Assim que se salva alguém



Cap. 10_

Gina entrou caminhando distraidamente no salão principal. Localizou rapidamente Colin, Emma e Lucy, sentados em uma das pontas da mesa e foi até eles, sorrindo mansamente. Mal reparou que, conforme ela passava, vários alunos se viravam para olha-la.

_Bom dia. _ela cumprimentou sentando ao lado de Lucy e de frente para Emma e Colin. Os três a encararam assustados e não responderam.

_O que houve com você? _Emma perguntou olhando para o cabelo da menina.

Gina passou uma mão pelas madeixas e sentiu-as molhadas.

_Eu... Hm... Lavei o cabelo. _respondeu tentando não parecer desconcertada enquanto pensava em como fora tão idiota a ponto de não ter percebido que tinha se molhado tanto no chão.

_E por que não tirou o Shampoo? _Colin perguntou também. Gina deu um sorrisinho amarelo e passou novamente a mão no cabelo. Um punhado de espuma ficou entre seus dedos.

_É um novo tratamento capilar. Hidratante. _ela imaginou se estava ficando vermelha e entendeu porque todos ao longo da mesa ficavam olhando para ela.

_Céus, e suas roupas, Virgínia? _Lucy perguntou surpresa olhando para baixo _Estão encharcadas. _franziu a testa e continuou _Você tomou banho vestida?

_Eu... Elas estavam... Sujas. _ela respondeu meio hesitante e sentiu a necessidade de complementar _Eu aproveitei o banho para lavá-las.

Os três se encaram, com uma expressão incrédula. Colin, um dos melhores amigos de Gina desde o ano anterior, quando ele, corajosamente, tirara fotos comprometedoras de alguns funcionários do ministério negociando com possíveis comensais, desviou o olhar das outras duas e olhou para Gina.

_Você tem estado estranha, Gina. Meio... Distraída. _Emma concordou sacudindo suas madeixas loirinhas para frente e para trás e aproveitou para complementar:

_Verdade. Hoje eu vi quando você acordou super cedo. Onde você estava até agora pouco?

_Eu... Estou bem. Sério. Só quis... Caminhar... Eu tenho me sentido tão... Gorda. _então viu Harry, Rony e Hermione sentando-se para tomar café e aproveitou-se da oportunidade para escapar dos amigos. _Olha só isso. Estou mesmo precisando falar com o Harry. Até mais. _e, levantando-se foi até o trio.

_Gina, bom dia. _Harry saudou-a _Você não esqueceu que temos treino hoje, não é? Comeu bastante, não é?

_Vou comer. _Gina respondeu puxando um prato para perto de si. Hermione encarava o céu esperando ansiosamente a chegada do correio e Rony, ao terminar de engolir vorazmente uma torrada inteira, ergueu os olhos e ficou olhando para ela.

_Gina, o que houve com suas roupas?

Gina não quis repetir a história. Apenas deu de ombros e respondeu que ela as molhara sem querer. Rony não insistiu em perguntar como, porque Lilá estava lhe mandando beijinhos voadores e ele teve que virar para o outro lado para fingir que não via.

De repente, as corujas invadiram o salão e uma coruja desceu diretamente até eles. Hermione tirou o pergaminho que ela segurava enquanto os outros dois q olhavam com expectativa.

_Chegou a resposta dos gêmeos. _ela anunciou contente.

_Uau. _Gina, que já estava atualizada sobre todos os acontecimentos da semana, exclamou surpresa _Foram rápido. O que eles disseram sobre Mundungus?

Rony fez Shh e Mione, em voz baixa, começou a ler:

“Caros Harry, Rony e Mione
O que vocês estão querendo com o Mundungus? Sabe, Mione, essa sua pose de santinha nunca nos enganou realmente. Nós sempre soubemos que um dia vocês iam querer debandar para o lado de cá da vida. Isso é muito legal. Finalmente temos companhia na marginalidade.
É claro, que em hipótese alguma, recusaríamos uma informação ao Harry (é, exatamente Rony, a você nós negaríamos até as horas) e, para sorte de vocês, não faz muito tempo que falamos com Mundungus. Ele nos arranjou areia movediça para um novo brinquedinho que queremos fazer. Não é fantástico?
Bom, vocês vão poder encontra-lo em Londres, mais precisamente no centro, num lugar chamado “cova e sepultura”. Fica perto de um albergue, não vai ser difícil achar. Mas, enfim, sabem, esse não é o tipo de lugar que nós diríamos para vocês freqüentarem. E olha que nós somos Fred e Jorge Weasley. Se nós dizemos que um lugar não é lá muito seguro, então é porque é barra pesada mesmo. Vocês sabem, não negaríamos diversão a vocês.
De qualquer forma, Mundungus nunca fica muito tempo no mesmo lugar. Ele vai ficar lá apenas mais umas semanas. Se vocês quiserem encontra-lo lá, vocês terão que ir rápido. E nós não vemos como vocês fariam isso estando em Hogwarts.
Ok, isso é uma baita mentira. É claro que vemos vocês saindo com muita facilidade daí. Ah, e isso nos leva a outro assunto muito engraçado. Vocês invadiram o Largo Grimmald escondidos? Uau, claro, nós não nos enganamos: Mione, você nunca foi santa.
Estamos orgulhosos por termos treinado vocês tão bem. Sério, orgulhosos mesmo, apesar de mamãe ter quase colocado um rim pra fora. Ela ia mandar um berrador pra você, Rony, mas Dumbledore achou melhor o assunto não ser espalhado.
E com um berrador certamente seria.
Gina está aí com vocês? Digam a ela que ela anda muito quieta ultimamente. Queremos encrenca. Que tipo de irmã deixamos em Hogwarts?
Boas traquinagens
Fred e Jorge”

_Eu não ser santa é um elogio? _Hermione perguntou em dúvida, mas ninguém deu muita atenção.

_Escutem, _Harry falou em voz baixa e se debruçou mais sobre a mesa. Gina, Hermione e Rony debruçaram-se também, agrupando-se _O primeiro jogo da temporada é sábado. Se tivermos que ser rápidos, podemos aproveitar que aproveitar a animação de todo mundo. Ninguém vai prestar muita atenção se sumirmos na sexta-feira e dissermos que estávamos descansando.

_Não faz sentindo, Harry. _Hermione respondeu balançando a cabeça _Como vamos sair daqui?

Harry fez a mesma cara que a amiga sempre fazia quando queria indicar que alguma coisa era óbvia.

_Pela passagem atrás da bruxa que leva a Hogsmeade. _os três se olharam meio em dúvida _É muito simples: lá pelas seis horas, Rony e eu falamos que precisamos descansar para o jogo, subimos para o quarto, fechamos o cortinado e descemos cobertos pela capa. Hermione espera perto do quadro, abre para passarmos e passa atrás da gente. Vamos para o quarto dela, ela entra na capa e saímos do castelo pela estátua da bruxa. _os outros três continuavam ouvindo _Quando chegarmos em Hogsmeade, saímos pela dedosdemel, vamos até a mesma clareira que fomos na outra vez e pegamos o nôitibus até Londres. Só isso.

_Vocês vão me deixar para trás de novo, não é? _Gina perguntou com uma voz cansada.

_Precisamos de cobertura, Gina. _Rony respondeu resoluto.

Hermione ainda parecia meio em dúvida. Harry olhou-a pedindo, claramente sua opinião.

_Se você acha que vai dar certo, Harry, tudo bem por mim. _e sorriu.

_Ok. _ele respondeu voltando a sentar normalmente _Combinado, então.

Os três se afastaram, também, bem a tempo de ouvir alguém chamar:

_Gina. _Neville chamou aproximando-se da mesa da grifinória _Que bom que encontrei você.

_Neville. Tudo bem com você? _ela cumprimentou e ele sentou-se perto deles.

_Bem. Eu queria perguntar, Gina, se você sabe como eu faço para me inscrever na monitoria. _então olhou para baixo como se sentisse vergonha _Eu queria ser monitor de Herbologia.

_Neville, isso é fantástico! _Gina exclamou animadamente _Acho que é só falar com a profª Sumers. Ela está cuidando do projeto.

_Neville, eu já disse que você é ótimo em Herbologia. _Hermione comentou com leveza servindo-se de suco e passando a jarra para Harry _Você não precisa ficar com vergonha cada vez que mencionar que quer ser monitor de aulas.

_Bom, _ele respondeu desviando o olhar novamente _eu me sentiria bem mais a vontade se... Se você... _hesitou por uns momentos e, erguendo os olhos, finalmente pareceu se decidir _Se você se inscrevesse também.

Harry, que até então estava distraído, baixou a jarra de suco ergue os olhos imediatamente para Hermione. Rony pareceu não ter ficado muito contente com o tom de voz de Neville e seu rosto atingiu um tom vermelho, quase igual ao do cabelo. Hermione franziu a testa pensativamente. Apoiou o queixo na mão e olhou para os amigos.

_Não sei. _ela parecia realmente em dúvida _ O que vocês acham?

_Não! _Rony se empertigou na cadeira e respondeu rispidamente _Você não vê por que os alunos estão freqüentando os plantões? Eles vão lá para dar em cima da Gina e do Malfoy.

_Bom, _Mione deu de ombros meio abatida _tenho certeza que esse não seria meu caso.

Harry pensou que freqüentaria até aulas extras com o Snape se isso significasse mais tempo com Mione, mas não respondeu isso. Na verdade, Mione podia não reconhecer, mas, desde o quinto ano, ela mudara bastante e, para desespero de Harry, começara a atrair muitos olhares masculinos pelos corredores. Ela não atrairia tantos alunos para aulas extras como Gina Weasley, mas ele sabia de um bom número que não hesitaria em se inscrever.

_Mione, sério, não. Já basta a Gina ser obrigada a fazer isso. Você não.

_Mas é legal. _Gina contestou.

_Você vai estar partilhando seu conhecimento com outras pessoas, Mione. _Neville argumentou.

Hermione não respondeu. Ela ainda olhava, insistentemente, para Harry. Erguendo os olhos e encontrando o olhar dela recaindo sobre si, Harry suspirou, colocou o copo que estava segurando na mesa e deu sua opinião:

_Acho que você devia tentar, Mione. _Mione sorriu e ele sentiu o peito apertar, consciente da possibilidade dela ser assediada. Mas ele também estava muito consciente de que a menina precisava se distrair e ocupar o máximo possível seu tempo livre, para não ficar remoendo os acontecimentos tristes das últimas semanas _Você gosta de ensinar as pessoas, é inteligente e devia ajudar quem precisa de notas.

_Harry, você ouviu a Gina dizendo que ninguém lá precisa de notas, não é? _Rony perguntou indignado.

_A Mione sabe se cuidar. Se isso a fizer feliz, ótimo. Ela deve fazer. _Mione sorriu ainda mais.

_Eu não quero que ela vá. _Rony teimou obstinado.

_Rony, tenho certeza que a Hermione estava pedindo apenas sua opinião, _Gina respondeu começando a se irritar com o irmão _e não sua permissão. _Rony a fulminou com o olhar _E, além disso, se você quer cuidar tanto assim de alguém, vá cuidar da sua namoradinha.
_Acho que ela não precisa. Ela não está pensando em se inscrever em nenhum projeto idiota. _ele retrucou zangado.

_Ok, chega. _Hermione cortou-os antes que eles começassem a brigar de verdade. _Eu vou me inscrever.

Harry, Gina e Neville sorriram para ela. Rony levantou-se irritado da mesa e foi se sentar perto de Lilá. A garota não demorou a jogar os braços em volta do pescoço do ruivo e a começar a beija-lo. Hermione ficou olhando alguns segundos para aquilo. Sentiu o coração doer e imaginou se ele nunca iria vê-la como ele via Lilá, ao invés de vê-la como a melhor amiga que precisa ser protegida em uma redoma de plástico. Por fim, achou que estava se torturando e desviou o olhar.

Harry viu para onde Hermione estava olhando e viu uma sombra triste passar por seus olhos. Interiormente, queria que Hermione lhe desse uma chance para que a fizesse esquecer Rony. Ele jurava, para si mesmo, que nunca ia faze-la sofrer, como ele fazia.

_Você está ocupado agora, Neville? Nós podíamos ir falar com a profª Sumers agora. _a garota perguntou.

Neville concordou e Gina, terminando de engolir o pedaço de pão em sua boca, disse que ia com eles. Os três se levantaram.

_Gina, não se esqueça do treino. _Harry lembrou e Gina fez um sinal de positivo com a mão e ele virou-se para Mione _E você não vai deixar de ir, não é?

_Só se você for comigo estudar Feitiços depois. _ela respondeu dando um sorriso manhoso.

_Mione, _Harry choramingou _faltam meses para os NIENS.

_Mas eu não vou estudar para os NIENS. Vou retomar a matéria daquela aula que vocês ficaram passando bilhetinhos e não me deixaram prestar atenção.

Harry encarou-a inclinando a cabeça. Hermione sorriu tentando convence-lo. O que ela não sabia era que ela não precisava convence-lo a nada. Bastava pedir e sorrir do que jeito que só ela sorria, que ele passava até a noite toda estudando.

_Ok. _ele respondeu e, sorrindo, ela saiu com Neville e Gina do salão principal.

Harry ainda ficou encarando uma torrada, entristecido, quando alguém ao lado gritou seu nome.

_Hei, Harry! _ele olhou e um flash disparou. Colin sorria radiante para ele segurando uma máquina fotográfica _Consegui uma foto sua comendo. Não é fantástico?

***

Hermione, Gina e Neville conversavam animadamente sobre o projeto de monitoria. Avistaram a sala de DCAT de longe e viram que a porta estava aberta. Hermione se sentia animada. Passara os últimos tempos estudando sem parar e tentando, miseravelmente, se ocupar com qualquer coisa que surgisse, principalmente porque Rony não tinha mais tempo nem para brigar com ela. Lilá o ocupava cada vez mais. Harry, porém, não podia ser mais atencioso. Não tinha um único momento em que ele, ao vê-la quieta e sozinha, não fosse distraí-la com alguma coisa. Harry estava sendo fantástico.

Ela sentia medo de ficar desocupada. De, ao parar para descansar, voltar a sentir todos os sentimentos que a afligiam durante seu sono. Já bastava viver tudo aquilo dormindo. Acordada, ela precisava se manter ocupada. E era exatamente isso que ela ia fazer.

Aproximaram-se da sala de DCAT e já iam entrar quando ouviram a profª conversando com alguém em voz baixa. Pararam imediatamente, sem saber se entravam e interrompiam, se esperavam ou se davam meia-volta e saíam dali. O momento de dúvida foi o suficiente para que as frases da conversa invadissem seus ouvidos.

_Droga, você não é mais o mesmo. Eu sei que não é. _ela parecia triste _Mas sabe que... _ela parecia maliciosa agora _... Mesmo depois de tanto tempo, você continua me atraindo.

_Ora, Marisa, _Gina abriu a boca e Neville fez uma cara de nojo. A voz era do profº Snape e Marisa acabara de dizer que era atraída por ele _você me chamou até aqui para isso? Eu não mudei, tenha santa paciência.

Não deu tempo para pensar ou fazer muita coisa. No momento seguinte, Snape já estava saindo da sala e dando de cara com os três parados no corredor.

_O que pensam que estão fazendo aqui? _ele sibilou com aquela voz baixa e letal.

_Eu... Nós viemos ver a profª Sumers. _Hermione respondeu, já que Neville parecia petrificado e Gina parecia ter perdido a voz de susto.

Ele não respondeu. Hermione ficou olhando para ele esperando a bomba explodir, mas ele apenas os olhou com um misto de raiva e desprezo, sacudiu a capa negra, como os vampiros dos desenhos animados costumam fazer, e saiu andando pelo corredor.

O trio soltou a respiração e entrou na sala. A profª não pareceu nem um pouco abatida, por ter acabado de receber um fora, nem desconcertada. Pelo contrário, sorriu para eles, perguntando educadamente em que poderia ajuda-los. Hermione explicou que ela queria se voluntariar a monitora de transfiguração e Neville a monitor de herbologia. E a profª, ao ouvir isso, sorriu mais ainda e ofereceu-lhes cadeiras para sentar.

Neville, Mione e Gina se entreolharam sem entender, imaginando de onde a profª conhecia Severo Snape.

***

Draco estava exausto. Queria se jogar na cama e não levantar pelos próximos dias. Nunca lavara sequer um copo durante toda a vida. E, naquele dia, tivera que lavar caldeirões o suficiente por uma vida toda. É. Estava decidido. Já lavara tubos e caldeirões pela vida toda e nunca mais lavaria coisa nenhuma.

Seus pensamentos vagaram lentamente de água e sabão para Gina Weasley. Não que água e sabão tivessem muita coisa a ver com Gina Weasley, mas, ultimamente, Gina entrava no meio de qualquer coisa que ele pensava.

No fim das contas, Winter e Montague tinham mesmo razão. Gina era diferente. Diferente de qualquer outra menina que cruzara seu caminho. Ela era explosiva, respondona, irônica, engraçada... Era auto-suficiente, segura e briguenta. Ela era... Ele nem sabia explicar.

Tirou a camisa, porque usar camisa naquele quarto, para ele, era desnecessário, e começou a pensar se Gina já estava suficientemente apaixonada. Pensou em contar para Montague o que Gina fizera naquele sábado, com a certeza de que aquilo o faria ganhar a aposta. No próximo jogo a vaga de capitão seria sua. Com certeza. Ele seria o capitão, montado na vassoura mais rápida que o ouro poderia comprar. Era o que ele queria, certo? CERTO?

Mas, de repente, achou que não estava com muita vontade de fazer isso. Talvez fosse melhor passar mais tempo com ela antes. Assim, só para ter certeza. Quem sabe?

É. Estava decidido. Era mesmo o melhor a fazer.

Enquanto pensava em tudo isso, uma coruja pousou no parapeito da janela, tentando entrar. Ele olhou, imaginando quem estaria lhe enviando uma carta, e foi até lá abrir o trinco. A coruja entrou, soltou uma carta sobre seu travesseiro e saiu sem esperar resposta. Draco achou extremamente estranho uma coruja agir tão rápido. Habitualmente, as cartas eram presas e as corujas esperavam que os destinatários as soltassem.

Abriu a carta e franziu as sobrancelhas. Era de seu pai.

“Draco,
Não sei se fui suficientemente explícito na primeira carta que lhe mandei. Vou ser mais claro, para ver se você entende desta vez: queremos que você espione os alunos. Quer que eu seja mais explícito ainda? Potter e sua tropa. Entendeu agora?
Filho, o Lord o honraria com todos os tipos de prêmios se você conseguisse algo que o ajudasse. Será que você não entende isso? Você só precisa ficar atento.
Nós ficamos sabendo que o Potter escapou da escola há alguns dias. É, ficamos, não pense que não temos espiões ativos dentro de Hogwarts. Bobeira sua. Temos, mas ele só pode ficar sabendo depois de que tudo acontece. Fique atento.
E se um dia eu souber que você tinha informações, e nos privou delas, Draco, eu acabo com você pessoalmente.
FIQUE ATENTO!
Lucius Malfoy”

Draco entendeu, então, porque o pai entrara em contato com ele. Bom, se ele achava que as ameaças iam assustá-lo, estava bastante enganado. Com as informações que ele tinha, ele fazia o que quisesse. Amassou a carta e jogou-a fora, depois ficou imaginando como Dumbledore não enxergava que Snape estava deixando informações vazarem. É, talvez ele estivesse mesmo ficando gagá. Não que ele ligasse, claro, ele não estava nem aí.

Deitou-se na cama, com vontade de dormir, dormir e dormir. Snape tinha que ser muito bom ator. Muito mesmo. Seus olhos começaram a pesar e ele caiu no sono.

***

Rony tentava se esconder, sem sucesso, atrás de Harry, enquanto esperava Gina chegar para o treino de quadribol da Grifinória. O restante do time se espalhara pelo campo, segurando risadinhas que, em respeito ao amigo, Harry continha totalmente.

_Vamos, Rony, pára com isso. _Harry resmungou tentando amenizar a vergonha do ruivo _Podia ser pior.

_Podia ser pior? _Rony perguntou incrédulo olhando para Lilá nas arquibancadas. A menina carregava pompons vermelhos e pulava sorrindo, enquanto cantava coisas do tipo “me dá um R. Me dá um O. Me dá um M. Rom-Rom!” _Estão todos rindo, Harry. Como podia ser pior?

_Podia ser Snape de mini-saia. _ele respondeu prontamente _Vai dizer que não seria pior?

_Não. Não seria pior porque ele estaria assim torcendo pelo time da sonserina. E eu estaria na arquibancada morrendo de rir. _ele teimou e Harry riu do amigo. Rony fez uma cara mais zangada ainda e apontou por cima do ombro de Harry _Gina chegou.

Gina estava entrando no campo, já com o uniforme, acompanhada por Mione. Já de longe, viu que o time já estava todo ali e ela iria, com certeza, levar uma bronca por estar atrasada. Acenou para Emma e Lucy, artilheiras junto com ela, e Dino, um dos batedores e seu ex-namorado, caminhou até ela. Percebendo sua intenção, ela deu tchau para Mione e apressou o passo até Harry.

Dino era uma das coisas que costumavam tirar a, já escassa, paciência de Gina Weasley. Eles costumavam se dar bem, mas isso apenas até terminarem e ele começar a proclamar seu amor eterno publicamente toda vez que a via. E, como jogavam juntos no time, isso costumava acontecer no meio dos treinos e nos intervalos dos jogos. Ela até teria se demitido, se não fosse tão apaixonada por quadribol.

Foi até Harry e Rony e ouviu um pequeno sermão, que servia apenas para que não a chamassem de protegidinha. Harry não estava nem aí para seus atrasos, desde que ela enfiasse as goles nos gols. Depois disso, Harry soltou as bolas do jogo e foi para o canto do campo, para dar uma pequena vantagem ao pomo, antes de ir atrás dele.

Sua vassoura planava a pouca distância do chão e, enquanto olhava em volta, localizou Hermione sentada em uma das arquibancadas. Seu cabelo se agitava levemente com o vento fraco. Ela estava em pé, debruçada no parapeito da arquibancada e seus olhos entreabertos focalizava alguém bem acima dele. Harry não precisou olhar para saber que era Rony. O olhar da menina recaia diretamente sobre o gol.

Ainda assim, Harry não pode deixar de continuar olhando-a. Ela parecia tão tranqüila e serena vista daquela maneira, que ele esqueceu de que estava num treino e sua vassoura continuou perto de chão.

_Sabe, Harry, _uma voz forte comentou ao seu lado _eu nunca pensei que, um dia, veria você olhando assim para a Hermione.

Harry virou-se imediatamente, reconhecendo o dono da voz.

_Hagrid! _ele exclamou alegremente _Sentimos sua falta!

Hagrid sorriu para ele. No ano anterior, Hagrid casara-se com Madame Máxime e saíra de férias em lua de mel. Desde então, Harry não o via e estava morrendo de saudade do amigo. _Como foi?

_Divertido, Harry. Muito divertido. _ele respondeu com um sorriso que Harry nunca vira _Mas, sabe, eu sempre pensei que isso ia acabar acontecendo. Mas eu imaginei que seria Rony. Nunca pensei que fosse ser você.

_Hagrid, eu só estava olhando. _Harry respondeu ficando vermelho e desviando o olhar.

_Ah, mas foi o que eu disse. _ele respondeu assumindo um irônico ar de seriedade _Eu não disse nada, além disso, disse? _Harry não respondeu e ele continuou: _Mas, só pela sua reação, eu deduzo muitas outras coisas. E nem adianta você negar.

Harry suspirou cansado. Se era pra ele saber de um pedaço, que soubesse de tudo.

_Mas não era pra ser assim. Ela gosta do Rony. E um dia ele vai se dar conta da pessoa maravilhosa que ela é.

_É. _Hagrid concordou coçando a barba _Eu imaginava algo assim. _e enfiou as mãos no bolso. As pessoas começaram a olhar para os dois e a se perguntar quando eles iam se dar conta de que aquilo era um treino, mas ninguém se atreveu a dizer nada _E como aconteceu?

_Eu não sei explicar. _ele respondeu erguendo um ombro _Talvez tenha sido quando ela perdeu os pais.

_É, Dumbledore me contou sobre isso. Foi muito terrível ter acontecido, ainda mais com Mione. _Hagrid comentou abatido.

_Mas não comente nada sobre isso com ela, ok? _Harry pediu meio urgentemente _Ela está tentando se distrair e não pensar sobre isso.

_Puxa, você está mesmo disposto a salvá-la, não é? Você tem o hábito de tentar salvar as pessoas. _Harry não sabia se isso era um elogio ou apenas um comentário, então achou melhor não responder _Mas ela quem acabou salvando você.

Harry ergueu os olhos e franziu as sobrancelhas para ele, visivelmente sem entender.

_Trazer amor pra vida de uma pessoa, Harry, é a única maneira de salvá-la de verdade. _Hagrid respondeu inclinando a cabeça e tirando as mãos dos bolsos.

Harry comprimiu os lábios, num meio sorriso ligeiramente tristonho. Hermione realmente o salvara.

_Mas não se preocupe. _Hagrid continuou vendo a expressão do garoto _Tenho certeza de que você vai conseguir salvá-la também. _deu um tapinha amigável nas costas de Harry, que o fez ir pra frente e quase bater com o nariz na vassoura, e se afastou caminhando pelo campo de quadribol. Harry olhou para as costas dele, pensando que Hagrid realmente passara a ser uma pessoa bem mais feliz depois de ter se acertado com Máxime. Ficava contente pelo amigo. Deu uma última olhada para Hermione; seu olhar não tinha saído do lugar onde se fixara. Suspirou e embicou a vassoura para acima, a caça do pomo de ouro. O jeito era se concentrar nisso e não olhar para Mione pelo resto da partida.

Nesse momento, o olhar da garota se desviou do goleiro diretamente para o apanhador, que finalmente resolvera jogar, e não saiu de lá até o fim do treino. Ela adorava ver Harry voando. Ele parecia tão mais tranqüilo, feliz e sereno assim.

***

Hermione lia, concentrada, um livro gasto e grosso em uma das mesas mais isoladas da biblioteca. Harry, que prometera acompanha-la se ela fosse ao treino de quadribol, ressonava tranqüilamente ao seu lado, com a cabeça deitada entre os braços e com os óculos caindo ligeiramente de uma mão.

A biblioteca já estava mais escura do que clara. A principal luz sobre a mesa em que estavam vinha de uma única vela em um castiçal prata, apoiado à própria mesa. A pena de Mione rabiscava ocasionalmente um pergaminho, anotando coisas importantes, enquanto ela via o peito de Harry subir e descer conforme ele respirava mansamente. Ela sorriu. Ele parecia um anjinho dormindo.

_Harry... _ela chamou em voz baixa, pousando uma mão sobre seu ombro. De repente desejou que ele estivesse acordado.

_Hum? _ele resmungou sonolento sem se mexer.

_Você caiu no sono. _ela afirmou desnecessariamente. Ele, com certeza, sabia que caíra no sono.

Ele abriu os olhos e, olhando para os contornos difusos de Mione, comentou sorrindo:

_Não diga. _só então ele levantou a cabeça, colocou os óculos e se espreguiçou.

_Você disse que ia vir comigo estudar e caiu no sono. _ela reclamou voltando a ler o livro.

_Na verdade, _ele respondeu, virando-se de lado na cadeira, para olhá-la de frente _eu disse que ia vir com você, mas não disse que ia estudar também. E eu vim. _e sorriu abertamente.

Hermione olhou-o de lado com uma expressão reprovadora. Ele sabia que isso não era sinal de que ela estava brava.

_Então, o que estamos estudando? _ele perguntou arrastando sua cadeira para mais perto dela. Perto o suficiente para olhar o livro por cima de seu ombro e para sentir o cheiro do shampoo que emanava de seu cabelo.

_O que eu estou estudando, você quer dizer. _ela retrucou dando ênfase ao eu.

_Que seja.

_É bem interessante, Harry. _ela respondeu finalmente desviando a atenção do livro e virando-se para ele. Ele achou mais seguro se afastar. Seus narizes estavam quase se tocando e ele preferiu garantir uma distância e seu próprio autocontrole _É sobre um feitiço capaz de matar em série. Matar de uma vez só, todos os ocupantes de um lugar fechado, por exemplo.

Harry ergueu as sobrancelhas sem entender onde, exatamente, isso era interessante e começando a se preocupar realmente. E se Voldemort descobrisse esse feitiço? De repente, seu estômago começou a formigar.

_Ah, não, Harry. _Mione riu despreocupada _Não precisa se preocupar. Você sabe quem, com certeza, conhece esse feitiço. Mas ele não é usado há muito, muito tempo mesmo. Desde que inventaram o Avada Kedavra.

_Por que ele não usa? Eu sempre achei que uma arma de destruição em série fosse o sonho de consumo dele.

_Por que esse feitiço, chamado feitiço explojion, emite ondas de energia que matam todas as pessoas presentes em um lugar. Mas quando eu digo todas as pessoas, são todas mesmo. Inclusive quem usou esse feitiço.

Harry estava visivelmente surpreso. _Uau. _ele exclamou arqueando novamente as sobrancelhas. _Eram como os Kamikazes, então?

_Isso. _Hermione concordou animada por ele ter entendido.

_Muita gente usava isso? _Harry ainda parecia um pouquinho chocado. Hermione fez que sim com a cabeça, voltando, mais uma vez, para o livro _Nossa. É muita estupidez acabar com a própria vida só para tirar a vida de outras pessoas.

_Eles lutavam por uma causa maior, Harry. _ela respondeu em um tom de leve censura _Eles achavam que realmente valia a pena.

_Mesmo assim. _ele teimou, ainda não entendendo como uma pessoa podia juntar coragem para se matar _Você, por acaso, faria isso? _ele perguntou estudando-a com o olhar.

Hermione descansou a pena que segurava e pareceu pensativa.

_Não sei. _ela respondeu lentamente _Se as vidas de milhares de pessoas dependessem disso... _e não terminou a frase.

_E se a vida de uma única pessoa dependesse da sua sobrevivência? _ele perguntou curvando-se para frente, mais perto dela, sem pensar realmente no que estava falando.

_No meu caso, essa pessoa não existe, Harry. _ela respondeu voltando a pegar a pena e voltando a rabiscar febrilmente o pergaminho.

_Eu sou essa pessoa _ele respondeu com ternura. Ela parou de escrever e a pena ficou parada no ar, sem, no entanto, virar-se para ele. Só então ele se deu conta do que falara e emendou rapidamente, enquanto voltava a se sentar reto na cadeira: _Quer dizer... Uma. Uma dessas pessoas.

Hermione virou o rosto, ainda debruçada sobre o pergaminho, e deu-lhe um pequeno sorriso.

_Aliás, _ele continuou inclinando a cabeça e assumindo um ar sério _se um dia você chegasse a ponto de ser mesmo obrigada a usar esse feitiço, eu o faria por você.

Hermione ficou encarando-o, visivelmente emocionada e com a boca entreaberta, por alguns segundos. Depois, sem aviso prévio, virou-se e jogou os braços em volta de seu pescoço, escondendo o rosto em seu ombro e o apertando com força.

Com a surpresa e o tranco da menina contra si, Harry foi um pouco para trás. Ficou estático por uns momentos, mas logo se recuperou. Passou um dos braços em torno de sua cintura e uma mão em seu cabelo.

_Mione, o que foi? _ele perguntou tentando olhar para ela, mas só encontrando seu cabelo e aquele perfume.

Ela afastou seu rosto para olha-lo nos olhos, mas continuou abraçando-o. _Eu não sei. De repente eu percebi o quanto essa guerra é perigosa. Você não tem noção de quantas pessoas estão morrendo por dia, Harry, porque você não lê o Profeta Diário. Eu perdi muitas pessoas importantes pra mim, e, se eu perdesse você, também, eu... _ela respondeu com um toque de urgência _...Eu não sei.

Ele passou as mãos pelo rosto tenso dela e afastou alguns fios de cabelo. _Você ia ficar com a Gina e com o Rony. Ok? Você não ia ficar sozinha, se é disso que você tem medo.

Ela não respondeu. Seu rosto pareceu mais tenso e ela afundou-o novamente no ombro do garoto.

_Ok. _ele falou depois de alguns minutos, durante os quais ele apenas acariciou seu cabelo e apertou-a contra si. Ele afastou-a e fechou o livro que ainda estava sobre a mesa _Chega de estudar. _ela ficou olhando enquanto ele pegava todas as penas e pergaminhos espalhados e enfiava na mochila da menina. Depois jogou a mochila sobre os próprios ombros e pegou-a pela mão. _Vem. Já estão quase terminando o jantar.

Hermione fez que sim contraindo os lábios e aceitou a mão dele para se levantar. Eles começaram a caminhar para fora da biblioteca lado a lado e, vendo que o rosto dela ainda estava preocupado, Harry deu uma risada descontraída e passou o braço em volta dela.

Mione olhou para cima e sorriu, vendo que o olhar dele dizia com todas as letras “você nunca vai me perder”.



Na: Esse eh grandinhu ehin, mas eh um dos mais morninhos >.<
Na 2: Bom, agradecendo a qm deixou recado,
Nina, vlw, vc me dexa muuuuito feliz!!!!! Continua lendo e comentando viu? Bjss
Lilian, puxa desculpa, mas eu axo q vc entendeu mal o q eu falei. Eu falei escondendo o ouro por vc naum ter mencionado q fazia fanfic e pq elas saum mto boas. Aí eu falei de brincadeira. mas foi totalmente no sentido elogioso :^D . Entaum, em relação a DG hehehe, clichê msm... rsrs jah foi por isso q eu criei o Winter, mas depois tem outras coisas mais (talvez clichês tbm qm sabe) óo mas naum deixe de ler e comentar, tah?
Na3: COMENTEM por favoooor sim? eu prometo q posto logo se tiver coments... Bjsssssssssssss

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Ai, que lindoooooooo!!!!!!!!!! *------------------------------*Harry ultra-mega-super-apaixonado pela Mione.... *--------------------------------* 

    2012-08-01
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