Caminhos.




O sol entrava pela janela do quarto pálida e vagarosamente, assim como o sono que a muito custo Harry conseguira adquirir na noite ou madrugada anterior. Na última semana estava sendo bem mais difícil dormi do que nas duas anteriores já que percebeu que, nessas, a vontade de dormir acumulada nos últimos quase 3 anos fora bem recompensada, ainda mais com a ajuda das poções que ingeria antes e após cada exame, sem contar com aquelas que lhe aliviavam as dores de cabeça fortes a cada pesadelo que tinha. Pelo menos era assim que eram encarados os dias e as noites que dormia sem hesitar e pensar em nada. Mas aquele sono acumulado estava esgotando e suas noites começaram a tornarem-se longas demais e o desejo de tomar poções para dormir, para não ficar pensando em bobagens que fazia seu monstro interior rosnar de desaprovação, era tanto que poderia pensar que estava dependente. Pelo menos era assim que pensava ou realmente estava dependente. No entanto, o único proveito dessas noites mal dormidas eram que os pesadelos já não eram tão constantes.

Abriu os olhos devagar quando a luz do sol alcançou seu rosto. Apalpou a mesa ao lado derrubando sem querer um copo seco que havia ali, soltou um bufo irritado quando alcançou seus óculos com a mão tremula, ela estava assim desde o dia anterior, e o colocou no rosto. Curvou-se um pouco para o lado com a intenção de ver o estado final do copo...

- Harry você pode cair! – veio a voz de uma mulher na direção da porta o fazendo quase virar da cama de susto.

- Desse jeito eu caiu mesmo! – brigou sentando-se na cama e ajeitando um travesseiro na costa.

- Bom dia para você também. – falou ela sorrindo para ele fazendo um gesto com a varinha em direção ao copo que voltou a seu estado intacto. – Que bom que acordou! – sua voz saiu em tom de comemoração.

- Eu teria que acordar. – respondeu sem emoção, levemente irritado pelo susto.

- Credo Harry, você esta azedo hoje heim. – colocou, depositando o copo na mesinha com mais força do que o necessário.

- E por que seria? – Harry fez uma cara de que estava pensando seriamente na resposta ao mesmo tempo em que Tonks revirava os olhos e cruzava os braços em cima da barriga de quase 7 meses. – Será que não é por eu estar nesse hospital há mais de um mês fazendo tantos exames que nem ouso contar só para não pirar mais ainda. Isso sem contar com os dias que passo tremendo por causa desses exames que não dão em nada? É, acho que esse é o motivo.

- Harry você sabe...

- Que é para meu bem e que fui eu que escolhi. Sim eu sei. – interrompeu ao já saber do que Tonks iria falar. Ouvia essas palavras toda a vez que resmungava por sua “estadia” no hospital em Nova York. – Mas, será que não dava para ir um pouco mais rápido nesses exames? Já estou tempo o suficiente a mercê deles para que não encontrem nenhum resultado.

- Graças a Mérlim não? – Harry revirou os olhos. Também ouvia essa exclamação todas as vezes que reclamava da demora dos resultados. – E você deve concordar Harry. Ainda bem que nada foi encontrado ainda. Isso diminui as chances de haver algo errado com você. – falava ao depositar um embrulho de muitos papeis de pergaminho em cima da cama e logo em seguida passando levemente a mão por uma pequena parte da colcha que cobria Harry.

- Então se não há nada de errado comigo, por que essas drogas de dores na cabeça não passam? – perguntou já alteando o nível sonoro de sua voz. Isso também já estava se tornando costume. A irritação estava à flor da pele.

- Isso eu não sei o porquê e nem tento adivinhar, mas, como sabemos, o seu caso é único. Não é registrado em lugar algum um caso parecido com o seu. – explicava voltando a acariciar inconscientemente sua barriga. Harry acompanhava aquele movimento com grande atenção, notando que aquilo o estava acalmando. – Quando que uma cicatriz em decorrência de um feitiço poderia causar tudo isso? Já é bastante complicado entender que você tenha sobrevivo a Avada kedrava que Voldemort lançou em você quando criança no dia que seus pais morreram.

Mesmo com o passar dos anos Tonks continuava a mesma. Sem intenção alguma falava mais do que devia o que deixava as pessoas, e Harry principalmente, encabuladas e irritadas com suas colocações indevidas. Mas tirando esses momentos que deixavam seu marido, Remo Lupin, tão constrangido quanto só ele sabia, Tonks era uma mulher maravilhosa e que seria uma mãe extraordinariamente capacitada para dar tanto trabalho quando os próprios filhos.

- Sim, Tonks eu sei. Sei de tudo isso. Mas... Desculpe. Não deveria ter sido tão grosseiro com você. – pediu sinceramente.

- Claro Harry. – falou bagunçando os cabelos em desalinho dele que se arrependeu imensamente por ter pedido desculpas. – Não só eu, mas todos nos devemos entender seu mal humor. Você vai ver que tudo isso vai dar em nada ou se muito em uma dependência a poções para não sentir dor de cabeça. – terminou de falar com um aceno de varinha em direção ao pequeno vaso disposto em cima da mesa de cabeceira. As rosas brancas se transformaram em margaridas.

- Isso não foi engraçado. – falou em um tom de ofensa, mais sorriu ao ouvi-la soltar uma gargalhada. – O que é isso ai? – perguntou ao notar pela primeira vez um maço de pergaminhos.

- Ah! É apenas um exemplar do Profeta Diário. – respondeu fazendo um gesto vago com as mãos e pegando o embrulho logo em seguida.

- Posso dar uma olhada? – pediu Harry com a intenção de ler o Profeta de cabo a rabo e de trás para frente ao pensar na noite longa que com toda a certeza o esperava. Pelo menos teria uma distração.

- Hãn... Pra que? Não tem nada de mais aqui. Só as velhas reportagens sobre os feitos grandiosos do Ministério da Magia Inglês e todas as páginas cheias de fofoca e comercias. – era notório embaraço em sua voz. Coisa que não passou despercebida por Harry.

- É impressão minha ou você não quer que eu leia o jornal? – perguntando com uma ruga na testa.

- Quê? Ah, Fala serio Harry! – desconversou andando em direção a um sofá de dois lugares azul que havia depositado sua bolsa ao entrar no quarto. – Por que eu não permitiria que você lesse o jornal?

- Foi à pergunta que fiz. – Harry cruzou os braços olhando com uma sobrancelha levemente erguida em direção a Tonks que estava visivelmente encabulada. – Anda Tonks, deixe-me ver esse jornal e o que você esta tentando frustradamente me impedir de ler.

Tonks pareceu por um momento pensar em que poderia argumentar, mas sua resposta demorou muito mais do que o necessário. Abriu a boca duas vezes antes de dar dois passos e esticar o Profeta para a mão tremida de Harry que estava esticada esperando pelo mesmo. – Foi você que pediu só não espero que fique todo...

Harry não soube como Tonks não queria que ele ficasse quando viu uma foto enorme na primeira página de uma Hermione e Gina sorridentes, de corpo inteiro, cada uma usando um jaleco com o símbolo do hospital, uma varinha e um osso cruzados, em frente ao que parecia ser um grupo de homens construindo ou reformando uma espécie de sala. Havia uns dizeres embaixo que alguns minutos depois de olhar com atenção a foto percebeu que havia: “Curandeiras revolucionam a medicina bruxa!” Sorriu intimamente.

Sentou-se melhor na cama para ler o jornal que a mão trêmula dificultava
segurar e muito menos o deixar ler seu conteúdo.

- Posso? - Perguntou Tonks se aproximando e indicando o jornal. Harry nem hesitou e lhe entregou sabendo que seria difícil ler, pois as letras ficariam todas turvas diante de seus olhos que com certeza arderiam com a insistência.

- “Na última sexta feira, - começou Tonks com uma voz gutural enquanto Harry parecia nem respirar de tanta atenção que prestava. - dia 5, após muito pressionar a Direção do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos e o próprio Ministério da Magia, a jovem, porém não menos capacitada, Curandeira chefe do Departamento de Doenças Irreversíveis, Dr. Granger, 22, e sua auxiliar especial, também a jovem Dr. Weasley, 20, conseguiram a permissão e financiamento, nada modesto, para reformar um dos principais Departamentos do Hospital. Isso após a Srta. Weasley ganhar crédito de representantes de hospitais bruxos do mundo, na última Conferência Mundial de Hospitais Bruxos na Alemanha, após citar em determinados e bem escolhidos momentos sobre as “dificuldades” que o Hospital St. Mungus juntamente com o próprio Ministério estavam colocando, dessa forma impedindo a reforma do Departamento.” – Essa Gina é fogo mesmo! - colocou Tonks com um sorriso no rosto.

- Continua! - pediu Harry ansioso também sorrindo.

- Calma Garoto! - brincou. - Sim, continuando. “‘Após perceber a dimensão que nossas pesquisas estavam tomando, comecei a pensar seriamente sobre essa reforma para ampliar as instalações do departamento, apenas não imaginava que seria tão difícil conseguir apoio para esse feito. No entanto, conseguimos mais essa conquista em prol de uma medicina pensando no bem do outro.’ Declarou a Dra. Granger exclusivamente para este jornal, que há alguns anos, conseguiu a implementação deste Departamento, sobre sua direção, para estudar exclusivamente doenças que eram consideradas irreversíveis e que agora, após muita pesquisa, foram comprovadas reversíveis.”

“Este jornal esteve cobrindo, com dois de seus jornalistas especiais, a Conferência dos Hospitais na Alemanha, porém, por motivos não divulgados pela assessória do evento, não podemos presenciar todas as palestras, seminários e mesas redondas, propostas, mas em nossa entrevista exclusiva com as doutoras responsáveis por essa conquista conseguimos algumas palavras da Dr. Weasley, ao perguntarmos como havia conseguindo apoio de tantos em um único evento. ‘Apenas esperei o momento certo, nada mais. ’ Declarou sorrindo misteriosamente.”

“Apesar da declaração nada explicativa,... continua na pág. 8.”

Um sorriso muito satisfeito percorria o rosto de Harry enquanto imaginava o tamanho da satisfação de Hermione e se poderia medir o tamanho de seu orgulho pelas mulheres que mais amava na vida. Uma por ser sua melhor amiga, quase uma mãe nos momentos que ele e Rony saiam um pouco do caminho que ela considerava correto e a outra como mulher, como sua mulher para a vida toda. Há algum tempo atrás esses pensamentos lhe causavam azedume, irritação, incomodo pelo fato de não estar compartilhando de tudo presencialmente, mas hoje era muito mais fácil compreender que todos estavam felizes e que ele, querendo ou não admitir, era um tanto responsável por isso. Mas ainda concordava piamente que tudo tinha acontecido e por ele, Harry, estar vivo como os outros e não ter sucumbido às trevas, é em decorrência da amizade deles.

- Pela sua expressão percebo que você não ficou como eu pensei. – Tonks falou olhando de canto para ele. Harry sorriu mais, esticando-se e pegando o jornal da mão dela.

- Não! Não fiquei. Não se preocupe Tonks. – falou enrolando o jornal e o depositando na mesa de cabeceira voltando a pensar na noite longa que o esperava. – Mesmo que eu tenha pedido a você...

- Intimado na verdade...

- Que seja! Mesmo que eu tenha pedido a vocês para comentarem nada sobre o que anda acontecendo com os Weasley e com Hermione foi bom saber que estão seguindo suas vidas e não em um hospital zelando pela minha dor de cabeça. – comentou sarcástico. Tonks balançou a cabeça negativamente.

- Vou fingir que não ouvir esse seu sintoma de humor negro. – ele sorriu levando os braços a cabeça e a apoiando neles. – Pelo menos não tive que usar de argumentos fortes para lhe trazer ao mundo normal de novo. – falou sentando com cuidado no sofá

- Bom dia! – falou Remo Lupin entrando no quarto, cumprimentando primeiro a esposa com um beijo na cabeça e passando a mão em sua barriga, logo em seguida indo ate Harry e apertando a mão do garoto que não hesitou em mostrar orgulhoso O Profeta Diário para o ex professor.

- Pensei que não queria receber noticias sobre eles. – colocou olhando para a primeira página. Como resposta Harry apenas abaixou a cabeça com um meio sorriso. – Como foi à noite? – perguntou dobrando o jornal e o recolocando sobre a mesinha.

- Péssima. – respondeu. O meio sorriso em seu rosto sumindo. Lupin lançou um olhar para Tonks que o retribuiu.

- E os tremores? Já passaram? – como resposta Harry estendeu as mãos tremulas.

- Não sei qual a finalidade disso. – sentenciou Harry.

- São apenas exames Harry, você precisa fazê-los para saber o que tem.

- Mas não é estranho que eles não digam nada mesmo as minhas dores de cabeça não terem parado.

- Concordo com você, Harry, mas vamos esperar, é melhor assim. – falou lançando mais uma olhar a Tonks e viu preocupação nos olhos da mulher ao mesmo tempo em que eles marejavam. Tonks abaixou a cabeça. Harry não percebeu. – Bom! Já que esta assim. Então, vamos? – chamou.

- Pra onde? – Harry perguntou aturdido.

- Para o banho, ora.

- Qu-quê? – agora não estava entendendo nada mesmo.

- Vamos, Harry, você esta debilitado, mas ainda sim precisa tomar banho. – Tonks gargalhou ao olhar a cara de desentendimento de Harry ao perceber aonde o ex-professor queria chegar.

- Não, Remo, não precisa, e-eu po-posso fazer isso sozinho. – agora o constrangimento era visível no rosto do rapaz que começava a assumir uma tonalidade avermelhada.

- Tremendo desse jeito? – perguntou sorrindo. – Vamos fazer o seguinte: ajudo você ate o banheiro, se precisar de ajuda pode me chamar. – Harry o olhou serio, parecia pensar na possibilidade. - Vamos rapaz, não há nada ai que eu já não tenha visto.

- E quando foi a ultima vez que viu, Remo? – perguntou Tonks enxugando o canto dos olhos com as mãos em decorrência das gargalhadas que dava.

- Hum... Há 21 anos atrás. – os três gargalharam, porém a de Harry passou rapidinho.

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Pés ágeis desciam as escadas de madeira velha com alguns pontos ruídos por traças, com rapidez e logo em seguida tocando o chão gelado da sala dA’Toca. Parou instantaneamente ao sentir a frieza do chão e pensando na voz irritada de sua mão lhe brigando por estar descalça. No entanto, fez um barulho com a boca em sinal de que pouco se importava com o que à mãe lhe diria naquele momento, porque, nesse domingo, ela podia. O dia era dela... e de Hermione também, claro.

- Já chegou mãe? – perguntou ansiosa entrando na cozinha da casa, para a mãe que estava de costa para ela encostada no batente da porta da cozinha que dava para fora da casa.

Como resposta a Sra. Weasley virou-se para a filha com um sorriso de orelha a orelha e os olhos brilhando. Segurava um exemplar do Profeta Diário de forma que a foto da primeira pagina ficasse visível. A garota correu de encontro à mãe com um sorriso largo nos rosto, pegou o jornal dando um beijo estalado no rosto dela e logo em seguida puxando uma cadeira para sentar pondo-se a ler o noticiário. A cada frase lida um sorriso ainda maior que o anterior percorria seu rosto enquanto seus olhos brilhavam intensamente.

- “Apesar da declaração nada explicativa,...” e blá-blá-blá... Como sempre eles têm que alfinetar em algum lugar todo mundo que entrevistam. – finalizou admirando mais uma vez os rostos de Hermione e de si própria sorrindo para ela.

- Não ligue para isso minha filha. – comentou a Sra. Weasley sorrindo para Gina, enquanto que com um aceno de varinha fez surgir fogo no fogão depositando uma chaleira no lugar, logo após. – Se até o Ministro...

- Mas eu não sou o Ministro mãe, sou Gina Weasley, alguém bem melhor que ele. – completou com um sorriso debochado como se estivesse lembrando a mãe de algo há muito tempo resolvido.

- Claro querida, além de melhor filha do mundo! – exclamou a Sr. Weasley enchendo a cabeleira ruiva da filha de beijos enquanto apertava seu pescoço em uma tentativa de abraçá-la. – seu pai ficou tão orgulhoso. Pensou em esperá-las, mas a ansiedade de receber os parabéns dos amigos não o permitiu ficar. Estou vibrando! Como pediu, não contei nada a ele...

- Ma-mãe... ‘a me... ‘orcando... – tentando desvencilhar-se do “abraço”. A Sra. Weasley soltou-a rapidamente ao ouvir a chaleira zumbir, Gina aproveitou para massagear o pescoço fazendo uma careta. – Eu... eu duvido que a senhora não tenha contado nada a papai.

- E por que não? – perguntou com indignação voltando-se para a filha.

- A senhora mente muito mal, mãe! – Gina disse esticando-se sobre a mesa para pegar uma maça da fruteira que estava disposta ali. Voltando para a posição anterior percebeu que a mãe lhe olhava com olhos estreitados. – Mas é verdade! Principalmente quando o assunto a se esconder se refere a algo maravilhoso que um de seus filhos tenha feito. Estou enganada?
Como resposta lançou um sorriso para a filha lhe dando, logo em seguida mais um beijo estalado na cabeça. – Parabéns mocinha! – Gina revirou os olhos e a Sra. Weasley voltava a seus afazeres no fogão.

- Hermione já viu a reportagem? – perguntou apoiando os pés sobre a mesa displicentemente, levando sua cadeira a ficar equilibradas apenas nas pernas traseiras.

- Não! Acredito que Hermione ainda esteja dormindo. – respondeu a Sra. Weasley olhando em direção a escada pela porta da cozinha, com um ar distante.

- Há essa hora? – surpreendeu-se Gina, mastigando um pedaço de maçã. – Mione nunca foi... Nossa! O Roniquinho esta acabando com ela...

- Gina? – repreendeu a mãe com as mãos na cintura. Um gesto típico de quem estava censurando.

- Que foi?- Gina perguntou com um ar de desentendimento mascando outro pedaço da fruta.

- Esses são modos de falar?

- Desculpa. Não falo mais de boca cheia...

- Não estou falando disso, apesar de que é um falta de educação. – replicou. Depois balançou a cabeça como se estivesse tentando esquecer aquilo e voltar ao assunto principal. – Estou falando de falar assim de seu irmão e de sua amiga? Isso são modos?

- Mas em que modos eu disse? – perguntou Gina em uma mistura de curiosidade e divertimento.

- Ora moçinha, não se faça de desentendida. – brigou pegando a chaleira e depositando-a em cima da mesa em um barulho surdo. – Você deve ter mais respeito em relação ao namoro deles.

- Mas eu só disse que o Rony esta acabando com a Mione por que ela nunca foi de acordar tarde. Nem quando estuda e trabalha ate altas horas da noite. E o Rony, bem, é pior que uma pedra quando dorme. E só não tem o sono como fator principal em sua vida por que ele ainda prefere comer. – explicou com um ar inocente. – E o que há de... – Gina arregalou os olhos para a mãe caiando na gargalhada logo em seguida. – Mamãe!? Mas o que a senhora... Ah! – gargalhou mais alguns segundos, ao notar que o rosto da mãe começava a ganhar uma tonalidade avermelhada. Antes de respirar profundamente enquanto enxugava o canto dos olhos com a mão desocupada. – Sra. Weasley esses são pensamentos que se deve ter sobre seu filho e sua futura nora? Depois a mente pecaminosa é a minha.

Enquanto Gina gargalhava mais uma vez vendo a mãe tentando frustradamente procurar uma justificativa cabível para o que imaginava sua filha estar pensando, um barulho vindo da escada, como se uma manada de gárgulas raivosos estivesse à solta e em fúria, podia ser ouvido. Segundos depois Hermione surgiu pela porta, ao que parecia, discutindo mais uma vez com Rony que vinha logo atrás bufando de raiva.

-... Já falei que concordo com você, mas não vou sair por ai caçando... – nessa hora Rony cutucou suas costas e ela parou rapidamente de falar. – Bom dia! – cumprimentando as duas mulheres com um sorriso amarelo.

- Bom Dia chefinha! – respondeu Gina sorrindo, porém balançando a cabeça negativamente. – Agora... Diga quem é a sua amiga do peito? – falou aproximando o exemplar do Profeta Diário em direção à Hermione que o pegou e um sorriso largo surgiu em seu rosto quando viu sua foto e de Gina estampada na primeira página.

- Você se acha não é Gininha? – alfinetou Rony ao olhar o exemplar por cima do ombro da namorada e já lia a entrevista atentamente.

- Roniquinho, eu nunca me perdi para ficar me achando. – Gina retrucou com uma cara sapeca observando com fingido interesse o que restava de sua maçã.

- Rony, deixe Gina em paz. Ela merece... – pediu Hermione ainda lendo, porém de alguma forma percebendo que ele iria falar algo.

- E você também. Muito mais até. – Rony disse, olhando para a irmã com um ar aborrecido. Hermione sorriu para ele e depositou um beijo em seu rosto, sinal de que a discursão de minutos antes fora esquecida. Puxou, logo em seguida, uma cadeira sentando-se de frente para Gina.

- Gina também merece, se não fosse por ela não teríamos conseguido tanto apoio naquela conferência. – falou Hermione.

- E se não fosse por você, esse departamento não existia...

- O que interesse é que as duas conseguiram... – interrompeu a Sra. Weasley notando que Gina iria desencadear uma discursão com Rony. - E que estamos, todos... – frisou a ultima palavra olhando diretamente para o filho. – muito felizes e satisfeitos com a capacidade das duas. – sorriu para Gina e Hermione que fizeram o mesmo. Rony apenas mexeu os ombros como se não desse importância.

Enquanto Hermione lia com grande interesse todo o exemplar do Profeta Diário, a Sra. Weasley distribuía pratos, talheres e copos à frente, apenas, de Rony e Hermione, já que Gina se recusara a tomar café alegando que a maçã já lhe enchera o suficiente por aquela manha. Rony começou a devorar seu café da manha como sempre, parecendo que não comia há dias, sobre os olhares de admiração e de que repudia que a Sra. Weasley e Gina lhe lançavam, respectivamente.

- Precisa comer desse jeito? – perguntou Gina com uma cara de nojo.

- Que foi? – pediu Rony com a boca cheia de bacon. – Eu to com fome!

- Mas, se continuar desse jeito não vai mais conseguir passar pela porta da loja.

- E se você não parar de encher vou dar uma entrevista dizendo que você abduziu aqueles figurões na conferência. – rebateu Rony.

- Ridículo!

- Matraca!

- Os dois parem, por favor? – pediu a Sra. Weasley batendo com um pano de enxugar pratos em cima da mesa, que resultou em nada.
Mas foi quando Hermione bateu a mão com força na mesa que Gina e Rony realmente pararam olhando para a garota assustados.

- Francamente! – disse Hermione bufando de raiva.

- Que foi Mione? – perguntou Rony com cautela.

- Eles fizeram de novo! – respondeu esticando o exemplar do jornal em cima da mesa.

- Mas o que foi Hermione? – pediu Gina alarmada pela tonalidade vermelha que o rosto da amiga ganhava.

- Escutem. – falou e pigarreando continuou. – “... Não que estejamos desprestigiando a capacidade das curandeiras, mas, com certeza, o fato das duas serem amigas do magnífico Harry Potter, o menino-que-sobreviveu ou o ‘Eleito’ que destruiu Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, foi um fator muito importante para que elas conseguissem algo que estava vetado, temporariamente, pelo Ministério da Magia. E por falar em Harry Potter e sua influência pelos seus feitos, há muito não temos notícias do queridinho da comunidade bruxa. E a pergunta que não que calar é: Por onde anda Harry Potter? (veja suposições na pág. 10)”. Isso é um absurdo! – finalizou batendo mais uma vez a mão na mesa.

- O quê? Por não estarem acreditando na capacidade de que vocês conseguiram sozinhas ou por terem usado da entrevista para falar do Harry? – perguntou Rony parecendo confuso.

- As duas coisas, Rony! – brigou Hermione.

- Hermione, não liga pro Rony, ele é lento mesmo. – colocou Gina não ligando para a feição irritada do irmão. – Também não acredito que eles tenham feito isso mais uma vez. – levantou-se.

- Será que eles nunca vão parar de mencionar o nome do Harry todas as vezes que falarem de algum de nós? – Hermione estava visivelmente irritada. – Não faz nem uma semana que eles citaram o Harry na reportagem que fizeram da loja do Rony...

- É... E isso tirou toda a minha credibilidade. – disse Rony soltando um ar exasperado logo em seguida.

- Não estou falando disso Rony...

- Não disso. – corrigiu. Os olhos de Hermione viraram nas órbitas.

- Estou falando que eles sempre nós usam para falar do Harry.

- Pensei que você já estivesse acostumada com isso Mione. – disse Gina andando ate a porta que dava para o lado de fora da casa, cruzando os braços na frente do corpo. – Isso só vai acabar quando ele resolver voltar. – tinha irritação em sua voz.

Hermione e Sra. Weasley trocaram olhares penalizados e ate mesmo Rony curvou-se sobre o prato mexendo a comida com o garfo, indicando que a fome havia passado.

- Gina? – Hermione chamou cautelosa, mas a ruiva nem sequer deu sinal de que havia ouvido.

- Vou subir para me trocar. Scoth quer me levar não sei onde para fazer não sei o quê. – dizia com um sorriso nada empolgado. – Ele com essa mania de me apresentar um monte de coisas do mundo trouxa como se eu não soubesse da maioria tendo o Sr. Weasley como pai. – e sumiu pela porta da cozinha.

A Sra. Weasley soltou um ar cansando recolhendo o que fora usado para o café. Resmungando. – E eu ainda iria chamar a atenção dela por estar descalça... Oh, Mérlim! Ate quando?

Rony lançou um olhar irritado para Hermione que não percebeu, pois parecia estar perdida em seus próprios pensamentos. De súbito Rony levantou-se da cadeira e pegou em seu braço lhe levando para fora da casa. Quando estavam do lado de fora ficou de frente para a namorada cruzando os braços na frente do corpo.

- E agora, o que você me diz?

- Ah Rony, não começa. – pediu cansada daquela conversa.

- Só vou parar quando você concordar comigo. – disse com a voz firme.

- Eu concordo com você Rony, como já disse, mas não vai ser por isso que vou aceitar sair por ai caçando o Harry. – explicou. – Não sabemos nada sobre o paradeiro dele.

- Eu sei disso. Mas não vai ser por causa desse detalhe que vou deixar minha irmã daquele jeito e com aquele cara. – replicou irritado apontando em direção ao quarto de Gina, ao que parecia.

- Detalhe? Isso é o principal Rony...

- Não se você fizer o que já pedi. – falou com um sorriso vitorioso. – Tem tudo pra dar certo.

- Rony, já disse que não vou me aproveitar do estado materno da Tonks para saber alguma coisa sobre o Harry. – Hermione recusou batendo com o pé no chão.

- Mas Mione, o que tem demais nisso heim? Você é amiga dele ou não é? Você quer o bem do Harry ou não? E a Gina, como ela fica nessa historia? Vocês são amigas ou não? E você não quer ajudar seu namorado? – suplicou com as mãos juntas quase se ajoelhando.

- Rony, você é patético! – sentenciou com um meio sorriso e virando-se para voltar para a casa.

- Hermione! – chamou Rony correndo atrás da namorada e a pegando pelo braço fez com que ela virasse para ele. – Por favor, me escuta. Eu não sei por que, mas acho que tem alguma coisa acontecendo. Não que eu ache que o Harry seja normal, mas... não consigo explicar... Mas alguma coisa aqui dentro... – apontou para o peito. – Ta me dizendo que o Harry ta precisando da nossa ajuda. Ta precisando dos amigos dele.

Hermione, com uma feição um pouco surpresa por ouvir Rony falar daquela maneira, olhou profundamente nos olhos azuis do namorado e de repente sentiu seu coração acelerar e lembrou-se dos pressentimentos que havia tendo a alguns dias em relação ao amigo e se ela e Rony estavam tendo o mesmo pressentimento não havia mais como negar que alguma coisa estava acontecendo e que ele, Rony, tinha toda a razão.
- Ok, Rony, vamos descobrir o que esta acontecendo com o Harry. – tentou sorrir mais não conseguiu. Rony a pegou em um abraço apertado.


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O casal Lupin passou boa parte daquela manha de domingo fazendo companhia a Harry. Já estava virando uma rotina. O casal passava boa parte do dia no hospital. Tonks sempre aparecia de manha, nos dias de semana, e ficava ate a hora do almoço, pois ajudava Harry a fazer a refeição, nos dias que os tremores tomavam conta do rapaz, depois ia para a casa e voltava à noite juntamente com Remo, pois este era o único horário que ele não estava ministrando suas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, ficando algumas horas com o rapaz antes de voltarem para sua casa, para no dia seguinte fazerem a mesma coisa. E nos finais de semana, passavam o dia todo no hospital, pelo menos ate o momento que o Curandeiro responsável por Harry não os expulsassem dali. Haviam se intimados responsáveis por Harry nesse tempo como verdadeiros pais. Harry algumas vezes se pegava pensando em como seria ser filho de Tonks, uma metamorfomaga atrapalhada e Remo, um excelente homem que tinha um pequeno problema peludo.

A pedido de Harry, o casal, periodicamente, trazia os mais variados passatempos para o rapaz se distrair. Eram revistas sobre quadribol, caça-palavras bruxo, livros sobre vários assuntos, tanto trouxas quanto bruxos, mas Harry preferia os de Defesa Avançada que Remo, “contrabandeava”, segundo M. Pince, da biblioteca de Hogwarts para ele. Conversavam sobre as coisas mais banais sem sequer tocar em assuntos que se referiam a: hospitais, poções e dores de cabeça. Contudo o que Harry mais gostava nessas visitas eram as histórias que o ex-professor contava sobre sua época de colégio ou a época em que os marotos estavam em Hogwarts. Era impressionante saber todas as tramóias que seu pai e seu padrinho aprontavam, algumas vezes acompanhados de Remo ou do outro companheiro que se tornara inimigo mais tarde, e saber que nenhum deles fora expulsos como tantas vezes a mãe de Harry, Lílian, parecia desejar.

- O senhor tem certeza de que meu pai não azarava ou deu alguma poção do amor para minha mãe, não? – perguntou Harry sorrindo abertamente ao ouvir mais uma das muitas investidas fracassadas de seu pai sobre sua mãe.

- Absoluta. Tiago poderia ser um tanto displicente quanto a regras, mas chegar a esse ponto, jamais. – respondeu o outro após respirar profundamente depois de contar o relato que lhe rendeu também muitas gargalhadas de saudades.

- Vejo que o dia vai ser bom. – comentou um homem, após abrir a porta do quarto e colocando sua cabeça grisalha e um pouco redonda para dentro. Era o curandeiro responsável pelos exames e tratamento de Harry. – Bom dia a Todos! – cumprimentou o curandeiro adentrando o quarto.

Mesmo com o formato do rosto redondo o Dr. Millian Stuart não possuía uma forma roliça, mas também não era magro. O curandeiro foi apresentado à Harry dois dias após sua consulta com o Dr. Sheen pelo próprio, sendo que esse, anteriormente, havia garantido que o outro era de inteira confiança e parecia ser mesmo, pois ate então apenas três de seus auxiliares sabiam da existência do caso Harry Potter no hospital, no entanto, Harry possuía a impressão de que um pouco de chantagem fora usada pelo curandeiro já que ele é dono do hospital onde Harry esta “hospedado”.

Após Harry relatar seus sintomas e o que havia sentido no dia que desmaiara e o Dr. Sheen passar para o Dr. Stuart os exames de rotina que fizera em Harry, os dois últimos decidiram que seria necessária à remoção do rapaz para o hospital do Dr. Stuart, onde teriam aparato e uma melhor disposição para o tratamento e dessa forma descobrir os motivos das dores de cabeça constante que assolavam Harry.

Contudo, depois de muito pestanejar e planejar uma forma de entrar no hospital sem ser visto, Harry recorreu mais uma vez a sua inseparável capa de invisibilidade herdada de seu pai, esse seria o jeito mais fácil de entrar no hospital sem causar grandes suspeitas, uma vez que também poderiam contar com a ajuda da barriga de Tonks. E isso havia acontecido um pouco mais de um mês, no entanto, ninguém, nem mesmo os doutores,
imaginavam que seria tão difícil estabelecer um parecer sobre o que Harry possuía. Aparentemente ele não tinha nada, sua saúde era perfeita se não fossem pelas insistentes dores de cabeça que, mesmo tomando poções para que passassem, o máximo efeito que conseguiam eram apenas amenizá-las. Isso sem contar com as doses cada vez mais fortes que ingeria toda a vez que tinha pesadelos e acordava gritando de tanta dor ao sentir sua cicatriz queimar intensamente, resultando nos tremores em decorrência das quantidades excessivas de poções. No momento do desespero era tranqüilizador e relaxante, mas depois virava uma tortura tremer o tempo todo.

- Bom dia. – respondeu Harry com uma expressão mortificada, nem parecia que há alguns segundos estava gargalhando ao ouvir histórias sobre seu pai.

- Sr. e Sra. Lupin! – cumprimentou com um aceno de cabeça. – Me cumprimentando desse jeito Harry, vou pensar que não sou bem vindo. – brincou andando em direção a cama dele.

- Desculpe. Mas, toda a vez que lhe vejo, lembro que só o senhor pode dizer o que esta acontecendo comigo. A forma como vou comandar minha vida depende do que o senhor falar. É impossível não pensar dessa forma. – falou com um tom de voz cansado.

- Sim, eu sei, mas ainda não será hoje que daria um rumo a sua vida. – sorriu enquanto esticava uma espécie de estetoscópio para ouvir os batimentos cardíacos de Harry, como toda a manha fazia. Os ombros de Harry caíram.

- Ou seja, mais um dia aqui e sem respostas. – resmungou enquanto o Dr. Stuart olhava suas pálpebras iluminando-as com um feixe de luz que saia de sua varinha.

- Pedimos paciência Harry, estamos nos esforçando o máximo possível para descobrirmos o que há com você, meu rapaz.

- Compreendo. Mas entenda, um mês, um mês e nada. Estou começando a pensar que essas dores vão me acompanhar ate o fim de meus dias. – sarcasmo era sentido em seu tom de voz.

- Não fale besteiras Harry. – brigou Lupin do sofá.

- Exatamente. – concordou o Dr. Stuart. – Pois bem, não vim aqui fazer apenas as consultas matinais, mas conversar também. – Harry se retesou na cama olhando do Dr. Stuart para Lupin e desse para Tonks, voltando ao doutor. – Digamos Harry que estamos no caminho certo.

- Como assim, doutor? – perguntou lupin levantando-se do sofá e indo a direção ao lado de Harry.

- Chegamos à conclusão de que suas dores de cabeça, definitivamente, não são normais. – respondeu com um meio sorriso.

- Chegou a essa conclusão sozinho foi? – perguntou Tonks ao mesmo tempo irritada e sarcástica. Lupin lhe lançou um olhar para que ficasse quieta. Mas era obvio que não eram normais.

- Pensei que isso fosse o mais obvio possível. – comentou Harry balançando a cabeça negativamente. Descrente.

- Sim, sim, eu sei. Desculpem. Expressei-me mal. – pediu com um gesto vago com uma mão. – As dores de cabeça não são normais, talvez pelo fato de que elas não acontecem de dentre para fora, mas ao contrário...

- Isso nos também já sabemos. Elas partem da cicatriz e se espalham... – colocou Lupin que mesmo tentando demonstrar seriedade, suas palavras não deixaram de possuir um tom irritado.

- Eu sei. Mas não me refiro a região da cabeça, mas sim ao externo. Ao ambiente que nos circunda. – falou olhando nos olhos de cada um. E ao perceber expressões contrariadas voltadas para si, respirou profundamente e continuou. – Antes de Harry se deixar submeter aos nossos cuidados, sabemos que estava vagando por ai em perseguição a Comensais da Morte. – Harry concordou. – E suas dores de cabeça, como fui informado, surgiam em intervalos periódicos que antecediam ataques, momentos que sofria pressão... Momentos em que a ansiedade era mais presente. - Dr. Stuart começou a caminhar pelo quarto enquanto falava. Uma vez ou outra Harry, Lupin e Tonks apuravam mais a audição para poder ouvir o que o curandeiro dizia, pois nesses momentos ele mais parecia falar para si do que para que todos ouvissem. – E eu me pergunto. Será que essas dores não são causadas por esses excessos...?

- Também já me perguntei isso. – Interrompeu Harry. Porém o Dr. Stuart não pareceu ouvir.

- Mas se fossem... Por que elas surgiram só agora? – perguntou o Dr. Stuart olhando para Harry que permaneceu calado também pensativo.

- Seria por que... – o curandeiro continuou o observando interessado. – ele... ele não...

- Não, não, não! – o curandeiro discordou tão sonora e inesperadamente que todos deram um pulo de susto. Tonks levou as mãos ao peito. – Não diga o nome dele aqui, Harry, traz mal agouro. Mas, não, não estava me referindo a Vocês-sabem-quem. Não estou partindo para esse caminho. Compreenda, apesar de que só você pode confirmar que Vocês-sabem-quem tenha finalmente morrido, não acredito realmente que Vocês-sabem-quem esteja no submundo em uma semi-vida, mais uma vez.

- Desculpe Dr. Stuart, mas ainda não estou conseguindo compreender há que ponto quer chegar. Qual seria esse caminho que o senhor achou estar certo? – perguntou Lupin não escondendo mais a ansiedade.

- Claro, estou chegando lá. – colocou antes de voltar a andar pelo quarto mais uma vez. – Essas dores só podem ter surgido agora por estarem acumuladas de todos esses anos. Mas por que agora?
Ninguém respondeu. Cada um estava submerso em suas próprias conclusões. Essas perguntas sempre vagavam na mente de Harry como um dos fatores que pudessem provocar suas dores de cabeça, no entanto, não poderia imaginar que elas poderiam se o fator principal.

- É de nosso conhecimento... – continuou o curandeiro sem esperar manifestação de qualquer um. - que Harry sentia a cicatriz formigar, arder, latejar quando Vocês-sabem-quem estava por perto não? – todos confirmaram. - Sabemos que quanto tinha 15 anos, fora descoberto que havia uma fortíssima ligação entre a mente de Harry e de Vocês-sabe-quem, ligação esta que um podia sentir o que o outro estava sentindo, ate Harry poderia presenciar alguns momentos da realidade concreta que Vocês-sabem-quem estava vivendo em determinado momento. Como o caso da cobra e o ataque dentro do Ministério Inglês. – todos confirmaram mais uma vez. Uma onda de pânico começava a percorrer mais intensamente no corpo de Harry. – Eu mais uma vez me pergunto. Será que nessa ligação entre as mentes não ocorreu mais nada além de um saber sobre o sentimento do outro? – Dr. Stuart parou no meio do quarto de cabeça baixo enquanto parecia pensar em alguma coisa muito além do que aquelas outras três cabeças podiam chegar.

- O que o senhor quer dizer com isso? – perguntou Harry. Um nó começava a ser formar em sua garganta. Dr. Stuart levantou a cabeça com uma expressão surpresa. Se fora de mentira ninguém poderia dizer, mas que fora estranha foi.

- Suposições meu caro rapaz, suposições. – respondeu erguendo um dedo indicador.

- Suposições? O senhor vem aqui e fala parecendo ter tanta certeza no que diz e depois fala que são... suposições? – Harry não gostou da resposta e parecia cuspir a ultima palavra. Lupin colocou uma mão em seu ombro para que se acalmasse.

- Falei que achava estar no caminho e não que tinha encontrado o seu fim. – mesmo usando um tom brando para falar, Harry não deixou de notar que fora censurado. E foi impossível não lembrar de um grande amigo que sempre fazia isso quando demonstrava a Harry que estava errado nas suas colocações.

- Dr. Stuart, como poderemos saber se aquela ligação entre Vol... – o curandeiro lançou um olhar de reprovação para Lupin. – Vocês-sabem-quem e Harry não deixou qualquer seqüela?

- Muito interessante essa pergunta Sr. Lupin. Muito interessante. - Dr. Stuart voltou a andar pelo quarto e aquilo já estava incomodando Harry, mas este sabia que esse era o jeito do curandeiro conversar. – Como podemos saber se ainda existe uma ligação mental entre um morto e uma pessoa viva?... Espiritismo? – perguntou alteando a voz e olhando para um ponto ao lado de Harry o fazendo acompanhar o olhar do curandeiro e sentir os cabelos da nuca eriçarem. – Não... Não acredito que seja isso. Acredito que existe um mundo paralelo entre esse e aquele... – apontou para cima. – ou esse – apontou para baixo – Mas não acredito que Vocês-sabem-quem possuísse espírito. – Harry e Lupin trocaram olhares cúmplices sem entender aonde o Dr. Stuart pretendia chegar. - Mas se existe alguma coisa Harry nós vamos descobrir...

- Como? – perguntou Tonks do sofá tentando se levantar sem sucesso, pois a barriga já estava bem pesada. Lupin correu em direção a esposa para auxiliá-la no feito.

- Percorrendo e tentando desvendar o curioso caminho da mente humana. – o Dr. Stuart abriu a boca para responder, mas quem falou foi Lupin ao lado da esposa que o olhou com uma mistura de interesse e orgulho.

- Exatamente! – concordou o curandeiro.

- Mas, já não fizeram isso uma vez? – perguntou Tonks tirando da boca de Harry as mesma palavras.

- Sim! Mas naquele caso, utilizamos a hipnose. Não tínhamos certeza das reações de Harry se fosse usava a legilimência, pelo fato de não sabermos o ou os motivos das dores. Poderíamos ter causado o pior no rapaz. Algum tipo de coagulo. Harry poderia ter entrado em coma profundo ou não. Poderia perder os sinais vitais tendo que viver como um vegetal ou perdido a memória para sempre. – falou contando nos dedos. – Enfim, poderíamos causar uma infinidade de coisas que a maioria seria prejudicar a saúde dele.

- E por que acha que agora poderia ser diferente? – perguntou Harry. A bola em sua garganta se desfez dando lugar a um gosto amargo que passou a sentir na boca.

- Por que todos os exames que fizemos até agora, Harry, meu rapaz, foi com a finalidade de que um dia essa hipótese fosse necessária...

- Então o senhor quer dizer que sempre pensou nessa possibilidade? – perguntou Lupin.

- E não comentou nada conosco? – inquiriu Harry com o tom de voz acima
do normal.

- Entendam. È muito complicado até mesmo para mim que sou um especialista nessa área trabalhar com a mente humana dessa forma. Principal em um caso como este onde não há problema visível, a não ser a linha esverdeada que delineia sua cicatriz. Esta tudo aqui Harry – falou apontando para a própria cabeça. - seu problema acontece ai dentro – apontou para a cabeça do garoto. - por fatores externos ou internos ou os dois. Máximo que eu poderia fazer era tentar de todas as maneiras não chegar a penetrar a sua mente dessa forma.

- Deu no mesmo não foi?

- Infelizmente sim Sra. Lupin.

- E como será isso? Como pretende usar a legilimência? – perguntou Harry.

- Infelizmente Harry, teríamos que encontrar uma pessoa extremamente capacitada em Legilimência, pois não sabemos que barreiras e muito menos quantas podemos encontrar em uma mente tão forte quanto a sua. A ligação entre você e Vocês-sabem-quem era muito forte que chegava a lhe causar náuseas, vômitos, dores pelo corpo...

- Co-como assim... barreiras? – pediu Harry com uma impressão de já saber a resposta muito antes do curandeiro confirmá-la.

- Não sabemos que tipos de lesões uma mente tão carregada de ódio e maldade pôde causar em seu inconsciente e muito menos que tipo de armas você esta usando contra.

- O que o senhor gostaria de dizer com isso? – perguntou Tonks em voz baixa, como se estivesse esperando o pior.

- Pelo o que entendi Tonks, o Dr. Stuart acredita que há um conflito dentro
da mente de Harry...

- Um conflito inconsciente entre tudo de mal que lhe aconteceu em todos esses anos e o que ele ainda tem de bom como lembrança. – continuou virando-se para Harry. – E o resultado desse conflito que ninguém pode imaginar são as dores de cabeça e os pesadelos que lhe assomem quando dorme. Não acham estranho que ultimamente essas dores ocorram só à noite? Isso por que é o momento em que ele esta mais vulnerável para sentir esse conflito. Sentir com todo o corpo.

- Mas, antes, as dores vinham quando estava acordado também...

- Quando estava prestes a fazer algo que lhe exigia sacrifícios, lhe deixando ansioso. – corrigiu erguendo um dedo em sinal de atenção. – Acredito que, por ter estado em ambientes nada aconchegantes, ao lado de pessoas que tinham a mesma idéia que a sua: encontrar Comensais da Morte; favorecia muito, estando naquele ambiente de pura pressão, que as dores de cabeça surgissem a qualquer momento. Mas agora, você esta vivendo uma realidade muito diferente Harry.

- É compreensível. – concordou Lupin meneando a cabeça positivamente. Harry fazia o mesmo.

- Mas por que agora, por que justamente depois de...

- Três anos? – completou Lupin.

Harry estreitou os olhos em direção ao ex-professor tentando entender a menção dos três anos. Justamente o tempo em que deu as costas mais uma vez para as pessoas que mais amava.

- Desculpe Harry, mas ainda não posso responder essa pergunta. - colocou o curandeiro Stuart com um tom cansado de voz.

- Mas eu sim... ou pelo menos tenho uma vaga impressão de saber. – disse Harry fitando o exemplar do Profeta Diário dobrado de forma que deixou a amostra os rostos de Hermione e Gina. O Curandeiro acompanhou os olhos do rapaz e um meio sorriso percorreu seu rosto.

- Perdas! Acúmulo de sentimento de perdas que causou... revolta. – concluiu o Curandeiro Stuart meneando a cabeça de um lado para o outro lentamente. - Sendo que essa revolta só poderia ser amenizada quando se extinguisse o desejo de acabar com o que causou isso. Desejo de vingança.

- Exatamente. – agora foi à vez de Harry concordar. Era exatamente isso que estava pensando.

- Desejo de vingança poderia ser a causa do despertar das dores de cabeça? – perguntou Lupin desconfiado.

- Não saberia dizer e com isso mais uma vez entramos na Legilimência. E por isso Sr. Lupin necessito de sua ajuda. – disse o curandeiro voltando-se para Lupin que pareceu atônico de surpresa com o pedido de auxílio.

- Como posso ajudá-lo?

- Sei que o senhor ministra aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas e com isso deve conhecer muito bem a arte de “ler” mentes...

- A mente humana não é um livro para ser lido. – Harry comentou involuntariamente, logo em seguida sentindo seu estomago dar um solavanco ao lembrar da pessoa que disse essas palavras.

- Concordo Harry. – colocou o curandeiro. – Pois bem, o senhor deve conhecer a legilimência e pode ate ser excelente nessa área e dessa forma poderá ajudar muito.

- Sim, eu poderia com toda a certeza lhe ajudar nisso. Mas existem problemas que limitam meu desejo de ajuda. – falou Lupin com um tom pesaroso na voz. Tonks acariciou uma mexa grisalha dos cabelos do marido fazendo com que este desse um meio sorriso à esposa.
No entanto, Harry não creditou no que ouviu. Como assim, Remo Lupin não poder lhe ajudar em um momento desses? Justamente nesse que a presença do ex-professor era de máxima importância? Porém, só agora ele pôde perceber que o amigo estava com um tom de pele pálido e vez ou outra sua voz falhava de cansaço. A lua cheia estava a caminho e se, para usar a Legilimência em Harry a pessoa deveria estar preparada para o que viesse essa pessoa não poderia ser Lupin.

- É uma lástima. Uma lástima! – ponderou o curandeiro lançando um olhar de censura para Lupin. – Acredito que seus problemas sejam realmente muito grandes para que se negue a ajudar o rapaz aqui a quem quer tão bem.

- E são... Sou um Lobisomem Sr. Stuart e a lua cheia esta se aproximando. – colocou parecendo extremamente ofendido. O Curandeiro nem sequer tentou esconder a surpresa, pois lançara um olhar espantado para Lupin, logo em seguida soltou um assobio baixo em sinônimo de surpresa. – E com isso fico impossibilitado em fazer qualquer coisa.

- Er... Definitivamente... Não... Não será possível a... A ajuda do Sr. Lupin. – o curandeiro disse tentando deixar a voz firme, no entanto foi em vão o esforço. - Então... Entramos em um impasse ainda maior, pois estava contando com a ajuda do Sr. Lupin, mas...

- Mas, acredito que ainda posso ajudar. – disse Remo interrompendo o curandeiro que exibiu uma expressão interessada e confusa, assim como Harry e Tonks. – No entanto, preciso da permissão de Harry primeiramente...

- Não! – disse Harry com um sopro de voz parecendo entender aonde Remo pretendia chegar.

- Mas se for necessário Harry...

- Não! – agora o tom de voz era mais alto.

- Harry, nos precisamos...

- Já disse que não. – falou Harry entre dentes dando um soco na cama. – Não quero aquele homem entrando na minha mente de novo.

- A quem vocês estão se referindo? – perguntou Tonks lançando um olhar de desentendimento para Remo e Harry.

Remo pareceu pensar um pouco antes de falar enquanto olhava para Harry que mexia a cabeça de um lado para o outro. – De Severo... Severo Snape.

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Olá gente!!
Ih! Calma, calma! (escondendo-se atrás de uma prateleira) Muita calma nessa hora...
Pra recompensar o atraso um cap. grandinho pra vcs...
E por falar nisso nem demorei tanto dsd o aviso... ou foi o aviso q foi dado tarde d +? xD

hihi

Vamos aos Comentes: mayra black potter (o Scoth... bem é um personagem q criei pra confundir a cabeça da ruiva =D) ; Daniela Paiva; Larissa Manhães (realmente, os herois so ficam com a mocinha no final... + será? hihi =D); Prika Potter (ahh pod deixar moça de "nome" novo...); Danielle Cristina Pereira (Puxa, sangue novo nos coments... q bom q gostou, fico super lisonjeada viu... e olha q eu nem demorei... + ler em dois dias? tua vista ñ doeu ñ? hihih... b-jus moça) E espero contar com os coments d todas vcs d novo viuuu!!!

E pra galera q ñ comenta: b-jãozão bem grandão tbm!

=*** até o proximo... "A Volta do morcegão" hihhih (esse ñ é o nome do proximo ñ tá =D )

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