha. _Harry sentiu a raiva se espalhar. Desmedidamente. _Teria sido comovente para uma pessoa com sentimentos. Será que ela vai morrer chamando seu nome, Harry?

E, novamente, sem poder explicar como, Harry fez Voldemort ser arremessado pelo ar, batendo em uma coluna no último degrau da arena. Com muito mais violência dessa vez.

_Eu NUNCA DEIXARIA VOCÊ ENCOSTAR NELA! _Harry berrou. De onde estava, Harry viu as mãos de Voldemort se crisparem, como se estivesse sentindo dor. Como se Harry estivesse lhe causando dor. Lentamente ele começou a caminhar até onde Voldemort estava. _NUNCA! _Harry sacou sua varinha, que ele guardara novamente no bolso.

_Eu posso fazer essa varinha voar daqui com muita facilidade. _Voldemort, ainda no chão, resmungou, como se estivesse sentindo um profundo ódio.

_E eu posso muito bem continuar a lutar sem ela. _Harry respondeu com dignidade.

_E o que você pensa que pode fazer agora? _ele perguntou com desprezo _Me matar?

_Por que não? Eu destruí todos os horcrux. Você está vulnerável agora.

Voldemort deu um pequeno sorriso enviesado. _Não a você. _Sua voz tinha um pouco de triunfo.

_Por que não a mim? _Harry perguntou e Voldemort não respondeu. Apenas continuou sorrindo aquele sorriso detestável. Então ele entrefechou os olhos e sibilou: _Você está blefando.

_Não. Não estou. Foi aquilo que você bebeu. Lembra-se? Enquanto aquela poção correr em suas veias, Potter, você não pode me matar.

_O quê? _Harry perguntou rudemente e seus olhos se estreitaram mais ainda.

_É isso mesmo que você ouviu. Eu sou esperto demais para morrer. Acompanhe o raciocínio, Potter. Se alguém vai atrás da horcrux, é para me matar. Se alguém queria a horcrux, teria que beber a poção para pegá-la. E aquela poção cria um vínculo de sangue que impede quem bebeu de me matar.

_Não é verdade. _Harry retrucou ferozmente. Mas dentro de si ele já começava a sentir um novo desespero e desapontamento. Ele parecia dizer a verdade.

_É verdade sim. Enquanto essa poção estiver em seu sangue e enquanto correr sangue em suas veias, você não poderá me matar. E olha que sorte a minha: justamente a única pessoa que pode me matar, de acordo com a profecia, foi quem bebeu a poção. _e riu _E o efeito dessa poção é muito longo, garoto. São anos para ela sair de seu corpo. E até lá, Harry, imagine quantas coisas eu posso fazer...

Harry sentiu um aperto no coração. No fim, ele fracassara. No fim, ele não poderia livrar o mundo do mal que Voldemort causava. No fim, ele não poderia trazer paz à vida de Hermione.

_E ela vai ser a próxima. _Voldemort continuou, olhando para Hermione por cima do ombro de Harry _Quando você menos esperar, Harry, eu vou pegá-la. E vou faze-la sofrer tanto, que ela vai pedir para morrer. _Harry sentia ódio, frustração, não sabia o que fazer. Ele não podia deixar que aquilo continuasse. _e você não vai fazer nada contra mim. Não vai poder me impedir. Não vai poder me parar. Não vai poder me matar. _deu uma risada curta e desdenhosa _A não ser é claro que se mate antes. Mas aí não vai poder me matar de qualquer forma, porque, sabe, você vai estar morto demais para tentar. _e riu. Uma risada de gelar os ossos.

Harry olhou para trás. Mione se apoiava em uma estátua. Mais uma vez enjoara, provavelmente com cheiro de incenso do lugar, e dava adeus aos resquícios de seu café da manhã. Ele a amava tanto. Algumas lágrimas surgiram em seus olhos. Tinha que haver. Alguma coisa. Que ele pudesse fazer.

"Aliás, se um dia você chegasse a ponto de ser mesmo obrigada a usar esse feitiço, eu o faria por você. "

A solução pareceu invadi-lo como um balde de água fria. Ele podia. Ele podia matar Voldemort. Ele podia fazer parar de correr sangue em suas veias e podia matar Voldemort.

Olhou para trás mais uma vez.

Isso significava perder tanta coisa. Tanta vida. Significaria... Nunca mais ver Hermione.

"Você pode insistir para que eu vá embora, Mione, mas eu jamais deixaria você aqui, enfrentando tudo isso sozinha. "

Mas talvez ele não pudesse mais cumprir essa promessa. Pelo próprio bem dela. Para que ela mesma pudesse... Viver. Em paz finalmente.

Harry virou-se novamente para Voldemort, decidido.

_Você não vai fazer isso. _Voldemort desdenhou sem se afetar. _Você não quer fazer o explojion. Não quer se matar. Você não quer perde-la.

Harry não precisou pensar muito para saber que ele lera isso em sua mente. Apertou os dedos em volta da varinha.

_Pensa bem. _Voldemort continuou _Você ainda pode conhecer seu filho. Eu lhes dou esse tempo para isso.

Harry sentiu um solavanco no estômago. Seu coração se apertou ainda mais. Sua mente se esvaziou totalmente. _Do que diabos você está falando? _ele sibilou em voz baixa.

_Ela não contou, não é mesmo? Não contou que está grávida.

Ao mesmo tempo em que uma alegria incompatível com o momento explodia em seu peito, uma amargura maior se espalhava por sua corrente sanguínea. Pai. Ele seria... Pai. De um filho com a mulher que ele mais amava. Que ele mais amara em toda a vida.

Olhou para trás mais uma vez. Hermione passava uma mão pelo ventre. Rony acabara de render o comensal com quem ainda duelava.

Que vida ele queria dar a seu filho? Uma vida na qual ele sequer poderia sair em segurança de casa? Ele era filho de Harry Potter, por Merlim... Ele nunca teria paz se... Se Voldemort sobrevivesse.

_Em dúvida, Potter? _Voldemort perguntou com um tom jocoso _Gente boazinha é tão fácil de manipular.

Ele ainda olhava Hermione. Isso doía demais. Mas ele não tinha dúvidas. Ele precisava fazer isso. Mais agora do que nunca.

Hermione ergueu os olhos e encarou-o por alguns minutos. Longos. Que pareceram durar uma eternidade.

"Eu não quero nunca que isso acabe, Harry. Eu quero acordar todos os dias assim. Desse jeito. "

“Eu não posso mata-lo de outro jeito” _Harry pensou, querendo dizer isso a ela, querendo explicar. De alguma forma, Mione sentiu essa mensagem entrando em seu subconsciente.

Então Harry virou-lhe as costas. Virou-se novamente para Voldemort.

Mione sentiu uma pontada de pânico. De repente, ela sentiu que algo não estava certo. Como sempre acontecia, ela pareceu adivinhar o que Harry ia fazer.

_Harry! _ela se endireitou rapidamente e começou a correr em direção ao arco _Harry, não! _Mas, com apenas um movimento da mão, Harry fez a porta bater e se fechar atrás de si. _VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! _ela gritou desesperada, alcançando a porta e lançando-se contra ela _Não pode me abandonar agora! POR MERLIM, HARRY! _ela socou a porta _Eu estou grávida!

Foi diferente ouvir isso dela. Foi algo doce. Foi como se toda sua vida tivesse sentido agora. Ele ia ter um filho.

"Você é especial para mim. "

Hermione sentiu o pânico aumentar. Seu rosto começou a ser lavado por inúmeras lágrimas. _Alohomora. _ela murmurou com a voz soluçante e entrecortada. A porta não se mexeu. _DROGA, HARRY! Tem que existir outro jeito!

Hermione só tornava isso mais difícil. Cada soluço que ele escutava, cada grito que ele ouvia, tudo isso só o adiava a fazer o que sabia que precisava fazer.

Voldemort entrando em sua mente e dizendo que ele não queria fazer isso também não ajudava muito. Ele não queria. Ele precisava.

“Eu amo você, Hermione. Eu só quero que você saiba que nada que eu fizer vai mudar isso.”

Os olhos de Hermione se abriram mais e ela parou de gritar. Ouvira. Ouvira isso com bastante clareza em sua mente. _VOCÊ NÃO VAI FAZER NADA, HARRY! _ela chutou a porta _Por favor, Harry, tem que haver outro jeito, abra a porta...

“Nosso filho vai crescer em um mundo onde as pessoas não sabem o que é medo. Ele não vai precisar ler manuais de defesa pessoal ao sair de casa. E... E sua casa não vai precisar ser protegida...”

_PRO INFERNO COM A PROTEÇÃO! NOSSO FILHO VAI PRECISAR DE UM PAI! _ela gritou, batendo com o punho fechado na porta _Eu amo você. Pelo amor de Merlim, Harry, não faz isso comigo. Eu amo muito você.

“Eu sei que você vai cuidar dele e... Faça ele saber de mim, certo? Faça ele saber que eu o amei desde o momento que soube que ele existia...”

_PÁRA DE FALAR ISSO!

“... E que eu amei a mãe dele também, até meu último momento.”

_NÃO TEM UM ÚLTIMO MOMENTO! _ela encostou-se à porta e escorregou fracamente por ela, chorando copiosamente. _Por favor, abra a porta, Harry...

“Cuide dela, Rony. E do meu filho, também..”._Só então Rony se aproximou da porta. Ele não sabia o que fazer. Sua garganta estava tampada. Ele queria deixar tudo o que estava sentindo, mas algo dizia que ele precisava ser forte agora.

Mione levantou-se. _Harry, não. _ela suplicou. Afastou-se da porta.

"Eu amo você, Harry. Nunca tive tanta certeza de algo na minha vida. "

“E tire-a daqui agora.” _Harry concluiu, como um Adeus.

Os olhos de Mione se abriram novamente em sinal de alarme. Ela precipitou-se novamente para a porta, mas foi interrompida por um assobio longo e baixo vindo de dentro da sala. Ela ficou paralisada. Então, o assobio parou, deixando um silêncio mórbido no ar, que foi repentinamente substituído por uma explosão ensurdecedora. O barulho fez Rony se encolher e as colunas do templo tremerem. Mione ficou em choque. Seu corpo começou a tremer. No instante seguinte, tudo ficou em silêncio novamente.

E a porta se abriu.

_NÃO! _Mione gritou entrando em pânico, caindo de joelhos no chão e chorando com toda a força que tinha.

_Vamos, Mione, por favor. _Rony tentou puxá-la pelo braço.

_Me solta! _ela explodiu puxando o braço novamente com violência _Você não pode me obrigar! _ela levantou-se e fez menção de ir até a sala.

_Mione, não! –Rony gritou agarrando-a pela cintura e erguendo-a do chão _Ele não ia querer que você visse isso!

_ME SOLTA! _ela berrou se debatendo. Por que Rony estava agindo dessa forma? Ele não via que Harry provavelmente estava machucado? _Ele precisa de mim!

Rony colocou-a no chão e deu-lhe uma leve sacudida. _Ele se foi, Mione.

Por alguns segundos ela ficou em silêncio, como se estivesse absorvendo a afirmação. Então recomeçou a chorar. Sentia-se perdida. Rony abraçou-a pelos ombros. E ela começou a chorar com mais vontade ainda.

"Eu amo tanto você, Hermione."

***

Era incrível como a vida podia parecer tão perfeita em um dia e tão miseravelmente infeliz no outro. Vagamente se lembrara de como voltara ao castelo. De como fora posta para dormir, a força, com uma poção do sono sem sonhos. De como Gina chorara e se proclamara culpada por não ter podido ajudar a Ordem a chegar a tempo. Como Dumbledore dissera que ninguém tinha culpa. Como Minerva apertara um lencinho contra o rosto tentando conter as lágrimas. Como Snape parecia simplesmente impassível demais. Como Hagrid urrara de dor.

Seus olhos estavam inchados. Vermelhos. Ela nunca chorara tanto em toda a vida. Nunca. Seus olhos chegavam a arder de tanto chorar. E quando ela achava que tudo era um pesadelo muito ruim, alguém a lembrava de que aquilo era vida, e chorava mais um pouco.

Sentada no parapeito da janela de seu quarto, ela olhava para o ensolarado dia de verão lá fora.

Não via graça. Graça alguma. Por ela, as nuvens podiam simplesmente resolver cair e o mundo acabar.

Não faria diferença de qualquer forma.

Escutou a porta se abrindo, mas não desviou os olhos da paisagem. Sabia que era a única pessoa com coragem o suficiente para falar com ela naquela manhã.

_Dumbledore quer falar com você. _Rony falou lenta e receosamente.

_Eu não quero falar. _ela respondeu. Rony sentou-se ao lado dela.

_Ele não ia querer ver você assim. _ele comentou com leveza. Tinha medo que ela explodisse novamente. Os olhos da menina encheram de água.

_Como você pode saber? –ela perguntou ferozmente.

_E você sabe, também. Você o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa.

_O que eu vou fazer agora? _ela perguntou perdida _Eu vou ter um filho, Rony. E estou sozinha agora. O que eu vou fazer?

_Como sozinha? Eu estou aqui. Gina está aqui. O que acha que vamos fazer? Deixa-la criar seu filho sozinha?

Mione virou-se novamente para a janela. _Quando... Quando vai ser... O enterro? _ela perguntou com a voz embargada. De repente recomeçou a chorar.

_É sobre isso que Dumbledore quer falar. _ele começou sem saber como dizer _Os... Corpos deles... Não foram encontrados...

Mione virou-se abruptamente estreitando os olhos. _O quê?

Rony parecia desconcertado _Dumbledore diz que os feitiços de Harry estavam fortes demais. Descontrolados demais. Ele não sabe dizer o que pode ter acontecido.

_Rony, isso é impossível... _ela murmurou sem acreditar no que ouvia.

_Mione, você viu como o poder de Harry estava... _Rony argumentou com certa urgência na voz _ele desintegrou uma estátua bem a nossa frente.

_Nenhum feitiço, por mais potente, pode desintegrar uma pessoa. Eu estudei o explojion, Rony, ele não faz isso.

_Dumbledore disse que fez. _ele argumentou como se desse o assunto por encerrado.

De repente a realidade assolou-lhe novamente. Ela não tinha mais Harry. Nunca mais o veria.

_Eu não consigo entender, Rony. _ela choramingou. As lágrimas recomeçaram a correr. _Por que ele fez isso? Por que ele achava que essa era a única maneira de derrotar Voldemort?

_Dumbledore disse que foi aquilo que ele tomou. _Hermione sentiu o sangue congelar. No fundo sempre soubera que aquilo era algo muito ruim _Era uma poção que se misturou ao sangue de Harry e impedia que ele matasse Voldemort. E... De acordo com a profecia... Ele era o único que podia.

Hermione começou a soluçar descompassadamente. _Tenho certeza que Dumbledore teria podido... Que... Havia outro jeito...

_Dumbledore acha que Voldemort foi muito esperto ao proteger a horcrux com essa poção. Se uma pessoa a bebesse para pegar a horcrux, era porque queria mata-lo. Mas bebendo-a, ela não poderia. Entende?

Então ela ergueu os olhos manchados de lágrimas. _Dumbledore... Sabia? _Rony fez que sim, com uma expressão triste no rosto. _Por que ele não nos avisou? _ela perguntou se revoltando. _Que droga! Talvez, se Harry soubesse, ele não fosse atrás de...

_Você acha mesmo isso, Mione? _Rony perguntou cortando o que ela dizia _Você o conhecia. Você acha que, se Dumbledore tivesse contado, Harry não ia, no instante seguinte, fazer exatamente a mesma coisa que ele fez.

Mione não respondeu. Sabia que ele tinha razão. _Eu não acho que posso viver sem ele, Rony. _ela confessou por fim, e recomeçou a chorar.

Rony puxou-a para um abraço e ela repousou a cabeça em seu ombro. Uma lágrima escorreu pelo rosto sardento do ruivo. _Eu vou sentir falta demais dele. _ele sussurrou mais para si mesmo do que para ela. _Falta demais.

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