A casa da praia



Cap. 22_

Quando o tempo é frio, o sol não aparece e a água congela nos lagos e rios, as maiores fontes de calor são os corações apaixonados.

Harry não sentia mais frio.

Ao menos não enquanto estava perto de Hermione. O que acontecia, basicamente, o tempo todo. Entretanto, por mais que algumas garotas da escola insistissem em espalhar os boatos de que eles eram namorados, eles não assumiam o fato. Harry não achava que Rony estava preparado para lidar com isso e não queria perder a amizade do amigo. Hermione concordou.

Então, apenas durante a noite, quando Harry ficava até tarde no quarto dela, eles tinham algum momento de privacidade. Era nessas horas que eles sentavam-se no parapeito da janela, ele a abraçava, ela encostava a cabeça em seu peito e eles ficavam discutindo sobre um futuro em comum...

Sobre detalhes de um futuro que não parecia tão distante no momento...

Gina, ao contrário, não tinha mais a mesma vitalidade. Seu cabelo parecia mais sem cor, seu rosto parecia mais pálido. Seus olhos pareciam mais tristes. Diziam os boatos de que era por causa de Dino, que agora estava saindo com Suzana Bones. Mas Gina não ligava para os boatos. Ouvia milhares deles por dia e nem um terço deles costumava ser verdade.

O mais recente dizia que dois alunos tinham brigado no corredor de poções, e um deles estava tão bravo, tão bravo, que o outro teve que ser carregado para a ala hospitalar com diversas fraturas, em vários lugares do corpo.

Gina não acreditou, mas Winter passou três dias de cama se recuperando e Draco, uma semana pagando detenção.

Não que a detenção tivesse lhe ensinado muita coisa. Ele ainda repetia incansavelmente que da próxima vez que ele se aproximasse de “Winter sabe quem” a surra seria bem pior.

Ninguém entendia exatamente do que ele estava falando.

Assim as aulas voltaram. Hermione ficou ainda mais grudada em livros, alegando que os NIENS estavam perto. Rony começou a evita-la, para não ser obrigado a estudar também. Harry não se importava de passar mais tempo com a namorada, ainda que, para isso, tivesse realmente que estudar alguma coisa. E Gina, bem, as notas de Gina não viam um 10 há muito tempo.

Quando Hermione descobriu isso, se dispôs a dar-lhe aulas particulares. Gina não achou a idéia tão ruim. Até notar, é claro, que Hermione achava todo lugar propício para uma revisão rápida.

_Então, Gina, o que vai na poção do morto vivo? _Mione perguntou enquanto colocava suco em um copo.

Gina ergueu os olhos da torrada, incrédula. Como alguém podia não cansar de estudar tanto? _Eu. _ela respondeu entediada _Se você não me der pelo menos um dia de paz.

_Gina, suas notas estão horríveis. _Hermione lembrou-a _Como você pode querer paz?

_Vamos lá, Mione, é sábado! _Rony cantarolou ao lado da irmã _Deixe ela, só hoje.

Hermione ergueu as sobrancelhas sugestivamente. _Bom, suas notas também não andam aquelas coisa... Se você quiser aproveitar o domingo para...

Então Rony olhou para o outro extremo da mesa, como se tivesse ouvido seu nome. _Como? Chamou, Simas? Ah, é, verdade, você disse que precisava falar comigo. _ele comentou, ainda que o colega que acabara de virar-se para ele estivesse visivelmente sem entender _Com licença, gente. Vejo vocês depois. _e levantou-se, indo sentar perto de Simas.

Harry e Gina riram. Hermione bufou contrariada.

_Ei, olha isso, Mione. _Harry chamou apontando para um quadradinho no jornal _Londres, três quartos, sala, cozinha, dois banheiros. Preço acessível. Aberto a visitações. _Ergueu os olhos do jornal. O que acha?

_Que Gina não merece um domingo de folga. É isso que eu acho.

Harry revirou os olhos. _Estou falando do apartamento. Aberto a visitações.

Hermione debruçou-se para ler o anúncio no jornal. Franziu as sobrancelhas quando se levantou. _Ah, Harry, mas é só hoje. Que pena.

_Por que, que pena? _Harry perguntou passando manteiga em uma torrada e dando-a para Hermione _Nós podíamos escapar um pouquinho para...

_Não! _Mione cortou rapidamente, colocando leite com chocolate em um copo e dando-o para Harry _Não podemos não. Além disso, Harry, hoje a sonserina joga. Você não quer ver o jogo para armar estratégias de ataque ou sei lá como vocês chamam isso?

O estômago de Gina embrulhou. Ela passara a manhã tentando não lembrar que a sonserina ia jogar e que Draco teria seu primeiro jogo como capitão.

_Por isso mesmo. _Harry afirmou entusiasmado _Quem vai reparar que Harry e Hermione não estão no castelo quando a sonserina está jogando lá fora?

Hermione franziu o nariz em uma expressão de dúvida. _Já estamos em janeiro, Mione. _Harry lembrou-a _Você não quer ter uma casa quando sair daqui?

_Vão. _Gina sugeriu com o queixo apoiado na mão _Eu seguro as pontas por aqui. _No fundo, no fundo, ela preferia ver o jogo da sonserina sozinha.

Mione ainda torceu o nariz pensativamente. Depois sorriu e fez que sim com a cabeça. _Ok, Harry. Pode anotar o endereço.

Harry sorriu feliz e rasgou o pedacinho de jornal. Mione terminou de comer a torrada que Harry fizera para ela e levantou-se da mesa. Harry seguiu-a e Gina ficou sozinha na mesa.

Ainda com o queixo apoiado nas mãos. Agora olhando vagamente para a mesa da sonserina. O time não estava mais lá. Na verdade, os sonserinos haviam acordado bem cedo e, desde então, ninguém os via. Ela supunha que eles estavam no vestiário planejando táticas de ataque ou defesa.

Com um suspirou resignado, Gina levantou-se e começou a caminhar, lentamente para o campo de quadribol.

Ainda que não soubesse muito bem o que queria ver no jogo.

Foi diretamente para o campo de quadribol. O ar frio cortava suas bochechas e sua respiração virava fumaça diante de seus olhos. Mas não havia mais neve. Aquele inverno estava, estranhamente, indo embora rápido demais.

Ela queria que as coisas, na sua vida, mudassem com essa velocidade.

Alojou-se em um dos lugares mais baixos da arquibancada da grifinória, sozinha. Atrás dela, a arquibancada se enchia de torcedores com bandeirinhas azuis. Ela ainda não tinha muita certeza se ia torcer pela corvinal ou para a sonserina.

Então a Corvinal entrou em campo. Luna, a atual comentarista, começou a narrar o nome e posição dos jogadores. E Gina começou a pensar que, a qualquer momento, ela veria a sonserina entrar, com Draco à frente do time, ostentando a braçadeira de capitão e sorrindo orgulhoso, presunçoso e contente.

Mas não foi o que aconteceu. Quando a sonserina entrou em campo, era Crabbe, o segundo batedor do time, que vinha à frente. Era ele quem estava com a braçadeira. E ele quem cumprimentou o capitão do outro time.

Draco caminhava atrás dele com um leve sorriso no rosto.

O estômago de Gina deu um salto e ela levantou-se do banco. Sua boca se entreabrira de surpresa e suas mãos se agarraram com força à borda da arquibancada. Será que alguém tinha tirado, realmente, a vaga de Draco?

_... Por que é o que eu digo... _Luna comentava distraidamente _A sonserina muda muito seus jogadores e suas táticas... Para despistar... Somente neste ano o capitão mudou duas vezes... Malfoy, o apanhador, renunciou esses dias seu cargo... Ele não quis explicar o porquê ainda...

Mas Gina sabia. Ela tinha certeza. Seu coração palpitava alegremente. E agora ela tinha certeza absoluta de que não ia torcer pela Corvinal.

Quando o jogo começou e algumas pessoas atrás dela começaram a gritar para ela sentar, ela voltou ao seu lugar.

O jogo estava acirrado. O que certamente não estaria acontecendo se Gina não tivesse jogado a Nimbus 3000 de Draco no lago. O apanhador loiro voava para todos os lados atrás do pomo e a ruiva não tirava os olhos dele.

Então Draco o viu. Pequeno. Dourado. Voando velozmente para um dos lados do campo. Gina voltou a apertar a borda da arquibancada quando Draco disparou atrás dele. O apanhador da Corvinal logo atrás.

Draco sentia o vento assobiando em seus ouvidos. Era impressão sua, ou o pomo estava particularmente resistente? Impressão ou não, ele não parou de segui-lo, agilmente, determinadamente, mesmo quando ele saiu do campo e começou a avançar para a floresta proibida.

Ele estava errado, ou pomos não deviam fazer isso? Não saberia dizer. Ele nunca lera as regras do quadribol. Gina pulou novamente do assento.

O apanhador da Corvinal ficou para trás, enquanto o pomo fazia uma curva de noventa graus e desfilava pela orla da floresta.

Draco virou também e inclinou mais o corpo para a vassoura acelerar mais. Então, quando estava a um braço de distância do pomo, ele virou novamente e se embrenhou nas árvores. Draco fez o mesmo, sentindo o uniforme rasgar em vários galhos de árvores e o rosto se cortar. Isso não o impediu de continuar. Ele queria aquele pomo. Queria tanto, que só conseguia lembrar de uma coisa que queria mais do que aquilo. Que, no momento, estava, por acaso, roendo as unhas de preocupação na arquibancada.

Draco acelerou mais. Esticou o braço e acelerou mais um pouco. Então sentiu. A mão fez contato com algo liso e frio e ele a fechou. O pomo estava preso entre seus dedos. Ele conseguira.

Luna comentava com um ar sonhador que tinha certeza absoluta que o pomo era um Orbelisti disfarçado e que atraíra Draco até seu mestre, para usa-lo como experiência de uma fórmula para dominar a raça humana. Gina estava quase acreditando, quando avistou a vassoura de Draco voltando rapidamente para o campo.

Draco esperou até chegar bem perto do chão, saltou da vassoura e ergueu o braço, exibindo o pomo, e berrando em triunfo.

Gina sentiu o coração acelerar. A torcida da sonserina explodiu em um berro só. E Gina percebeu que não agüentava mais. Draco estava ainda mais lindo. Seu uniforme estava rasgado em vários pontos. Seus ombros fortes apareciam através dos rasgos. Ele estava levemente suado, mas Gina percebeu que não precisava mais fugir dele. Ele a apostara? Sim. Mas ele acabara de largar a vaga de capitão, que era o que ele mais queria.

O que ela podia fazer? Ela o amava.

Com as bochechas vermelhas, de tanto serem apertadas pelas mãos nervosas, e sem pensar muito no que estava fazendo, Gina saltou a borda da arquibancada e começou a correr pelo campo, sorrindo vagamente contente.

Ela precisava falar com ele. Precisava abraça-lo. Talvez ela precisasse mais do que isso, mas descobriria assim que conseguisse chegar perto dele, sentir novamente seu perfume.

Tinha muita sorte de que, ao invés de estar no jogo, Rony estivesse procurando Harry e Hermione pelo castelo. Ou ele teria ficado bem intrigado com o repentino salto da garota.

Mas ela não escapara da percepção alheia. Várias pessoas levantaram-se dos lugares para ver o que, exatamente, Gina estava fazendo. Emma e Lucy entre elas, com expressões idênticas de surpresa e dúvida.

Gina não se importou. Ela só precisava chegar perto dele.

Draco virou-se para seu lado, com o cabelo caindo displicentemente nos olhos, e ela abriu mais o sorriso.

Mas alguém o alcançou primeiro do que ela.

Pansy, que saltara do outro lado da arquibancada, pulou nesse momento nos braços de Draco e, antes que ele pudesse reagir, roubou-lhe um beijo.

Gina parou imediatamente. As arquibancadas voltaram a gritar.

Draco não sabia o que fazer. Meio perdido, ainda desnorteado pela corrida, ele colocou as mãos na cintura da garota e tentou empurra-la. Tinha plena consciência de que Gina estava ali, em algum lugar. Mas não funcionou. Pansy não o soltava de jeito nenhum.

Sem paciência, ele empurrou-a mais rudemente. Pansy cambaleou para o lado, mas não percebeu a grosseria. Sorria orgulhosa, como se beijar o jogador que acabara de pegar o pomo fosse o maior feito de sua vida.

Draco não parou para olha-la e voltou a procurar Gina com o olhar. E viu que ela votara a correr. Com uma expressão bem brava. Na direção de Pansy. Resmungando alguma coisa que Draco não estava entendendo. Ou que pelo menos preferia imaginar que não estava, porque se ele estivesse certo, ela estava sendo bem grosseira.

Grosseira demais.

Sobressaltado, Draco colocou-se entre as duas meninas, como um goleiro prestes a agarrar um pênalti. Gina tinha acabado de pular para cima da sonserina quando Draco conseguiu agarra-la pela cintura.

_Me solta! Solta!! _ela gritou batendo nas costas dele _Me solta e me deixa acabar com ela!

Draco carregou-a para longe de Pansy e, só então, colocou-a no chão. Os espectadores estavam todos em pé.

Gina tirou o cabelo bagunçado do rosto e Draco aproximou bem seu rosto do dela. _O que deu em você agora? _ele sibilou encarando-a _O que você andou bebendo dessa vez?

Gina estufou o peito de indignação e estreitou os olhos e se preparou para responder. Mas viu que não tinha resposta. Draco era livre para fazer o que quisesse. Pansy também. Talvez Draco abdicar da vaga de capitão não fosse realmente uma prova de que gostava dela. Talvez ela não tivesse nada a ver com isso.

Mas Draco ainda a encarava, esperando uma resposta. _Você não presta, Malfoy. _foi o máximo que ela conseguiu dizer, antes de sair correndo pelo corredor, em direção ao vestiário da grifinória.

_Mas que droga! _Draco resmungou e começou a correr atrás da ruiva. Todos no campo de quadribol franziam as sobrancelhas intrigados. Ninguém entendia exatamente o que estava acontecendo.

Draco só conseguiu alcançar a garota no corredor subterrâneo que levava ao vestiário. Assim que a alcançou, segurou seu braço firmemente e girou-a.

_Eu estou falando, sério, Virgínia, o que deu em você agora?

_O que deu em mim? _ela perguntou exasperada _Confesse, você adorou o que ela fez!

Então ele sorriu. Gina não entendeu porque, mas ele deu um daqueles sorrisinhos irônicos e jogou a cabeça para trás. _Você está com ciúme?

Gina fez uma cara de indignação, entreabriu a boca e franziu as sobrancelhas. Por fim, sacudiu a cabeça descrente e virou-se novamente. _Vai pro inferno, Malfoy.

Mas ele voltou a puxa-la pelo braço. Dessa vez, puxando-a para mais perto.

_Você vai me perdoar agora?

Gina sentiu seu corpo se despedaçar. Ele queria perdão, mas ela não sabia se podia perdoar. Estava disposta a isso alguns minutos atrás, mas seu ego dizia incansavelmente que Draco deixou Pansy fazer aquilo. Que ele queria que Pansy fizesse aquilo.

_Que parte do vai pro inferno você não entendeu, Malfoy? _ela perguntou com a expressão mais séria que conseguiu. Então Draco pareceu entender que ela estava falando sério.

_Merlim, Virgínia! _ele exclamou afastando-se dela _Eu larguei a vaga de capitão por você!

_Para beijar outra, na minha frente, logo em seguida! _ela berrou e berro ecoou pelo corredor.

_Foi ELA quem me beijou! _ele berrou de volta.

_Mas VOCÊ deixou! _ela retrucou ainda mais alto.

_O que você queria que eu fizesse? _ele perguntou com um tom de desespero.

_Ah, então você deixou, mesmo?! _ela perguntou colocando uma mão na cintura. Draco começou a encara-la com uma expressão triste. Derrotada.

_Eu larguei a vaga de capitão. _ele começou a contar nos dedos como se enumerasse algo _Eu já implorei por perdão. Eu já disse que me apaixonei por você. Eu podia dizer com todas as letras que a amo se você precisasse ouvir isso. _então baixou as duas mãos _Mas eu desisto, ok? Eu cansei de tentar enfiar nessa sua cabeça ruiva e teimosa que eu me apaixonei por você. _Gina se encolheu e ele continuou _Pronto, já disse o que eu sinto e já fiz tudo o que eu podia fazer. _Fez uma pausa durante a qual focou seus olhos diretamente nos dela _É sua vez de fazer alguma coisa. _e saiu caminhando pelo corredor.

Gina ficou parada no mesmo lugar. Sem reação.

***

Mione nunca viajara tanto de flu no mesmo dia. Harry a fizera visitar quase todos os anúncios do Profeta Diário. De acordo com ele, o apartamento tinha que ser perfeito.

O último lugar que visitaram era totalmente fora do que eles haviam planejado. Não era um apartamento. Não era no centro de Londres, nem em Hogsmeade. Era uma casa. No litoral do País. Um lugar pouco movimentado. Totalmente diferente do que qualquer um dos dois imaginara. Mas quando o corretor abriu a porta e eles colocaram o primeiro pé no saguão de entrada, eles souberam que era aquela casa que eles queriam. Eles praticamente se viram morando ali.

Eles praticamente podiam divisar um balanço na varanda que dava para o mar, o mensageiro dos ventos que Hermione ganhara de Natal na porta da entrada, um vaso de plantas no canto da parede, uma mesinha perto da porta envidraçada, um quadro na parede bem iluminado da sala, as estantes de madeira clara na biblioteca.

Eles não precisavam escolher mais nada. A casa os escolhera.

_Se você ainda quiser morar em Londres, Mione, _Harry comentou enquanto eles caminhavam, de mãos dadas, à beira mar _eu vou entender.

Mione riu e parou de caminhar, soltando sua mão da dele. _E perder tudo isso? _ela perguntou jogando a cabeça para trás, fechando os olhos e abrindo os braços _Respira, Harry. _ela mesma puxou com força o ar a sua volta. _É vida. _ela comentou, enquanto Harry apertava os olhos para enxerga-la contra os raios do sol que já se punha. Ele nunca a vira tão radiante, tão feliz e tão linda quanto naquele momento. Sorriu maravilhado com a própria sorte. Ele nunca se sentira tão feliz quanto naquele momento, também.

Ela ainda estava de olhos fechados quando ele envolveu sua cintura por trás e abraçou-a. Então ela descansou os braços sobre os dele e virou o rosto de perfil para olha-lo.

_Então? Está decidido?

Harry fez que sim com a cabeça e ela virou-se totalmente para ele. Por alguns momentos eles apenas se encararam. Palavras pareciam insuficientes para o momento. Mione nunca imaginou que poderia se sentir daquela maneira algum dia. Ela gostara de Rony, mas era algo tão conturbado, algo que lhe fazia tão mal, que ela não sabia dizer se algum dia se sentira bem com aquilo.

Com Harry, não. Com Harry a vida era tão perfeita, tão feita de nuvens cor de rosa que ela se sentia bem todos os dias. Todos os dias ela acordava ainda mais apaixonada por ele, se é que isso era possível. Ela já nem lembrava que fizera uma poção para gostar dele. Isso agora lhe parecia o óbvio a se acontecer.

_Eu vou gostar de ver o por do sol todos os dias. _Harry comentou quebrando sua corrente de pensamentos, segurando delicadamente suas mãos e sentando-se na areia. Mione sentou-se a sua frente, aninhou-se em seus braços e também ficou olhando o sol morrer no horizonte.

_Não é estranho pensar que daqui a alguns meses nós já vamos estar aqui, juntos, na nossa própria casa? _Mione perguntou ainda olhando para o mar.

_É estranho para você? _ele perguntou aspirando o perfume que emanava do cabelo da garota.

_É. _ela respondeu encolhendo os ombros _Mas é um estranhamento delicioso. Nós vamos morar juntos, só nós dois. Nesse lugar maravilhoso. É perfeito demais pra eu me acostumar tão rápido. É perfeito demais. _ela repetiu com um tom sonhador e com um pequeno sorriso, Harry não pôde deixar de sorrir também.

Então ele tomou coragem de fazer algo que já planejava antes. De dentro do bolso, tirou uma caixinha preta e estendeu a frente para que Hermione a visse. A garota viu a caixinha e virou-se para ele intrigada.

_Eu sei que pode parecer cedo e precipitado, _ele abriu a caixinha, revelando duas alianças de ouro delicadas e com dois “h” gravados. Mione entreabriu a boca. _mas eu tenho certeza do que eu estou fazendo. Eu não estou me precipitando e eu não tenho dúvidas de que é isso que eu quero. Acho que, no fundo, eu nunca tive. _Mione desviou os olhos da caixinha para ele _Quer casar comigo, Mione?

Ela pareceu se recuperar de um choque inicial. É claro que ela queria. Claro que adoraria passar dia após dia com Harry. Claro que queria dormir e acordar todos os dias ao seu lado. Com um sorriso meigo, ela tirou a aliança maior da caixinha, puxou a mão do garoto e colou a aliança em seu dedo. Depois pegou a aliança menor e colocou na própria mão, voltando, em seguida, a se virar para o mar, como se fizesse isso todos os dias.

_Acho que o noivado me cai bem, não acha? _ela perguntou erguendo a mão contra o sol, à altura dos olhos, examinando a aliança.

Harry riu. Mas, de repente, algo martelou dentro de sua cabeça. Algo como um alarme. Um alarme que soava sempre que ele lembrava o que acontecia com todos que ele amava.

_Você sabe que agora você vai correr muito perigo, não é? _ele perguntou com um tom sério que destoava totalmente da paisagem paradisíaca. Mione virou-se intrigada para ele.

_Harry, eu corro tanto perigo quanto qualquer outra pessoa, em uma época como essa.

_Não. _ele respondeu enérgico _Você corre mais. E sabe disso. Então, prometa, Mione, que não vai se expor. Que... Que se acontecer qualquer coisa comigo... Se me pegarem... Você não vai até eles... Entendeu?

_Harry. _Mione repreendeu. Ela parecia um pouco assustada _Por que você está falando isso?

_Eu não quero que Voldemort tire você de mim. _ele confessou com uma voz fraca. Mione passou uma mão em seu rosto.

_Nem Voldemort, nem ninguém, vai me tirar de você. Não agora que eu sou sua noiva. Eu não tenho medo, Harry. Não com você perto de mim. _e aninhou-se novamente em seus braços, encostando a cabeça em seu peito.

Harry não soube o que dizer. Então, deu um beijou na bochecha de Hermione. Ela virou o rosto e beijou-o terna e apaixonadamente.

_Eu amo você, Mione. _ele conclui quando ela virou-se novamente para frente e abraçou-a com mais força ainda.

***

O vento entrava pela janela e Draco tremeu de frio. Abriu os olhos e pensou em fechar a janela. Mas a janela estava fechada. De onde vinha, então, o vento?

Da porta. Alguém estava abrindo a porta e deixando o vento entrar. Ia xingar a pessoa assim que ela entrasse. Mas, quando ela entrou, ele perdeu a fala.

Gina vestia um baby doll rosa, fino e leve, e deslizava furtivamente para dentro do quarto, com uma expressão de quem não sabia onde estava ou para onde ia.

_Droga. _ele resmungou com os olhos sonolentos e virou para o outro lado _Esse sonho de novo, não.

_Sonho? _a Gina supostamente do mundo dos sonhos perguntou parando na soleira da porta _Draco, você andou sonhando comigo?

Draco pulou da cama e sentou-se surpreso. _Virgínia?!

_Eu espero realmente ter tido roupas nesse sonho, ouviu?_ela entrou no quarto totalmente e fechou a porta. Ele parecia ter visto um fantasma.

_É uma hora da manhã. O que você está fazendo aqui?!

Gina deu de ombros. Na verdade ela não tinha muita certeza do que estava fazendo ali. Ela só se deixara levar pela parte vitoriosa de um combate violento que se travara dentro de si. Orgulho contra paixão. O orgulho não teve chances. Foi miseravelmente massacrado.

_Eu... Eu estou fazendo alguma coisa.

Draco sorriu do jeito de sempre. _Você pensou no que eu disse, não foi?

_Talvez tenha pensado. _ela respondeu como se não fizesse muita diferença _Eu acho que perdoar é uma marca de superioridade e resolvi perdoar você.

_Na verdade, Virgínia, _Draco retrucou inclinando a cabeça _pedir perdão é muito mais superior do que perdoar. Muito mais difícil. Portanto eu sou superior.

_Não é mesmo. _ela resmungou franzindo a testa e apertando os olhos _Todos sabem que perdoar é superior.

_Ok, _ele encerrou a questão cansado do assunto _você veio até aqui, a essa hora, para discutir sobre isso?

_Eu também queria dizer que... _Gina hesitou. Aquilo era realmente difícil para ela _Que eu fiquei feliz por você ter largado a vaga de capitão. E que... Que se isso foi por mim, eu só posso dizer que fico mais feliz ainda... E... _ela não sabia mais o que dizer. Sabia o que sentia, mas, ao olhar para Draco, não conseguia dizer _E parabéns pela vitória. Você jogou muito bem. _Então pareceu despertar de um estado de torpor e aumentou um oitavo a voz _E Boa noite, então, Draco.

Draco não deixou de perceber que ela o chamara pelo primeiro nome e, assim que ela virou-se para sair, chamou-a novamente _Virgínia. _ela parou e virou-se novamente _Fica. _ele pediu com as pernas dobradas, com os braços descansando displicentemente sobre os joelhos.

_Por que eu deveria? _ela perguntou com um pouco de esperança na voz.

_Porque eu durmo muito mal sem sentir sua respiração.

Gina sorriu levemente e inclinou a cabeça. _Um dia você chega lá, Draco.

_Chego onde? _ele perguntou intrigado.

Ela empinou levemente o rosto. _Um dia você admite que não pode viver sem mim.

Draco encarou-a por uns segundos. Depois franziu o nariz e deu de ombros. _Eu já admiti, Virgínia. Só falta você fazer isso.

Gina mordeu o lábio inferior e subiu na cama de dossel. Engatinhou até a cabeceira e deitou-se de lado no travesseiro. Draco virou-se para ela e apoiou-se no cotovelo.

_Eu admito, Draco Malfoy, que é muito chato viver sem você. _ela sussurrou.

A centímetros de seu rosto, Draco deu aquele seu sorrisinho.

_Você está romântica demais, Virgínia. _e aproximou-se mais.

_E você é um idiota.

Sem nada mais a dizer, Draco debruçou-se sobre ela, deixou sua respiração bater no rosto da garota por uns minutos, então a beijou.

Foi como se algo explodisse dentro deles. Gina não lembrava de ter se sentido tão feliz algum dia. Draco admitia o mesmo.

Draco passou a mão pelos cabelos ruivos da ruiva, afastando-os de seu rosto. Gina passou as mãos da cintura do loiro para suas costas, trazendo-o para mais perto de si. Quanto tempo ela esperara para tê-lo novamente perto de si?

Draco abraçou-a. Ela sentia o corpo estremecer a cada toque do sonserino. Ele era tudo o que ela queria. Tudo o que ela precisava no momento.

Draco não estava muito longe disso. Quanto tempo ele esperara para tê-la novamente perto de si?

Unidos por um único sentimento. Unidos de uma forma que nunca estiveram antes à pessoa nenhuma.

Draco começou a beijar seu pescoço, como fizera tantas vezes antes, mas Gina sentiu que isso era mais perigoso dessa vez. Ela nunca quisera tanto alguém. Mas nunca sentira tanto medo. Medo de se afundar demais em um sentimento. Medo de mergulhar tão fundo em uma situação. Medo misturado a um desejo inevitável e a... Amor.

Ela achou melhor afasta-lo, antes que perdesse realmente o controle.

_Draco. _ela chamou fracamente e, espalmando as duas mãos em seu peito, empurrou-o levemente. Draco afastou-se uns centímetros e ficou encarando-a. _Eu não... Não acho que é o momento certo.

_Por quê? _ele perguntou com as sobrancelhas franzidas e sentando-se ao lado dela, com uma expressão de quem realmente não entendia.

Gina teria rido da cara dele se não tivesse achado isso insensível demais.

_Por quê?! _ela repetiu exasperada sentando-se também _Porque, sei lá, Draco, eu não estou pronta. Eu prefiro pensar mais em como vai ser minha primeira vez e...

_Primeira vez?! _ele perguntou surpreso.

Gina pulou da cama imediatamente e colocou as mãos na cintura. _Posso saber por que a surpresa?

Draco parecia confuso. _Ah, é que toda a escola dizia que...

_Dizia que... _ela interrompeu com um tom de voz sibilante e letal, apertando os olhos.

Draco encarou-a. _...Que você é ruiva. _ele respondeu rapidamente, tentando disfarçar. Mas Gina não pareceu ficar menos exasperada.

_Você é um idiota! Muito idiota! Não sei por que eu vim aqui. Eu devia realmente ter ouvido o meu lado orgulhoso dessa vez! _e virou-se para ir embora. Draco pulou imediatamente da cama.

_Não, não! Não vai! _ele pediu com um tom urgente na voz. Gina parou, mas não se virou para trás _Fica. Eu durmo no chão de novo. _e sem esperar resposta, pegou um travesseiro e alojou-se no tapete do quarto.

Fechou os olhos, pronto para deixar a garota dormir em paz. Mas, alguns minutos depois, sentiu uma mão tocando a sua.

Abriu os olhos e encontrou Gina deitada ao seu lado, com os olhos fechados serenamente.

Ele sorriu contente. Não queria perde-la novamente.

_Isso não tem importância. _ele sussurrou apertando mais sua mão _Eu posso esperar. Nós temos uma vida toda. _e deu-lhe um leve beijo na testa.

Ainda de olhos fechados, Gina sorriu.

***

Depois do Sol, a tempestade. E isso no sentido literal da palavra.

Quem presenciasse o pôr do sol que Harry e Hermione presenciaram jamais imaginariam que choveria algumas horas depois. Harry e Mione ainda se demoraram um pouco na casa, fazendo maiores planos de como seria a vida que eles viveriam.

Até o cair da noite, Harry já sabia que Hermione tinha uma samambaia de estimação e que pretendia cria-la no quarto e Mione já sabia que o maior sonho de Harry era dar a um filho o nome de seu pai. Tiago.

Mas tanto eles se demoraram, que, com a noite, uma horrível tempestade caiu sobre eles. E pegou-os desprevenidos, no meio do caminho da loja de flu até a dedosdemel, de onde iriam para o castelo.

Mas o que não mata, molha. E Harry e Hermione chegaram encharcados no castelo.

_Uau. _Hermione exclamou espremendo o cabelo, enquanto sentava-se em frente a lareira no salão comunal da grifinória. Era muito tarde e todos deveriam estar dormindo. _Quem imaginou que ia chover?

Harry sentou-se ao lado dela e abraçou-a, encostando-se em uma poltrona. _Deixa eu pegar minha varinha, eu posso nos secar em menos de um minuto... _ela comentou procurando a varinha nos bolsos.

_Ah, não, _Harry discordou jogando a cabeça para trás e deitando-a na poltrona _está bom assim. É bem mais gostoso secar com o calor da lareira.

_Bom, _ela retrucou esgueirando-se do abraço e sentando-se de frente para ele _você não vai achar isso muito bom depois de ficar gripado. _e pegou a varinha.

Harry ergueu a cabeça, sorrindo. _Você é tão teimosa.

_Eu? _ela perguntou inocentemente _Sou eu quem está insistindo para ficar com as roupas molhadas?

_Se eu ficar doente você vai cuidar de mim? _ele perguntou aproximando-se mais dela, segurando-a pela cintura e puxando-a para si.

_Não. Eu teria avisado que você ia ficar doente. Eu não cuido de criança teimosa.

Harry inclinou a cabeça, chegando bem perto de seu ouvido.

_Eu ouvi uma vez que eu não sou mais uma criança precisando de cuidados.

Mione sorriu, lembrando-se do que ela mesma dissera pra Dumbledore, há algum tempo.

Harry sorriu também e encostou sua testa à dela.

Marotamente, Mione ergueu o rosto e beijou-o. Harry segurou as mãos espalmadas da garota nas suas e seus dedos entrelaçaram-se. Harry sentiu a aliança que ela usava roçar em sua mão.

Ao voltarem a se encarar, Mione sorriu mais uma vez, e repousou a cabeça em seu ombro. Harry ficou acariciando seu cabelo.

_Acho que é melhor irmos dormir... _ele murmurou em seu ouvido. Mione fez que sim com a cabeça, secou-os com um feitiço e levantou-se.

De mãos dadas, eles saíram novamente do salão comunal. E nem chegaram a reparar em alguém sentado atrás de um dos sofás.


NA: agradecimentoooooss vaum paraaa...

fafa.liliy, entaum, verdd, teve pokinhu msm, mas eu acho q nesse aki teve mais neh? e ó, caprichado rsrsrsrsrs... Bjssss

Kamikinha, aaaaaaaaaaaaahhhh vc me dexou mto feliz com esse coment, viu... Mas e ae, o q acho dessa agora? Era mto cedo pra ele pedi-la em casamento? e aaaaaahhhh continuei a parte do Draco... hehehe, o q acho? espero q tenha gostado tbm... AAAaahhh e claaaaaro, Draco sem camisa no tapete do quarto? Nouza naum ia nem querer saber do resto hehehe bjsssssssss

Thebluememory, admito, eu tbm gosto de finais assim >< huahuahuahuha... adooooru chorar um pokinhu lendo essas coisa huahuahuha, q coisa estranha, naum eh? rsrsrsrs Mas vc viu, vc q tinha falado do negócio da lula lembra... Aí eu useri hehehe... q bom q vc gostou ^^ a Gina naum aceitou as desculpas de primeira mas aceitou de segunda... hehehe ... aaaahhh vai ateh q foi resistente... Se Draco ME pedisse descupas naum precisava nem repetir... rsrsrsrsrs... ai ai, Draco, Draco... rsrsrsrsrs bjssssssssss teh maisssssss

Indiaaaa, adooooooru essa música tbm huahuahuah,, naum eh a toa q tah na fic, rsrsrsrs... Entaum, Harry e Mione finalmente se entenderam... Mas a história naum acaba aí hiarhiarhiar (risada maléfica) huahuahuahuha... Mas e ae o q achou do q o sr Draquinho fez? Dexe sua opiniaum tah? Bjssssssssssssss

jack joy, rsrsrs verdd eu admito teve pokinhu HH no outro, mas esse aki teve mais, neh? Neeeeehhh provas... humpt... como se isso medisse o q a gente sabe huahuahuahuha... Talvez neh... Vai saber.... Oh postei o mais rapidinho q deu hein... Fico mto feliz q vc esteja gostando... E ah, sim, ainda é fim de semana, entaum eu atualizei no fds huahauhuahuahuha... Ateh agora me virei direitinho nas provas rsrsrsrs... Mas, tbm, foram em dupla ateh agora... Olha isssssoooo huahuahuhauha.... Bjssssss

sy, eeeeeeee q bom q vc gostou... Rsrsrsrs mas entaum, tah meio consertado ainda... hehehehe, essa história ainda vai dar pano pra manga huahuahuhauha... Continue acompanhando a fic tah? Bjsssssss

Lílian, tcharam, ganhou um galeão... ou teria ganho se eu tivesse um huahuahuahuahuhauha... Mas ae acertou de novo hein, menina... Mto boa huahuahauhuahuaha... Aaaaaahhh brigada por me falar como colocar em itálico... mto mto mto útil... Eu to pensando em colocar música sabe, aí eh melhor colocar assim... E aquelas partes dos bilhetinhos deles durante a aula tbm... Vlwwwwww mesmo!!!!! Bjssssssss

Luara, aaaaaahhh brigada rsrsrsrsrs.... espero q vc tenha gostado desse tbm... Naum some naum, continua por aki, rsrsrs Bjsssssssssssss

Shay, nouzaaaa mto mto mto mto obrigada msm!!!!!! Vc naum sabe como me deixa feliz rsrsrsrs... Espero q vc tenha gostado desse cap tbm.... Coment mais vezes pra dexar sua opiniaum e sugestões tah? Bjsssssssssssssssssss


bjssssssss pra tdssss
teh maissssssssssssssssss

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    CARACAAAAA!!! FOI O RONY QUE VIU?? QUE TENSO!!! (apesar de estar rindo por dentro!!!)Simplesmente AMEI cada cena H/Hr e D/G desse capítulo!! Não consigo escolher um trecho melhor... Harry e Hermione escolhendo uma casa, ele pedindo-a em casamento... Ou Draco se declarando pra Gina várias vezes... Ou ela finalmente admitindo gostar dele...Ai, ai... *suspiros*Amanhã eu continuo... ^^"Parabéns pela fic, viu? É FANTÁSTICA!!! *-------------* 

    2012-08-03
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