A manhã seguinte



Cap. 21_

Harry nunca entendera como uma pessoa podia querer tanto uma coisa e ser capaz de abrir mão do que queria.

Ele passara os últimos tempos desejando que Hermione o visse como mais que um amigo. Que dissesse que se apaixonara por ele da mesma maneira e intensidade que ele se apaixonara por ela

Mas, agora que isso acontecera, ele sentia que tinha algo de errado nisso. Algo de... Forçado, induzido, nisso tudo.

Tinha alguma coisa muito estranha em Hermione. Ele sabia disso. E não era daquele jeito que ele queria que acontecesse.

Ainda com os olhos fechados, Harry afastou seus lábios dos dela e transferiu suas mãos da cintura para seus braços. Delicadamente afastou-a de si.

_Ok. _ele começou tentando fazer a cabeça raciocinar e controlando os impulsos de voltar a beija-la. Abriu os olhos e deparou-se com uma Hermione encarando-o intrigada _Você não está bem, Mione. O dia foi longo, você deve ter bebido mais do que podia, então a noite acaba aqui, certo?

Mione arregalou os olhos. _Não! _ela respondeu enfática _Eu nunca me senti tão bem, Harry. Eu nunca disse isso para você? _ela estava visivelmente estranha agora _Que eu gostava muito de você? Harry, eu acho que amo você.

Harry sorriu compreensivamente. Ainda segurando-a por um braço, começou a conduzi-la para as escadarias do saguão. _Vamos dormir agora, ok? Você está... Um pouquinho alegre demais.

_Harry, eu não bebi. _ela tentou argumentar.

_ Um dos sintomas da bebedeira é a negação.

_Mas eu não bebi!

_Viu? Já é a terceira vez que você está negando.

_Eu realmente não... _mas não teve tempo de terminar. Outro mal estar dominou-a e ela se apoiou na parede.

Harry, graças a seus reflexos rápidos de apanhador, amparou-a antes que ela caísse de verdade. Seus rostos ficaram muito próximos.

_Acho que eu não estou tão bem assim. _ela concordou molemente. Harry suspirou, passou um dos braços da garota em volta de seu pescoço e, sem dificuldades, ergueu-a no colo.

_Vou levar você para o quarto, ok? Você vai se sentir melhor pela manhã.

Mione concordou. Sua consciência ainda tentava adverti-la dos perigos do que ela fizera. Mas ela não queria pensar mais nisso. Pelo menos não enquanto estava nos braços de Harry e enquanto respirava lentamente o perfume que emanava de seus cabelos negros.

***

Gina estava mais sonolenta do que qualquer outra coisa. Winter, pelo contrário, parecera ter cansado de ficar sentado falando besteiras ao lado de Gina, então se levantou e começou a perturbar os casais que ficavam em seu caminho.

Gina não ligou. Estava muito bem, obrigada, em sua cadeira. A única coisa que lhe incomodava era que, agora que Winter não estava mais por perto, não tinha ninguém para lhe levar bebidas. Winter parecia bem feliz em fazer isso. Mas ele não parecia com muita vontade de bancar o garçom agora.

Só que agora que começara a beber, não sentia muita vontade de parar.

Correu os olhos pelo salão, procurando reconhecer algum dos sonserinos que estavam com Winter. Algum dos sonserinos com bebida.

E não demorou a encontrar dois garotos do ano anterior, com uma garrafa inteira de uísque na mão.

Sem pensar duas vezes (sem pensar nem uma, mais precisamente), Gina levantou-se e foi até eles.

_Oi, _ela cumprimentou fazendo a expressão mais atraente de seu repertório _não vão oferezer um pouco para uma dama?

_Você não está com o Winter? _um deles perguntou avaliando-a. Aparentemente ele não reparara no vestido da menina antes.

_É... Estou _ela respondeu vagamente, fazendo um pequeno esforço para lembrar quem era Winter. “Ah, sim, meu par” _sua mente sonolenta concluiu lentamente.

Os dois sonserinos olharam ao mesmo tempo para a ruiva. Entreolharam-se com um brilho malicioso no olhar e pareceram estar concordando mentalmente com algo. Então se voltaram novamente para ela.

_Então, nós achamos que esta festa está muito chata. _um deles falou balançando a garrafa em uma das mãos _Agora, se você dançar um pouquinho em cima da mesa, você ganha a garrafa inteira. _e apontou para a mesa redonda ao lado, uma das mais afastadas da pista de dança.

_Há _Gina fez e riu _Izzo é muito fácil. _e sorriu de uma maneira atraente de maliciosa _Mas pagamento adiantado, machões. _e puxou a garrafa das mãos deles.

O duende DJ acabara de colocar uma música trouxa para tocar, chamada Gangsta Paradise. Então, com a garrafa na mão, virando um gole a cada passo de dança e já em cima da mesa, Gina começou a dançar.

E a dançar muito bem. Talvez fosse a bebida deixando-a mais leve e mais solta, mas ela estava realmente dançando de uma maneira extremamente sensual e muito melhor do que já dançara em toda sua vida.

E a música a envolvia cada vez mais e alguns alunos começaram a rodear a mesa, gritando e assobiando.

Gina teve mesmo muita sorte de Pirraça ter explodido uma árvore de Natal no corredor do segundo andar, atraindo a maioria dos professores para lá. Gina não queria nem pensar no que aconteceria se eles a vissem ali. Bom, no momento ela não estava com muita capacidade de pensar em coisa alguma.

A algumas mesas de distância, Draco bebia um copo de cerveja amanteigada com Pansy. Ela dizia alguma coisa sobre seu vestido e Draco não fazia idéia do que era. Seu olhar vagava distraidamente pelas mesas ao redor.

Em uma delas, Colin tirava fotos de uma garota loirinha que Draco reconheceu por ser artilheira da Grifinória. Draco ficou imaginando se ele não ia parar nunca com essa mania idiota. Na mesa ao lado, Crabbe e Goyle disputavam quem conseguia colocar mais brownies de uma vez só na boca. Na outra Montague contava para Emília como ele fora campeão de um campeonato de braço de ferro, quando tinha só cinco anos de idade. Draco já ouvira aquela história quatorze vezes. Só naquele ano.

E na mesa encostada à parede... Então Draco, chocado, cuspiu toda a bebida que acabara de levar à boca. Ele acabara de ver o que Gina estava fazendo.

_Draco, meu vestido! _Pansy, que recebera boa parte da cerveja que Draco cuspira, exclamou indignada e chorosa _Eu acabei de contar como deu trabalho encontra-lo...

Mas Draco não estava mais prestando atenção. Imediatamente, sem pensar no que estava fazendo, ele começou a caminhar com passos firmes e largos até a mesa em que ela estava. Estava muito irado. Não sabia explicar como estava sentindo. Seus ouvidos zumbiam e a única explicação que ele conseguia encontrar para isso era... Ciúme.

_Virgínia, desça daí agora.

Gina percebeu algo muito estranho nisso. Ela só conhecia uma pessoa que a chamava de Virgínia. Não precisou olhar para baixo para ver que era Draco.

Bom, era uma ótima tentativa, mas ele ia precisar de bem mais que isso para faze-la descer dali. Algo como tira-la a força.

E foi exatamente o que ele fez.

Em um segundo, Gina estava dançando a parte mais legal da música. No segundo seguinte, duas mãos fortes a seguravam pela cintura e a puxavam para o chão.

_Vamos embora daqui, agora! _e, segurando-a pelo braço, começou a puxa-la na direção da porta, enquanto alguns alunos em volta da mesa começavam a gritar coisas como “desmancha prazeres” e coisas assim. Draco não ligou nem um pouquinho para os berros e ameaças.

_Ei, ei. _o cérebro entupido de álcool de Gina demorou a reagir, mas, quando estavam quase na porta, ela puxou seu braço da mão do loiro _Vozê não é meu pai. Não pode me tirar daqui a forza.

Draco bufou impaciente. _Ah, Virgínia, não me desafie. _ele respondeu e, agarrando-a pela cintura, ergueu-a no ar e tirou-a carregada do lugar, enquanto ela esperneava e choramingava que não queria ir embora ainda.

Draco estava indignado. Como Winter podia ter deixado Gina naquele estado? Como aquele irresponsável podia tê-la deixado chegar aquele ponto? Se bem que, pensando melhor, ele mesmo devia te-la deixado daquele jeito. Certamente ele quem dera bebida a ela.

O que Draco mais queria no momento era quebrar o nariz de Winter. E ainda a deixara sozinha! Sozinha e bêbada! Ele ia acabar com Winter quando encontrasse com ele.

Estava cruzando o saguão, pensando em onde podia levar a ruiva, enquanto ela tentava chuta-lo e faze-lo parar, quando ouviu passos e vozes vindo do andar de cima. Vozes de Severo Snape e Minerva McGonagal.

Draco ficou estático no meio do saguão de entrada. Como podia ser tão azarado? Não podia subir as escadas com a garota nas costas resmungando e praguejando. Como ele ia explicar o que estava fazendo?
Não podia ficar ali parado esperando que o encontrassem. Não podia voltar para o salão. Pensou em ir para as masmorras, mas eles corriam o risco de encontrar alguém por lá, também.

Draco só conseguiu pensar em um lugar que ninguém estaria agora, numa noite fria.

O lago da Lula Gigante.

Rapidamente, Draco deu a volta e saiu pelas portas imponentes do saguão de entrada, diretamente para a neve branca e para o ar gelado e cortante da noite.

Gina ainda batia com os punhos fechados em cada parte das costas de Draco que conseguia alcançar. Ele nem parecia sentir. Apenas carregou-a até um murinho baixo que circundava uma parte do lago e colocou-a sentada ali, apoiando uma mão de cada lado do seu corpo e debruçando-se sobre ela, fazendo seus rostos quase se encostarem.

_Diga uma coisa, Virgínia, que porcaria você tem nessa sua cabeça ruiva? _Gina não respondeu. Apenas fez um imenso bico emburrado de quem leva uma bronca por aprontar algo _Virgínia, você está cheirando a álcool, _e se afastou fazendo um gesto exasperado com os braços _o que diabos pensa que estava fazendo?!

_Eu eztava me divertindo! _Gina berrou com uma expressão furiosa. A bebida em seu sangue era tanta que ela nem percebeu como estava com frio. Draco estava com tanta raiva que nem percebeu isso também.

_Você estava se divertindo?! _ele berrou de volta com uma expressão muito parecida com a dela _Eles estavam se divertindo! _e apontou para o castelo _Você estava dançando em cima de uma mesa, com essa PORCARIA desse vestido! Você tem idéia do que dava pra ver lá de baixo?!

Gina baixou a cabeça envergonhada, mas, rapidamente, se recompôs e retrucou:

_E qual é o problema?! É elez me acharem atraente?! Pazme, Malfoy! Alguém no mundo me acha atraente!

_Do que é que você está falando? _ele perguntou apertando os olhos.

_Adivinha. De um idiota que namorou comigo zó para ganhar a PORCARIA de uma APOSTA! Que nunca ia gostar de mim pelo que eu ZOU de verdade. _isso desarmou completamente Draco. Ela não fazia idéia de como estava errada _E quer zaber? _Gina levantou-se e ficou em pé no murinho, virada para a encosta e de costas para Draco _Eu vou pular! Vou me matar porque eu não sou nem capaz de conquistar o cara que eu gosto de verdade.

_Não diga besteiras, Virgínia. _Draco comentou olhando por cima da borda do muro _Isso aí não tem nem dois metros. Você não pode se matar pulando daí.

Gina olhou para baixo e viu que ele tinha razão. Mas quem sabe se pulasse de cabeça? Porém, no lugar disso Gina bateu o pé no murinho e virou-se para ele novamente.

_É mentira! Mas você não ze importa se eu vou pular ou não! Você não eztá nem aí para mim! _e virou-se novamente na direção do lago _Você não gozta de mim.

_Gina, _Draco voltou a sentir algo que nunca sentira antes de conhecer Gina e não sentia desde que brigara com ela _eu gosto de você mais do que você pode supor. _Gina virou-se rapidamente para ele _Acredite em mim. _e ele estendeu a mão para ajuda-la a descer.

Mas, acreditem, com o equilíbrio totalmente debilitado pelo excesso de bebidas, virar para qualquer lado não era uma boa idéia. E o que aconteceu foi que Gina sentiu uma tontura muito forte, o mundo girou a toda velocidade ao seu redor e ela só não caiu para trás porque Draco percebeu o que ia acontecer e, segurando-a pela cintura, puxou-a.

O resultado disso foi que Draco caiu de costas na neve gelada e Gina caiu sobre ele.

Gina não sentiu necessidade de controlar uma vontade que reprimia há semanas e semanas. Ela se sentia livre e leve e sentia que podia fazer o que quisesse. E ela queria Draco Malfoy. O único que batia de frente com ela, não importasse quando fosse. O único que a contestava. O único que a fazia perder a cabeça. O único que a deixava apaixonada e ensandecida.

Lentamente, Gina baixou a cabeça e beijou-o.

A princípio bem lenta e romanticamente, como se quisesse aproveitar cada momento e cada sensação que aquilo podia oferecer.

Como se estivesse experimentando pela primeira vez.

Então ela colocou sua mão em sua barriga e deixou-a passear livremente por baixo de sua camisa. Ele segurou sua nuca com uma mão, abraçou-a com a outra e o beijo se transformou no mais envolventes de suas vidas.


Draco nem sentia a neve derreter sob si e encharcar suas roupas. Tudo que ele sentia era um calor espalhando-se por cada centímetro do seu corpo.

Era isso que Gina Weasley fazia com ele.

Mas, de repente, ele percebeu que algo não estava certo. Ele sabia que gostava dela. Mas Gina estava bêbada. Não fazia idéia do que estava fazendo. E ele não queria se aproveitar dela.

E isso o surpreendeu. Ele nunca se importara realmente com isso.

Ele interrompeu tudo isso logo depois, soltando-a e fazendo-a se afastar.

_Eu não posso fazer isso. _ele falou respirando pesadamente _Você está bêbada.

Gina não respondeu. Encarou-o com um olhar anuviado, como se não entendesse aquilo e, depois, girou o corpo, deitando-se ao lado dele e repousando a cabeça em seu peito.

_Draco, _ela chamou apontando para o céu _acho que a Lula gigante eztá voando na sua vazzoura.

Draco olhou para onde ela apontava, mas não viu nada. _Não é a Lula. Deve ser uma estrela cadente.

_Ah é? _ela perguntou com uma voz mole _Então faza um pedido, porque os meus não funzionam. Uma vez eu pedi pra não perder alguém que eu conhecia. Mas ezza pezzoa não existia.

_Talvez essa pessoa exista. _Draco comentou e passou a mão no cabelo dela. Como ele podia ter machucado alguém como ela? _Talvez ela só precise que alguém lhe dê uma chance de se mostrar.

Então Gina ergueu a cabeça para encara-lo. _Zabe, eu gozto de vozê. _ela inclinando a cabeça de um jeito engraçado. _Gozto de verdade de vozê.

Draco deu um pequeno sorriso. _Apesar de eu ser um Malfoy?

_Não! _ela respondeu sacudindo a cabeça enfaticamente _Não apezar de você ser um Malfoy. Juztamente por izzo. Por vozê ser o que você é. _Draco não soube o que dizer, por isso ficou quieto e ela voltou a deitar a cabeça em seu peito _Por que se vozê não fozze você, eu não ia goztar de vozê. Certo?

Draco suspirou. Aquilo era tudo o que ele precisava ouvir. Se Gina bêbada dizia que gostava dele mesmo ele sendo um Malfoy, ele acreditava. Porque bêbados nunca mentem. E aquilo era tudo o que ele precisava ouvir para acreditar que ela enxergava o que ele era de verdade, para enfrentar qualquer um que atravessasse seu caminho e para se redimir de uma vez por todas do erro que cometera.

_Virgínia? _ele chamou, mas ela caíra, pateticamente, no sono. _Virgínia? _ele ainda tentou chamar mais uma vez, mas ela já atravessar da realidade para um mundo de sonhos.

Feliz como não se sentia há muito tempo, Draco deixou a cabeça cair na neve. Sorriu para o céu escuro e estava se preparando para levantar e levar Gina para um lugar seguro e quente, quando viu alguma coisa cruzando o céu.

Franziu as sobrancelhas, intrigado. A Lula gigante estava usando sua vassoura?

***

Quando Harry colocou Hermione em sua cama no quarto de monitora chefe, ela já caíra no sono. Não que isso tivesse impedido-a de falar várias coisas incoerentes enquanto adormecia. Harry ouvira tudo sobre a decoração, sobre a revolta dos duendes de 1281 e sobre a constituição bruxa número 403. E também sobre cartas de um passado, sobre as quais ele entendeu menos ainda do que sobre a constituição.

Cansado, ele sentou-se em uma poltrona e enrolou-se em um cobertor quadriculado. Ficaria ali vigiando o sono de Hermione, pelo menos durante as primeiras horas da noite.

Seu rosto assumiu um ar terno, enquanto ele a observava dormir. Ficava pensando em como não percebera antes o quanto ela era diferente de qualquer outra pessoa. O quanto ele ficara procurando a garota certa para ele, quando ela estava bem ali ao seu lado. Em todos os momentos de sua vida.

Quando ele precisava impedir Quirrel de roubar a pedra filosofal. Quando todos achavam que ele era o culpado dos ataques do basilisco. Quando ele precisou voltar no tempo e salvar seu padrinho. Quando todos, até Rony, achavam que ele colocara seu nome no cálice de fogo. Quando ele fora para o ministério.

A mão de Mione fechou-se e apertou o travesseiro. Harry continuava observando-a. E assim ficou por quase toda a noite, até cair no sono, quando os primeiros raios de sol abriam a manhã.

Mione acordou um pouco depois. Ela não sentia mais a cabeça doer nem enjôos repentinos. Não sentia mais borboletas vivas em sua barriga nem uma euforia tomar conta de toda seu corpo.

Tinha plena consciência de que tinha feito algo muito errado no dia anterior. Mas, apesar disso, não conseguia se sentir culpada. Aquela era sua vida. E ela a viveria como quisesse.

Abriu os olhos e encontrou Harry dormindo em uma poltrona. Lembrava-se perfeitamente bem da noite anterior. Lembrava-se do que tinha dito. Lembrava-se do que tinha feito. Envergonhava-se muito de tudo. Então, lembrava-se de como Harry reagira. Como ele percebera que ela estava fora de si e não se aproveitara disso. Como ele fora gentil e a levara para o quarto. Como ele era simplesmente perfeito e... Harry. Então foi como se alguma coisa despertasse dentro dela. Não era como a euforia que o livro descrevia. Não era algo que a invadia e a corrompia. Era algo doce, que se espalhava lentamente por todo seu corpo. Era como se algo que sempre existira despertasse. Era como se ela se desse conta, apenas naquele momento, de algo que já estava ali há muito tempo.

Harry se mexeu e abriu os olhos. Estava com uma aparência exausta. Mione deu um leve sorriso.

_Hei. _ela cumprimentou ainda deitada _Desculpe por ontem. Eu estraguei sua noite.

Harry sabia que não precisava ouvir desculpas. Levantou-se com um sorriso compreensivo e sentou-se na beira de sua cama.

_Tudo bem. Você está melhor hoje? _Mione fez que sim. Harry parecia meio desconcertado agora. Como saber se ela lembrava de tudo que tinha dito e feito na noite anterior. Mas não precisou pensar nisso muito tempo. Mione sentou-se na cama e começou a falar com um tom ansioso:

_Harry, sobre o que eu disse ontem, eu... _Mas Harry não sabia se podia ouvir o que ela tinha a dizer e interrompeu-a.

_Tudo bem, Mione, sério. Eu sei que você não sabia o que estava falando e que... No fundo você gosta do Rony. _ele assumiu um ar mais triste ao falar isso e Mione fez menção de interrompe-lo, mas ele continuou _E eu sei que um dia ele vai se dar conta de que também gosta de você. Então nós podemos fingir que não aconteceu nada, e vocês vão se acertar, e vão ser felizes para sempre.

_Harry, _ela interrompeu com veemência antes que ele dissesse mais alguma coisa. Estava com uma sensação muito boa. Algo que nunca sentira antes _eu não quero me acertar com ninguém e não quero fingir coisa nenhuma!

Harry franziu as sobrancelhas, intrigado. Seu coração começou a acelerar e ela continuou: _Eu só quero dizer, Harry, que se for para eu ser feliz para sempre com alguém, eu quero que seja com você. _ela deu um suspiro e bateu com as duas mãos na cama _É só isso que eu quero.

Mione não conseguia decifrar a expressão de Harry. Começou a ficar aflita. De repente a falta de resposta de Harry começou a lhe assustar. De repente ela começou a pensar na possibilidade de Harry não gostar mais dela. Seu coração começou a apertar e ela sentiu algumas lágrimas chegarem-lhe aos olhos.

_Fala alguma coisa. _ela pediu com a voz embargada.

Harry soltou o ar que estava prendendo. Aquilo era realmente diferente da noite anterior. Aquela era Hermione de verdade. Era de verdade. Ele conseguia, realmente, acreditar naquilo.

_O que eu posso dizer quando a garota que eu amo fala algo assim para mim?

Mione sorriu. _Que... É recíproco?

Harry chegou mais perto dela. Apoiou as mãos na armação do dossel, uma de cada lado de Hermione. _Acho que eu já falei isso vezes de mais.

Eles se encararam. _Acho que você não precisa falar nada, então. _ela sussurrou, prendendo seus olhos aos dele.

Harry não disse mais nada. Inclinou-se e beijou-a. O primeiro beijo que ele sabia ser correspondido por ela. O primeiro beijo que Hermione tinha certeza de que queria mais do que qualquer outra coisa.

O primeiro beijo sem dúvidas.

***

Gina queria realmente não acordar no dia seguinte. Não se importaria nem um pouquinho de dormir o dia inteirinho. Sua cabeça doía, seu corpo todo doía e ela tinha plena consciência de que tinha tomado um imenso porre no dia anterior. Ainda que não se lembrasse de nada que fizera.

De repente lhe ocorreu que ela não sabia nem onde estava dormindo.

Lentamente abriu os olhos. A claridade ofuscou um pouco sua visão, mas ela não tinha dúvidas de onde estava. Era um quarto verde e prata e Draco Malfoy dormia no chão, ao lado da cama em que ela dormia.

Gina ficou pensando em como fora parar ali. Mas parou imediatamente. Pensar doía muito. Seus olhos estavam inchados e tinham fundas olheiras. Seu vestido estava todo amarrotado e seu cabelo despenteado. Mas quem se importa com a própria aparência quando Draco Malfoy está dormindo, sem camisa, no tapete do quarto?

Ela, decididamente, não se importava.

Com cuidado, para não fazer barulho, ela levantou-se, deu a volta na cama e ajoelhou-se ao lado do garoto. Ele estava deitado de bruços e com o rosto virado para o seu lado. Parecia um anjo profundamente adormecido.

Gina inclinou a cabeça ternamente. Não lembrava de como chegara ali, mas certamente fora o próprio Malfoy quem a levara. Quem poderia ser?

Seu coração parecia doer cada vez que ela se lembrava dos momentos que passara com ele. Das brigas. Dos beijos. De tudo o que ele dizia. De como ele era chato e apaixonante ao mesmo tempo.

Mas, naquele momento, ele parecia doer mais do que o normal. Talvez por estar olhando para ele. Talvez por ela estar sentindo despertar, dentro de si, tudo que ela sentira por ele nos últimos tempos. Amor, raiva, ciúme, desapontamento.

Sua mão ergueu-se e ela passou-a, com leveza, sobre as costas de Malfoy. A eletricidade estática arrepiava os pêlos por onde sua mão passava. Ela preferia acreditar que não era eletricidade. Era uma ligação entre almas.

No fundo ela sabia que estava errada.

Repentinamente, a mão de Draco ergueu-se do onde estava e fechou-se em volta do pulso de Gina. Só então a garota viu que ele abrira os olhos e, apesar de imóvel, estava acordado.

_Nós precisamos conversar. _ele afirmou em um tom sério, sem tirar os olhos dela. Gina sentiu os olhos encherem de água.

_Eu não tenho nada para falar com você. _ela resmungou puxando o braço e levantando-se desajeitadamente do chão _E eu espero realmente, Malfoy, que eu tenha um bom motivo para ter acordado no seu quarto e não no meu.

Draco arqueou as sobrancelhas sentando-se no chão. _Você preferia que eu deixasse você bêbada, no meio do saguão de entrada? Mais ou menos como seu parzinho idiota deixou?

_Minhas sandálias! Onde estão minhas sandálias? _Gina perguntou andando pelo quarto e olhando em baixo da cama.

_Você devia me agradecer, isso sim. Eu livrei você de uma encrenca das boas.

Então ela, que acabara de achar suas sandálias, ficou reta de repente com uma expressão alerta.

Virou-se receosamente para ele. _O que foi que eu aprontei ontem?

Draco levantou-se do chão. _Você não lembra? Não lembra de nada?

Gina fez que não com a cabeça. Interiormente, ele se abateu com isso. Esperava realmente que ela acordasse e lembrasse de cada coisa que falara para ele na noite anterior. Por fora, tentou não demonstrar isso.

_Você dançou em cima de uma mesa. _ele contou com uma risada zombeteira.

Gina não sabia se acreditava ou não. Tudo bem, ela bebera mais do que em toda sua vida somada, mas isso não queria dizer necessariamente que ela saíra dançando em cima de mesas. E, por Merlim, ele era um Malfoy. Podia muito bem estar mentindo para irritá-la.

_Mentira! _ela contestou começando a se zangar com ele.

_Mentira? _ele repetiu com um toque de exasperação _Então o que é que você que está fazendo aqui, agora? _ele perguntou aproximando-se dela. Ela não teve respostas _Eu digo o que você está fazendo aqui. O retardado do Winter embebedou você, largou você sozinha no baile, eu encontrei você dançando em cima de uma mesa e tive que trazer você para cá antes que eu alguém a visse. É isso que você está fazendo aqui.

Gina bufou irritada. Eles estavam mais próximos ainda. _Eu o que você quer que eu faça? _ela sibilou com raiva _Quer que eu o agradeça? _ele olhou dentro dos olhos dela.

_Quero que você me perdoe.

Gina congelou. Draco continuava encarando-a, esperando uma resposta.

_Eu não... Não sei do que você está falando.

_Eu preciso que você me perdoe, Virgínia. Eu cometi um erro, mas ninguém é perfeito. Eu me apaixonei por você, droga. E eu sei que você gosta de mim. _e isso não era uma pergunta. Ele atestava como se tivesse toda a certeza do mundo. E ele realmente tinha essa certeza. Gina arregalou os olhos. _E não adianta fazer essa cara. Eu sei. Você disse.

_Você só pode estar louco. _ela respondeu apertando os olhos e virando-se para porta. Draco segurou-a pelo braço e virou-a de volta.

_Ontem. Você disse com todas as letras que gostava de mim.

_Eu estava bêbada, Malfoy. _ela respondeu, praticamente cuspindo as palavras. _De acordo com você, eu até dancei em cima de uma mesa. Eu não fazia a mínima idéia do que estava fazendo.

Draco ficou por uns segundos encarando-a seriamente. Gina sentiu aqueles olhos azuis penetrarem dentro de seu coração. _Bêbados não mentem, Virgínia. _ele retrucou em voz baixa. Gina sentiu uma pontada de dor, ao reconhecer a verdade nisso tudo, e lágrimas vieram aos seus olhos. Sem respostas, Gina apertou os olhos tentando reter as lágrimas, contraiu o rosto, puxou com força seu braço da mão de Malfoy e saiu correndo do quarto.

Draco queria correr atrás dela. Queria gritar. Queria enfiar, de uma vez por todas, naquela cabeça ruiva teimosa que não havia motivos para os dois ficarem separados. Era insano. Eles gostavam um do outro e ele não ia deixar o orgulho idiota da garota estragar tudo isso.

Céus, ele estava se declarando para uma Weasley. Que orgulho podia ser mais difícil do que esse para ser engolido?

Gina corria a toda velocidade pelos corredores do castelo. Não fazia idéia de onde podia ir em uma madrugada fria como aquela. Só sabia que queria correr para o mais longe possível.

Obstinado, Draco saiu do quarto para ir atrás da ruiva.

Sem perceber exatamente para onde estava indo, Gina acabou chegando aos pés de uma escadaria circular. Que levava para a torre de astronomia. Só então ela calçou as sandálias que ainda segurava na mão e começou a subir as escadas.

O parapeito estava coberto de neve e o vento estava extremamente gelado. Gina sentiu como se sua pele estivesse sendo cortada. Achou que poderia congelar. Ainda assim, sentou-se em um banquinho alto perto dos telescópios em uma parede e ficou fitando o céu.

Parecia hipnotizada. Parecia enxergar uma cena que não estava ali.

“_Olha, _ele falou apontando para o céu, depois de algum tempo _uma estrela cadente. Faça um pedido.” Ela via Draco abraçando-a por trás e sussurrando em seu ouvido. Uma lágrima escorreu por sua bochecha.

Draco passou nesse momento pela mesma porta que ela passara. Não sabia como adivinhara que ela estaria ali. Apenas seguira sua intuição. Mas, ao menos, tivera o bom senso de vestir um casaco antes de fazer isso. Um caríssimo casaco de peles de totoantes da Tasmânia.

Silenciosamente, ele aproximou-se por trás dela. Agora, ela se balançava no banquinho, sacudida por soluços. _Virgínia. Você tem que acreditar em mim... _ele pediu quando já estava bem perto.

Gina saltou do banquinho e passou as duas mãos pelo rosto, tentando secar as lágrimas. Tarde demais. Draco já as vira.

_Você não sabe o que fez comigo, Malfoy. Você não tem a mínima idéia do que fez comigo... _O que ele podia responder? O que ele podia dizer ao ver uma pessoa com quem se preocupava tanto falando daquela maneira. Simplesmente não disse nada _Você me fez gostar de você... Tudo o que você fez foi premeditado, tudo parte de uma estratégia para me conquistar... Nada daquilo foi... Real.

_Isso não é verdade. _ele reagiu indignado _Eu sempre fui espontâneo. Tudo, tudo o que aconteceu entre nós, foi mais do que verdadeiro. Eu ter me apaixonado por você foi verdadeiro.

Gina fungou mais uma vez. _Por que você está fazendo isso? _ela perguntou rudemente passando mais uma vez a mão pelo rosto _Eles estão ameaçando tirar a sua vaga de capitão porque você não conseguiu continuar comigo e você apostou mais alguma coisa? Quer continuar com a sua importantíssima vaga de capitão?

_Droga, será que você não pode esquecer isso?!

_NÃO! Eu não posso esquecer isso! Eu não posso esquecer que eu me apaixonei tanto por uma pessoa que considera uma vaga de capitão mais importante do que eu. _Uma rajada de vento varreu o lugar e Gina estremeceu. Eles ficaram em silêncio por um momento. Uma nova onde de lágrimas encheu os olhos da garota. Por que ele tinha que continuar brincando com ela? _Não dá. _ela murmurou e o murmúrio se perdeu na madrugada. Apenas Draco o ouviu.

Então ela sacudiu a cabeça e saiu da torre de astronomia. Desta vez, ela foi direto para a torre da grifinória. Já era hora de trocar aquele vestido.

Draco debruçou-se no parapeito. Sabia muito bem o que tinha de fazer agora.

E isso não lhe parecia tão difícil.




Na: Agradecimentoooos...
Agradecendo primeiro, eh claro, o fato de vcs nao terem me tacado ovos, batatas e derivado, pela poção hehehe....

Tata, eeeeee, fico mto feliz por vc querer ler mais, viu? Claaaro a Mione vai desencanar logo... Rapidinhho ela percebe o que estah acontecendo de verdade no coração dela ^^ rsrsrs Continue por aki... Agora vai ter mtoooo H/H

India. e aeeee o q achou da briga Gina e Draco? Se eh que pode se chamar de briga neh? ^^ Entaum eu sei neh, Mione tem juízo de mais para fazer isso, mas eu prometo que conserto :P .... Espero que vc tenha gostado do baile... e do dia seguinte ao do baile hehehe... Comenta dexando sua opinião tah? bjssssssssss

Kamikinha, entaum, foi o suficiente para deixar o Draco P da vida? huahuahauhauha .... aaah ela naum beijou o Winter (q jah tava mais bêbado do que outra coisa) mas aprontou bastante neeehhh? rsrsrsrsAh, entaaaum, dessa vez vc foi mais rápida hehehe, mas eu naum demorei mto neh? rsrsrsrsrs Me conta o q achou tah? aaah, e o Draco naum bateu no Winter... Ainda huahauhauhauhauhauha .... Bjssssssss

Jack, bem vindaaaa aos coments rsrsrsrs... que bom q vc tah gostando, fico msm mto contente... ^-^ ...Entaum, a Mione naum faria msm, eu admito rsrsrs... Mas prometo que resolvo isso jah jah ehehehe... E entaum, eu posso começar a tentar rsrsrsrs.... eh q nessa semana eu to começando a ter provas entaum o tempo ficou mais curto rsrsrs... Mass eu vou postar sempre o mais rápdio que puder.. prometo ^^ ...

Ahavene, :D :D :D :D q boooom q vc gosta da fic.... fico mto feliz msm ... Os próximos capitulos vaum ter mto de H/H rsrsrs acho q vc vai gostar :D ... Continue por aki, tah? Bjsssssssss

Sy, siiiiiiim, o Harry eh perfeito demais pra merecer isso neh? Eu vou consertar sim... A Mione vai ver que gosta dele mais do que... bom, mais do que jah gostou de qlqr outro ;) .... Quem nao gostaria neh? Ai, ai ... rsrsrsrsrs ... Ah, esperou q vc tenha gostado do que a Gina aprontou mais hehehe... Deixa sua opiniaum tah? bjsssss

Lilian, entaum? o q achou dos efeitos colateriais? rsrsrsrs eeeeee, vc entendeu direitininho o q eu queria passar :D :D rsrs tinha fikado com medo de que todo mundo se revoltasse comigo rsrsrsrs... Menina, acertou direitinho onde a Gina acordar hein? huahauhauauahuha .... Quando a Snape e Marisa... Nao, ele naum eh pai dela naum rsrsrs... Guardo umas surpresinhas um pokinhu mais dramáticas ;) .... o q vc achou da manhã seguinte?? Keru saber hein... e sugestões tbm keru hehehehe .... Bjsssss

Marcela, q booom q gostou!!!! :D :D Continue lendo, tah? bjsssssssssss

Luara, uaaaau, comentou bem no momento que eu postei de novo... Rsrsrsrs q sincronia hein? Tinha ateh sentido falta do seu coment rsrsrs... Aaaaaahhh brigaddaaaa :D :D Eu fico até emocionada... Mto feliz msm q vc goste... E esse? o q achou deles acordando na manha seguinte???

Na2: Apelos de uma escritora que escreve a pouco tempo na floreios:
Gente, como eu coloco um texto em itálico? hihihih

bjssssssssssssssss

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Merlin, estou chorando RIOS com esse capítulo!!Simplesmento o melhor!!Meu Deus, que amores lindos!! *----------------------*=') 

    2012-08-03
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