O pai de Kristin.



Capítulo 24.
O pai de Kristin.


- Eu não queria, mas como você comprou, eu não vou negar - sorriu interessada.

- Não, não. Só depois do almoço - disse tirando a sacola de perto das mãos dela.

Ela cerrou os olhos para ele, que apenas sorriu cinicamente como resposta.

Logo voltaram para a casa de Kris. Hermione logo em seguida pensaria em dar uma passada na Toca para falar com todos... E o faria apenas depois do almoço, depois de devorar aqueles deliciosos chocolates, e depois de passar mais um tempo com Harry.




Primeira de semana de janeiro. O frio, ora ou outra, batia forte no rosto de todos que andavam por Hogwarts. O Natal havia passado num piscar de olhos e a agitação do início do novo ano ainda era grande.

Harry e Hermione passaram o resto das férias de fim de ano na Toca, mesmo Harry percebendo que ela ainda estava hesitante sobre o assunto. E ele também tentou ignorar o comportamento diferente da garota para com a Sra. Weasley. Molly Weasley havia tentado matá-la, o que mais ela podia sentir em relação à mulher? Não teve culpa, sabia disso, mas era bem verdade que podia acontecer novamente.

Harry passou o frango que Rony havia pedido e se virou para tentar ler o que havia no jornal que Hermione estava lendo.

- Nada de interessante - ele comentou, dando apenas uma olhada por cima.

- É, nada - respondeu num suspiro cansado. Harry se ajeitou e voltou a almoçar. A garota permaneceu calada. Ele parou o garfo antes de chegar à boca e o colocou de volta no prato, se virando.

- Você está bem? - ergueu a sobrancelha.

Ela apenas balançou um pouco a cabeça, negando, sem encará-lo. Fechou o jornal, colocando-o sobre a mesa.

- Sra. Weasley - respondeu, antes que Harry perguntasse do que se tratava.

- O que tem ela?

- Essa historia dela tentar me matar...

- Isso já foi esclarecido, Mi. Ela estava sob a maldição Imperius - explicou.

- É exatamente sobre isso que eu quero saber - insistiu.

- Nós, também, já conversamos sobre isso.

- Harry, alguém está tentando me matar! Eu preciso saber quem realmente está tentando fazer isso.

- Ok. Vamos dar uma volta - ele se levantou e a pegou pela mão quando percebeu que ela continuaria insistindo por horas, talvez. Saíram do Salão Principal, levando olhares invejosos com eles.

- Nós não temos certeza se o Malfoy está realmente envolvido nisso, é apenas uma hipótese baseada no fato de acharmos que ele é um comensal - Harry ergueu a sobrancelha. - O quê?

- O jeito que você falou foi engraçado.

Ela revirou os olhos. Queria conversar algo sério com Harry e ele levava na brincadeira.

- Isso é sério, Harry!

- Ok, desculpe.

Viraram o corredor.

- Então?

- Eu tenho quase certeza que ele é um comensal - começou, sério. - No dia que o vi conversando com Snape no corredor, Snape levantou a manga da roupa do Malfoy, como se mostrasse algo para ele mesmo...

- A Marca Negra - ela comentou sem encará-lo.

-... Dizendo algo do tipo: “Você não tem isso á toa”. Exatamente, a Marca Negra. Draco Malfoy é um Comensal da Morte!

- Preciso conversar com Gina - ela pensou alto.

- Sobre? - Harry ergueu a sobrancelha.

- Er, sobre os exames dela - ela percebeu a expressão dele. - Ah, esquece. Depois falo com ela. Voltando... Como conseguiram enfeitiçar a Sra. Weasley?

Harry deu de ombros, indo para o pátio da escola.

- Se quiser eu posso ter uma conversinha co--

- Não! Vamos descobrir, sem ele saber - Hermione o encarou, séria, enquanto se sentavam. - entendeu?

O garoto revirou os olhos.

- Tudo bem.

- Alguma suspeita?

- De quem está realmente por trás disso? – negou, com a cabeça, à própria pergunta.

Hermione ficou pensativa, como se estivesse tentando encaixar alguma coisa.

- Não sabemos quem é, mas alguém quer me matar porque eu sou próxima a você.

- Querem te matar porque você é a garota que eu amo, então querem me atingir, pegando você.

- Faz sentido. Mas não éramos namorados quando isso realmente ocorreu - lembrou.

- Digamos que eu tenha estado sonhando com você por umas noites - comentou, coçando a nuca.

Ela sorriu, ligeiramente envergonhada.

- Você é perfeito, sabia?

- Eu sei - sorriu, logo em seguida a beijando.

- Bem modesto, também - concluiu quando se separaram. - Não era assim aos onze anos.

Ele ergueu a sobrancelha de modo divertido, como se dissesse: “O que eu posso fazer?”.

- O que mais?

- Precisamos fazer Dumbledore ficar sabendo disso, de algum jeito - ela comentou, como melhor opção.

- Não me peça para falar com ele. Ele é cabeça-dura para essas coisas. Nunca acreditaria que Draco é um Comensal da Morte.

Um sorriso cresceu aos poucos nos lábios de Hermione. Um sorriso vitorioso, como se tivesse uma idéia perfeita.

- Então, precisamos fazer com que ele veja com os próprios olhos - disse simplesmente.

- Como?

Ela ergueu a sobrancelha, talvez do mesmo jeito que Harry havia feito a pouco, e deu de ombros, parecendo alguém muito inocente que não sabia de nada que estava por vir. O único problema é que ela sabia exatamente o que queria fazer e como faria aquilo.


Aquele sábado seguinte foi de descontração. Hogsmeade foi preenchida de garotos e garotas de Hogwarts. Rony, Luna, Harry e Hermione ficaram vagando, a tarde inteira, pelas ruas que ainda estavam cobertas por uma fina camada de gelo. Ou conversando, ou namorando. E o assunto sobre Draco e a Sra. Weasley ficou novamente pendente - exatamente como a outra vez em que conversaram -, mesmo Hermione tendo um plano. Chegaram apenas à conclusão de que só saberiam de realmente tudo se “conversassem” com Draco sobre o caso - algo que Hermione colocou como “fora de cogitação”.


- Onde Gina está? - perguntou quando se sentaram à mesa. - Ela não foi a Hogsmeade e não a vi pelo castelo hoje.

Hermione se virou para Rony.

- Eu também não a vejo faz um tempo. Talvez desde que voltamos a Hogwarts - lembrou-se.

Olhou para Luna, como se perguntasse se ela sabia do paradeiro da amiga. A loira deu de ombros.

- Estranho - Harry comentou.

Os amigos confirmaram com a cabeça.

- Acho melhor...

“Hermione?”.

- Kris? - se viraram para ela.

- Lá vem - Harry revirou os olhos e começou a fazer seu prato.

Luna e Rony ficaram perdidos.

“Eu pensei um pouco”.

- E...?

- Depois a gente explica - Harry respondeu a Rony quando ele perguntou com o olhar do que se tratava aquilo.

“Tudo bem... Eu pensei bastante. Eu vou fazer a poção”.

Hermione sorriu satisfeita. Olhou para Harry, confiante. Daria certo, tudo daria certo e, se dependesse dela, ele sairia inteiro daquela batalha.

”Preciso de tempo. Até quando posso entregá-la?”.

- Fevereiro...

”Vou fazer tudo o que posso”.

- Obrigada, Kris, de verdade.

“Não há de quê, Mi. Quando precisar, é só me chamar”.

- Tudo bem - e a mente dela ficou vazia.

Quando ela se voltou para os amigos, dois rostos bastante curiosos a encaravam querendo saber de tudo o que havia acontecido. Harry comia normalmente. Já era normal Hermione conversar com Kris daquela maneira, então ele encarava como uma conversa normal entre amigas.

- O que foi isso? - Luna perguntou curiosa.

Harry revirou os olhos. A história seria longa, ainda mais, com as mil perguntas que Rony faria em seguida.


- Por que? - ela perguntou indignada.

Segunda-feira pela manhã, logo apos o café. O quarteto se dirigia para a primeira aula do dia, que seria juntamente com a Sonserina.

“Ele pode me rejeitar!”.

- Não, ele não vai! - Hermione a repreendeu, séria. - E você só vai saber se encará-lo!

Durante alguns segundos, Hermione não conseguiu ouvir mais a voz de Kris.

“Quando eu posso aparecer?”.

- Quando você quiser. E quanto mais rápido, melhor - avisou.

“Tudo bem, vou ver o que posso fazer”.

- A tal da Kris? - Rony perguntou.

Harry deu de ombros, como se não tivesse outra resposta.

- Aula de Transfiguração. Depois conversamos.

- Sobre o quê estavam conversando? - Harry se interessou.

- Assunto de garota - sorriu.

- Nada que Harry Potter possa saber - concluiu antes que ela falasse. Revirou os olhos, entrando na sala.

- Exatamente - o seguiu e sentaram.

Harry se sentou primeiro justamente porque Hermione deu uma olhada ao redor da sala, parando o olhar, infelizmente, em Malfoy. Ela continuou alguns segundos em pé, o encarando, viajando em seus pensamentos.

- Me achando bonito, Granger? - ele perguntou sarcástico, depois de pouco tempo encarando-a.

Ela piscou um pouco antes de cair na real, saindo de devaneios, ao mesmo tempo em que alguns alunos se viraram para eles, talvez querendo saber se aquilo daria em uma discussão.

- Com certeza não, Malfoy - ela disse entre um tom seco e divertido.

Harry se levantou e ficou na frente dela, como se impedisse que eles continuassem a se encarar.

- É melhor sentar - ele falou baixo.

Hermione mudou a expressão ao olhar o rosto do namorado e obedeceu, suspirando.

Harry olhou por cima dos ombros a expressão divertida de Draco, sentando-se logo em seguida.

- Gina... - ela disse a si mesma num suspiro cansado, baixo o suficiente para o namorado não conseguir ouvir.

Logo após, a Professora Minerva passou entregando os relatórios já feitos sobre Transfiguração Mal-Feita.

- ‘A’ - Harry comentou surpreso e feliz, mostrando-o a Hermione. Ela ergueu a sobrancelha em vitória ao mostrar o “O” a ele. - Eu não vou competir com a garota mais inteligente desse colégio - disse, como se fosse óbvio, ligeiramente sarcástico.

Hermione revirou os olhos e voltou-se para a professora, que ia começar a falar. Harry ainda ficou uns segundos com seus pensamentos. De Malfoy para a espada da Sonserina. Ergueu o olhar para Minerva, pensando se interrompia ou não a aula para perguntar sobre tal objeto. Talvez fosse melhor perguntar diretamente a Dumbledore, talvez a professora nem soubesse sobre a espada.

-... E talvez vocês continuem em suas formas transfiguradas um tempo maior que o normal. Por isso aconselho a não darem uma de engraçadinhos... Sim, Srta. Granger - virou-se para ela ao vê-la com o braço erguido.

- Por quanto tempo ficamos transfigurados caso alguma coisa dê errada?

- Poucas horas, talvez um ou dois dias, no máximo - disse como se não tivesse importância.

- Interessante - Harry escutou Draco dizer. - Talvez a Granger fique melhor de “livro ambulante”.

Ela própria havia escutado aquilo, também. E como um impulso, pegou o braço de Harry e o trouxe para baixo, antes que ele conseguisse se levantar completamente.

- Não! - o repreendeu e o olhou séria.

- Algum problema, Sr. Potter?

- Não, professora - respondeu num suspiro irritado.

- Não vale a pena pegar detenção por causa do Malfoy - escorregou sua mão até a mão do garoto e apertou-a, como se tentasse passar calma.

Minerva voltou-se para o quadro, ainda duvidosa sobre o ocorrido. Num simples balançar de varinha, várias palavras se formaram.

- Copiem isso, vão precisar.

Hermione deu uma última olhada em Harry, como prevenção. Este olhou de esgueira para Malfoy, irritado, e ela teve certeza que a cena que se passava pela cabeça do namorado era Malfoy levando uma surra.


De acordo com Hermione, Harry andava pensativo demais ultimamente. Vez ou outra - quase sempre -, ela pegava o garoto olhando para o ponto fixo, como se estivesse concentrado em algo. Não ousou perguntar sobre o que se tratava. Talvez ele não respondesse. Ou talvez, mesmo, ele estivesse apenas pensando na vida, algo totalmente normal. Falaria com ele sobre isso mais tarde, caso lembrasse.

Dirigiu-se para o almoço daquela terça-feira, logo após de uma tediosa aula de Snape.

- Gina Weasley, onde você se meteu? - a ruiva levantou um pouco a cabeça.

- Hermione?

- Não, Merlin, não tá vendo? - rebateu irônica, sentando-se em frente a ela.

- Ah, prazer, Merlin - devolveu, voltando-se para sua comida.

- Estou falando sério - mudou o tom de voz, estava ligeiramente preocupada.

- Quando, exatamente? - se referiu à primeira pergunta da amiga.

- Últimos três dias.

Levantou um pouco o olhar, como se tentasse se lembrar.

- Passei um bom tempo na biblioteca, andei por aí - deu de ombros.

- Você tem aula, sabia?

- Ah, claro, aulas de Snape são sempre as melhores - respondeu sarcástica, olhando-a com reprovação.

- Aprendeu rápido - comentou divertida. - Então, estava querendo conversar com você.

- Vá em frente - soltou o garfo e empurrou o prato para o lado.

- Vem comigo - se levantou.

A ruiva seguiu a amiga, sem entender.

Ele observou-a saindo. Analisava-a como se fosse a melhor pista de um mistério... Minuciosamente. Cotovelos na mesa, mãos entrelaçadas, dedões segurando o queixo e o olhar fixo nela. Mal piscava, apenas quando era extremamente necessário.

- Draco - ele apenas virou o rosto -, você está bem?

- Sim, estou ótimo, Pansy - e logo virou o rosto novamente, de maneira calma, séria. Ela já havia passado pela grande porta.

- Não poderíamos conversar ali mesmo?

- É sobre o Malfoy.

- O que tem ele? - estranhou.

- Não é exatamente sobre ele, mas sobre o que você sente por ele - mordeu levemente o lábio inferior, esperando a reação de Gina sobre aquilo.

Ela suspirou frustrada, percebendo o rumo da conversa.

- Continue - deu de ombros.

Hermione disse a senha rapidamente a Mulher Gorda e entraram.

- Acho melhor você não nutrir mais o que você sente por ele, é para o seu próprio bem.

- Hermione, você já veio como essa mesma conversa. Por favor, não comece novamente.

Ela revirou os olhos. Já imaginava que Gina reagiria daquela maneira.

- Ótimo, então vem cá - a puxou pelo braço escada acima.

- Malfoy - ele chamou seco.

O loiro levantou a cabeça sem vontade e o encarou.

- O que quer?

- Será que eu poderia falar com você um segundo?

- Não tenho o que falar com você - respondeu franzindo a testa.

- Você apenas me escuta, então - deu de ombros, levemente impaciente por ter que fazer aquilo.

Draco revirou os olhos, se levantando. Harry se afastou e o esperou.

- O que é isso? - perguntou abrindo o livro. Sentou-se na cama de Hermione.

- Um livro - ela respondeu de modo óbvio.

- Eu sei, mas pra que está me mostrando? - ergueu o olhar para Hermione que continuava em pé.

- Página 253 - Gina encontrou a página segundos depois. Percorreu o olhar rapidamente pela folha. - O que tem escrito no começo?

- Marca Negra--

-... Utilizada por bruxos das trevas, seguidores de Lord Voldemort - Gina acompanhou linhas abaixo a citação, exatamente como Hermione havia dito. - Acho que já lhe falei o suficiente para você saber quem é ele.

- Sim, você já me falou.

- Draco Malfoy possui a mesma marca - disse, sem mais delongas.

- Não faço isso por mim, fique sabendo.

- Vá direto ao ponto - pediu de pouco caso.

- Fique longe de Hermione e dos meus amigos. É tudo que eu peço. Estou sendo gentil na primeira vez, se eu precisar pedir uma segunda, não me responsabilizarei pelos meus atos.

Draco ergueu a sobrancelha, como se achasse graça no que ele estava dizendo.

- No dia que eu obedecer a você, Potter - o loiro chegou perto dele -, Voldemort vestirá saia.

O encarou por pouco tempo e passou por Harry, fazendo questão de esbarrar em seu ombro.

O moreno respirou fundo, como se tentasse se controlar. Virou-se num giro, observando Malfoy voltar à mesa da Sonserina. Sua mão foi até o bolso, como num impulso, e relaxou ao pensar em Hermione.

- Vocês não têm provas! - Gina quase gritou, já levantada.

- Eu e Harry já conversamos sobre isso algumas vezes--

- Eu sei que no começo do ano vocês tiveram um briga... Tudo bem, ele não é perfeito, mas--

- Gina! - Hermione a repreendeu. - Ele briga conosco desde que entramos nesse colégio. Desde o primeiro dia que pisamos aqui! - a encarou. - Tentaram me matar nessas férias, e tenho quase certeza que ele está no meio disso!

- Isso é uma prova?

- O que eu digo é! A minha palavra é uma prova, que pelo menos antes você acreditava! - tentou se controlar.

- Não até antes de eu mesma ver - Gina desviou o olhar.

Hermione arregalou ligeiramente os olhos, incrédula. Suspirou, numa tentativa de se acalmar.

- Eu não quero discutir com você, só quero que--.

- Então, pronto! Não me venha com essa história novamente - virou-se para Hermione, irritada.

- Eu só estou tentando colocar na sua cabeça que ele não é o garoto certo para você! Ele é um seguidor de Voldemort, entenda isso! Querendo você acreditar ou não, ele é! - respirou fundo. A ruiva se calou por um tempo. - Eu nunca trocaria um garoto daquele por uma amiga como você - mudou o tom de voz -, e achei que você achasse o mesmo em relação a mim. Acho que estava enganada - pausou, o silencio tomando conta do quarto. - Antes você era menos ingênua - comentou por fim, não acreditando que aquela era mesmo Gina Weasley.

Gina apenas olhou-a, como se analisasse novamente o que a morena havia dito. Estava apaixonada pelo garoto, querendo ou não Hermione precisaria aceitar aquilo! Mas sempre que conversavam sobre Draco, Hermione falava mal dele, de um jeito ou de outro. E ela não estava mais agüentando aquilo. Apenas se virou, sem dizer palavra alguma e saiu, fechando a porta sem que fizesse barulho. Não havia ficado irritada. Foi como se as palavras de Hermione tivessem feito ela repensar o caso, fazendo-a perceber o verdadeiro significado daquilo.

Hermione desabou na cama e jogou o livro longe.

- Eu desisto.

Harry saiu do Salão Principal, Gina descia as escadas.

- Hei! - ela não virou. Passou por ele, voltando ao Salão. - Cadê a Hermione? - ela apenas ergueu a mão ao ar, apontando para cima. - Ajudou bastante - completou revirando os olhos.

Talvez ela estivesse no Dormitório, pensou. Seguiu ate lá.

O loiro ergueu a vista ao vê-la entrando. Bateu o olhar em Rony e Luna, que pareciam dois pombinhos apaixonados, e voltou-se para ela. Gina cutucou Luna e falou algo. A cara de Rony demonstrou que ele não gostou da irmã, segundos depois, ter tirado Luna dali. E Malfoy novamente acompanhou com o olhar ela saindo, a idéia se fazendo em sua cabeça.

Disse a senha para Mulher Gorda e entrou. Deu uma olhada rápida nos estudantes mais novos e procurou algum sextanista... Alguma garota, especificamente.

- Harry!

Virou os calcanhares, vendo logo em seguida Érick ir à direção dele. Sorriu. Sempre era bom ver o amigo, já que ele passava o tempo todo sorrindo.

- E aí, cara, como foi o Natal? - perguntou e bagunçou o cabelo do menor, como usualmente fazia.

- Fui para a Austrália. Foi ótimo!

- Muitos presentes?

- É - começou vagamente. - Roupas, cartões... Mas ganhei uma vassoura! - concluiu excitado.

- Que ótimo! Qual?

- Nimbus 2000 - os olhos do pequeno brilharam.

Harry soltou uma exclamação surpresa e empolgada ao mesmo tempo.

- E você já sabe voar?

- Claro que sim! - disse como se fosse óbvio. - Tudo bem, não do mesmo jeito que você voa, mas eu já consigo me equilibrar em cima de uma vassoura tranqüilamente - ele deu de ombros.

- É um bom começo - comentou -, já que nem Hermione consegue voar - continuou num tom engraçado.

- Falando de mim? - fingiu perplexidade.

A mão de Érick foi instantaneamente em direção à boca, como se tivesse acabado de fazer algo errado. A voz vinha das costas de Harry, então o maior não conseguia ver. Virou-se, num giro de calcanhar, sorrindo.

- Estava te procurando - ela continuava o encarando séria. - Ah, eu não estava falando algo ruim! - tentou convencê-la, achando que ela estava realmente chateada.

Hermione riu. Segurou o rosto dele e depositou um beijo logo em seguida.

- Eu sei, bobão.

Ficou ao lado de Harry, enquanto ele se virava, e abriu os braços na direção de Érick, levemente abaixada. O garotinho foi até ela e a abraçou. Harry olhou torto.

- Como foi de Natal?

- Ganhei muitos presentes. Incluindo uma vassoura - sempre que contava a alguém, o brilho nos olhos era o mesmo, como se tivesse esperando aquilo por tempos.

- Que coisa boa. Tenho certeza que você vai fazer sucesso tanto quanto o Harry faz.

- Tomara - ele havia gostado da idéia.

- Hei, Érick! - uma garota, primeiranista talvez, o chamou. Estava com outros amigos.

- Já vou, pessoal - e deixou o casal sozinho.

- Eu gostei do elogio - comentou, puxando-a para fora do Salão cheio. Ela sorriu. - Só não gostei dessa sua intimidade com ele.

Hermione riu, revirando os olhos.

- Então, disse que estava me procurando - mudou de assunto.

- Eu e o Malfoy tivemos uma conversa - ele usou um tom diferente para dar ênfase à ultima palavra.

- Não acredito. Harry, você disse que não ia fazer isso! - ela parou de andar, frustrada.

- Não, não foi sobre a Marca Negra, nem coisas do tipo. – Disse Harry intorrompendo-a

Ela suspirou, ligeiramente aliviada.

- E sobre o que foi, então?

- Não foi nada demais, apenas pedi para ele se afastar de você - ela ergueu a sobrancelha. Não precisava que Harry ficasse protegendo-a direto. - E eu quero que você tome cuidado com ele, e com o que você vai fazer para que saibam da Marca Negra. Ele é perigoso, Hermione.

- Harry, eu sei muito bem lidar com o Malfoy - começou calma. - Ele não é o tipo de garoto que me dá medo. Sério, não se preocupe tanto comigo, ok?

- Eu não sei o que eu faria se eu te perdesse - comentou vagamente.

A mente dela parou de funcionar por alguns segundos. Os pés já a guiavam por conta própria. Harry não percebeu o silencio, então continuou a caminhar. E quando ela se recompôs, a única coisa em que pensou foi na poção.

Daria certo, ela estava sentindo aquilo. Se não desse, bem... Essa era outra história, da qual ela não queria pensar a respeito.

- Você não vai me perder - foi o que conseguiu dizer, forçando um sorriso quando Harry a olhou.

- O que foi, Gina?

- O que você sabe sobre o Malfoy?

Ela parou de andar, fazendo Luna também parar.

- Não tenho contato algum com ele.

- Mas, pelo o que você observou, como ele age, como ele se comporta – insistiu.

- Ah, não que eu tenha observado, mas ele é bem arrogante.

Gina prestou atenção. Por que simplesmente não colocava na cabeça que Malfoy não prestava e pronto? Assunto encerrado! Mesmo Hermione tendo falado todas aquelas coisas, ela ainda precisava saber dos outros. Suspirou, como se aquela fosse a última alternativa - acreditar nelas.

- Ok, Luna, agradeço, era só isso – ela sorriu. – Pode voltar para o Rony – e saiu, na direção oposta.

- É, Gina, você é estranha.


Claro. Escuro. Novamente a floresta. Árvores, arbustos. Começou a correr, como uma câmera rápida que se movimentava pelo local. Branco. O horário começou a se aproximar, 18:00, em vermelho. Hermione apareceu, seguindo uma seqüência de expressões: sorria, depois ficava triste e depois já se encontrava em desespero. Uma espada apareceu num flash, como num filme de terror. Um zumbido ecoou e tudo ficou branco novamente.

A mão de Harry foi instantaneamente de encontro a sua testa quando ele abriu os olhos, já sentado. Ardia, queimava, parecia que ia explodir a qualquer momento. Fechou os olhos com força, enquanto pressionava a região da cicatriz. Melhorava um pouco a cada segundo. Tirou a mão de lá, abrindo os olhos, ainda agüentando um pouco a dor. Olhou para o relógio, 08:10. Provavelmente o resto do pessoal acordaria tarde, já que era um sábado frio. Trocou de roupa, ainda fazendo careta devido à dor de cabeça que estava começando. Saiu do quarto, indo para o Salão Comunal. Queria encontrar silêncio e paz, mas havia gente ali que insistia em conversar alto.

Ele se soltou numa das poltronas e fechou os olhos, deixando a cabeça levantada. Respirou fundo, tentando ignorar a dor de cabeça misturada com o barulho que lhe perturbava. Pensou no sonho. Pensou em Hermione. Se dissesse que sabia do que aquilo se tratava, estaria mentindo. Se dissesse que sabia o que fazer, também estaria mentindo. Tudo bem era apenas um sonho. Igual aos sonhos anteriores... Que sempre me levaram para um lugar ou uma enrascada, concluiu assustando-se um pouco. “Mas pode ser diferente, agora”, pensou. Riu, irônico com si mesmo, ao pensar que aquilo poderia não ser nada. Estava preocupado. Preocupado com Hermione, que havia aparecido naquela loucura de repente. Primeiro por causa daquela marca que tinha no braço dela, depois a maneira que aparecia no sonho.
Uma pontada da dor de cabeça o atingiu, e ele desistiu de pensar sobre aquilo. Pensava apenas em ir à Ala Hospitalar tomar um remédio, mesmo que fosse um dos amargos que ele odiava.

Alguém levantou seu braço esquerdo, tirando-o do braço da poltrona, e se sentou, apoiando o braço dele, provavelmente – ele pensou -, na perna do indivíduo. Ele sorriu, já imaginando quem era. Abriu um pouco o olho para ter certeza.

- Gina? – abriu os olhos completamente, surpreso.

- Bom dia, Harry – ignorou a surpresa dele.

- Ah, bom dia – ele fechou os olhos novamente, suspirando em frustração quando outra pontada fina e incômoda atingiu sua cabeça.

- Achou que fosse Hermione?

Ele apenas balançou um pouco a cabeça, ainda de olhos fechados.

- Quer falar alguma coisa comigo?

- Não – pausou, pensando melhor. – Não, na verdade, sim!

- Vá em frente.

- Bom, é, ah, sobre o Dra... – limpou a garganta. -... Malfoy – ele abriu os olhos e ergueu a cabeça lentamente, já que ela estava mais alta e qualquer movimento brusco fazia sua cabeça doer mais.

- Ele não é uma boa pessoa para você se relacionar, é sério. Falo como amigo.

- Não necessariamente ‘me relacionar’ – desabafou. – Mas, sei lá, me aproximar dele, ter uma conversa, ao menos.

- Ele não é desse tipo. Você precisa ter fama, dinheiro e sangue-puro.

- Eu só tenho o sangue-puro – suspirou. – Minha mãe já conversou comigo sobre a situação financeira lá de casa, sabe? – ele confirmou lentamente com a cabeça. – E eu já consegui pegar essa história de sangue-ruim, sangue-puro, trouxas e bruxos.

Fechou novamente os olhos, deixando a cabeça cair para trás.

- Só conseguirá se aproximar dele se descobrir o tipo de garota que ele gosta – explicou.

Hermione desceu as escadas, indo para o Salão. Logo que levantou o rosto, bateu o olhar neles. Harry sentado, de olhos fechados, com o braço esquerdo apoiado na coxa de Gina, que estava sentada no braço da poltrona, com seu cotovelo apoiado no encosto da mesma, logo acima da cabeça de Harry. Era uma cena que não se via todos os dias.

Ela caminhou, passando por eles e dizendo um ‘Bom dia’. Gina murmurou de volta, baixo, e Harry abriu os olhos, virando a cabeça.

- Bom dia, Mi – falou, como se quisesse que ela voltasse.

Hermione passou pelo Retrato do Buraco sem se virar.

Harry revirou os olhos, suspirando. Já conhecia aquele comportamento. Percebeu seu braço em cima da perna de Gina e o retirou, corado.

- Ah, desculpe por isso – ele levantou, meio constrangido.

- Ah, não se preocupe – sorriu. Afinal, ela que havia colocado o braço dele ali.

- Vou falar com Hermione – disse, massageando discretamente as têmporas.

Deu uma corridinha e saiu do Salão Comunal.

Gina escorregou para a poltrona. Aquilo ia ser difícil.

Harry encontrou Hermione um pouco à frente, indo descer as escadas. A abraçou por trás, antes que ela descesse.

- Não falou comigo direto, por que? – ele beijou o pescoço cheiroso da garota, tentando ignorar a cabeça que latejava um pouco.

- Te dei ‘Bom dia’, não dei?

- Um ‘Bom dia’ muito rápido, e não me deu nem um beijo – a virou.

Ela não carregava aquele sorriso lindo que todas as manhãs carregava. Seria normal para qualquer pessoa, estar séria pela manhã, menos para Hermione.

- Tudo bem, o que foi agora? – ele a soltou, ficando sério, e cruzou os braços.

- Nada, só estou com um pouco de pressa – deu de ombros e se virou para andar.

Harry a virou pelo braço, revirando os olhos.

- Por favor, de novo não! Eu não quero brigar com você, eu não quero que você fique com essa cara quando me olhar.

- Eu não estou brigando com você – ela ergueu a sobrancelha. – Estou calma. Eu disse, só estou com um pouco de pressa.

- E o beijo que você me dá todas as manhãs? A ‘pressa’ vai tirar isso?

Ela deu um passo a frente, dando um beijo nele.

- Pronto?

- Não – ela revirou os olhos. – E, outra, você vai fazer o quê a essa hora da manhã pra estar com pressa?

- Tomar café é uma boa alternativa. Eu estou morrendo de fome.

- Você não era acostumada a mentir desse jeito.

- Ok, Harry, quer saber o motivo de eu não ter dado ‘Bom dia’ para você direito, não é? – irritou-se. Ele esperou ela acabar. – Apenas porque você estava muito bem conversando com Gina, e eu não queria atrapalhar – disse antes que ele a interrompesse.

- Ah, pronto! Estava conversando com Gina, sim, é motivo para ficar com raiva? – manteve a calma.

- Apenas quando a conversa é íntima a ponto de você colocar a mão na coxa dela! – disse casualmente. Virou-se e desceu as escadas.

- Ah, não, não e não! – ele desceu também. Pararam no final dela, para que a outra escada chegasse até eles. – Meu braço estava apoiado na perna dela, é diferente.

- Ah, claro – rebateu irônica, virando-se para ele. – Vou sentar no braço da poltrona que Rony está, quase caindo em cima dele, e deixar ele colocar a mão na minha perna. Depois estaremos quites, Harry.

Harry soltou um murmúrio de dor, levando as mãos a cabeça, mas Hermione ignorou.

- Você não está entendendo – tentou falar, agora mais baixo.

Ela seguiu, descendo o resto das escadas. Harry foi atrás, fazendo caretas.

Adentraram no barulhento Salão Principal. Ele a virou.

- Eu desci, assim que acordei, para o Salão Comunal. Sentei na poltrona e fechei os olhos. Logo depois, Gina levantou meu braço, sentou-se lá, e apoiou meu braço na perna dela. Abri os olhos, achando era você, mas, infelizmente, não era. Ela veio conversar comigo sobre Draco Malfoy, e eu não tinha me tocado que meu braço estava lá. Depois que eu me toquei disso, pedi desculpas e saí. Você não viu, claro, porque saiu e me ignorou – explicou.

- Eu não pedi para que me explicasse o que aconteceu. Apenas não gostei do que eu vi – também se explicou.

Dessa vez ele quase gritou de dor. Algumas pessoas próximas conseguiram escutar e se viraram para ver o que havia ocorrido. Se antes Hermione tinha se virado, agora ela já havia virado de volta e dado um passo na direção dele. O primeiro sinal de dor não a havia preocupado, mas agora ela queria saber do que se tratava.

Harry fechou os olhos com força e abaixou a cabeça, levando as mãos às laterais da mesma, e apertou com força. Hermione segurou as mãos dele, e tentou levantar seu rosto, mas ele não deixou.

- O que você tem? – perguntou preocupada.

- Nada.

- Ah, claro, você ta quase morrendo aí e não é nada.

- Você está mais irônica que o Malfoy e também disse que não era nada – rebateu, ainda na mesma situação.

- Sério, Harry, o que é? – o tom dela era de pura preocupação.

Ele respirou fundo, abrindo os olhos, e levantou um pouco o rosto. Hermione estava a menos de um palmo de distância.

- Só se você me desculpar pelo o que você me acusa de ter feito hoje. Eu não queria pegar na perna da Gina, eu juro. Eu estava morrendo de dor de cabeça, com o olho fechado e não tinha--.

Ela selou seus lábios. Talvez fosse o único jeito de fazê-lo parar.

- Eu desculpo você – ela sorriu. – Acredito que você não quis fazer isso.

- Ainda bem – ele respirou fundo, relaxando. – Não queria uma coisa a mais para me preocupar.

Ela tirou as mãos dele de lá. Depositou a parte mais macia da palma da mão, perto do pulso, nas têmporas dele e começou a fazer movimentos circulatórios. Harry fechou os olhos, sentindo a mão dela amenizar um pouco a dor de cabeça.

- Como assim, uma coisa a mais para se preocupar?

- Depois eu explico.

- Diminuiu um pouco a dor? – perguntou, vendo ele relaxar.

- O suficiente.

- É apenas temporário – concluiu, retirando as mãos e vendo ele abrir os olhos novamente. – Quer ir logo tomar um remédio? Não faço questão de comer agora.

Ele pensou um pouco. O Salão não estava cheio como de costume, então seria mais tranqüilo comer naquela hora.

- Depois eu tomo.

- Harry...

- Dá pra agüentar.

- Tudo bem – Hermione se virou, conduzindo-o pela mão até a mesa, e se sentaram lado a lado.

Uma mulher, de cabelo castanho claro e olhos extremamente, verdes entrou no Salão Principal, atraindo alguns olhares. Dirigiu-se até a mesa da Grifinória, como se fosse uma aluna, e sentou-se ao lado de Hermione, que teve um susto.

- Bom dia, briguentos.

Hermione sorriu, revirando os olhos, e Harry apenas virou a cabeça para olhá-la.

- Bom dia, Kris – a garota cumprimentou-a.

- Mau dia – Harry disse num tom cansado.

- Ah, aqui está seu remédio. Você vai gostar, tem gosto de chiclete.

- Como sabe que eu preciso de remédio? – Harry perguntou, confuso, recebendo o frasquinho.

- Sei que você está com uma terrível dor de cabeça do mesmo jeito que eu sei que vocês brigaram. O remédio é tiro e queda. Sempre tenho um dentro da bolsa.

- Obrigado – ele destampou e virou num gole só.

- Ah, e outra. Vocês brigam a toda hora, que coisa! Nunca vi, Merlin! Quero ver a hora que vocês brigarem pra valer e o Harry não quiser mais voltar para você, Hermione – disse para ela. – Olha o desperdício! – concluiu como se fosse algo absurdo.

A garota abriu a boca, incrédula e divertida devido o tom de Kris. Harry apenas sorriu, ligeiramente constrangido.

- Kris! – a repreendeu.

- Ele só não é meu namorado, porque já é seu.

- Eu só tenho 16 anos – disse, envergonhado.

- Não tem problema--

- Kris, você já tem namorado – a olhou com reprovação.

- É só brincadeira, Hermione – sorriu. – Então, Harry, já está melhorando?

- Definitivamente.

- Eu vou comer – revirou os olhos, decidida a ignorar o sarcasmo da amiga.

- Então, o que veio fazer aqui? – Harry perguntou ao acabar de comer a torrada.

Hermione se virou para Kris e ela apenas deu de ombros, como se não fosse nenhum pecado dizer para Harry o real motivo da visita.

- Vim conhecer o meu pai.

Ele se engasgou com o suco.

- Conhecer seu pai?

- Exatamente.

- E – ele limpou a garganta -, quem é seu pai?

Hermione respirou fundo, a história seria longa.

Kris contou alguns detalhes mais básicos sobre a história

- Então – Kris continuou após alguns minutos de história –, Hermione me obrigou a conhecê-lo.

- Concordo com Hermione – Harry disse, ligeiramente pensativo.

A garota se virou para Kris e estirou a língua, demonstrando que ela não era a única a pensar daquela maneira.

- Não que eu tivesse medo de conhecê-lo, eu tinha receio, e ainda tenho.

- Sinceramente, eu não consigo imaginar ele tendo uma filha... Me desculpe, Hermione... Bonita do jeito que você é, Kris – o tom dele soou divertido.
Hermione se virou para ele, com o olhar reprovador. Kris sorriu, corando levemente.

- Puxei a minha mãe. Ela era linda.

- Eu pedi desculpa... Era? – virou-se para Kris.

- Sim, me viro sozinha desde que eu tinha a idade de vocês. Eu sou quase um Harry Potter versão feminina.

Eles riram.

- Bom, eu posso até ter um pai, mas ele não me conhece, então não conta. Tenho os olhos iguais aos seus. Eu sou 'especial', também. E tenho uma marca de nascença – contou nos dedos.

- Você também tem sorte no amor e uma namorada perfeita? – Harry perguntou, surpreendendo as duas. Olhou para Hermione.

- Sim, eu tenho um namorado ótimo – ela sorriu, ao observar a cara de Hermione quando se virou para Harry.

A garota não tinha palavras. Simplesmente não sabia o que responder. Talvez aquilo fosse apenas uma pergunta, mas a interpretação dela foi além daquilo. Nem mesmo um ‘Eu te amo’ faria o efeito necessário para mostrar que ela se sentia a garota mais sortuda do mundo. Ela sorriu, ainda encarando Harry, os olhos brilhando levemente.

- Ok, estou saindo – a mulher percebeu o clima da situação. – Encontro você no Saguão, Hermione.

- Tá – ela sussurrou, mas a mulher já havia saído dali.

Harry passou uma perna para o outro lado, para encará-la de frente. A expressão ligeiramente divertida devido à cara de Hermione.

- Você ta com cara de boba olhando pra mim desse jeito.

- Eu te amo, Harry – ignorou o comentário dele e o abraçou, demonstrando o carinho que sentia por ele naquele momento. Aquelas três palavras não demonstraram, realmente, tudo o que ela sentia, mas na falta do que dizer, aquilo já servia.

- Eu também, Mi – ele beijou o topo da cabeça dela. – É melhor ir com Kris, ela está te esperando.

- Ok – ela se levantou. Ia sair se Harry não a tivesse chamado.

Virou-se e esperou. Harry foi até ela e a beijou. Hermione pôde escutar com certeza algumas garotas suspirando devido a cena.

- Agora você pode ir.

Hermione apressou o passo para sair do Salão e encontrou Kris ao lado da escada, esperando-a.

- Vamos? – a mulher balançou a cabeça, nervosamente. – Relaxe, Kris, vai dar tudo certo.

- Tomara.

Elas subiram. Kris mexia as mãos impacientemente. Alguns alunos já começavam a descer para tomar café. Hermione viu Malfoy descer, nariz empinado e de modo elegante, e, logo em seguida, viu Gina passar. Revirou os olhos, ela não aprenderia nunca.

Harry acabou de tomar café. Hermione não estava por perto, Rony provavelmente ainda não tinha acordado e não tinha ninguém interessante por ali para conversar. Virou-se novamente para a mesa, vendo, antes, Malfoy entrar com os dois guarda-costas idiotas que ele carregava. Segundos depois Gina sentou-se ao seu lado.

- Falou com Hermione?

- Falei. Ela tava com pressa para encontrar uma amiga, por isso não parou.

- Ah – Gina sabia o real motivo dela não ter parado.

- Malfoy acabou de entrar.

- É, eu vi.

- Vai tentar falar com ele? – Gina não olhava para Harry. Estava ligeiramente virada, com se tentasse olhar Draco.

- Não, ele está com aquele dois amigos dele. Acho que não seria legal levar um fora na frente deles.

Harry sorriu.

- Então, está realmente decidida a conquistar o coração do Malfoy?

Gina corou.

- Talvez.

- Acho que vai precisar de um ‘Boa sorte’.

- É – comentou vagamente, virando-se para a mesa.

- Me mantenha informado, então. Quero saber quando conseguir – sorriu para Gina, enquanto se levantava, e deu duas tapinhas de leve nas costas dela.

Gina sorriu com a última frase de Harry. Observou ele saindo. Ele não havia dito se ela conseguisse, ele havia dito para avisá-lo quando ela conseguisse. O que significava que ele conhecia Gina o bastante para saber que ela não desistiria fácil e que ela conseguiria fazer aquilo.

Hermione e Kris estavam paradas diante de uma porta.

- Kris, pelo amor de Deus.

Ela se virou para sair, mas a garota a puxou de volta.

- Eu prefiro do jeito que está – ela sussurrou para que, quem quer que estivesse do outro lado da porta, não escutasse.

- Não! Você vai entrar e vai falar com ele – assumiu o mesmo tom de mandona que ela falava com Harry e Rony.

- Mas eu estou nervosa!

A garota revirou os olhos. Nunca havia visto alguém tão medroso, tirando Rony, como Kris. Fechou a mão e bateu na porta três vezes. Nada. Hermione estranhou. Bateu novamente, agora um pouco mais forte.

- Professor?

- Hermione...

- Shh!

Escutou o usual ‘Entre’ dele. Abriu a porta, entrando, e Kris a seguiu. Ela parecia tremer.

- Ah, olá, Srta. Granger – ele devolveu uma espada para dentro de uma proteção de vidro, ao lado da lareira, e virou-se para elas. Sorriu para Hermione e parou o olhar na mulher ao lado dela. Algo o chamou atenção. Os olhos dela. Além de serem iguais aos de Harry, eram iguais aos de outra pessoa que ele conheceu.

- Professor, está é Kristin Crawford Slimpper – parou um pouco antes de continuar -... Dumbledore – concluiu, percebendo que a mulher se assustou um pouco por Hermione lembrar o nome dela completo.

- Olá, pai – ela disse nervosa.

Dumbledore deu alguns passos na direção dela, como se não acreditasse. Os olhos ligeiramente arregalados. A frase refez-se em sua cabeça. Uma risada incrédula escapou dos lábios dele.

- Isso é algum tipo de brincadeira? – perguntou no seu tom calmo.

- Não, professor, não é – Hermione respondeu, séria.

Kris meneou a cabeça, ele nunca acreditaria e aquilo não daria certo, como ela havia previsto.

Dumbledore voltou-se para a mulher, encarando-a firme, como se lesse seus pensamentos, algo que certamente fazia. Kris mantinha a cabeça baixa, como se não quisesse encará-lo.

- Não é possível eu ter uma filha – ele assumiu em leve tom nervoso.

- Mas tem – disse Kris calma, ergueu o olhar e o encarou. – Helen Crawford Slimpper, minha mãe.

- Ah, sim, ela era muito parecida com você. Mas eu não tive--

- Ah, você teve relações sexuais, sim, com ela, caso contrário eu não teria nascido – disse com um que de sarcasmo. Deu de ombros, como se não se importasse com o resmungo reprovador de Hermione. – Tenho seu sobrenome e sou legilimente. Ela não tinha esse dom, como você sabe. Mais alguma prova?

- Não acha que estou bem velhinho para isso? – ele perguntou num sorriso divertido.

- Para ter uma filha? Não, apesar dos meus 23 anos. E, além do mais, nunca é tarde para viver – ela sorriu, como uma resposta bem convincente.

Hermione abaixou a cabeça, segurando uma risada.

- Típico da mãe – Dumbledore comentou.

Conjurou uma cadeira e se sentou. Mais duas apareceram logo em seguida, e as garotas se sentaram.

- Então, tenho uma filha de 23 anos, isso?

- Exatamente.

- E por que a demora em me procurar?

- Porque eu não tenho mais uma mãe e eu vou me casar... Pretendo, pelo menos. E Fred quer pedir minha mão para o meu pai, no caso o senhor.

- Fred?

- Professor de Educação Física daqui.

- Ele nunca me falou sobre você – comentou desconfiado.

- Pedi para que não contasse. Não queria que o senhor soubesse que tinha uma filha... Não por ele – deu de ombros.

- Adoraria ser um bom pai – sorriu, depois de um silêncio nervoso no recinto. Era o pai dela, ela tinha provas. – Por que não aparece por aqui mais algumas vezes? Podemos conversar, colocar as coisas em dia – ele se levantou.

- É só isso? – Kris se levantou, confusa.

- Sim, é só isso – ele sorriu.

A mulher parecia ligeiramente confusa, talvez por ter imaginado coisa bem mais complicada que aquilo.

- Tudo bem. Virei mais vezes – ela esboçou um leve e rápido sorriso, e se dirigiu à porta.

- Kris? – a mulher se virou, Hermione olhou. – Posso dar um abraço na minha filha?

Ela foi até o professor, sorrindo, e o abraçou. Hermione retirou o olhar. Se visse poderia começar a chorar.

- Srta. Granger, poderia avisar ao Harry que ele voltará a ter aulas de Oclumência comigo? Diga que pode vir a qualquer dia.

- Tudo bem, professor.

- Tchau, pai – ela acenou antes de passar pela porta, fechando-a logo em seguida.

Dumbledore se dirigiu calmamente até a penseira. Parou em frente a ela, pensativo, observando-a. Então retirou a varinha do bolso e tocou a ponta da mesma em seu cabelo. Uma espécie de fluído prateado formou-se e Dumbledore removeu a varinha lentamente, formando um fio de prata que ficou suspenso, preso entre o cabelo e a ponta da varinha. Habilmente, Dumbledore depositou o fluido na penseira. O fluido misturou-se ao resto do conteúdo da penseira, que rodopiou por alguns instantes, antes de parar e voltar a ser um líquido condensado de prata brilhante.

- Você não devia ter falado aquilo – Hermione disse, apreensiva.

- Ah, Hermione, por Merlin!

- O que achou dele, afinal de contas? - perguntou, saindo pela Gárgula.

- Calmo. E por um momento achei que ele não ia aceitar isso.

- Eu também – deu uma pausa. – Então, vai embora agora?

- Sim, preciso trabalhar e continuar com a sua poção – Hermione percebeu que ela não estava muito feliz em fazê-la.

Andaram por alguns corredores.

- Diga ao Harry que foi bom revê-lo.

- Ok, eu direi – se abraçaram. – Volte mais vezes.

- Voltarei.

E cada uma tomou seu rumo. Kris seguiu para os portões do colégio e Hermione foi para a biblioteca. Ela precisava estudar.


O tempo em Hogwarts estava frio. A neve havia deixado o tempo ligeiramente gelado, principalmente à noite. As luzes acendiam em sinal de que estava escurecendo. O movimento começava a se intensificar à medida que os alunos começavam a sentir fome.

A noite caiu por completo, fazendo Hermione sair da biblioteca. Precisa de um banho e a fome começava a bater. Não encontrou com Harry ao passar pelo Salão Comunal, apenas Rony que estava saindo, provavelmente para ir jantar. Tomou um banho quente bem rápido, colocou uma roupa mais quente, pegou um casaco e desceu.

Harry não apareceu pelo caminho, muito menos durante o jantar. Hermione ficou conversando com Luna que ainda se encontrava lá, minutos antes com Rony. Perguntou ao amigo se havia visto Harry, mas ele respondeu que não. Hermione estranhou. Levantou-se assim que acabou de jantar. A imagem de Harry e Gina naquela manhã a fez ficar apreensiva. Não, Harry não poderia estar com ela, eles não tinham absolutamente nada, eram apenas bons amigos. Éramos bons amigos antes de começarmos a namorar, pensou consigo mesma. Não, Harry me ama, confio nele. Voltou ao Salão Comunal. Pegou alguns livros, e atividades que precisam ser feitas para a segunda, e ficou na mesa do Salão, acabando de fazê-las.

Harry passou pelo Saguão no mesmo momento que Gina estava saindo do Salão Principal. Ela o chamou, um pouco mais atrás, e Harry parou, sorrindo como cumprimento ao vê-la.

- Eu vou indo, Harry – Érick disse e subiu as escadas.

- Até mais.

- Não vai jantar? – Gina perguntou, o acompanhando.

- Vou tomar um banho, depois janto – continuarem a subir as escadas. Pararam para esperar outra escada chegar.

- Ainda não me acostumei com elas – comentou, olhando para cima, vendo-a se aproximar.

- As escadas? – perguntou sorrindo. – Quase me deram tombos terríveis, pode acreditar.

Gina riu com o tom dele, continuando a subir quando uma delas se aproximou. Harry a acompanhou.

Continuaram o caminho em silêncio. Harry se despediu e subiu as escadas do dormitório masculino, ao perceber que Hermione não havia chegado ao Salão Comunal ainda.

Gina desistiu de procurar aquele loiro perfeito, de acordo com ela, pelos corredores de Hogwarts. A escola era incrivelmente grande e ela já estava, sinceramente, cansada de andar naquela noite. Subiu – mais uma vez – as escadas gigantes. Tentaria dormir.

Viu Hermione sentada, com alguns pergaminhos em cima, ligeiramente concentrada no que quer que fazia. Pensou um pouco.

- Hermione? – a garota se virou, olhando um pouco para o alto, e esperou ela continuar. – É... Que... Eu queria pedir desculpa por ter falado aquelas coisas. Eu pensei sobre o assunto e você estava certa. Só que, assim, eu gosto bastante dele e não pretendo deixar isso do jeito que está, por isso preciso da minha melhor amiga para me dar conselhos – ela levantou um pouco o canto do lábio, como num sorriso fraco.

- Tudo bem, Gina – Hermione sorriu, se levantando, e a abraçou. – Eu desculpo você.

- Brigada. Ah, agora eu estou indo dormir. Boa noite – disse, ligeiramente apressada.

- Boa noite.

Hermione se virou, numa intenção de se sentar, mas encontrou um Harry sorridente e de cabelo molhado a poucos centímetros de si. Agora ela sabia o motivo de Gina ter saído tão depressa.

- Onde estava, Harry? – ela colocou as mãos na cintura.

- Tomando banho – disse, como se fosse óbvio.

Ela ergueu a sobrancelha, desconfiada.

- Fiquei aqui por um bom tempo e você não passou.

- Quando cheguei você não estava aqui – aproximou-se mais dela, tirando a distância de seus lábios.

- Rony disse que não lhe viu à tarde. Onde estava antes? – perguntou quando se separaram.

- Ah, com Érick, andando por aí e conversando – deu de ombros. – Não posso mais me afastar de você por uma tarde que já acha que fui agarrar garotas sexy e ruivas por aí.

Hermione o olhou com reprovação diante da provocação dele. Virou-se, numa intenção de pegar seus livros, mas Harry a abraçou.

- Não teve graça.

- Eu sei que você está morrendo de ciúmes da Gina, está escrito na sua testa! Mas ela não chega nem aos seus pés, pode ter certeza disso, amor – ela sorriu ao escutar a última palavra. Um sorriso besta, como se estivesse impressionada com a atitude dele.

- Agora você me convenceu – disse, virando-se para ele.

- Finalmente – agradeceu.

- Agora – ela soltou-se dos braços dele quando ele ia beijá-la novamente e se virou para a mesa. Juntou os livros e os pergaminhos -, preciso guardar isso.

Harry a acompanhou até a escada do dormitório feminino.

- Depois vamos dar uma voltinha na Torre de Astronomia – Harry avisou, num sussurro, perto do seu ouvido.

Hermione apenas sorriu, enquanto um arrepio lhe subia pela coluna vertebral.
Jogou os livros na cama e sentou-se na mesma. Tirou o pequeno e discreto curativo que estava por cima das iniciais “HP” no seu braço esquerdo. Abriu a gaveta do criado-mudo e tirou o mesmo frasquinho de sempre de lá. Abriu-o e jogou em cima da corte. Não ardia mais, não doía mais. A dor que era para sentir já havia sentido por completo. Viu as letras se abrirem mais, como se tivesse sido cortadas a bem menos tempo. Sorriu. Agora só faltava a poção de Kris, e mais uma etapa estaria concluída. Cobriu o ferimento novamente e desceu.

Gina virou de um lado para o outro na cama, talvez pela décima vez. Sentou-se num impulso, frustrada. Não estava com um pingo de sono. Queria mesmo era andar por aí, sentir o vento bater no rosto, encarar a lua cheia. Trocou de roupa e desceu. Viu Harry sentado na poltrona e acenou.

- Aonde vai? – ele estranhou.

- Passear, dar uma volta – deu de ombros.

- Sei...

Ela apenas ergueu as sobrancelhas, os ombros ligeiramente encolhidos, como se confirmasse a suspeita dele. Harry revirou os olhos, meneando a cabeça, e virou-se para a fogueira novamente, enquanto Gina saía dali rapidinho.

Ainda passou por alguns alunos mais velhos que, provavelmente, estariam voltando para seus Salões. Pensou por um momento. Sabia onde era o Salão Comunal da Sonserina, havia seguido Draco há alguns dias. Seria moleza chegar lá e procurar o loiro pelos corredores. Talvez. A idéia lhe passou como um pequeno filme: primeiro a tentativa de falar com ele, segundos depois, virando uma tentativa frustrada ao visualizar o garoto gritando um “Cai fora!”. Revirou os olhos, suspirando. Virou a esquerda no corredor. Ela ia tentar.

Hermione beijou o pescoço de Harry, fazendo-o pular da cadeira. Isso arrancou uma risada dela.

- Medroso – comentou, revirando os olhos, enquanto seguia em direção ao buraco de Retrato.

Parou ao perceber que Harry não a seguia.

- Medroso? – perguntou, fingindo incredulidade. Hermione se virou e apenas deu de ombros, como se não tivesse mais nada para responder. Harry foi até ela. – Você vai ver quem é medroso – concluiu numa voz maliciosa.

Gina desceu as escadas de mármore. Algumas poucas pessoas ainda saíam do Salão Principal. Tirou o olhar sobre a imensa porta e observou, bem ali perto, o caminho que dava para as Masmorras. Respirou fundo, dando passos silenciosos e curtos até lá. Parou de andar, já em um corredor, segundos depois, ao perceber passos mais fortes vindo na direção dela. Engoliu em seco, se virando. Estava escuro e ela só teve certeza que era ele porque seu coração atingiu um ritmo descompassado, incrivelmente rápido. A boca secou imediatamente, o frio na barriga voltou e suas pernas tremeram.

- Oi – ela falou imediatamente, visivelmente nervosa.

- Olá, Weasley – disse no tom seco usual.

Ela ficou ligeiramente confusa. Não por causa do tom seco, mas por causa das palavras pronunciadas. Deduziu que ele não estava perfeitamente normal, já que, se estivesse, a teria tratado como um lixo.

- Eu me perdi, já estou saindo – ela falou, nervosa, ao perceber a expressão dele. Talvez ele se perguntasse o que ela estaria fazendo ali. Gina passou por ele, mesmo querendo ficar e puxar assunto. Ela se virou num impulso, a boca já aberta para falar algo, mas fechou-a quando viu a expressão do garoto. Sorriu falsamente, saindo de lá. Do mesmo jeito que o garoto fazia seu coração bater mais forte, fazia ela se assustar.

- Hei! – a voz era do Rony e vinha detrás dela. Gina se virou, antes de conseguir subir as escadas. – O que está fazendo aqui a essa hora?

- Me perdi – deu a mesma desculpa que havia dado a Malfoy. – Algumas passagens secretas estranhas – ela deu de ombros.

- Se perdeu, é? – Luna perguntou, divertida.

- É, você sabe, não tenho como recuperar a memória para saber todos os lugares desse castelo enorme.

- Ah, sei – Rony não pareceu engolir aquilo.

- É, sério, irmãozinho – Luna abafou uma risada devido o tom da ruiva.

- Ah, Rony, deixa ela – Luna disse para o ruivo e se virou para amiga. – Ah, Gina, você nem comentou, como é a sensação de perder a memória? – a loira perguntou de repente, virando-se para ela, como se fosse algo fantástico.

- Bom, é bem estranho. Eu posso ser desse jeito agora, mas ter sido diferente antes, entende? Eu não reconheci ninguém, também. Foi como se eu tivesse começado uma outra vida.

Draco saiu de trás da parede. Franziu a testa, perguntando a si mesmo se aquilo era verdade. Observou uma última vez eles subindo as escadas e voltou aos corredores da Masmorra. Gina Weasley havia perdido a memória e ele só foi saber agora, por acaso? Aquilo não poderia ficar daquele jeito, precisava tirar algum proveito daquela situação. Pensou no plano de Snape. E como se fosse algo tão óbvio, ele já tinha um plano. Sorriu. Era o plano perfeito. Dirigiu-se ao seu Salão Comunal, pensando naquela idéia. É, os próximos meses seriam agitados.

- Harry, eu estou com medo – disse, ligeiramente assustada.

Antes ela achava que era brincadeira e Harry apareceria segundos depois. Já havia passado alguns minutos e o garoto não havia aparecido. A sala estava escura e Hermione não conseguia enxergar dois metros a sua frente. A lua cheia lá fora iluminava pouquíssimo a sala, apenas onde ela fazia sombra ao redor da janela. Forçou a vista, tentando ver um pouco mais além, algo totalmente frustrante. Pegou a varinha no bolso da sua jeans.

- Lumus.

Ela foi se distanciando cada vez mais da janela, com passos quase falsos, trêmulos. A escuridão começava a recair sobre as suas costas, já que a varinha estava em punho bem a frente do seu corpo.

- Harry, eu estou falando sério – seu tom era nervoso.

- Medrosa – ele sussurrou com uma voz rouca no seu ouvido, de repente, por trás dela.

Hermione gritou, dando um pulo para trás. Harry riu.

- Eu sou o medroso, é? – ele perguntou cinicamente, enquanto ia até ela.

- Você me assustou!

- É, eu vi – sorriu quando ela lhe lançou um olhar mortífero. – Vem, vamos, está tarde – ele a puxou pela mão, saindo de lá.


- Ah, Dumbledore disse que você voltará a ter aulas de Oclumência com ele, apareça a qualquer dia, e Kris disse que foi bom revê-lo – disse, entrando no Salão Comunal depois de implicarem com a mulher do quadro irritada.

- Tudo bem – se virou num giro, ficando de frente par a garota. – Agora, boa noite – ele apoiou as mãos na cintura dela e depositou um beijo carinhoso nos seus lábios.

- Boa noite, Harry.

- Eu te amo, não esqueça – ela sorriu em retorno, retirando as mãos do rosto dele, e subiu as escadas do dormitório feminino.

Ele acompanhou com o olhar ela subindo. Suspirou, como num alívio. Talvez ela tivesse esquecido... Mas o fato era que não havia tocado assunto da dor de cabeça, da preocupação dele. Talvez ele não precisasse contar agora a Hermione que estava realmente preocupado com o sonho. Mas que aquilo estava o perturbando, estava. E ainda poderia lhe causar dor de cabeça, mais e mais. Subiu. Precisava descansar.

Hermione entrou no quarto. Franziu a testa ao ver uma coruja do lado de fora da janela com uma carta no bico. Foi até lá, deixando a coruja entrar. Tirou a carta do bico dela e o animal voou. Sentou-se na cama, abrindo a carta. “Precisamos conversar, Srta. Granger. É urgente. Alvo Dumbledore” . Havia apenas isso na carta. Ergueu as sobrancelhas. Estava tarde, provavelmente todos os alunos estavam em seus dormitórios e o diretor queria conversar com ela algo importante? Deu de ombros, levantando-se da cama.

Foi até a sala do diretor.

Ele apareceu em sua lareira, como alguém que acabava de usar pó de flu. Limpou-se, indo diretamente em direção a porta e a abriu. Hermione entrou, ligeiramente preocupada e curiosa. Ela percebeu, ele estava com uma mistura de preocupação, satisfação e medo.

- Sente-se, por favor – ele pediu, apontando a cadeira em frente ao seu gabinete. Respirou fundo antes de continuar. – Srta. Granger, nós encontramos sua mãe.

A informação foi como um balde de água fria caindo sobre sua cabeça. Ela simplesmente o encarou, processando a informação. Ela piscou, como se caísse na real. E, de repente, como se tudo fizesse sentido, ela sentiu algo sendo puxado dentro de sua barriga, e seus olhos se encheram de água, instantaneamente.
________________________________________________________

N/A: ai. meu Deus!
que capítulo demorado foi esse? ><
será que tem como eu pedir perdão pra vocês? *--*
eu sei, eu demorei MUITO.
e esse capítulo eu acho que foi o pior que eu escrevi.
além de ter escrito por partes pequenas, seeempre com quebra de raciocínio, eu odiei escrever ele ¬¬
ficou tão feio, sei lá. ><
capítulo betado, ok? qualquer erro, culpem o beta! \o
;D
agradecer a ele por ter feito a descrição da penseira =)
aah, eu já expliquei, né?
eu peguei época de provas e talz, aí imaginou viajou e não quis voltar.
juntou com o final do ano, ai pronto.
congelei legal (Y)
mas agora estou de volta, escrevendo.
desculpem por não ter postado ontem.
mas é que eu passei mal do dia 17 pro dia 18.
então ontem, dia 18, eu fiquei de cama.
passei mal feio =x
mas, enfim, próximo capítulo tá melhorzinho... É, tá melhor (Y)
já tou começando a escrever.

quero agradecer do fundo do meu coração todos esses comentários.
é, sério, gente, MUITO obrigada por todos eles, pro pessoal novo que chegou e tá comentando. =)
vocês não sabem que isso me deixa feliz.

aah, estou em Goiânia, setor Parque das Laranjeiras, pra quem perguntou.
=)
se alguém quiser conversar, a gente marca de ir pro Flamboyant ;D

aah, esqueci.
o capítulo tá beem grandinho =)
dá pra dar um desconto, né? ;D
deve ter, o quê, 30 páginas de Word? o.o
não contei... (Y)

aah, quando eu colocar a prévia do 25, eu aviiso =D

boom, acho que é só.
qualquer coisa eu apareço por aqui falar mais alguma coisa. =)

um beijo beem grande pra todo mundo.
té já.

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