Smith



Cap. 18_

_Com licença, profº? _Harry perguntou enfiando a cabeça pelo vão da porta do diretor _O senhor queria me ver?

_Harry. _Dumbledore saudou erguendo os olhos dos documentos que lia _Entre. Eu ia falar com você pela manhã, mas lembrei-me de que amanhã vocês vão a Hogsmeade e pedi para chamá-lo.

Harry entrou no escritório e Dumbledore indicou-lhe uma cadeira, sorrindo. Harry sentou-se e o profº uniu as pontas dos dedos.

_Eu lhe prometi uma coisa, Harry, e vou agora mesmo começar a cumprir. _Dumbledore falou e Harry ergueu as sobrancelhas. Não se lembrava do diretor ter-lhe prometido algo _Conforme eu prometi que contaria a você tudo o que eu sei sobre horcrux, eu quero lhe mostrar agora algo que eu descobri com muito tempo de pesquisas.

Dumbledore levantou-se, foi até um armário lateral e tirou de dentro dele um objeto que Harry conhecia bastante bem. Uma penseira.

_O que vou lhe mostrar agora, Harry, não é uma lembrança minha, é antiga e pertence a um funcionário que gentilmente me cedeu-a.

Harry pareceu intrigado. _Não sabia que podíamos usar lembranças de outras pessoas na penseira.

_Podemos. _Dumbledore respondeu pousando o objeto na mesa entre eles _Certamente, podemos. Foi assim que eu consegui saber tudo o que sei hoje sobre as horcrux de Voldemort.

_E o senhor vai me mostra tudo? _Harry perguntou excitado.

_Tudo é muita coisa, Harry. Não temos tempo o bastante e nem seria necessário, pois grande parte do que eu poderia mostrar eu já lhe contei com minhas próprias palavras. Como a própria existência das horcrux e o fato de que Voldemort usa objetos simbólicos, ao invés de usar qualquer coisa. Tudo. _Dumbledore curvou-se para frente _Tudo o que eu descobri foi por meio de investigações e lembranças. Esta que vou lhe mostrar _e agitou a varinha na superfície perolada da bacia _pertenceu a uma elfa doméstica e é a que indica qual a próxima horcrux.

Harry curvou-se para frente para ver melhor. O vulto de uma mulher gorda ergueu-se e começou a bradar:

_ Se apresse, Hokey! Ele não vai demorar a chegar. _Dumbledore levantou-se e indicou a penseira a Harry como se fosse uma porta _Você primeiro.

Harry inclinou-se até atingir a superfície, como se olhasse de uma janela. Imediatamente, seu corpo foi tragado e ele fechou os olhos. Quando os abriu, Dumbledore estava com ele em uma sala cheia de armários, pequenas caixas, estojos, livros e estantes. A sala estava praticamente abarrotada.

Harry e Dumbledore tinham acabado de chegar quando a campainha tocou e a elfa doméstica correu para abri-la, sob os gritos de aprece-se de sua patroa. A porta se abriu e um rapaz alto, esguio e moreno passou por ela. O queixo de Harry caiu. Era, com certeza, Voldemort mais novo. Teve mais certeza ainda quando ouviu a velha senhora chamando-o de Tom.

Dumbledore acrescentou, desnecessariamente, o que Harry já sabia de qualquer forma. _É Tom Ridlle, Harry. _o garoto não respondeu.

Harry assistiu, apertando os punhos, Voldemort negociando raridades com a velha senhora. Não demorou a perceber que ela tinha interesses muito menos profissionais por ele. Voldemort tinha, desde aquela época, a capacidade de cativar as pessoas. Isso é claro, quando precisava que elas fossem cativadas.
Então, a senhora disse que queria mostra-lhe seu maior tesouro e pediu a elfa que o buscasse. Rapidamente, hokey voltou com duas caixas de couro e as entregou a patroa. Harry viu os olhos de Tom brilharem de interesse.

A velha abriu a primeira caixa e tirou de dentro dela o que parecia uma taça dourada e pequena. Ela insistiu para que Tom a pegasse ele segurou-a por uma das asas.

_Um texugo? _Tom perguntou a ela e Harry viu uma expressão gananciosa passar por seu rosto. A velha estava mais interessada em observar seus traços bonitos _Então isso pertenceu a... ?

_Helga Hufflepuff. _Então ela começou a dissertar sobre como a taça era importante, sobre como sua família era importante e tradicional e como a taça tinha passado de gerações por gerações. Tom parecia cada vez mais cobiçoso. E não pareceu muito feliz quando a velha tirou a taça de suas mãos e guardou-a.

_Eu acho que você vai gostar muito mais deste, Tom. _Então abriu a outra caixa e mostrou ao rapaz algo que Harry já conhecia. Algo que dera ao garoto muitas preocupações e muito trabalho. O medalhão de Slytheryn. Seu queixo quase despencou, tamanha sua surpresa. E a surpresa de Tom não foi menor do que isso.

Sem ser convidado a faze-lo, Tom pegou o medalhão e olhou-o contra a luz. _A marca de Slytheryn. _Então a mulher voltou a falar compulsivamente de como aquilo fora mesmo de um dos criadores de Hogwarts, de como pagara caro por aquilo e várias outras coisas que Harry nem prestou atenção. Ele estava muito mais interessado em vigiar a reação de Voldemort. Seus olhos se avermelhavam e suas juntas esbranquiçaram. Principalmente quando a mulher comentou que o vendedor comprara aquilo por uma ninharia.

_A mãe de Voldemort vendeu isso por uma ninharia, Harry. Pertencia à família e ela vendeu por realmente precisar. _Harry não sentiu nem um grama de pena. E não achou que estava sendo insensível por isso.

A velha senhora guardou o objeto e olhou para Voldemort. Aparentemente percebera o brilho vermelho em seus olhos, pois se curvou e perguntou se ele estava bem.

_Ah, sim, claro, srta Smith. _Tom respondeu e Dumbledore curvou-se para Harry dizendo que era hora de partir.

Harry, ainda meio atordoado, concordou e no momento seguinte eles estavam de volta à diretoria de Hogwarts.

_A srta Hepzibá Smith morreu dois dias depois disso e a elfa foi acusada de colocar veneno em seus chocolates. _Dumbledore contou sentando-se novamente.

_Sem chances. _Harry exclamou furiosamente e sentando-se em seu lugar.

_Concordo com você, Harry, O caso é que a elfa confessou que colocara algo que achara ser açúcar no chocolate e o ministério concluiu que ela realmente envenenara a patroa, ainda que mais sem querer do que propositalmente. O que eu conclui, se você quer saber, foi que Voldemort modificou sua memória, como fizera diversas outras vezes.

_Aquele... _Harry perguntou lentamente _Aquele medalhão era a horcrux que nós destruímos?

_Exatamente, Harry. Algum tempo depois da srta Hepzibá Smith ter morrido, a família se deu conta de que seus dois maiores tesouros haviam sido levados. Mas aí já era tarde demais.

_Então o sr acha que...? _ele perguntou novamente com lentidão.

_Que a taça é um horcrux? Com certeza, Harry.

_Mas por que matar só por causa... Eu não entendo.

_Você pode não entender, Harry. Mas para Voldemort fazia sentido. O anel ele considerava legalmente seu. Pertencera a sua mãe e a sua família. E a taça ele queria por ser de um dos fundadores de Hogwarts. Era importante. Era simbólico.

_E o sr tem alguma idéia de onde pode estar?

_Sabe, Harry, se você está querendo saber isso para escapar amanhã de Hogsmeade para ir atrás disso, eu devo lembra-lo da sua parte no acordo. Você também prometeu me contar tudo sobre horcrux. _Harry baixou os olhos, mas Dumbledore sorriu _Mas não sei exatamente, Harry. Isso ainda é coisa que precisa de investigação. Mas quando eu souber, você também vai saber.

Harry sorriu. Sentiu falta daquela cumplicidade quando tivera que viver sem ela. _Olha as horas, Harry. Hora de bom garoto estar na cama. _Harry sorriu novamente. Despediu-se do diretor e saiu do escritório.

Caminhava pensativamente pelos corredores desertos. Pensava em tudo aquilo que acabara de ver. Aquela srta Smith devia ser muito obtusa para mostrar aqueles tesouros para Voldemort.

Smith. Ele tinha impressão de já ter ouvido isso em algum lugar.

De repente lhe ocorreu. Zacharias Smith. O antigo atacante do time da Lufa-Lufa.

Harry ficou imaginando se não era muita coincidência para ser verdade e se Zacharias não teria se gabado para todo mundo se descendesse de uma das fundadoras de Hogwarts.

Não. Não seria tanta coincidência assim, afinal. E talvez ele nem soubesse e por isso não se gabasse.

O coração de Harry acelerou. Smith era um nome até comum, mas ele tinha a impressão de que esse palpite estava correto.

Ele precisava achar Zacharias Smith.

***

Gina caminhava pelos corredores vazios. Talvez dizer caminhava fosse muita bondade. Ela estava mais para um cambalear vago e incerto do que para um caminhar de verdade.

Nunca imaginara que um dia ia achar a idéia de um baile horrível e indigesta. Um baile? De Natal? Àquela altura do campeonato? Por que Dumbledore simplesmente não deixava todos voltarem para casa e passarem um natal feliz e contente com seus próprios parentes?

Bom, talvez não fosse ser um natal tão contente e feliz levando-se em consideração as atuais circunstâncias. Mas para ela seria bem melhor passar o natal com a família do que ficar olhando para Draco Malfoy enfiado em uma roupa formal babando em alguma idiota de vestido decotado.

Gina suspirou cansada. Era assim mesmo, certo? Os assuntos sempre voltavam, invariavelmente, para Draco Malfoy.

Mas já tinha decidido. Naquele baile ela não ia ficar. Voltaria para casa assim que o primeiro trem partisse.

Entrou em um corredor longo, reto e sombrio, iluminado por poucos archotes. Na outra ponta do corredor um grupo de alunos surgiu conversando alto e grosseiramente. Gina não precisou de luz para reconhecer quem era. A voz arrastada de Draco era inconfundível.

Voz? Ela pensara voz? Grunhidos. Grunhidos era mais apropriado para descrever aquilo.

Ela endireitou a coluna, sacudiu os cabelos e preparou seu sorriso mais vitorioso. Ela não deixaria de tripudiar tão cedo sobre o fato de que ela conseguira escapar dele e jogar para a grifinória.

Passou olhando diretamente para os olhos azuis de Draco. Quando ele viu o sorriso que ela ostentava, seu sangue ferveu.

Como, exatamente como, uma Weasley podia se sobressair a um Malfoy? Era insuportável. Era insuportável qualquer um se sobressair a ele. Quanto mais uma Weasley.

_Então eles acharam que eu não conseguia comer os quatorze bolinhos... _Goyle contou e Winter e Montague riram, ainda que Draco não estivesse vendo graça.

_Então, vocês já sabem com quem vão ao baile? _Draco perguntou interrompendo totalmente o assunto _Eu vou levar a Pansy. Claro que ela praticamente se atirou sobre mim quando ouviu Dumbledore falar sobre o baile... _Gina não achou graça. Se ele achava que ia conseguir faze-la ficar com ciúme, estava muito, muito redondamente... Certo.

_Não sei ainda. _Montague respondeu incerto _Talvez a Emília... Quem sabe.

Winter vinha um pouco atrás deles.

Seus olhos brilharam _Eu sei. _ele respondeu com um leve sorrisinho. Deu um passo para o lado e barrou o caminho da ruiva _Weasley, _Gina parou assustada _quer ir ao baile comigo?

Gina arregalou os olhos, olhando para cima. Ele era, de fato, mais alto do que ela, mas ela só precisava olhar para cima porque ele estava muito, muito perto dela. Não esperava receber um convite de um sonserino para ir ao baile. Ainda mais de um sonserino amigo de Draco. E isso a deixou tão surpresa que ela ficou paralisada e sem responder.

Certamente ia dizer que não ia ao baile. Que sentia muito, mas ia passar o Natal em casa. Não. Na verdade, ela ia tirar a parte do sentia muito. Não sentia nem um pouquinho. Mas pensou melhor e lembrou que o garoto a tirara do quarto de Draco para que ela pudesse jogar. Diria o “sente muito” afinal.

Gina deu um passo para trás e girou a cabeça para olhar em volta. Estavam todos com os olhos e bocas bem abertas. Todos muito surpresos. Todos menos Draco. Os olhos de Draco não estavam arregalados de choque. Estavam estreitos de raiva.

_Pense bem, Winter. Provavelmente você vai acabar tendo que pagar até o vestido dela. _ele soltou como se a garota não estivesse por perto.

Repentinamente, Gina esqueceu que não queria ir ao baile. Esqueceu que queria passar o natal em casa. De repente a idéia de ir com Winter lhe pareceu muito mais interessante.

_Então? _Winter perguntou novamente.

Gina virou-se para ele novamente para ele. Sorriu um tanto quanto afetadamente. _Claro. Com muitíssimo prazer, eu vou com você. _e virou-se para Draco mais uma vez _E nem se preocupe com meu vestido, Malfoy. Ele não é tão caro. _e estreitou os olhos, como ele _Ele quase não tem pano.

E saiu caminhando, decidida, pelo corredor. Draco teve vontade de bater com a cabeça na parede. Na verdade, bater com a cabeça de Winter na parede parecia mais legal no momento.

E Winter parecia exultante.

***

Harry dormira bem tarde na noite anterior. Passara tanto tempo contando tudo o que vira e ouvira para Hermione e Rony que perdera a noção do tempo.

Na manhã seguinte acordou cedo e voltou ao escritório de Dumbledore. Contou-lhe, como prometera, sobre suas próprias desconfianças. Dumbledore não se mostrou muito entusiasmado. Impassível, ele disse que confiava no instinto de Harry e que, mesmo não tendo imaginado essa possibilidade, isso era muito possível, já que Zacharias fora da lufa-lufa.

Ofereceu o endereço do garoto e desejou-lhe boa sorte, enquanto o garoto despedia-se. Estava muito ansioso. Suas entranhas fervilhavam de expectativa. Ele sentia que aquele era o caminho.

Voltou a torre da grifinória para encontrar com os amigos antes de ir para Hogsmeade.

Já estava tudo combinado. Rony e ele iriam comprar as vestes a rigor para o baile, enquanto Mione comprava a sua. Rony sairia com Lilá depois e Harry e Mione iriam fazer as compras de Natal. Separados, no entanto. Mione insistia que não tinha nenhuma graça dar a alguém um presente que ele já sabia que ia ganhar.

Às três horas, os três deveriam estar em frente a dedosdemel, para irem atrás de Zacharias. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos.

Mione chegou a chamar Gina para fazer compras com ela. Mas a ruiva respondeu que os gêmeos já haviam lhe dado um vestido novo e ela fizera suas compras pelo correio coruja. Não estava com vontade de sair do castelo.

A idéia de fazer compras sozinha não agradou Hermione. Mas era isso ou ir com Lilá. E a solidão lhe pareceu bem preferível.

Separou-se dos amigos na entrada do vilarejo e foi até a trapobelo. Achou que demoraria uma vida para escolher um vestido. Habitualmente, os vestidos de festa não iam muito com a cara dela. E na maioria das vezes era recíproco.

_Mas é claro que eu não vou sair da loja com você! _os vestidos costumavam exclamar indignados _Eu fui feito para pessoas altas. Quanto você mede, minha querida?

Então ela respondia que não era de sua conta e o jogava novamente em um prateleira.

Mas naquele dia foi diferente. Logo o primeiro vestido que ela provou pareceu implorar para que ela o levasse. _Eu ressaltei sua cintura, me leva, me leva. _ele pediu, enquanto Mione virava-se de costas e torcia o pescoço para ver como ficara a parte de trás.

_Perfeito. Você vai comigo. _ela respondeu saindo do provador e pagando pela peça. Ela nunca ficara tão contente por comprar um vestido em toda a vida.

Circulou algum tempo por Hogsmeade, com as bochechas rosadas de frio e encolhida entre seus agasalhos. A decoração de natal do vilarejo estava incrível. E eram tantas coisas para comprar que ela, até mesmo ela, a garota-organização, ficou em dúvida por onde começar.

Mas, bem, dúvida não era uma coisa mais tão anormal em sua vida no momento.

Estava tão distraída fazendo compras que, após comprar presentes para todos os amigos e para os Weasley, ela entrou em uma loja de produtos exóticos e começou a procurar uma loção bucal dos bruxos da Arábia que vira no ano anterior. Chegou a pegá-la da prateleira, sorrindo por ter encontrado o presente perfeito para os pais. Só então se lembrou de que não poderia mais dar presentes aos pais.

Nunca mais.

Uma dor aguda tomou conta de seu peito e imediatamente seu sorriso se dissipou. O Natal passou a lhe parecer muito triste. A neve parecia mais cinzenta. E então ela lembrou-se de quando Harry lhe dissera que havia esquecido o fato de que seus pais haviam morrido, e que ela respondera que ela mesma, no entanto, não conseguia esquecer.

E agora, por uns segundos em que fora invadida pelo espírito natalino, ela esquecera. Isso lhe pareceu uma ofensa à memória dos pais. Pareceu-lhe horrível.

Cambaleando, ela saiu da loja e começou a vagar sem rumo pelas ruas com neve. Elas pareciam muito sem graça agora. Agora que ela lembrara de que seria seu primeiro Natal sem pais. Sozinha.

A palavra sozinha parecia muito assustadora.

Então o rosto de Harry surgiu em sua mente. E ela se forçou a pensar que não estava sozinha. Harry ainda estava ali. Harry não a abandonaria. Harry não a deixaria sozinha realmente.

Passou em frente a uma loja de decorações e seu olhar recaiu sobre o mostruário da vitrine. A peça que mais lhe chamou atenção, enquanto ela ainda pensava que Harry estaria com ela no Natal, foi um móbile com luas e estrelas de cores claras. Era um daqueles mensageiros do vento, com sininhos que tilintavam cada vez que a mais leve brisa agitava seus finos barbantes.

O móbile a fez lembrar de que Harry até iria morar com ela. Ela não ficaria sozinha, porque dividiria um apartamento com Harry, em Londres. E aquele móbile ficaria lindo na varanda. Era perfeito. Ele parecia ter sido feito para decorar o apartamento que Harry Potter e Hermione Granger dividiriam.

Então lhe ocorreu que ela nem sabia se Harry ainda queria morar com ela. Pensamentos tristes, como os que ocorrem sempre que estamos muito tristes, começaram a encher-lhe a mente. Eles não conversaram sobre o apartamento depois do que acontecera na enfermaria e no lago. E se Harry se sentisse mal por dividir um apartamento com ela? E se ele preferisse ir morar sozinho para esquecer totalmente qualquer sentimento por ela?

Então ela teria que ir morar sozinha, afinal. Ela teria que chegar a noite em um apartamento escuro e vazio e ir dormir sem ouvir boa-noite de ninguém. Ela teria que acordar e tomar café da manhã sozinha e as pressas, junto a pia ou ao fogão, porque não tinha graça sentar-se e comer sozinha.

Ela não gostou daquilo. Seus olhos começaram a formigar e ela começou a imaginar se ia começar a chorar na frente de uma loja desconhecida, carregada de sacolas e de embrulhos, no meio de uma multidão feliz.

Harry dobrou a esquina em que ela estava, nesse momento. Imediatamente, reconheceu Hermione olhando estática para um móbile na vitrine de uma loja. Imaginou se ela estava escolhendo um móbile para o apartamento e sorriu.

Aproximou-se mais, sem que ela percebesse e, pelo reflexo da vitrine, viu os olhos da garota cheios de água. A princípio ele não entendeu porque ela poderia estar triste. Sentiu-se impotente, sem poder ajudar. Era um móbile lindo. Por que a faria chorar?

Ele tentou decifrar a expressão da menina, com o coração apertado. Ver Hermione chorar lhe fazia mal. Ele queria poder ajudar.

Então, como um jorro de água que sai de uma fonte, e sem que ele soubesse explicar como ou de onde, a explicação lhe surgiu. E lhe pareceu óbvia. Ele não sabia dizer como descobrira, mas todos aqueles anos com Hermione talvez o tivessem treinado para um momento daqueles. Talvez o tivessem treinado para ler exatamente o que estava escrito em sua alma.

E, naquele momento, ele lia que ela estava com medo de que ele não quisesse mais morar com ela.

Ele ficou pensando se lera a mente dela sem perceber. Mas aquilo não lhe parecia ler mentes. Parecia mais com sentir. Parecia com compartilhar um sentimento e saber que ele existia. No fundo, Harry também sentira esse medo. Sentira medo de que ela desistisse de dividir um apartamento com ele.

Harry aproximou-se mais e seu reflexo apareceu ao lado do dela na vitrine. Mione ergueu os olhos.

_O que você acha? _Harry perguntou encostando um dedo no vidro e apontando para o móbile _Eu acho que ficaria perfeito no nosso apartamento.

Mione virou-se para ele com um sorriso tímido. Como ele podia ser tão...

As palavras lhe escaparam por um momento. E depois a invadiram violentamente.

...Perfeito.

***

Dizer que Draco estava aborrecido era um eufemismo muito gentil. Draco estava possesso. Estava com tanta raiva que podia atirar alguém pela janela. Se esse alguém tivesse cabelo vermelho, então, ele ficaria mais satisfeito ainda.

Andara muito animado nos dias anteriores pensando que pelo menos poderia sair de Hogwarts e arejar um pouco a cabeça em Hogsmeade. Somente naquela manhã, ele lembrou-se que isso não era bem verdade. Por culpa da pequena peste ruiva e de seu novo amiguinho Winter, ele teria que ficar preso dentro do castelo.

Estava de castigo por ter enfiado um soco bem merecido no meio da cara do batedor da sonserina. E não podia visitar o povoado.

Achou aquilo bem injusto, pois Winter também brigara e a essa altura devia estar se divertindo muito nas lojas enfeitadas para o Natal. Então se lembrou que ele não dedurara Winter. E isso apenas para impressionar Gina.

Maldita Weasley.

Estava realmente se esforçando para não imaginar o tamanho do vestido de Gina Weasley. E fazia mais força ainda para não pensar em como as pernas bem torneadas da ruiva iriam ficar nesse vestido. E em como pelo menos sessenta e cinco por cento de pares de olhos masculino iriam olhar pelo menos duas vezes para essas pernas.

Uma cobra de bronze, sobrevivente ao ataque de fúria de Gina quando ela estivera trancada no quarto, voou pelo quarto velozmente. Draco a arremessara. Estava com muita, muita, muita raiva. Muita raiva por imaginar que Winter levaria Gina ao baile. Winter dançaria com ela. Winter encostaria o rosto em seu cabelo vermelho e falaria alguma besteira que a faria rir. Ou então a faria responder alguma ironia, que o faria rir. Winter jantaria com ela. Winter lhe daria um coursage. Talvez Winter lhe desse um beijo de boa noite também.

Rilhando os dentes, Draco encostou-se na balaustrada da cama. Uma perna dobrada para dentro e a outra estendida sobre o lençol.

Por que, diabos, tinha que ter se apaixonado por ela? Por que, exatamente, ele não podia gostar de Pansy ou de qualquer outra garota que caísse aos seus pés cada vez que ele a olhasse?

Sua própria mente mostrou-lhe a resposta. E a resposta era exatamente essa: ele gostava de Gina porque ela não caía aos seus pés. Porque ela era geniosa e fazia o queria na hora que bem entendesse. Ele sabia que ela era assim. Adorava isso nela.

Mas infeliz ela não enxergava qualidades nele.

***

_Ainda acho, realmente, que devíamos mandar uma coruja para ele. É muita falta de educação chegar na casa de alguém sem ser convidado e sem avisar, desse jeito. _Mione comentou enquanto ela, Rony e Harry subiam a rua em direção a uma estação de flu.

_Não sei por que. _Rony respondeu dando de ombros _Vocês dois, por exemplo, não precisam de convite para ir à toca.

_Mas você não é amigo do Zacharias Smith desde o primeiro dia de aula. _ela retrucou dignamente.

_Nem seu. _ele girou o rosto e franziu as sobrancelhas para ela _Eu só virei seu amigo no dia das bruxas, lembra?

Mione estreitou os olhos. Harry riu. _Você entendeu. _ela respondeu e, batendo os pés, entrou na loja.

Rony seguiu-a confuso e Harry entrou por último, contente por Mione usar suas energia brigando com Rony, ao invés de ficar triste.

Quando entrou, Mione já estava no balcão alaranjado, passando a uma bruxa gordinha o endereço que Dumbledore dera a Harry. A loja era toda em cores quentes e comprida. Ao longo de toda uma parede, várias lareiras se enfileiravam. O movimento era pouco e apenas alguns bruxos de vestes cheias de cinzas saíam cambaleando da lareira para fora da loja.

Harry ouviu quando Mione perguntou a bruxa se havia alguma lareira conectada à rede próxima ao endereço que dera. Ela ainda achava que surgir de repente na lareira de alguém era muita falta de senso e que era melhor, pelo menos, bater à porta. Rony ainda resmungava que podia não ser normal, para trouxas, pessoas surgindo em suas lareiras, mas que isso era, sim, muito comum.

Harry concordou com Mione. Um endereço próximo era muito melhor. A bruxa acompanhou-os até uma lareira, jogou um pozinho sobre ela e disse aonde eles deveriam ir. Rony, reclamando que já tinha andado um bocado para um dia só, foi primeiro, seguido de Mione e Harry por último.

Saíram em uma loja bruxa de conveniências. Rony ainda reclamava bastante. Mione ainda resmungava algo que Harry, com os ouvidos tampados de fuligem, não estava entendendo. E assim os três saíram para a rua.

Zacharias morava em um pequeno povoado com casas e chalés elegantes e distintos. _Isso aqui é bem parecido com Hogsmeade, não é? _Rony perguntou interessado.

_Não. Hogsmeade é o único povoado inteiramente bruxo de toda a Grã Bretanha. _Mione respondeu prontamente e apontou para uma loja no outro lado da rua _Aquilo ali é trouxa.

_Ah. _Rony fez, apesar de Harry ter certeza de que ele estava pensando exatamente em como poderia viver muito bem sem aquela informação.

_Aqui. _Harry exclamou parando em frente a uma casa de estilo vitoriano _Este é o endereço. _os amigos pararam um de cada um dos seus lados, olhando para o imponente portão de ferro.

_Vamos lá, Mione. Sirva-se. Pode bater na porta. _Rony exclamou com ironia e Mione fulminou-o com o olhar.

_Ei, calma. Não precisam ficar nervosos. _Harry aclamou olhando para os dois lados do portão. Tinha que ter uma campainha em algum lugar por ali. Simplesmente tinha que ter. Toda casa tinha uma. Bom, toda casa trouxa, pelo menos, sim.

_Vamos lá, Harry. Tudo bem, Rony tinha razão. _Mione admitiu cabisbaixa _Vamos voltar e entramos pela lareira.

_Mas é claro que não. _Harry contestou, agora acompanhando o portão com passos apressados de um lado para o outro e olhando para cima _Deve ter um jeito. _ele passou uma vez pelos amigos examinando o portão –não pode ser que... _passou novamente _impossível. –e parou mais uma vez ao lado de Rony e Mione.

_Desiste, Harry. _Rony aconselhou cansado.

_Que droga! _ele berrou para o portão. Ainda que soubesse que o portão não podia simplesmente dizer “oi, seja bem vindo” e deixa-lo entrar. _Eu quero entrar!

Então tudo ocorreu muito rapidamente. Uma caixa acústica saiu de um tijolinho da parede. Rony abriu a tanto a boca que caberia uma maçã inteira lá dentro, se alguém quisesse a pôr. Mione exclamou incrédula: _Eu quero entrar é uma senha?!

_Pois não? _uma voz asmática saiu de dentro da caixinha preta.

“Vai, vai” _Rony sussurrou para Harry acotovelando-o nas costelas _ “fala”.

_Hãn... _Harry começou muito sem jeito. Ele nunca falara com uma caixinha antes. Com um interfone já, uma vez que tivera que ir de ônibus lotado até a firma do tio Valter porque, sem querer, os tios haviam o trancado para fora da casa _Eu poderia, por favor, falar com Zacharias Smith?

_Quem é você? _a voz perguntou sem muita delicadeza.

_Harry. Harry Potter. _Harry achava que era muito melhor ter mentido, e certamente qualquer um concordaria, mas não pensou em nenhuma mentira suficientemente rápida.

_E por que você quer falar com ele? _a voz perguntou novamente. Harry estava começando a se irritar.

_Posso falar com ele sim ou não? _ele perguntou bruscamente. A voz pareceu pensar um momento, ou talvez tivesse ido consultar Zacharias. Harry não sabia dizer, mas, uns minutos depois, o portão soltou um clique e abriu-se lentamente.

Os três entreolharam-se, antes de cruzar o limiar da propriedade.

***

Gina achou que um pouquinho de solidão lhe faria bem e resolveu ficar no castelo ao invés de acompanhar Mione às compras. Mas logo que entrou em seu dormitório vazio, arrependeu-se profundamente e desejou ter ido. Ao menos ela estaria distraída.

Atirou-se na cama, pensando, com amargura, que devia ser a única aluna do terceiro ano para cima enfiada no castelo. Somente depois lhe ocorreu que em algum lugar do castelo outro aluno acima do terceiro ano também estava desejando ter ido a Hogsmeade.

Draco Malfoy. De castigo por ter brigado em Hogsmeade. De castigo por ter brigado... Por ela.

Ficou mirando o teto, enquanto pensava, com raiva, que teria que ver Draco nos braços de outra, no fim das contas. Aliás, para ser mais exata, teria que ver outra nos braços de Draco, porque era isso que fatalmente acontecia. Aqueles braços fortes faziam as pessoas se perderem entre eles. E não o contrário.

Ainda mais aborrecida, lembrou-se que teria que ir com Winter. Com o ogro grosseiro que Winter parecia ser. Tudo bem que ele a salvara de perder um jogo da grifinória, mas isso não o redimia de todos os anos em que ele passara comendo de boca aberta e dando em cima de garotas mais velhas de modo grosseiro.

Não que ela tivesse passado anos reparando. Mas o tempo que estivera com Draco, sim.

Além disso, ela nem queria ir, de qualquer forma. Só dissera que sim por estar com uma vontade borbulhante de esfregar na cara de Draco que ela também tinha um par. Ela só aceitara para irritá-lo.

E isso lhe parecia bem idiota agora.

Ainda mirando o teto, ela pensou em como ele tinha sido grosseiro ao falar do vestido. Tivera vontade de acertar-lhe um murro no nariz. Não seria o primeiro. Mas ela encontrara uma resposta bem melhor.

Desceu da cama, ajoelhou em frente ao seu malão e retirou, de dentou dele, um vestido preto e fino que Fred e Jorge haviam lhe dado antes de começar o ano.

O vestido era lindo. E caía muito bem nela. Ela o desdobrou-o e ficou admirando-o por uns minutos.

Depois de um tempo ela decidiu-se. Fred e Jorge teriam que perdoa-la, mas aquele vestido ainda tinha pano demais. Ela dissera a Draco que seu vestido tinha pouco pano.

Pegou sua varinha, conjurou um pouco de linha e mãos à obra. Ela sabia um excelente feitiço de corte.



Na: uuuuups... Assim, como tds certamente reaparam, eu recortei um pedaço da história verdadeira do Harry Potter 6 e coloquei aki. Deixei o mais parecido que pude... é que encaixa na história...
mas obviamente, sem fins lucrativos. O universo de Harry Potter pertence totalmente a nossa querida, amada, salve salve, titia JK ;)

Na2: agradecimentossssss
India, uepa, Winter se manifestando muito neh? Sei lah viu, Gina eh Gina neh... E ele eh, sabe como é, um sonserino sem vergonha rsrsrs... Serah q ela regenera ele? Serah, serah? rsrsrsrs E a Marisaaa ah, nem t conto rsrsrsrs.... Ela ainda vai aparecer bastante... rsrsrs

Lilian, entaum, ela ficou meio nakelas, ele eh Harry Potter, ele merceia ir com uma menina linda e divertida, que gostasse dele mais do que como amigo e que fosse dar a ele uma divertidissima noite de Natal. E nao com (como supunha ela) com uma garota sem graça (na cabeça dela, óbvio, naum na minha) que naum se recuperara totalmente da perda dos pais, que o via como o melhor amigo e que ia passar a noite inteira sentada, soh conversando... O que eh claro naum vai ser bem assim, risada maligna hiarhiarhiar... Entaum, por isso q ela o fez prometer q se ele tivesse vontade, ele dançava com outra e pronto ;) .... E o Rony eh um saco sem fundo, neh? Fazê o q? rsrsrsrs

Kamikinha, aaaaahhhh brigada... nouza fiko feliz de saber q vc gosta e q t ajuda a escrever tbm... Eeeei mto feliz pq eu adoru sua fic tbm XD rsrsrsrs .... Eeeeee q bom q vc atualizou... Vou lah ler tbm.... Ah, prometo surpresas pro baile, soh naum sei se vou sair inteira pra escrever o ano novo hiarhiarhiar... hehehe zuera, rsrsrs continue lendo, viu? bjssssss

Luara, eeeeeee esses capitulos andam meio frakinhos de romance neh? tem mais destaque pra aventura e talz, mas eu prometo q logo logo os casais retornam com força total rsrsrsrs... e vlw pelos elogiooos :D :D

Bia, eeeeeeiiii q booooom q gostou :D :D Nouza fico feliz de ter agradado rsrsrsrs ... Entaum, tah tendo pokinhu H/H neh? mas oh prometo q jah jah... Jah jah msm... vai ter mais ;) .... Isso isso, continue sempre aki, dando sua opiniaum... pq eh mto importante pra mim :D bjssssss

Bianca, q boooom menina q tah gostando... Passei sim lah na sua fic mas ainda naum deu tempo de ler... Eu salvei no pc e assim q eu ler eu comento ;) blz? deixe sua opiniaum mais vezes viu? bjssss

TheBlueMemory, huahauhauahuahuha, gente eu tenho q confessar q eu gosto da Marisa, eu mesma rio dela... Axu q eu peguei mta afinidade com ela óó... Por isso ela vai ter ainda bastante destaque e rir mto da cara do Draco... aaaaaahhh eu sei neh, mas eu soh falo pra vcs naum pensarem q eu parei de escrever, pararem de ler, pq aí eu fico sozinha e triste :( hehehe aí eu jah aviso q vou demorar mas naum vou parar ;) Escrevi uma surpresa pra vc no cap do natal, um detalhe pekininhu, presta atenção depois hein... rsrsrsrs


Booooom, eh isso aí, deixem coments siiiiiim q eu adoru óó...
bjssssssssssss pra tds e mto mto mto mto obrigada por continuarem lendoooo


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Comentários (1)

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