Inconsciente (parte I)



[N/A]: Sim!! Não!! Não é miragem não! É o novo cap. msm! =D

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Capitulo 29: Inconsciente.

Com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos enterradas nos cabelos espessos, Hermione respirava lenta mais assiduamente, ainda sentada na poltrona que outrora Lupim lhe oferecera, calada, tentando se concentrar em tudo que acabara de escutar. Com os pensamentos a mil por hora. Tudo parecia tão confuso. Nunca tinha ouvido nada igual. Nem no hospital, nem em suas pesquisas e muito menos quando ainda era apenas uma aluna de Hogwarts.

Sentia um grande pesar por Harry que nunca havia sentido antes. Vontade de correr ate onde ele estivesse e lhe dizer que ela estava ali mais uma vez para acompanhá-lo em mais um momento difícil. No entanto, ao mesmo tempo, sentia raiva por ele ter excluído seus amigos, seus grandes e melhores amigos, que sempre estiveram com ele em todos os momentos desde que se conheceram há anos atrás, de um momento que estava precisando de toda a ajuda possível.

Pois mesmo Harry tendo ao lado Remo e Tonks não era a mesma coisa que ter como companhia ela e Rony. Não que estivesse sendo egoísta ou injusta com os amigos, muito pelo contrário, admirava o casal Lupim com tanto apresso por demonstrarem-se tão prestativos e atenciosos como verdadeiros pais para uma pessoa que não conheceu esse afeto tão vivamente, que poderia pensar seriamente em escolhê-los como seus padrinhos de casamento se um dia isso ocorresse. Mas o trio que formavam passara por tantas turbulências que seria mais fácil, talvez, estarem os três juntos em mais essa. Definitivamente ela iria gritar com Harry e talvez o fizesse se fosse ele que estivesse em sua frente e não Remo e Tonks.

Contudo, pelo mesmo fato de querer azarar Harry permanentemente por não ter confiado a seus amigos algo de extrema importância, entendia o por que de Harry não o ter feito: mais uma vez a neurose de querer que todos fiquem bem em detrimento do seu bem próprio. Pelo Bem Maior. Ou qualquer que sejam seus argumentos para não dividir o mínimo do fardo, que teimava em carregar sozinho, com seus amigos.

Um nó dolorido formava em sua garganta, mas não ia chorar, não poderia, ainda havia varias perguntas a fazer para entender claramente o que Harry estava passando e o que eles pretendiam fazer para ajudá-lo, assim como ela própria também iria. Pois havia prometido contar nada a ninguém, porém não havia falado que deixaria de ajudá-lo. Levantando a cabeça viu nos rostos de Remo e Tonks expressões quase piedosas e nos olhos da metamorfomaga uma camada fina de água fechava o cortejo.

- Como Harry está? – saber do estado de espírito e corporal do amigo era primordial.

- Preocupado... Irritado... Estressado... Não quer demonstrar, mas está triste. Às vezes fica calado perdido em seus próprios pensamentos. Eu e Tonks estamos tentando manté-lo o mais bem humorado possível. Levamos coisas para ele se distrair como livros de Defesa, revistas tanto bruxas quanto trouxas. No começo ele hesitou bastante em aceitar ajuda. Talvez fosse por isso que demorou tanto para saber do que se tratavam essas dores de cabeça. Mas ate que enfim aceitou a ajuda de um especialista. – explicou Lupim fitando as mãos marcadas com algumas cicatrizes finas.
- Que especialista? – perguntou curiosa.

- Dr. Emerson Stuart...

- Dono do St. Maire Verdou? – espantou-se.

- Exatamente! – confirmou Lupin com um aceno de cabeça. – Acredito que conheçe o trabalho dele...

- Se conheço? – um sorriso estupefato surgiu no rosto de Hermione. – Claro que sim! Ele é... Excelente! Possuo todos seus livros de Teorias psíquicas inclusas na magia. Nossa! – respirou profundamente tentando se conter e voltar à atenção para Harry. – Então Harry esta sendo muito bem acompanhado.

- Sem dúvida. Mas, como lhe disse, sabemos apenas que as dores de Harry são reações de seu inconsciente. Reações essas que se desencadearam quando soube que havia muitos Comensais da Morte ainda vingando a morte de Voldemort...

- Depois de estar tudo bem com Gina. – finalizou Tonks. – Harry ama muito a pequena Weasley.

- Eu sei. – os olhos de Hermione marejaram. Nem parecia que há minutos atrás estava empolgada pelo fato de saber que um grande curandeiro estava cuidado da saúde de Harry. – E ela igualmente. Será que não seria bom Harry encon...

- Não! – sentenciou Lupim interrompendo Hermione.

- Como não, Lupim? – inquiriu Hermione. - Os dois se amam e acredito que será ótimo se Harry tivesse o apoio de Gina em um momento desses. E não somente dela, mas...

- Hermione, você não esta entendo. – Lupim levantou-se e se pós a andar pela sala. – A causa pela qual Harry ainda não voltou para Londres é justamente essa! Se Gina ou qualquer um de vocês souber o que esta acontecendo a ele sem duvida alguma vão deixar de continuar seguindo suas vidas e passaram a tentar ajudá-lo de alguma forma. – explicou. – Hermione, você conhece o amigo que tem. – ela consentiu com a cabeça bruscamente.

- Não sei como o Senhor ainda permite uma peripécia dessas vindo logo do Harry.

- Mas eu não permito Srta. Granger! – exclamou impaciente e Hermione notou o uso de seu sobre nome. – Perdi as contas de todas as vezes que tentei convencê-lo de que seria menos dolorido contar com ajuda de vocês. Mas Harry foi sempre irredutível...

- Estou de prova Hermione. – consentiu Tonks massageando a barriga em um gesto involuntário – Todas as vezes que Remo tocava nesse assunto ele se aborrecia tanto que as dores de cabeça surgiam ou aumentavam.

- E por esse fato, preferi não lhe incomodar mais com isso. Dr. Stuart nos informou que Harry não deveria se aborrecer com nada. Que deveria ficar estável em suas emoções...

- Só que esta sendo um tanto impossível. – completou Tonks. – Ele não agüenta mais ficar naquele hospital, naquele quarto, naquela cama, fazendo vários exames por semana e cada vez sem respostas. Enfim, a falta do que fazer de construtivo o esta deixando irritadíssimo e eu bem sei como é isso. – terminou olhando de esgoela pra Remo que nada notou.

Ficaram um tempo em silêncio. Hermione tentando lembrar de mais algumas perguntas antes de fazer a principal. Tonks acariciando a barriga e Remo fitando uma foto dele próprio, no entanto, mais moço ladeado por Tiago Potter e Sirius Black, os dois vestidos com roupas de quadribol, sorridentes e acenavam, em uma estante que havia atrás de Hermione. E foi ela que se pronunciou de novo.

- E os sonhos? O senhor disse que estão mais constantes. Por quê?

- Quando Harry esta dormindo é o momento que seu corpo esta mais vulnerável, assim como seu inconsciente. Nesses sonhos é que acontece a luta entre os lados inconscientes de Harry. – falou Lupim voltando seu olhar para Hermione.

- Mas não são três?

- Não estou falando do que dizem ser o Ide, Ego e Super-ego. Mas do inconsciente bom, que possuía as fazes boas por quais Harry passou e aquele que parece ser o mais forte: o que guarda sentimento de injustiça, de perda, de solidão, tudo que aconteceu de ruim para Harry. O que provoca as dores de cabeça. E o pior de tudo é que não foi pouco. Harry já sofreu muito.

- E antes? Antes de ser... – Hermione pensou na palavra internado, mas seria muito forte. Harry não estava precisamente doente. – Ele sentia essas dores. Pesadelos?

- Nada que fosse preocupante. Pelo menos era o que pensávamos. No entanto, os desmaios começaram a acontecer. Os pesadelos envolvendo Gina e Voldemort os assolava noites seguinte. Não sei dizer se eram os mesmos. Na verdade Harry dificilmente comentava algo sobre esses pesadelos, mas sempre ouvíamos ele sussurrando coisas desconexas envolvendo um ou outro ou ambos. – Remo terminou voltando a sentar na poltrona.

- Pesadelos com Gina e Voldemort... – disse Hermione pensativa. – Isso explica o que disse.

- Desculpe? – pediu Lupim Interessado.

- Quê? – perguntou espantada.

- O que você disse. Sobre Gina e Voldemort.

- Que existe explicação para o que o senhor disse. Sobre os lados inconscientes de Harry: o bom e o mal. – Hermione falava com um meio sorriso cético no rosto. – O que Gina e Voldemort representam para Harry são pontos extremos. – percebendo que não haveria nenhuma interrupção da parte de Lupim e de Tonks, Hermione continuou. – Gina representa todo o amor que Harry poderia sentir por alguém e já Voldemort...

- O ódio. – completou Lupim em um sussurro. – Tão evidente! E não havíamos pensado nisso. – acrescentou dando uma leve tapinha na testa.

- Por que Gina, Mione, se poderia ser você e Rony, os melhores amigos? – perguntou Tonks. Remo concordou.

- Isso eu não sei. Mas, Harry não esta tendo pesadelos comigo ou com Rony, mas com ela. - respirou um pouco tentando se concentrar nas idéias que borbulhavam em sua mente ao mesmo tempo em que uma sensação de felicidade por estar ajudando de alguma forma a consumia. Remo e Tonks aguardavam com calma e visível interesse. – Gina é tudo de bom que Harry pode desejar em uma única pessoa: amor, carinho, confiança, amizade, cumplicidade, liberdade, alegria. Tudo! Tudo que ele encontra em mim e Rony esta também em Gina, mas em dobro. O que Harry enxerga ao vê-la é um futuro bom. A felicidade se resume nela. Em Gina.

- Você tem razão, Hermione. Gina representa pra Harry muito mais do que poderíamos imaginar. – disse Lupim sorrindo.

- Lupim, será que não seria realmente ótimo...

- Você pode estar com razão Hermione, mas ainda prefiro, assim como Harry, não comentar nada com ninguém. Você sabendo já vai deixá-lo irritadíssimo...

- Mas...

- Gina pode ser uma grande ajuda para Harry, mas ainda devemos saber o que acontece dentro do inconsciente dele. – interrompeu Lupim.

- Não acredito que Gina afetara mais Harry do que Snape. Harry o odeia! Aposto todas as minhas peças de que uma pessoa que deixe Harry bem penetrar em sua mente causara menos danos do que Snape. – Hermione replicou.

- E você tem idéia de quem possa ser essa pessoa? – inquiriu Lupim cruzando os braços na frente do corpo.

- Qualquer pessoa que não seja Snape. Mas o Senhor seria ótimo! – exclamou.

- Não posso Hermione. – a voz de Remo não saiu mais que um lamento audível. E Hermione viu as marcas de uma velhice prematura ressaltar em seu rosto. – A lua cheia esta chegando, mas precisamente daqui a dois dias. Não temos tempo. Harry já adiou muito a procurar um especialista e ele não deve mais perder tempo.

- Pode ser, mas uma semana não fará...

- Hermione, não é apenas uma semana! Não sabemos quantas e quais são as barreiras que o inconsciente de Harry usara para se defender. E não podemos esperar o tempo de me restabelecer... Harry pode enlouquecer e ate mesmo...

- Nunca mais repita isso Remo! – brigou Tonks com um dedo erguido para o marido. Hermione olhava para o antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas com os olhos arregalados não acreditando no que acabara de ouvir.

- Mas é a verdade. Não gosto de pensar nisso, mas é a verdade. – continuou. – Vocês não sabem como me sinto por poder ajudar somente o necessário o filho de meus melhores amigos. Se Sirius estivesse vivo já teria gritado aos quatro ventos que daria a vida pelo afilhado enquanto eu...

- Esta fazendo de tudo para ajudá-lo. – completou Tonks sorrindo bondosamente para o marido. – Sei que Tiago e Lílian estão muito felizes por saberem quem está cuidado do seu filho.

- Tonks tem razão. – falou Hermione também sorrindo.

- Obrigado! – agradeceu Lupim sorrindo para as duas mulheres. – Mas ainda assim, Hermione, essa é a única maneira. Snape deve muita coisa a Harry, não acredito que ele vá tentar fazer algo contra.

- Só pelo fato de Harry o vê-lo já estará fazendo muita coisa. – Falou Hermione de forma que deixasse clara que não aceitava a ajuda de Snape. Remo balançou a cabeça negativamente. – Mas se essa é a única forma. Vamos nos prender a ela. Considero-me boa em legilimência, mas acredito que boa não é o suficiente já que Snape fora acionado. – Lupim concordou. – E quando será?

- Daqui a uma semana. Mas precisamente quando a lua cheia passar. Quero estar perto se caso ocorra algo de errado. Snape usara esse tempo para conhecer o caso de Harry e fazer tentativas. – respondeu Lupim.

- E o que eu posso fazer para ajudar? – Hermione perguntou com firmeza na voz.

- Não falar nada para ninguém já é um bom começo...

- Nem para Rony? Ele tem todo o direito de saber, assim como eu...

- Hermione, acabamos de conversar sobre isso. Mesmo sabendo da dimensão do problema você ainda insiste para que outra pessoa saiba? – perguntou Remo incrédulo.

- Não estamos falando de uma pessoa qualquer, estamos falando de Rony.

- Ninguém mais Hermione. Você nos prometeu que nada falaria. – Tonks falou por Remo. Hermione lhe lançou um olhar de incredulidade.

- Tudo bem! Não concordo, mas vou aceitar. No entanto, o que direi para Rony quando perguntar sobre o que você estava fazendo na casa de Snape? – Hermione falou controlando a irritação. Parecia que tinha 15 anos e estava diante de Dolores Umbridge.

- Diga que nada sabe. – respondeu Remo como se fosse o obvio.

- Ele não acreditará! Foi Rony que... – parou abruptamente olhando de Remo para Tonks.

- O que Rony lhe pediu para fazer Hermione? – perguntou Lupim com os olhos serrados.

- Ele... – Hermione limpou a garganta. Poderia dar qualquer desculpa para o que quer que fosse que Rony tinha lhe pedido, mas o casal Lupim pareciam estar sendo tão verdadeiros no que falavam que não encontrou forças para mentir. – Ele me disse para falar com Tonks, aproveitar do momento maternal que esta passando para saber algo de Harry. – falou de cabeça baixa. Com uma criança que tivesse admitindo alguma travessura. Tonks gargalhou.

- Típico do Rony! – falou quando sua respiração já estava controlada. – Usar minha fragilidade materna para saber de Harry. – arqueou as sobrancelhas ao dizer isso. – Rony quer noticias mesmo.

- Exatamente! – exclamou Hermione com uma pontinha de esperança crescendo dentro de si.

- Rony saberá. – um largo sorriso surgiu no rosto de Hermione ao ouvir Remo dizer. – Mas não agora. – concluiu. Hermione fechou a cara.

- Então, só posso ajudar ficando calada. – concluiu trombuda.

- Isso é o que pedimos. No entanto, para as garotas de sua idade você é muito esperta. – Hermione sorriu. – Sei que encontraras uma maneira de ajudar Harry. Seria tolice minha pedir para que nada fizesse por ele, por que sei que não aceitaria. Só peço que guarde essas informações para você. No momento que Harry decidir, todos saberão.

- Então... posso pedir algo também? – perguntou cautelosa fitando as mãos.

- Se não for contar nada a ninguém sobre Harry, claro que pode. – respondeu Tonks lhe lançando um sorriso encorajador.

- Gostaria que vocês me prometessem que vão me informar sobre tudo que acontecer a Harry, desde uma irritação ate... – não conseguiu completar a frase.

Remo e Tonks trocaram olhares cúmplices. – Claro Hermione. Digamos que é uma troca justa. – respondeu Remo sorrindo.

No entanto, as palavras de Remo Lupim, sobre o pedido de Harry, ainda estavam ressaltadas na mente de Hermione quando deram à conversa por encerrada e começaram a falar da gravidez de Tonks. Recusando cordialmente a ficar para o jantar, alegando que naquela noite seria dedica aos pais, Hermione se despediu um tanto perdida em seus pensamentos de que providência tomaria para ajudar Harry e que desculpa daria para Rony.
Aparatou a poucos metros de sua casa, que ainda dividia com os pais, pois os feitiços de proteção não permitiam que o fizesse em seu próprio quarto, infelizmente. Caminhou devagar ate o console da porta, no entanto, antes de chegar ao último degrau pegou um susto quando uma luz brilhante surgiu do seu lado direito e a voz de Rony soou como se estivessem confabulando. O pior é que estavam.

- E ai? Como Foi? Conseguiu alguma informação?

- Qualquer dia desses, eu morro de susto Rony! – brigou voltando a andar ate o namorado que estava sentado displicentemente em uma confortável cadeira de balanço branca que decorava, juntamente com mais duas e uma mesinha de centro, a varanda da casa dos Granger.

- Não exagera! Nox. – disse Rony abaixando a varinha. – Como foi?

- Não foi. – respondeu sentando-se em uma cadeira e colocando sua capa de
viagem e sua bolsa em outra.

- Como assim? Não acredito que depois de todo esse tempo lá você não tenha extraído nadinha de nada da Tonks. – perguntou incrédulo.

- Quando cheguei Remo já estava e não me deixou um minuto sequer sozinha com Tonks. – respondeu Hermione e deu graças a Deus que a frente de sua casa estivesse em meia luz e a varinha de Rony apagada. Infelizmente, diante de Rony ela não era uma boa farsante e era bem mais fácil mentir quando não era observada.

- E agora o que vamos fazer? – havia uma espécie de desespero na voz de Rony. – Esta acontecendo alguma coisa com o Harry, eu sei que está. Mas o quê?

- Rony. – chamou Hermione em um sopro de voz.

- Que diabos Lupim foi fazer na casa do seboso? – Rony continuava sua indignação parecendo não ouvir que Hermione havia lhe chamando.

- Rony! – Hermione falou um pouco mais alto.

- Pra mim tem alguma coisa muito maior acontecendo do que...

- Rony! – Hermione quase gritou com a voz esganiçada.

- Quê? – pediu Rony irritado.

- Me abraça, Ron?

Nem foi preciso pedir duas vezes, pois Rony já a tinha puxado da cadeira ao seu lado e a colocado deitada sobre si. Quando Hermione sentiu os braços fortes do namorado fechar sobre seu corpo não pode mais agüentar e permitiu que ondas de lágrimas sucessivas esvaíssem de seus olhos para o moletom que Rony usava sobre a camisa. Sem saber o porquê de choro repentino da namorada, Rony apenas a apertou mais contra si e começou a niná-la.

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Levantando como se alguém tivesse gritado em seu ouvido, apenas um borrão de cores Harry conseguia ver, com isso apalpou a mesinha de cabeceira em buscar de seus óculos e achando-o colocou e pode ver tudo claramente. Na verdade não estava vendo nada, pois seu coração batia descompassado como se quisesse deixar aquele corpo para sempre. O suor escoria frio pelo seu rosto e percebeu que sua camisa estava grudada ao corpo, assim como, sua garganta seca. Será que havia gritado? Não importa, mas sim que seus pesadelos freqüentes com Gina e Voldmorte haviam mudado ou, pelo menos, seus personagens. Sentiu como se uma pedra de alguma coisa que não sabia o que era pesar na boca do seu estômago ao lembrar dos cabelos sebosos que cobriam os nariz adunco e a expressão indefinível de Severo Snape.

Mesmo quando retomou a calma e se acomodou na cama não conseguiu mais dormir e mais uma vez viu a claridade do novo dia entrar pelas frestas da cortina, que pendiam calmas sob a janela que ficava a frente de sua cama. O movimento nos corredores do lado de fora de seu “santuário” aumentavam. Vez ou outra ouvia alguém falando palavras de conforto ou dando explicações, no entanto, só pensava em Snape e sua legilimência. Respirou profundamente quando sentiu a cabeça latejar percebendo que os efeitos das poções contra a dor, que havia tomado na noite anterior, tinham passado.

Com a necessidade de fazer com que esses pensamentos, que só faziam aumentar sua raiva perante seu antigo Professor de Poções, além de suas dores de cabeça, pegou uma revista bruxa sobre Quadribol e começou a folheá-la intensamente interessado ou pelo menos tentava. Mas nem o Quadribol fazia com que a péssima expectativa de ter Snape invadindo sua mente aliviasse ou deixasse de existir. Péssimo momento que Remo teve a idéia. Tudo culpa da lua cheia que pairava como o terror para o lobisomem. E talvez a culpa também fosse dele. Por que não tinha procurado um especialista quando percebeu as dores constantes que pareciam pregos entrando por sua cicatriz? Por que possuía o péssimo hábito de querer ser o herói, o “Eleito”! No entanto, mesmo que tivesse se ocupado em procurar saber o significado de suas dores antes dos desmaios elas iriam acabar chegando ao mesmo ponto: o conflito interno que ameaçava sua sanidade.

Sanidade. Queria tanto voltar a ter uma vida normal. Se é que um dia teve. Ou pelo queria poder voltar a viver aqueles meses que passou n’A toca, com Rony, Hermione e Gina. Meses que tanto desejava se desenrolar em anos, muitos anos ao lado das pessoas que amava. Mas, devido ser um homem marcado pelo desejo de conquista de um maluco homicida, estava agora, deitado naquela cama vendo mais um dia sem grandes expectativas nascer radiante como se estivesse zombando de sua cara pálida.
Pronto! Encontrou o culpado de todo seu sofrimento. E ele tinha nome e sobrenome: Tom Riddle. O culpado pela perda prematura de seus pais, pela perda do único homem que poderia chamar de família, pela perda de seu grande mentor Alvo Dumbledore. E mais uma vez chega ao assunto Snape e sua lealdade indiscutível.

Mas lealdade a quem mesmo? Sem dúvida alguma era a Dumbledore, pelo
menos foi o que o falecido diretor de Hogwarts lhe disse pelo quadro em que agora se faz presente. Porém não conseguia acreditar ou, ate mesmo, não queria. Aceitar que o homem que mais odiou na vida, depois de Voldemort, matou Dumbledore por que o mesmo lhe encubiu dessa tarefa para um bem maior? Impossível! Inaceitável! Mas foi o que aconteceu: Dumbledore pediu a Snape para que lhe matasse com medo do que poderia se tornar quando aquele pedaço da alma mutilada de Voldemort lhe possuísse. Matar-lhe para o Bem Maior. Que Bem Maior seria? Não permitir que o mundo ganhasse de presente de Grego um novo Voldemort ou uma marionete de aniquilação? Não sabia.

E agora ele estava ali. Mesmo depois de ter feito o possível e o impossível para derrotar Voldemort, depois de tantas mortes provocadas pela obsessão do Lorde Negro, ele estava, agora, enfermo por causa da ligação, que nunca entendeu, com a mente de Voldemort. Mas Harry possuía a certeza de que Voldemort estava morto, então por que essas malditas dores de cabeças que lhe impediam de ter a tão cobiçada vida tranqüila?

Deu um soco na cama e uma onda de raiva partiu daquele ponto resultando em uma pontada forte na cicatriz em forma de raio. Respirou profundamente com os olhos fechados tentando controlar-se, mas era impossível. A imagem do rosto de Snape com aquele sorriso crispado que tanto odiava parecia estar gravada a fogo em sua retina assim como o rosto ofídico de Voldemort.

Uma nova pontada na cicatriz e mais uma vez a respiração funda. E o rosto de Snape vez ou outra fundia-se a de Voldemort que sorria vitorioso. Uma pontada mais forte forçou Harry a levar as mãos à cicatriz e ao abrir os olhos, sentiu-os que estavam em brasas e rapidamente tornou a fechá-los.
Agora Voldemort estava parado a sua frente e a cobra Nagini enrolada em seus ombros parecia jubilar pelo conforto oferecido pelo seu senhor que sorria. Ao lado do Lord das Trevas, Snape olhava Harry de cima de seu nariz adunco. Um ódio maior do que todos que Harry havia sentindo se apoderou de cada parte de seu corpo ao ver, imaginar, sonhar, não sabia o que estava acontecendo, mas, os dois homens que mais odiava estavam a sua frente, lançado-lhe sorrisos esnobes perante seu sofrimento. E aquilo desencadeou a pior dor que sentira ate o momento. Sua cicatriz parecia se alongar em torno de toda sua cabeça abrindo caminhos a fogo por entre seus cabelos negros.

Tentou abrir os olhos mais uma vez, não conseguiu. Suas pálpebras pareciam estar grudadas. Uma agonia começou a invadi-lo. Tentou falar, mas não escutava sua voz sair, ela apenas reverberava em sua cabeça como o barulho de um sino de uma imensa catedral. Ele podia sentir ate o corpo tremer perante o barulho ensurdecedor. O que estaria acontecendo com ele? Mas antes de qualquer resposta Voldemort e Snape surgiram, mais uma vez, em sua mente fazendo Harry esquecer de qualquer agonia, de qualquer vontade de falar, a única coisa que desejava obscenamente era poder acabar com aqueles homens que representavam toda a sua angustia por não poder viver o seu feliz para sempre.

E tudo que aconteceu em seguida foi tão rápido que apenas um borrão de imagens se fez presente em sua mente, no entanto, rostos como de sua mãe e seu pai, Cedrico e Dumbledore pode distinguir. E sua cabeça rodava em uma velocidade surpreendente ao mesmo tempo em que todo seu corpo parecia estar em brasas, mas nada se comparava a dor que sentia em sua cabeça. Uma dor cruciante que superou qualquer outra que houvesse sentido ate então. Nem a proporcionada pela Maldição Cruciatus chegava perto.

E de repente ele começou a cair, talvez, de um precipício, mas não soube saber de onde realmente, pois nada ouvia além de um zumbindo que irritava seus tímpanos. Por quanto tempo caia não sabia afirmar, talvez segundos, minutos, horas, definitivamente era impossível de saber. Contudo percebeu que a dor na cabeça havia sumido tão inesperadamente que se sentiu grato por estar caindo naquele lugar que nem sabia qual era, mas não importava, pois sua cabeça parara de latejar e aquilo foi o suficiente para fazê-lo sorrir.

Ate que sentiu seu corpo colidir com um chão duro e frio, e a dor esperada por ter caído de um lugar tão alto – ele tinha certeza que caíra de um lugar muito alto – não veio. Alguma coisa amorteceu sua queda, mas o quê se ele sentia perfeitamente que a superfície na qual colidira era dura e fria. Seria um sonho?

- Você não esta sonhando Potter – ouviu uma voz rasgada ao mesmo tempo longe e perto que ecoava em seus ouvidos como um prenúncio de maus tempos. – Olhe para mim e veja seu pesadelo.

Harry abriu os olhos contra sua vontade e o que viu fez os pêlos de seu corpo eriçarem ao se deparar com os olhos muito vermelhos de Voldemort lhe mirando de cima como um predador perante sua melhor e suculenta caça. Mas isso não chegou nem perto do que viu ao se levantar com agilidade para ficar cara a cara com seu pior adversário. Seu coração disparou, não pode evitar prender a respiração e uma onda de medo lhe invadiu quando sua cabeça começou a latejar ao ver Gina sentada em uma cadeira de espaldar alto tendo nos ombros a cobra Nagini e rodeada de todas as horcruxes que ele destruí ou pensou destruir...

- Gina...

- Ah sim! – Voldemort falou laçando um olhar para Gina ao mesmo tempo em que se aproximava dela. – A pequena Weasley. Há muito vem sonhando com ela não? E tendo pesadelos comigo?

- O que esta acontecendo? – perguntou Harry temeroso.

- O seu sonho e seu pesadelo estão reunidos Harry. – respondeu Voldemort apontando para Gina e depois para si. – Estas diante de sua última batalha! Estas preso em seu inconsciente.

Lentamente a cabeça de Gina se movia e momentos depois seus olhos castanhos e lacrimosos encontraram com os verdes de Harry e ele pode sentir toda uma dor transpassar seu ser quando Gina falou em um sopro de voz:

- Eu te odeio!

Voldemort gargalhou.

*

O Dr. Stuart havia chegado há quinze minutos ao St. Maire Verdou e após passar em sua sala para pegar alguns pergaminhos com anotações sobre o caso Harry Potter rumou para a visita matinal a seu ilustre hospedado. Sorriu ao lembrar das brincadeiras tiradas por Harry em decorrência de seu humor negro. Mas não se incomodava, pois respeitava o que ele sentia e, desde o momento que ficou incumbido de ajudar o menino-que-sobreviveu, prometeu para si mesmo que faria o possível para isso.

Poucas pessoas sabiam, mas, o Dr. Stuart possuía poucos parentes que moravam na Inglaterra e quando o Ministério da Magia Inglês sucumbiu ao poder do Lord das Trevas ele poderia ter perdido grande parte desses parentes, mas se não fosse pelas providências absurdas, porém, que salvaram muitas vidas, que Harry Potter e seus amigos tiveram, hoje, muitas famílias estariam destroçadas.

Abriu a porta do quarto de Harry ainda sorrindo, mas o que viu fez sumir o sorriso, dando lugar a uma expressão de espanto e medo. Os pergaminhos caíram como cascatas de suas mãos planando graciosos até chegar ao chão no mesmo momento em que Dr. Stuart dava alguns passos vacilantes para dentro do quarto de Harry.

- Meu Deus! – sua voz saiu tremula e ofegante ao presenciar o que jamais havia visto naquele hospital e em sua vida.
Harry estava planando a 30 centímetros de sua cama, tremendo, como se estivesse recebendo descargas elétricas contínuas. Seu corpo estava envolvido por uma aura amarelo-avermelhada tremulante. Os punhos estavam fechados com tanta força que as veias das mãos estavam sobressalentes. Seus maxilares rígidos e os olhos revirando nas órbitas como se ele estivesse tendo uma convulsão.

- Meu Deus! – Dr. Stuart voltou a falar em um fio de voz ao esticar a mão em direção a Harry e sentir a quentura que emanava dele e vendo que aquela aura, na verdade, era fogo.

Deu meia volta e a passos largos parou diante a porta levando a varinha ate a garganta chamou seus dois auxiliares com urgência, que em menos de segundos apareceram no início do corredor correndo aos tropeços. Quando finalmente chegaram à porta do quarto de Harry prenderam a respiração, ofegantes, perante a visão.

- Tragam tudo que seria usado na semana que vem...

- O que é aquilo que está saindo dele? – perguntou um dos auxiliares apontando para o corpo inerte de Harry.

- Acredito que seja fogo. – respondeu o Dr. Stuart. – Agora vão! Sem mais perguntas! – e quando os auxiliares saíram, na mesma velocidade que chegaram, Dr. Stuart lembrou-se de algo importante. – E um de vocês chame o Sr. Lupim e peçam para que ele traga junto o Sr. Snape.

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- Bom dia! – disse Gina descendo a escada. – E tchau Mãe! To indo! – passando pela cozinha sapecou uma torrada de cima da mesa.

- Você dormiu de novo aqui? – espantou a Sra. Weasley, olhando para a filha que apenas acenou afirmativamente com a cabeça já saindo pela porta da cozinha. - Como assim... Não vai nem tomar café?

- Não... To super atrasada e como qualquer coisa quando chegar lá.

- Desse jeito você vai acabar ficando doente...

- Não se preocupe mamãe... Estou bem! Tchau! – sorrindo, voltou à cozinha, deu um beijo na mãe e saiu.

- GI? GINA?

- O que foi Rony? – respondeu saindo da cozinha a um Rony esbaforido que entrava nela. – O que foi agora?

- Diga a Mione para ela não esquecer. – disse ele chegando à porta, pois Gina já estava quase pronta para aparatar dos jardins dA’toca.

- Esquecer... Esquecer o que Rony? – falou confusa, mas curiosa. – Vocês não tinham brigado ontem?

- Como é que você sabe? – perguntou ele meio abobado depois de um longo
bocejo.

- Eu vi a sua cara quando chegou Rony. – respondeu ela.

- Ah... é... Bem... Mas, não foi nada demais. – disse ele passando as mãos por entre os cabelos bagunçados, meio sem graça. - Então diga a ela para não se esquecer.

- Mas o quê criatura? – perguntou com a voz um tanto esganiçada de curiosidade. – Fala logo Rony que estou atrasada. Mione vai querer minha cabeça.

- Não interessa a você, mas ela sabe o que é... Vamos sair hoje à noite...
E... Você ta muito atrasada Gi?

- Super! Tchau... – respondeu revirando os olhos nas órbitas.

- Vem cá... Quero te mostrar uma coisa...

- Não da pra ser outra hora... Rony ‘cê ta me atrasando!

- E rápido Gina... Vem logo! – e sem esperar outra indagação da irmã, em passos largos emparelhou com ela e a pegou pelo braço, levando-a quase arrastada a seu quarto. Deixando a Sr. Weasley espantada.

- O que é isso Rony? – perguntou ela, mas Rony não deu ouvidos à mãe.
Chegando lá, fechou a porta, mas antes dando uma rápida olhada para os lados certificando-se de que ninguém iria ouvir ou ver nada do que ele iria fazer. Voltou-se para Gina com um sorrido de orelha a orelha, mas tenso. Aproximou-se da mesinha da cabeceira, abrindo uma gaveta e retirando de lá uma pequena caixinha de veludo preta e adornada por fios de ouro. O queixo de Gina caiu.

- O que você acha? Será que ele vai gostar? – perguntou abrindo a caixinha e mostrando seu conteúdo para a irmã.

- Rony... Você?... Ela?... – Gina não sabia o que responder e seus olhos brilhavam de felicidade.

- Vou pedi-la em casamento hoje! – disse Rony ansioso. – Da maneira dos trouxas. Como é o certo pra eles...

- Ahhh... Rony... Serio? – Agora Gina estava com os olhos marejados enquanto olhava para um anel de prata tendo um diamante solitário não tão pequeno, mas que reluzia muito – É lindo Rony! Ela vai adorar! – e olhado para o irmão viu que o sorriso entusiasmado que tinha havia desaparecido. – Que foi, agora, Rony?

- Eu... Eu to... Eu to com medo! – confessou sentando-se na cama.

- Não entendi. Você parecia tão entusiasmado há pouco. – falou sentando-se ao lado do irmão.

- É que... – respirou profundamente enquanto olhava para o anel que demorou quase três horas para encontrar o perfeito. – Não sei se ela vai aceitar. – ficou mais um tempo calado, dessa forma deixando Gina impaciente. - Às vezes não acredito que ela aceitou namorar comigo e que estamos ate hoje.

- Ah, Rony! Mas é claro que ela vai aceitar... Mione te ama. Se não amasse não estaria com você ate hoje. – Gina dava palmadinhas da costa do irmão.

- Será? Nós somos tão diferentes... E brigamos tanto...

- Vocês brigam por que são dois cabeças duras. E é exatamente por isso que ela vai aceitar... Vocês são tão diferentes que chegam a se completar. – disse Gina sorrindo.

- É... pode ser. – Rony olhou para a irmã e lhe devolveu o sorriso. Respirou profundamente mais uma vez. – É... Vou tentar...!

- É assim que se fala! – disse bagunçando os cabelos do irmão enquanto se levantava da cama. - Agora me deixa ir que já estou mais do que atrasada! – andou a ate a porta e a abriu. – Tchau! E... não se preocupe... Não vou dizer nada a ela.

E saiu deixando Rony com um sorriso bobo nos rosto e completamente ansioso ante a expectativa de pedir a mulher da sua vida em casamento.

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Não havia dormido nada na noite anterior. Não havia aproveitado nada de suas poucas horas de descanso. Na verdade, não havia feito nada direito desde o momento que saíra da residência dos Lupim.

Primeiro que havia mentido para Rony. Odiava fazer isso, principalmente quando era sobre alguma coisa que envolvia um dos três. E depois chorou no ombro de Rony sem poder contar o que causou aquele choro repentino. Com isso os dois se estressaram e acabaram discutindo, mais uma vez, já tinha ate perdido as contas de quantas vezes haviam brigado só naquela semana. No que resultou com um Rony desaparatando par’A toca carrancudo e ela se traçando em seu quarto voltando a chorar.

Levantou da cama com uma dor de cabeça horrível, mas em hipótese alguma aceitou a possibilidade de se deixar ficar e comparecer no St. Mungus apenas no turno da tarde. Se tinha alguma que a fazia esquecer dos problemas, era enfiar a cabeça no trabalho. Rumou para o banheiro para fazer sua higiene pessoal e matinal, logo em seguida, arrumou-se pegando o jaleco verde com o emblema do St. Mungus e desceu em direção a cozinha com a intenção de tomar café. Mas quando chegou lá e deparou-se com a mesa muito bem posta por sua mãe com as guloseimas, com um nível baixo de açúcar, que sempre gostou, sentiu seu estômago embrulhar, deixando-lhe enjoada, dessa forma tomou apenas um gole de café e saiu de casa aparatando, logo em seguida, no hospital dos bruxos.

Passou por aquela camada de vidro como se estivesse tomando um banho seco, mas gelado. Indo em direção a seu departamento cumprimentava as pessoas ao passar e chegando lá, deparou-se com Gina lhe sorrindo com todos os dentes brancos e certos, encostada a mesa da pequena recepção por qual era responsável.

- Bom dia! – saudou a amiga.

- Dia! – respondeu Mione olhando para Gina com os olhos semi-cerrados. – Posso saber o motivo de tanta alegria?

- Ora Mione. O que mais poderia ser senão o dia belíssimo que se faz lá fora? – disse Gina se aproximando de Hermione, pegando sua bolsa e rumando para outra porta que divisava a sala de Hermione do outro cômodo.

- Não cheguei a reparar no dia, mas você não tem certeza se não é outra coisa? – perguntou Hermione seguindo Gina, ainda achando toda aquela felicidade muito estanha.

- Claro que não é outra coisa chefinha. – disse Gina pendurando a bolsa de Hermione atrás da porta e, logo em seguida, jogando-se na poltrona atrás da mesa da amiga que apenas sorriu encostando-se na porta. – Tenho também um recadinho do Roniquinho para você. – o sorriso que Hermione tinha nos lábios sumiu dando lugar a uma expressão triste.

- Ai Mione! Muda essa cara. – falou Gina. – Não se preocupe que Rony não se afogou em um copo de água depois da briga eu vocês tiveram ontem.

- Co-como você sabe que brigamos? – Perguntou Hermione confusa

- Depois da cara que você fez agora e da que Rony chegou ontem, não foi tão difícil deduzir. – rematou Gina mexendo em umas mexas de cabelo. – Acho que vou aquelas mexas cor de mel de novo...

- Quê?

- Ah... nada. – disse Gina sorrindo. – Mas... não se preocupe com o humor do Rony por que ele já esta bem.

- Hum! – exclamou Hermione. – E qual é o recado que ele tem para mim? – lembrou.

- Ah, sim! Ele disse que não é para você se esquecer. – respondeu Gina sorrindo mais ainda.

- Esquecer-me?

- Sim. – disse Gina e ao perceber a expressão confusa que perpassou pelo rosto de Hermione girou os olhos nas órbitas. – Sobre o jantar que vocês marcaram!

- Ah! – Hermione deu uma leve tapa na testa. Depois da noticia sobre Harry e da briga que tivera com Rony, havia esquecido completamente do tal jantar que Rony havia lhe lembrando todos os dias. – Claro! Depois de ontem havia esquecido.

- Então a briga foi feia mesmo. – disse Gina levantando-se da poltrona de Hermione. – Mas, Rony não esqueceu e se eu fosse você já estaria me preparando para esse jantar.

- O que você quer dizer com isso? – indagou Hermione olhando interessada para ruiva que ia se retirando.

- Nada chefinha! – Gina sorria mais uma vez daquela forma estonteante que fez com que um calafrio de que Rony estaria aprontando uma percorresse seu corpo.

O dia passou tranqüilo. Mas hora e meia Gina lançava sorrisos entusiasmados para Hermione que cada vez ficava mais confusa e Gina só parou quando ela lhe ameaçou dizendo que a azaria se ela continuasse se comportando como uma hiena. Gina sorriu uma ultima vez quando recebeu um olhar cortante de Hermione. Mas, mesmo não podendo externalizar a felicidade que sentia pelo irmão e pela amiga sorria por dentro e ao mesmo tempo em que uma inveja lhe assolava como algo pegajoso e feio. Mas nada poderia fazer contra, era mais forte que ela. Apalpou um ponto um pouco abaixo do pescoço e sentiu a gargantilha de com contas de diamante que Harry havia lhe dado. Um aperto no coração e o relógio interno que fazia a contagem regressiva para o momento final de sua espera soou como um sinal de agouro. Respirou fundo para esquecer esses pensamentos, mas sabia que eles se alojavam em um ponto escuro de sua mente para depois surgir em mais um novo aperto no coração.

O relógio de pulso que Hermione usava soou informando que estavam na hora do almoço. Abrindo um largo sorriso ao mesmo tempo em que seu estomago roncava de fome, Gina foi a primeira a deixar sua mesa e se aproximou de Hermione que ainda estava com a cabeça enfiada em uma pilha de vários outros pergaminhos, analisando fórmulas de poções, rabiscando aqui e ali e, Gina tinha a certeza de que, ela nem ouvira o próprio relógio tocar, como era de costume.

- Hora do almoço Mione. – informou Gina encostando-se a porta aberta da sala.

- Já? – espantou-se Hermione olhando para o relógio. - É mesmo, nem ouvir tocar.

- Conte uma novidade! – brincou Gina. – Vou indo na frente para guardar lugares para nós. – disse Gina saindo.

- Gi, antes disso você poderia pegar aquelas reações que anotei sobre a poção do Acônito? – pediu Hermione arrumando os pergaminhos em cima de sua mesa. Mas Gina não respondeu e achando que ela já tinha subido para o refeitório, levantou-se de sua poltrona para fazer o serviço e deparou-se com Gina parada a porta de saída do Departamento olhando para um ponto no chão. – Gi? – mas a amiga tornou a não responder fazendo com que Hermione se aproximasse dela.

Gina estava olhando para um pequeno pergaminho que havia jogado no chão. Sem hesitar mais, a ruiva abaixou-se pegou o pergaminho e disse:

- Está destinado a você. – ofereceu o bilhete para Hermione.

- Para mim? – perguntou com uma expressão curiosa no tosto.

- É o que diz aqui: Hermione.

Hermione pegou o bilhete com o cenho franzido notando que quem escrevera o tal bilhete estava com pressa, pois seu nome estava tremido e meio borrado na ultima letra. Será que Rony estaria lhe mandando aquele bilhete para se certificar de que ela não esqueceria do compromisso que haviam marcado? Rony, definitivamente gostava de ser irritante quando queria! Ou seria Lupim com alguma nova noticia sobre Harry? Invadida pela curiosidade e receio abriu o bilhete com mãos tremulas se afastando um pouquinho dos olhares curiosos de Gina, leu:

Hermione,
Aconteceu algo a Harry, não sei dizer ainda, por isso venha ate minha casa o mais rápido possível.

Remo lupim


Leu mais duas vezes aquele pequeno bilhete imaginando o que teria acontecido a Harry e foi inevitável não pensar no pior.

- Hermione, aconteceu alguma coisa? – chamou Gina cautelosa, aproximando-se de Hermione.

- Na-nada Gi.

- Então por que você ficou pálida desse jeito? – perguntou Gina tentando ler de baixo para cima o bilhete nas mãos de Hermione que o puxou para o corpo rapidamente.

- Gi... preciso sair. – como se estivesse recebido uma descarga elétrica Hermione começou a se mover rápido pelo Departamento. Entrou em sua sala tirando o jaleco de trabalho, jogando-o em cima da mesa sem cerimônia e pegando sua bolsa. Passou por Gina que a estava olhando espantada. – Tome conta do Departamento. Não sei a que horas volto.

- Mione o que aconteceu? – pediu Gina pegando no braço da amiga que parou quase a porta perante o toque.

- Depois conversamos...

- Mas e Rony? E o jantar? – lembrou Gina como se fosse o mais importante naquela hora, para ela sim, mas para Hermione não.

- Eu vou. Diga a ele que eu apareço. – e saiu pela porta deixando Gina pregada no mesmo lugar e pedindo a todos os deuses que nada de ruim tivesse acontecido a Harry.

*Continua...

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Desculpa gente pela demora... Mil perdões msm...

Então vamos aos comentes:
Prika Potter: Q bom q gostou moça... eu tenho adorado as sua histórias... muito boas msm... e o Harry... bem, é Harr Potter sempre. B-jus e desculpa pela demora.
Daniela Paiva: hihihh... q bom q gostou! Espero q tenha sido o msm por esse =D b-jus moça e ate o proximo!
Penny Lane: Veio msm! haha e vai passar por algumas coisinhas ainda! hihih b-juss.
Danielle Pereira : Pronto moça... esta ai o cap. demorou ñ foi... peço desculpas por isso... + esta ai espero q tenha gostado.
Jackeline Potter : Nossa! moça, muito obrigada... vejo q es leitora nova... fico muito feliz por isso... valeu msm espero q tenha gostado desse novo cap. b-jus e ate a proxima.
Luiz Renato Guedes Bandeira: Renatinhuuu =P... q bom poder contar com teu comentario por aki viu \o/... está respondido =***

Bom galera Cap. Novo... Ano novo vem xegando ai... e minha promessa para ele é q ñ demore muito para postar os caps. hihihih b-jusss e FELIZ ANO NOVO!

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