Onde está o medalhão?



Cap. 07

Gina forçou-se a pensar que podia ser pior. Podia mesmo ser pior. Ela podia estar sendo obrigada a sair com Snape ao invés de com Draco. Snape, além de ser chato e estúpido, como Draco, era feio. Draco, pelo menos era bonito.

“NÃO!” _Gina corrigiu mentalmente _ “não, não, não, não. Draco não é bonito. Draco é um trasgo de peruca... Mas nada é pior que Snape”.

Arrumou-se mais rápido do que o habitual. Draco Malfoy não merecia o que ela tivesse trabalho algum. Já achou muito pentear o cabelo e escovar os dentes, maquiagem então sem chances.

Inconformada com a própria sorte, acompanhou a onda de alunos que se dirigia ao salão principal e, ao passar por Harry, Rony e Hermione, nervosos no salão comunal da grifinória esperando a multidão se dissipar, piscou e sorriu para eles.

Já estava tudo combinado. Se eles não voltassem até o horário de fechar os portões, ela contaria onde eles estavam. Até lá, ela deveria dizer a quem estivesse no povoado que eles estavam no castelo e a quem estivesse no castelo que eles estavam no povoado.

Chegou ao saguão de entrada e viu Draco esperando-a perto de uns amigos. Desceu a escadaria de mármore e parou ao lado da porta esperando que ela a visse. Ele continuou conversando. Começou a bater o pé no chão, impaciente. Francamente se ele achava que ela ia até lá, no covil das cobras, chamá-lo, ele estava muito, mas muito mesmo, enganado.

Draco estava distraído conversando com Montague e Winter. Acabara de contar a eles que ia sair com Gina Weasley, mas os amigos não consideravam aposta ganha.

_Sair com ela não é nada, Draco. Eu quero ver você domar a ferinha. _Montague respondeu _Quando ela for totalmente conquistada por você, a vaga de capitão é sua.

Draco sorriu presunçoso, apesar de não acreditar mais ser tão fácil depois de começar a conviver mais com ela. Na verdade, ele agradecia aos céus o fato de sair inteiro de cada encontro com a ruiva. Winter não pareceu muito contente também. Desviou os olhos do sorriso de Draco com uma expressão um tanto raivosa e, ao olhar por cima do ombro do loiro, viu Gina batendo os pés ao lado da porta.

_Ela não parece muito contente de sair com você. _ele comentou mais contente.

Draco virou-se quando ele falou isso e seus olhos cruzaram com os de Gina. Ela apontou para o pulso, como se mostrasse uma relógio, indicando que ele estava demorando muito, mas ele estava prestando atenção em outra coisa. Ela estava linda. Simples, como se tivesse acabado de sair de um banho. Sem maquiagem, sem frescuras. E ainda assim linda.

_Bom, tenho que ir. _ele falou aos amigos virando-se novamente para eles. Winter ainda olhava para Gina com um olhar cobiçoso. Draco não reparou.

_É, pelo visto é ela quem está começando a domar você, Draco. E não o contrário. _Montague comentou rindo.

_Há, há. Você não vai rir tanto assim quando eu for o capitão do time. Divirtam-se bastante. Sozinhos. _e saiu em direção a Gina.

_Virgínia. _ele saudou animado chegando perto dela.

_Você demorou, Malfoy. _ela resmungou zangada.

_Eu não tenho olhos na nuca. Se você fizesse o sacrifício de ir me chamar, eu não teria demorado.

_Se você prestasse atenção em mim, eu não precisaria chamar. _passaram por Filch, que checou seus nomes em uma grande lista, e saíram do castelo.

_Por que eu prestaria atenção em você?

_Por que eu estou saindo com você. _as pessoas em volta passavam olhando para eles, enquanto cruzavam o gramado até os portões da escola.

_Ótimo. É atenção que você quer. Vou prestar atenção em você, Virgínia. _e ficou encarando-a enquanto continuavam caminhando. Passaram pelo portão em silêncio e entraram no povoado de Hogsmeade _Seu casaco não está combinado com sua blusa.

Gina encarou-o, irritada.

_Vá pro inferno, Malfoy.

_Eu vou. Estou indo almoçar com você. _ele respondeu sorrindo para ela. Ela abriu a boca revoltada para responder, mas ele não deu chances para isso _E por falar em almoçar, aonde você quer ir?

_Tanto faz. Com você qualquer lugar vai ser o pior.

_Ah, qual é, Virgínia. Comida de graça. Você devia estar dando pulos de alegria.

Gina parou de caminha com a boca entreaberta e os olhos semicerrados. De repente deu meia volta e começou a caminhar pela estrada que levava ao castelo resmungando em voz baixa para si mesma e gesticulando.

_Eu não vou me submeter a isso. Eu não vou. Eu não mereço. O que eu fiz pra merecer isso?

_Olha que eu conto. _ele cantarolou alto para que ela ouvisse.

Ela deu meia volta novamente, ainda falando sozinha, e voltou para onde ele estava.

_... Quem ele pensa que é? O tipo de pessoa que não “se acha”, “se tem certeza”. Um absurdo. _parou em frente a ele e apontou um dedo para seu peito musculoso _É isso que é. Um absurdo.

Draco riu.

_Vamos lá, já escolhi onde vamos comer. _e começou a puxa-la pela mão _E pare de falar sozinha. Não quero que pensem que eu saio com uma louca. Sair com uma Weasley já é ruim o bastante para minha reputação.

_Bom, eu não estou obrigando você, Malfoy. Podemos muito bem voltar para o castelo agora e ficamos todos felizes e contentes. _ele não respondeu, apenas conduziu-a por uma rua lateral e depois até um restaurante descolado que ela nunca estivera antes. Era um lugar confortável, aquecido, com uma música agitada tocando em um volume baixo e uma decoração colorida.

Sentaram-se em uma mesa perto da janela e Draco pegou um cardápio.

_O que você quer comer? Pode pedir o que quiser hoje, eu vou pagar mesmo. Pode abusar o que você nunca pôde, Virgínia.

_Malfoy, você sabia que eu estou morrendo de vontade de eliminar as suas possibilidades de ter futuros filhos? Eu posso fazer isso, sabia? _ela falou ameaçadoramente _Sou suficientemente violenta para isso.

_Se eu fosse você, não faria. Pense na possibilidade de ser a mãe dos meus futuros filhos. _ele respondeu desinteressado, folheando o cardápio.

_Ah, penso. _ela retrucou com ironia, apoiando o queixo na mão _Sonho com isso toda noite. Nós dois casados, morando numa casinha no alto duma montanha, com sete filhos ruivinhos correndo no jardim.

_Casinha na montanha com sete filhinhos ruivinhos? _ele perguntou olhando-a por cima da borda do cardápio que segurava _Eca, Virgínia, que visão dos infernos. Isso não é um sonho, é pesadelo. _e voltou a olhar o cardápio _Se você ainda sonhasse com a mansão Malfoy e com apenas um filhinho loiro no jardim, eu até pensava em fazer essa caridade pra você.

_Você nem de graça, Malfoy. _ela respondeu ferozmente _Eu detesto você.

_Puxa, que avanço. Até quarta você me odiava. _ele baixou o cardápio e encarou-a com aquele sorrisinho sarcástico que ela odiava. Os olhos dela chegaram quase a fendas e Draco já sabia que isso era sinal de perigo _ok, chega, será que não podemos ter uma conversa civilizada? Só hoje?

_Ok. Podemos. Vamos lá.

Mas ninguém falou nada. Eles continuaram se encarando, esperando que o outro falasse alguma coisa.

_Pode começar uma conversa civilizada, Virgínia.

_Por que eu? Você deu a idéia de uma conversa civilizada, comece você com uma conversa civilizada.

Draco ficou uns minutos em silêncio, ainda olhando para ela.

_Ok... _e olhou em volta procurando inspiração _Hm... _ deu de ombros em dúvida _ Bonito dia, não?

Ela olhou em dúvida para o dia nublado, ameaçando chuva, pela janela.

_Não. Dia horrível. Nublado e com um péssimo programa.

_Sabe, Virgínia, você não está se esforçando. _ele respondeu inclinando a cabeça como se conversasse com uma criança muito teimosa. Ela sorriu satisfeita. Então ele olhou em volta e completou _E por que ninguém vem até aqui nos atender? Já volto, Virgínia, vou até o balcão pedir umas bebidas enquanto não nos atendem. Não saia daí.

_Como se eu tivesse opção. _Gina resmungou entediada enquanto ele se afastava.

Quando Draco chegou no balcão, a porta se abriu fazendo um sininho tilintar e Winter, um dos amigos que Gina reconheceu estar com Draco enquanto ela o esperava, entrou.

Ele entrou no lugar, olhou em volta, localizou Gina e foi até ela. Gina não gostava muito dele. Achava-o com cara de ogro mal-humorado, mas se ele estava procurando Draco, ela não podia simplesmente se esconder em baixo da mesa ou correr pro lado oposto.

Antes de pensar em qualquer saída que não parecesse tão brusca e mal-educada quanto essas, Winter já tinha se aproximado e ocupado a cadeira vazia de Malfoy, puxando conversa e fingindo estar esperando que ele voltasse.

Draco estava pegando duas cervejas amanteigadas, quando olhou para trás e viu Winter sentado em seu lugar. Em milésimos de segundo, sentiu raiva e imaginou de onde aquele infeliz saíra. No milésimo de segundo seguinte, já largara as cervejas no balcão e marchara de volta a mesa.

Tentou manter o controle. Não queria demonstrar que estava com raiva. Winter não ia conseguir tirar sua calma. Não ia. Não ia. Mas ficou pensando insistentemente em que diabos ele estava fazendo ali. Será que ia contar a ela sobre a aposta numa tentativa suja de faze-lo perder?

_Perdeu alguma coisa, Winter?

Gina, que estava rindo de alguma coisa com certeza idiota (“por que ela ri dele e não de mim?”) ergueu os olhos surpresa. Winter sorriu.

_Ele estava procurando você, Malfoy. Seja gentil e convide-o para almoçar com a gente. _foi a vez de Gina sorrir ironicamente.

_Nem pergunte pra onde vou convida-lo, Virgínia. _e virou-se para ele _Posso falar com você com um pouquinho, amiguinho? _ o amiguinho veio acompanhado de muito sarcasmo.

Winter levantou-se e seguiu-o para longe de mesa.

_O que é que você pensa que está fazendo?! _Draco sibilou nervoso parando para encarar Winter.

_Conversando civilizadamente. _e arqueou as sobrancelhas de um jeito que irritou Draco.

_Escuta, você quer me fazer perder, não é? Você quer a vaga de capitão?

_É. Eu quero. _ele respondeu cruzando os braços _Já que você quer saber, eu quero sim. A vaga era pra ser minha desde o ano passado, Malfoy. Montague repetiu e eu ia ter que esperar mais. Agora ele já estava começando a cansar do time e ia passar a vaga pra mim. Você acha que eu estou gostando de ver você levar a vaga assim, de graça? Não mesmo, Malfoy. Eu não vou facilitar pra você.

_Ah, é? Que medo de você. _ele resmungou chegando mais perto e encarando-o desafiadoramente.

_Devia ter, Malfoy. Ela não sabe que isso é uma aposta. Mas eu sei. _Draco não arrumou uma resposta suficientemente rápida para não ter que ouvir a próxima frase _E essa é outra coisa que não me agrada. _ele continuou com malícia _Além de levar a vaga, você ainda fica com ela. Com a Weasley, uma das garotas mais lindas, mais quentes, mais gostos...

Mas o que mais Gina era, Draco não chegou a descobrir. Antes que ele pudesse terminar a frase, Draco já o derrubara com um cruzado de direita direto no queixo.

Winter caiu para trás e Gina levantou-se da mesa gritando: _Malfoy, seu idiota, estúpido, o que você está fazendo?!

_Ele estava dando em cima de você. _ele respondeu e agarrou Winter pela blusa para bater mais.

_Ei. Solta! Solta ele! _nesse momento a dona do lugar saiu de uma sala nos fundo e foi até eles gritando _Solta, Malfoy. _Draco soltou-o e Gina arrastou-o para longe de Winter que massageava o queixo dolorido _Nós estávamos conversando! E eu não sou exclusividade sua!

_Quando sair comigo, é!

_Não sou!

_É!

Eles nem chegaram a reparar, mas Winter, assim que viu a dona do lugar se aproximando, escapou rapidamente pela porta. A dona alcançou o casal, que agora berrava alto “É! Não sou!” e os fez parar gritando mais alto que eles.

_Muito bem! Agora chega! Onde está o monitor chefe de vocês?!

_Eu mesmo. _Draco respondeu ajeitando as roupas _Pode falar.

_Você? _ela perguntou surpresa por ver um monitor chefe brigando por Hogsmeade _Ótimo, então vou levar vocês direto pra escola.

E, pegando uma bolsa que estava no balcão, agarrou os dois pelos braços, na altura do cotovelo, e saiu com eles do restaurante.

Gina saiu resmungando que não era exclusividade dele. Ele retrucava insistentemente que sim.

***


_Eu estou cansado, Mione. _Rony reclamou apertando uma cãibra ao lado do corpo _Por que tivemos que andar até tão longe?

_Muito simples, pra ninguém nos ver enquanto pegamos o nôitibus.

Harry, Rony e Hermione caminharam por Hogsmeade até chegarem em uma clareira deserta perto de uma montanha. O plano parecia perfeito. Eles pegavam o nôitibus, desciam em frente ao Largo Grimmald, entravam escondidos, pegavam o camafeu e davam o fora dali. E, se os pegassem, para qualquer dos efeitos, eles foram visitar Lupin. Estavam recuperando o fôlego da caminhada quando escutaram um barulho de gente aparatando e rindo alto.

_Aqui. _murmurou Harry e puxou os dois amigos para trás de um arbusto.

Ficaram espiando pelas folhagens pouco densas e viram quem era o dono das risadas e o motivo de tanta alegria. Mundungus apareceu na clareira com um enorme saco de cheio de algo que retinia fazendo barulho. Ele sentou-se no chão e começou a examinar o conteúdo do saco. Tirou uma taça, depois um porta-retratos e um candelabro. Então Harry viu o brasão da família Black estampado naquilo.

_E... ! _começou a gritar, mas Hermione enfiou a mão em sua boa, tapando-a totalmente.

_Estamos escondidos, Harry.

Mundungus olhou em volta, mas não viu ninguém. Imaginando que estava sendo vigiado, pegou rapidamente suas coisas e aparatou novamente.

_EU NÃO ACREDITO!! _Harry gritou saindo do arbusto. Rony e Hermione saíram atrás dele _NÃO ACREDITO QUE ELE ESTÁ SAQUEANDO A CASA DO MEU PADRINHO!! ELE NÃO TEM RESPEITO!

_Harry, calma. _Hermione pediu e ele olhou para ela como se pedir calma fosse uma coisa bem estúpida para se fazer. _Olha vamos resolver o caso do horcrux primeiro. Ok? Quando voltarmos você fala com Dumbledore.

Harry não tinha vontade alguma de ceder, mas olhou para Hermione e quando deu por si já estava concordando.

_Ok. _Harry bufou zangado_ Lá vamos nós. _e levantou o braço da varinha para chamar o ônibus.

Hermione pulou para longe quando o ônibus roxo aterrissou com violência do seu lado. A porta se abriu e, antes que o condutor pudesse fazer a habitual recepção de sempre, Harry empurrou os dois amigos para dentro do ônibus vazio e entrou atrás deles.

_Tudo bem, eu pago. _ele falou quando Hermione e Rony tiraram suas carteiras do bolso e fizeram menção de pagar. _Largo Grimmald, número 12, por favor.

_Harry? É você mesmo, Harry? _ o condutor Lalau perguntou animado, enquanto Hermione e Rony subiam para os andares superiores do ônibus.

_Hm... Mas eu prefiro não anunciar isso hoje... _ele respondeu empurrando o ouro para ele _Se você não se importar.

_Ah, entendo, entendo. _ele respondeu recebendo os galeões e piscando um olho. Harry ficou em dúvida sobre o que exatamente ele tinha entendido. Aparentemente, nada.

Harry subiu atrás dos amigos e encontrou-os sentados em poltronas perto de uma janela. Rony segurava uma mão na frente da boca, talvez para garantir que se acontecesse o acaso de vomitar, a roupa de Hermione não seria prejudicada com isso.

Harry sentou-se perto deles e ficou encarando a janela. Era a primeira vez que visitava o largo Grimmald depois da morte do padrinho Sirius Black. Sabia que a propriedade, agora, era dele, mas ele não sentia mesmo nenhuma vontade de habitá-la. Há algum tempo não se sentia tão amargurado. Estar lá era ressuscitar lembranças há muito tempo adormecidas. Era lembrar do quanto gostava do padrinho e pensar na vida que poderia ter tido com ele, se Belatriz não o tivesse matado.

_Harry... _Hermione chamou passando a mão em seu braço, que repousava no braço almofadado da poltrona _Eu sei como isso deve ser horrível para você.

_Não. Não sabe. _esse seu estado de humor costuma deixá-lo agressivo. Desejou que Hermione não tivesse dito nada, por que, com certeza, iria magoá-la com alguma resposta bem mal-criada _Você pode pensar que sabe tudo, mas você não pode saber como eu me sinto. _pronto, saíra.

Hermione não entendeu a princípio. Rony, rapidamente, tirou a mão da boca e ficou olhando embasbacado para ele. Hermione afastou rapidamente a mão, como se tivesse levado um choque.

Então Harry se deu conta do que tinha falado. Esquecera-se de que Hermione perdera os pais há muito pouco tempo. Por uns miseráveis e egoístas segundos, esquecera-se disso.

_Mione, desculpa, eu... Esqueci. _ele pediu desviando imediatamente os olhos da janela e virando-se para a amiga.

_Que bom que você pode esquecer, Harry. Por que eu não posso. Isso fica martelando a todo o momento na minha cabeça. _ela respondeu lentamente _Enquanto eu como, enquanto eu estudo, enquanto eu tento ser uma amiga forte e imperturbável pra você. Eu não posso. Esquecer. Isso. _e levantou-se da poltrona indo sentar em um lugar mais afastado.

Rony resmungou alguma coisa que parecia muito com “pare de machucá-la” e Harry pensou em perguntar quem é que andava pelos corredores enfiando a língua na garganta da colega de quarto dela, mas se conteve. Levantou-se e estava indo até ela, quando Lalau subiu anunciando alegremente:

_Largo Grimmald, número 12. Chegamos, Harry.

Hermione nem olhou para trás. Levantou-se da cadeira onde estava sentada e desceu as escadas sem esperar pelos outros. Harry ficou parado no mesmo lugar sem saber o que fazer. Ficou em dúvida entre gritar que a amava ou ajoelhar e implorar por perdão. Por fim, Rony passou por ele para descer e Harry decidiu que era melhor apenas segui-lo.

Os três ficaram parado em frente a sede da Ordem da Fênix, enquanto o ônibus ia embora. Ninguém se mexeu por alguns instantes.

_Você não vai falar comigo? _Harry perguntou.

_Vou. Claro que vou. _ela respondeu enfática _Pegue a capa.

Ela estava se referindo à velha capa da invisibilidade que Harry herdara do pai. Muito contrariado pela rigidez da menina, ele abriu a pequena mochila que carregava e tirou a capa dobrada de dentro dela.

Hermione tirou a capa de suas mão sem muita delicadeza e jogou-a sobre ela.

_Você vai nos deixar do lado de fora, por acaso? _Rony perguntou olhando para onde a menina estava há alguns minutos atrás.

_Entrem embaixo da capa, oras. Ou será que eu tenho que fazer tudo por vocês?

Harry e Rony se entreolharam e, conformados, tatearam até encontrar a capa e passaram por baixo de sua bainha.

_Será que você pode parar com isso? _Harry sussurrou para ela enquanto eles subiam os degraus de entrada _Eu já pedi desculpas.

_Eu não as aceitei. Você me chamou de sabe-tudo e ainda provou que não está nem aí para o meu estado emocional, Harry. E eu achei que você se importasse.

_Querem parar com isso, vocês dois? _Rony alertou impaciente _Eu não sei se comunicaram pra vocês, mas nós estamos tentando passar despercebidos.

_Por Merlim, Mione. _ele retrucou indignado _Eu me importo. _ela ergueu a varinha para a porta e sussurrou “alorromora”. Ruídos de trincos se abrindo foram ouvidos e Harry continuou _Eu dormi segurando sua mão, Mione. _sua voz desceu um oitavo_ Eu me importo muito com você.

_Puxa, você dormiu segurando minha mão. _ela repetiu com ironia _Você vai me cobrar isso pelo resto da vida? _e entraram na casa, fechando a porta atrás de si.

_Você dormiu segurando a mão dela? _Rony perguntou indignado _Ele dormiu segurando sua mão? Quando foi que vocês dormiram juntos para ele segurar sua mão?

_Eu não estou cobrando. _ele respondeu sem dar atenção para a cara indignada de Rony _Eu estou só... Caramba, Mione, eu estou pedindo desculpas.

_Quando vocês dormiram juntos? _Rony perguntou com mais ênfase enquanto suas orelhas ficavam levemente vermelhas.

_E eu não estou aceitando. _e depois se dirigiu a Rony _Ele dormiu no meu quarto quando eu descobri sobre meus pais, enquanto você tentava arrancar as amídalas da Lilá pela boca.

_Ah. _e então ouviram passos pelo corredor e se calaram, enquanto paravam no mesmo lugar em que estavam.

Então Harry pensou na possibilidade de ser Moody. A capa não iria esconder-lhes dele e, com a mania de perseguição que Moody tinha, ele os estuporaria antes mesmo que eles pudessem explicar o que estavam fazendo na ordem da Fênix com uma capa da invisibilidade. Provavelmente pensaria se tratar de um comensal disfarçado. Harry sentiu Hermione estremecer ao seu lado e concluiu que ela pensara na mesma coisa. Por um minuto seus braços se tocaram e, sentindo sua pele macia e quente, ele sentiu vontade de abraçá-la e beijá-la ali mesmo, sem se importar com Rony ou com quem estivesse vindo pelo corredor. Mordeu o lábio inferior e desviou os olhos para o teto, tentando com toda vontade manter o controle.

_Oh, puxa. _Tonks surgiu na ponta do corredor _Acho que você está imaginando coisas, Remo. Não tem ninguém aqui em cima. _e voltou a desaparecer por onde viera.

Com um olhar, Harry indicou a Rony e Hermione que era melhor eles se apressarem, antes que passasse pela cabeça de Lupin que Harry poderia estar ali com a capa do pai. Em silêncio e andando com cuidado para não descobrirem os pés, o trio subiu as escadas até a sala de estar, localizou o armário, fechou a porta e atiraram a capa no chão.

_Ok, sejam rápidos. _Harry falou e os três voaram para o armário.

_Ele estava aqui, Harry. Eu lembro que Sirius ia jogar fora, mas acabou não jogando. _Rony comentou.

O mais rapidamente que podiam, os três reviraram em silêncio cada centímetro do armário. Mas não acharam nada.

_Será que Monstro roubou? _Rony arriscou quando os três já estavam desanimados.

_Não. Monstro não é um ladrão. _Hermione retrucou.

_Claro que não. Ele é um assassino. _Harry respondeu e Hermione o fulminou com os olhos, mas, já que ela já estava brava mesmo, ele resolveu ir em frente _E não me olhe com essa cara, você sabe que ele também foi responsável pela morte de Sirius.

_Ele foi mandado, Harry. Ele tinha que obedecer. _ela respondeu cruzando os braços.

_Não vem com essa agora. Ele nunca gostou do Sirius.

_Ei, chega. _Rony se intrometeu _Mas o que deu em vocês hoje?

Harry e Hermione se encararam constrangidos e Mione desviou o olhar.

_Vamos dar uma olhada na toca dele, lá embaixo. _Hermione sugeriu _Talvez você tenha razão, Rony.

Pegaram novamente a capa e desceram as escadas. Escutaram vozes na biblioteca e, sem vontade nenhuma de ver quem era, desceram até a cozinha. Encontraram-na vazia e, verificando se Monstro não estava em sua toca, entraram. Tiraram a capa, Harry a guardou e Hermione resmungou alguma coisa bem parecida com “Condições dignas de vida que Harry deveria dar”, lembrando que Harry agora era o senhor de monstro, mas o garoto não ligou. Os três ajoelharam-se no chão e começaram a procurar, entre os cobertores puídos, o camafeu. Acharam fotos, anéis, até uma calça velha e rasgada, mas do camafeu, nada.

_Pois é, _Harry comentou desanimado _viagem perdida. Mas onde será que pode ter ido parar. Se foi pro lixo, não vamos achar nunca mais.

_Não desanima, cara. _Rony animou-o enquanto eles se levantavam _ Nós vamos encontrar. Não podemos ser tão azarados assim.

E saíram da toca do Monstro.

E encontraram, parados na cozinha, Dumbledore, Lupin e Tonks, encarando-os serenamente.

A capa repousava esquecida novamente na mochila de Harry.

_Sabe, Harry, _Dumbledore comentou tranqüilamente _nós não somos bobos.

***

_Era mesmo o que faltava para vocês dois, não é? _Minerva pareceu prestes a parir um filho, quando a dona do restaurante contou que Draco socara um garoto. Agora ela estava com Gina e Draco na sala do profº Snape, que era o diretor da sonserina, ralhando com os dois _Eu não sei o que acontece com vocês. É só cruzarem o caminho um do outro para se meterem em encrenca! Nunca vi nada igual desde que comecei a trabalhar aqui! Nunca vi ninguém brigar tanto com uma pessoa, em tão pouco tempo! _e começou a circular pela sala.

_Draco, você é monitor chefe! _Snape exclamou _Será que você não pensa mesmo nisso? Podíamos tirar esse título de você, sabia?

_Ah, lembro, sim! _Minerva exclamou parando de circular como se lembrasse de algo muito importante _Lílian e Thiago Potter. Os dois brigavam tanto quanto vocês. _e se aproximou deles _E eles casaram, vocês sabiam?

Gina e Draco fizeram cara de asco simultaneamente.

_Então, acho que o mais apropriado, _Snape começou com aquela voz de morcego velho _e você há de concordar comigo, Minerva, é darmos uma última chance ao sr Malfoy. _Draco agradeceu mentalmente o fato de Snape gostar tanto dele _E como castigo, cancelarmos todas as visitas futuras deles a Hogsmeade.

_Eu concordo completamente. _Minerva sentenciou rigorosa.

Gina baixou a cabeça. Draco olhou para e, sorrindo meio de lado, levantou a mão.

_Hãn, profª... _ele chamou, mas Minerva o interrompeu energicamente.

_Não comece, sr Malfoy. Eu já os conheço suficientemente bem, para saber que esta é a hora em que vocês começam a culpar um ao outro, tentando se isentar da culpa. E eu não quero nem...

_Na verdade, profª, _ele interrompeu para falar _eu ia dizer que a Weasley não tem culpa.

Minerva parou de falar instantaneamente. Severo arregalou os olhos surpreso e Gina ergueu a cabeça encarando-o e quase caindo da cadeira.

_Eu briguei sozinho, eu pago o castigo sozinho. _ele concluiu sério.

_Hãn, _Minerva começou desconcertada _Sendo assim, pode se retirar Srta Weasley.

Gina levantou-se lentamente e olhando para Malfoy. Ele teve o cuidado especial de evitar seus olhos. Ela saiu, mas, ao invés de ir embora, encostou-se à porta e ficou ouvindo o que eles estavam dizendo. Estava surpresa. Imensamente surpresa por Draco ter assumido a culpa sozinho, liberando-a de cumprir o castigo. Ainda que ele fosse um desprezível Malfoy, e ela uma Weasley.

_Por que você brigou, então Malfoy? _Snape perguntou meio zangado. Aparentemente não gostara nem um pouco por seu protegido ter assumido a culpa _E com quem brigou? Porque você não pode, simplesmente, ter brigado sozinho, não é mesmo?

_Sinto muito, profº, _Draco respondeu com toda calma _mas eu não sou um delator.

Gina sorriu. Jamais imaginara alguma coisa tão nobre (ainda que ao mesmo tempo estúpida) de um Malfoy.

Snape bufou impaciente. _Sabe, Draco, assim não chegamos a lugar algum.

_Não quero chegar a lugar algum. _ele respondeu dignamente _Eu já recebi meu castigo, vou cumpri-lo e prometo não fazer isso novamente. Não é o suficiente?

_Na verdade você não vai apenas perder sua próxima visita a Hogsmeade. Você também vai receber uma detenção. _Draco deu de ombros indicando que tanto fazia e ela continuou: _Vai lavar todos os instrumentos de poções do profº Snape, no sábado, oito horas da manhã. _Draco não ligou. Minerva suspirou exausta e pediu por fim: _Responda, então, pelo menos: por que foi que você brigou?

_Por que o cara em quem eu bati estava dando em cima da Weasley.

Gina ouviu um silêncio dentro da sala. Podia até imaginar a cara de susto que o profº Snape deveria estar fazendo.

_E o que é que você tem a ver com isso? _o profº perguntou.

_Bom, ela estava saindo comigo. _ele respondeu desinteressadamente _Posso sair agora?

Ninguém respondeu e Gina supôs que Snape, surpreso e cansado demais para continuar debatendo, fez um gesto para que Draco saísse. Ela apressou-se para se afastar da porta e Draco saiu da sala caminhando tranqüilamente com as mãos no bolso.

Ela podia não admitir, mas achou aquilo um charme.

_Você estava ouvindo atrás da porta, Virgínia. E não adianta negar.

Eles começaram a caminhar juntos pelos corredores de pedra e Gina fez uma cara de dúvida.

_Talvez estivesse. _caminharam em silêncio alguns segundos e depois ela continuou _Hm, legal você ter me tirado dessa, Malfoy.

_Você não estava envolvida nessa, Virgínia. Eu não fiz mais do que minha obrigação.

_Foi legal, mesmo assim.

_AH! _ele exclamou lembrando-se de algo e dando um sorriso vitorioso. Chegaram ao saguão de entrada _Então será que eu sou mais homem, para você, agora?

Eles pararam e Gina sorriu enigmática.

_Talvez seja, Malfoy. _e erguendo-se um pouco na ponta dos pés, deu-lhe um beijo na bochecha _Mas só um pouquinho. _ela completou perto de seu ouvido. Depois se afastou e sorriu para ele _Obrigada, Malfoy. _saiu andando pelo saguão e, depois, subiu as escadas.

Draco ficou parado no lugar vendo a ruiva subir as escadas. E sorriu.

***

Dumbledore levou os três de volta à escola via flu. Quando Hermione saiu de lareira suja de fuligem e tonta de tanto rodopiar, encontrou-se na sala de Dumbledore, apesar de não saber onde estava por nunca ter estado lá antes. Harry chegou logo depois dela, seguido de Rony e de Dumbledore. O diretor não parecia zangado e Mione ficou se perguntando se ele nunca ficava bravo com Harry. Será que ele ficaria bravo se ele, sei lá, explodisse um banheiro?

O diretor conjurou duas cadeiras para eles e mandou-os sentar, sentando-se atrás de sua própria mesa. Juntou as pontas dos dedos e ficou encarando os rostos culpados dos três.

_Hm... _Hermione começou receosa _Nós estávamos indo visitar o profº Lupin.

_É mesmo, srta Granger? _o diretor perguntou com um pequeno sorriso _Receio que vocês não iam encontrá-lo no armário do Monstro.

_Nós fomos visitar o monstro, também. _Rony respondeu com cuidado.

_Suponho que não seja verdade, não é mesmo? _e se pôs a encarar Harry.

_Não vai funcionar. _Harry respondeu adivinhando que o diretor não ia dizer nada antes que ele dissesse. _O senhor pode ficar olhando para mim o dia todo, sem dizer nada, que eu não vou começar a falar.

_Harry, eu tenho sido extremamente tolerante com você. _Dumbledore começou pacientemente depois de alguns segundos quieto _Mas você está desobedecendo a uma ordem direta minha e, eu sei que isso já aconteceu outras vezes, _seus olhos cintilaram _ mas, desta vez, trata-se de algo muito delicado, Harry. Eu não posso permitir que você continue com isso.

_Na verdade, _Harry respondeu tão serenamente quanto o diretor _não foi uma ordem direta. O senhor me disse para ficar fora disso, me aconselhou, mas não mandou necessariamente que eu obedecesse.

Hermione deu um chute na canela de Harry por baixo da mesa. O garoto não demonstrou ter sentido e continuou olhando para o diretor.

_Pois agora é uma ordem, Harry. _ele respondeu, por mais incrível que parecesse a Rony e Hermione, em um tom ameno e sorrindo _Podem sair agora.

Rony e Hermione foram rapidamente até a porta. Harry foi mais lentamente. Ao alcançar os amigos, que seguravam a porta aberta para ele, Harry virou-se e perguntou:

_Mas como o senhor soube que estávamos lá?

_Você acha que já não tínhamos pensado nisso, Harry? Um dos meus quadros viu você mexendo no medalhão e me contou. _Harry olhou zangado para os quadros que fingiam dormir. Ele viu alguns deles entreabrindo os olhos. _Eu imaginei que você, como o garoto esperto que é, ia perceber a mesma coisa que nós já havíamos percebido.

_Então esse é um dos medalhões que vocês já destruíram?

Dumbledore, nesse momento, pareceu cansado e triste.

_Não, Harry, o medalhão sumiu. Não estava na mansão quando fomos procurar. Sirius deve ter jogado fora. Desde então estamos procurando por ele.

_Ah... Boa noite, então, profº.

_Boa noite, Harry, sr Weasley, srta Granger.

Rony e Mione responderam “boa noite” e acompanharam Harry para fora.

Já estavam no corredor novamente, caminhando no mais completo silêncio, quando Rony se lembrou de algo:

_Puxa, que chato, né? Fomos pegos, não achamos o medalhão e ainda por cima não lembramos de contar ao Dumbledore que o Mundungus anda saqueando a mansão Black.

Harry concordou desanimado, mas Hermione abriu um enorme sorriso contente e parou no meio do corredor. Uma luz surgiu-lhe e ela exclamou animada:

_Harry! E se Mundungus tiver roubado o medalhão?

Os três se entreolharam, parados no meio do corredor. Era uma idéia que gerava novos planos para o trio.



NA: Gente desculpa a demora, desculpa mesmo, mas jah to de volta e para compensar a demora eu posto deois de uma vez soh. Que tal? que tal?
e naum esqueçam de comentar para falar oq acharam do capítulo. Foi um dos que eu mais gostei de escrever ateh agora :>
obrigada por naum terem abandonado a fic e continuem aí
bjsssss

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Que legal! Que legal! Que lega!!A aventura começa... \o/\o/\o/E o romance entre Draco e Gina também!! \o/\o/\o/\o// 

    2012-08-01
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