A história de um Comensal



Capítulo 11
“A história de um Comensal”


– Re....gulus? – disse Harry, atônito, ainda tentando raciocinar se o que via era real ou não.

– Sim, sim... Sempre me disseram que eu me parecia com Sirius, mas não acho que a semelhança seja tão grande assim!

Harry analisou-o por um instante, e não pôde deixar de concordar. À primeira vista, Regulus realmente se parecia com Sirius, mas analisando com mais calma, a semelhança não era tão grande. Regulus parecia mais jovem que o padrinho morto, embora tivesse feições de quem parecia estar passando fome a muito tempo, ou pelo menos não se alimentava da maneira que deveria.

– Como você sabia que eu estava... Você quem cuida do jardim deles? Você disse que me chamaria pelo espelho!

Harry parecia desconcertado, por ter tanto a dizer em tão pouco tempo.

– Quais das perguntas você quer que eu responda primeiro, Potter? – disse Regulus, sorrindo para Harry.

– Qualquer uma!

– Harry, ta tudo bem aí? – perguntou Rony, que agora vinha correndo na direção do garoto, varinha em punho, seguido por Gina e Hermione.

– Sim, ta tudo bem Ron. – acalmou-o Harry.

– Você é mesmo... é? – Hermione olhava Regulus com profunda curiosidade, enquanto Gina corria para o lado de Harry, abraçando-o.

– Você tem fiéis amigos, Potter. Isso fará uma grande diferença em breve, pode acreditar. Não creio que esse seja o melhor lugar para conversarmos. Vocês me acompanham? – disse Regulus, dando as costas para o grupo.

Todos se entreolharam por um segundo, como se fizessem a mesma pergunta um para o outro, mentalmente. Mas foi Gina quem a fez em voz alta.

– Como saberemos se podemos ou não confiar em você?

Regulus abriu um pequeno sorriso em seu rosto fino e magro.

– Porque vocês não checam o espelho de inimigos?

– Como você sabe que temos um? – perguntou Hermione, tentando parecer corajosa e despreocupada.

– Ah, minha cara senhorita... Sei de muitas coisas! Você nem acreditaria em todas elas, se eu lhe contasse!

Harry ouvia ao diálogo enquanto apanhava de sua mochila o mini espelho de inimigos, que continuava perfeitamente escuro e nevoado. Apenas um pequeno símbolo da borda parecia reluzir, agora com menos intensidade que anteriormente.

– Viu? Sou confiável. Agora venham, temos muito o que conversar.

– A varinha. – disse Rony.

– O que?

– Sua varinha, por favor. – insistiu ele.

– Se você é tão confiável, e espera que confiemos em você, entregue sua varinha!

– Isso! Acho que é uma boa maneira de começarmos a confiar em você. – concordou Harry.

– Mas e se eu precisar dela? – argumentou Regulus.

– Não se preocupe, fomos bem treinados, e ainda temos Hermione, para o caso de uma amnésia de feitiços ou encantamentos... – sorriu Gina.

Regulus pareceu considerar a proposta por um instante, mas em questão de segundos, estendeu a varinha velha e suja para Hermione, deixando Rony de mãos abertas esperando recebê-la ao invés da namorada.

– Cuide você dela então, por favor. Mas seja carinhosa, ok? Ela tem estado na família a anos... – sorriu Regulus, dando as costas aos quatro e começando a rumar para a trilha que levava para fora do cemitério.

Os quatro garotos se entreolharam e começaram a segui-lo.

– Você acha mesmo que podemos confiar nesse cara, Harry? – perguntou Gina, sussurrando.

– Não sei Gina, mas só há uma maneira de descobrir, não é mesmo? Não temos muita escolha...

– O que é que você está fazendo Hermione???

– Shhhhhhhh, Rony! – respondeu a garota, que parecia preocupada com quem poderia estar escutando a conversa. – Estou só dando uma olhada na varinha! Ela parece tão gasta e suja! Pode ser que ele não a usa a anos!

– Não é de se admirar que ele tenha cara de quem passa fome...

– Para onde vamos, Regulus? – perguntou Harry, que havia tomado à frente do grupo que seguia o homem.

– Para casa, claro.

– Você mora aqui perto? – perguntou Gina, interessada.

– Pode-se dizer que sim. Mas eu não disse que vamos para a “minha” casa. Vamos para a dele. – disse Regulus, apontando para Harry por cima do ombro – Para a minha iremos mais tarde.

– Você sabe onde fica minha casa? – perguntou Harry espantado.

Regulus olhou sério para Harry, parando de andar.

– É um dos assuntos que teremos de tratar essa noite, Harry.

Harry sentia suas entranhas vibrarem de curiosidade, mas o fato de ter sido chamado pela primeira vez de “Harry” por Regulus, e a face séria e dura que este apresentava deixaram o garoto um tanto quanto preocupado, e ele achou melhor não perguntar nada até que Regulus decidisse começar a falar.

Eles já haviam alcançado o portão principal que dava acesso ao cemitério, e agora caminhavam rua acima em direção à velha e esplendorosa catedral no fim da rua. Regulus virou-se empolgado para Hermione e Gina para falar-lhes.

– Vocês devem saber que esse é um povoado totalmente bruxo, não sabem?

– Sim. Por que? – perguntou Gina, curiosa.

– Bem, não sei se vocês sabem, mas durante a época da Grande Inquisição...

– Bruxos queimados, fim das relações religiosas, blá-blá-blá... – completou Rony – Sim, a Hermione aqui já nos contou a história toda.

– Vejo que você é muito bem informada, não é mesmo mocinha? – disse Regulus, sorrindo para a garota. – Pois bem, eis aí uma das mais brilhantes idéias do homem mais inteligente que já conheci. – Regulus agora parara, em frente à porta principal da Igreja, feita de carvalho sólido.

– Quem? Meu pai?

– Bem, Harry, ele talvez tenha sido um dos mais inteligentes... Mas eu me refiro a Alvo Dumbledore.

– Dumbledore? – Harry parecia estremecido à simples menção do nome do diretor. – O que ele tem a ver com isso?

– Você deve saber que dias antes da queda de você-sabe-quem seus pais estavam sendo caçados pelos comensais da morte e pelo próprio lord das trevas, não sabe Harry?

– Sim, sei.

– Seus pais precisavam se esconder, e não haviam muitas opções, já que sua mãe não queria sair do país e nem seu pai queria deixar a Ordem da Fênix desfalcada.

– Como você sabe sobre a Ordem? – perguntou Rony, incrédulo.

– Tudo a seu tempo, Weasley. Continuando, eles precisavam de um lugar para se esconder, e é claro, precisavam de um bom Feitiço do Fiel, para que não pudessem ser localizados...

Harry absorvia cada palavra de Regulus, mesmo sabendo aquela história de cor e salteado.

– Acontece que Dumbledore teve a brilhante idéia de esconder, através do feitiço da desilusão, a casa dos seus pais Harry. A sua casa.

Harry observou a igreja por um instante, e entendeu exatamente a idéia de Dumbledore, e sentiu seu coração esquentar ao pensar que somente ele poderia ter uma idéia tão brilhante quanto essa.

– Mas espera aí, não tem nada escondido aqui! A igreja está aí, totalmente visível! – disse Rony, sem entender o real sentido do feitiço de Dumbledore.

– Exatamente, Weasley. A idéia era essa. Ao fazer isso, Dumbledore não somente escondeu a casa de bruxos indesejados, como também criou a ilusão de uma igreja trouxa, o que fez com que nenhum bruxo do povoado sentisse interesse em se aproximar.

– Uau... brilhante! – disse Gina.

– Mas... não pode ser! – disse Hermione, olhando espantada para a enorme igreja.

– O que foi, Srta. Granger? – perguntou Regulus.

– Como é que o feitiço continua aí, se o Prof. Dumbledore... bem...

– Muito bem observado novamente! – elogiou Regulus. – Aí está uma boa pergunta que também não posso responder com certeza. Eu estou quase certo que não foi o Dumbledore em pessoa quem realizou o feitiço. Caso contrário, só estaríamos vendo os destroços da casa de seus pais, Harry. E embora não tenha certeza, acho que sei a quem ele ordenou para que fizesse o feitiço...

Harry não queria nem pensar na possibilidade de também estar acompanhando o raciocínio de Regulus. Seria demais para ele suportar a probabilidade de Snape ter feito o feitiço que deveria proteger a casa de seus pais.

– Você me entende, Harry? – perguntou Regulus, que percebera que Harry acompanhara seu raciocínio.

– Acho que sim... Só não quero pensar nisso...

– Enfim – continuou Regulus, mudando de assunto –, Dumbledore insistiu que Tiago e Lílian realizassem o feitiço do Fiel, e ainda os aconselhou a eleger meu irmão como o Fiel do Segredo. O único problema é que eles acabaram resolvendo, de última hora, trocar o Fiel do Segredo.

– Rabicho...

– Exatamente, Harry. Pedro Pettigrew.

– Podemos entrar, Regulus? – perguntou Harry, ansioso.

– Claro que sim Harry. Tem apenas um pequeno problema...

– Qual? – perguntaram Harry, Gina, Hermione e Rony juntos.

– Não há como entrar nela.

– O que você quer dizer com isso? – disse Harry, com as orelhas vermelhas.

– Exatamente isso. Não sei como entrar nela... Apenas a pessoa que realizou o feitiço da desilusão pode nos dizer como fazer isso! E sabemos que esta pessoa ou está morta, caso tenha sido Dumbledore quem realizou o feitiço, o que acho pouquíssimo provável pelo fato de o feitiço permanecer, ou então a pessoa jamais cooperaria...

Harry sentiu seu sangue ferver dentro das veias, o ódio pulsando em seu pulso, e todos viram quando uma forte ventania sacudiu as portas da igreja, como se o ódio de Harry as balançassem. O garoto disparou a gritar.

– NÃO POSSO ACREDITAR QUE AQUELE MALDITO DO SNAPE TENHA SIDO TÃO BAIXO A PONTO DE TER FEITO O FEITIÇO DE DESILUSÃO E AINDA CARREGAR O SEGREDO COM ELE ATÉ HOJE!

As portas da catedral pareciam a ponto de arrebentarem, e Hermione logo percebeu que a fúria do amigo era a causa daquele estranho fenômeno que ela desconhecia.

– Harry, acalme-se, por favor! – intercedeu Hermione.

– COMO, HERMIONE? COMO? AQUELE TRAIDOR, COVARDE E ASSASSINO TEM A CHAVE PARA ENTRAR NA MINHA PRÓPRIA CASA!

– Acalme-se, Harry... O ódio só destruirá você! Você precisa de calma e serenidade se quiser sobreviver a isso tudo. Sei o que digo, me ouça, por favor...

Harry pareceu querer discordar, mas sentia que aquilo realmente não levaria a lugar algum, e o olhar aquecedor de Gina fez com que seu ódio se apaziguasse. Em conseqüência disso, as portas da catedral pararam de estremecer.

– Impressionante como seu poder mágico está se expressando, Harry. Confesso que há tempos não via esse fenômeno... – disse Regulus, olhando confuso para Harry. – Devo salientar, no entanto, que você deveria começar a dominar essas sensações de ódio e fúria, ou então você poderá ser um alvo fácil para alguém que queira se aproveitar de sua fraqueza.

– O que você quer dizer com isso? Você era um Comensal! Como pode querer me ensinar a não ter ódio?

Regulus olhou-o atentamente, e Harry sentiu que talvez tivesse ido longe demais, já que o homem realmente parecia só querer ajudá-lo, embora não tivesse explicado nada sobre seu obscuro passado.

– Quando chegar a hora, você entenderá tudo, tenho certeza. – disse ele friamente, passando por Harry em direção oposta à catedral. – Agora, se vocês quiserem me acompanhar até a minha casa, conversaremos lá.

Harry não se moveu. Apenas ouviu. Continuava sentindo-se péssimo por não poder entrar em sua própria casa, e pior, saber que a pessoa que guardava o segredo de como fazê-lo era um de seus mais odiados inimigos, só perdendo para Voldemort em pessoa.

– Venha Harry, talvez o cara tenha alguma coisa interessante para dizer... – chamou-o Harry, abraçando-o de lado com um dos braços. – Vai dar tudo certo, venha. Voltaremos quando for a hora.

Harry concordou, e pegou na mão de Gina, que observava o namorado com uma feição de pena nos olhos. Seguiram então atrás de Regulus, que agora já os esperava na esquina seguinte.

Ao aproximarem-se dele, Gina perguntou:

– Por que é que não há ninguém nas ruas desse lugar? Não vimos nenhuma pessoa sequer desde que chegamos aqui!

– Bem... talvez seja porque não há mais ninguém aqui, de fato. – disse Regulus. – Depois daquela noite, todos os habitantes de Godric’s Hollow simplesmente se mudaram, deixando tudo para trás. Por isso é um bom lugar para alguém como eu se esconder, hoje em dia.

– Mas por qual motivo todos partiram? – perguntou Hermione.

– Bem, os bruxos e bruxas daqui não entendiam ao certo os motivos do Lord Negro, por isso, não tinham certeza se ele voltaria ou não para atacar a todos da vila. O fato é que todos partiram e nunca mais voltaram. Nem todos conhecem o segredo da profecia, Harry.

Harry parecia abobado ao ouvir as palavras de Regulus. Ele sabia sobre a profecia! Como ele sabia tanto?

– Não se preocupe, esse segredo está bem guardado comigo, assim como todos os outros que ainda revelarei para vocês. Podem confiar em mim, se é que vocês acham isso possível, claro...

Eles já andavam a alguns minutos, quando pararam de fronte com uma velha árvore e uma antiga placa de sinalização. Regulus retirou do bolso um pedaço velho e amassado de pergaminho, e pediu a Hermione:

– Será que você se importaria de conjurar uma pena para mim, jovem senhorita?

Hermione o fez no mesmo instante, sem pronunciar nenhuma palavra, deixando Regulus ainda mais impressionado com a habilidade da garota.

– Feitiços não-verbais, han? Vejo que esse grupo realmente vai longe... – sorriu Regulus, enquanto rabiscava alguma coisa no pedaço de pergaminho. – Tome, Harry. Você primeiro. É só ler.

Harry, que já conhecia como funcionava aquele feitiço, leu o endereço da secreta casa que deveria estar em algum lugar por ali.

“Alameda das Oliveiras, 02 – Godric’s Hollow”

Em seguida, uma velha e acabada casa se materializou aos olhos de Harry, que ao contemplá-la pode jurar que ela não teria mais que dois cômodos. Apressou-se a apertar a maçaneta velha e enferrujada, e entrou na casa. Ainda estava contemplando as paredes lotadas de musgo daquela sala velha e putrefata, que não tinha sofás ou cadeiras, quando foi interrompido de seus pensamentos pela porta que se abriu novamente atrás dele, agora dando lugar aos amigos e a Regulus, que era o último da fila.

– Bem, fiquem a vontade, se é que isso é possível não é mesmo... Não tenho muito tempo de melhorar as coisas por aqui, é mais um ponto de parada mesmo... – justificou-se Regulus.

– A quanto tempo você está morando aqui? – perguntou Rony.

– Hum... acho que a cerca de dezessete anos... Ok, admito, não sou tão bom com arrumação e limpeza quanto sou com jardins!

Rony urrou uma risada, e Harry segurou-se para não rir também. Regulus lhe lembrara muito Sirius com aquele comentário.

– Mas vamos nos sentar, creio que agora algumas coisas já podem e devem ser conversadas.

– Ahnn.... Não há cadeiras, Sr. Regulus! – salientou Hermione, tímida.

– Não há necessidade de me chamar de Sr., Hermione. Vamos lá, sei que vocês podem conjurar algumas cadeiras facilmente, não?

Todos assentiram com a cabeça, e em instantes, cadeiras haviam sido conjuradas do nada, inclusive uma para Regulus, que Harry próprio conjurou.

– Certo. Vamos lá, por onde começar... Sim, sim... – Regulus parecia pensar alto – Creio que seja necessário contar como me envolvi nisso tudo, desde o princípio.

– Sou todo ouvidos. – disse Harry.

Regulus tomou fôlego, como se soubesse o quanto lhe custaria contar tudo que contaria.

– Na época mais negra do mundo bruxo, quando você-sabe-quem estava começando a reunir dezenas de seguidores, meu irmão Sirius acabou saindo de casa para ir morar com seu pai, Harry.

– Sim, me lembro de ele ter comentado isso...

– Foi durante a ausência de Sirius que eu, bem... – Regulus suspirou profundamente – Cedi às vontades de minha mãe, e acabei me envolvendo com as pessoas erradas, até chegar a ser um simples seguidor do Lord das Trevas.

– Um Comensal da Morte! – completou Rony.

– Não, Rony... Um mero seguidor, mesmo! Apenas um serviçal inútil que se achava importante por estar servindo aos servos do Lord Escuro, esses sim, os Comensais da Morte.

– Espera aí! Então quer dizer que você nunca foi um comensal de verdade? Foi apenas um empregado de comensais? – perguntou Gina.

– Gostaria muitíssimo de poder dizer que sim... Mas não posso. Acabei desenvolvendo um trabalho, brilhante, sim, por assim dizer, e acabei por chamar a atenção do Lord das Trevas. Nem todos os seus fiéis seguidores eram dos mais talentosos, e modéstia a parte, sempre me saí muito bem em Hogwarts e depois fora dela. Você-sabe-quem acabou por me selecionar a dedo, e me decretar como um de seus Comensais, dando-me esse doloroso presente. – Regulus arregaçou a manga velha da blusa, mostrando uma tatuagem escura no braço – a Marca Negra.

Harry olhou a tatuagem que já vira tantas vezes, e Regulus continuou.

– Aos poucos fui ganhando a confiança de você-sabe-quem. As missões mais importantes eram sempre dadas a mim, e por muitas vezes ele me instituiu como líder de outros comensais, em determinadas missões. Não preciso nem dizer que isso acabou por despertar a inveja de muitos deles, não é? Mas um deles acabou se enciumando demais, por achar que eu poderia representar algum perigo para todos eles.

– Snape? – perguntou Harry, apressado.

– Por favor, Harry... Você já está ficando bitolado pelo Snape! – ralhou Gina.

– Não, Harry. Lucio Malfoy.

– Tinha que ser o Malfoy... – disse Rony, dando um soco na própria mão, e arrancando um sorriso carinhoso da namorada.

– O fato é que ele acabou fazendo uma espécie de motim entre os outros comensais, espalhando que eu era um traidor, que estava a serviço de Dumbledore, e acabei ficando sozinho, sem o apoio de nenhum deles. Ou quase nenhum.

– Quase? – perguntou Hermione.

– Sim. Snape ficou do meu lado.

Harry levantou-se da cadeira com raiva, como se não quisesse presenciar uma frase que fosse que pudesse por em dúvida seu ódio por Snape.

– Isso não interessa! Conte como Voldemort continuou confiando em você, e como você descobriu sobre os Horcruxes! E pare de fazer essa cara, Rony!

Rony parecia ter sido atingido por uma faca ao ouvir o nome de Voldemort.

– É o que estou tentando fazer, Harry. Por isso viemos até esse ponto. Voldemort confiou seu segredo mais íntimo a uma pessoa, e a uma apenas. – continuou Regulus.

– Não diga que foi a ele também?

– Sim, Rony, exatamente. Apenas Severo Snape sabia sobre os horcruxes do Lord das Trevas. Voldemort tinha a Snape como seu braço direito. Creio que você tenha acompanhado Dumbledore até a caverna, estou certo Harry?

– Sim...

– Aquela poção que protegia o horcrux... Dumbledore a tomou?

– Sim... Ele começou a ficar tão... estranho! Ele falava coisas sem sentido, e... não conseguia raciocinar, parecia que estava morrendo...

A lembrança era dolorosa demais, e Harry não pode evitar de deixar escapar uma lágrima. Mas virou-se de costa de maneira que ninguém percebesse.

– Era uma poção definhante, Harry. Snape a preparou, a pedido de você-sabe-quem.

– O que é isso? – perguntou Gina, sem entender o que seria a tal poção.

– A poção definhante é fatal! Ao ser ingerida, ela definha todos os órgãos do bruxo ou bruxa que a beber, fazendo seu coração parar de bater aos poucos, levando-o à morte certa em instantes.

– Como eu nunca ouvi ou li nada a respeito dessa poção? – perguntou Hermione, indignada.

– Esses assuntos são proibidos em Hogwarts, Hermione. Você não encontraria nada sobre horcruxes também, se procurasse.

– Foi exatamente o que Slughorn disse ao Voldemort adolescente, na memória que Dumbledore me mostrou! – lembrou-se Harry. – Mas você disse que é uma poção fatal?

– Exatamente... A pessoa que a bebe está condenado a uma morte certa em questão de segundos! Não há antídoto. Existe apenas uma maneira de sobreviver a ela.

– Não faz sentido!

– E por que não, Harry? – questionou-o Regulus.

– Dumbledore não morreu em segundos depois de beber essa poção! Ele conseguiu se recuperar, salvar minha vida dos Inferi na caverna, e ainda retornar até Hogwarts! Não pode ser essa tal poção que você está falando!

– Nós não estamos falando de qualquer bruxo, Harry. É Alvo Dumbledore. O bruxo mais poderoso do mundo. Ele sempre teve suas maneiras de fazer coisas que nenhum outro bruxo seria capaz de fazer. Mas ele estava condenado à morte, lhe asseguro. Suponho que ele tenha ficado extremamente fraco e pálido, não?

Ao lembrar-se da noite na Torre de Astronomia de Hogwarts, Harry tinha claramente a visão de Dumbledore mal conseguindo ficar em pé, apoiando-se no pequeno muro da torre. Então ele estava condenado à morte, de qualquer forma.

– Sim, ele não estava nada bem. – concordou Harry.

– Mas qual a única maneira de se sobreviver a ela então? – perguntou Rony, curioso.

– Aí é que está o problema. A única pessoa que pode retirar o efeito da poção definhante de quem a bebeu é a própria pessoa quem a fabricou. No caso, então, Severo.

– Por isso Dumbledore me disse que precisava de Snape! Ele sabia que Snape era quem tinha preparado a poção... Mas como? – Harry não conseguia sentir as pernas, tamanha curiosidade que lhe afligia.

– Severo é um dos maiores conhecedores de poções do mundo, Harry. Talvez o melhor vivo. Dumbledore conhecia muito bem as habilidades de Severo. Deve ter sido fácil para ele atribuir o fruto à árvore...

– E como é que Snape poderia ajudar Dumbledore? Com um antídoto? – perguntou Gina.

– Não existe antídoto para essa poção definhante. A única maneira de se retirar o efeito de quem a bebeu é sendo atingido por um feitiço estuporante de quem preparou a poção. É uma maneira de fazer o coração levar uma espécie de choque, que bombearia o sangue de volta às veias. Por isso Dumbledore ficou tão pálido, Harry. Ele deve ter conseguido diminuir o processo de desbombeamento do sangue, causado pela poção... Ele conseguiu adiar sua morte...

Aquela informação fez Harry sentir seu ódio por Snape aumentar em metros! Dumbledore fora assassinado duas vezes pelo mesmo assassino.

– E onde é que você entra nisso tudo, Regulus? Por que simulou sua morte?

– Como eu disse, Snape foi o único que não participou do motim contra mim. Todos os outros Comensais queriam minha morte! Por vezes tive que duelar às escondidas com alguns deles que me atacavam sorrateiramente, sem que o Lord Escuro jamais sonhasse. O fato é que eu já estava ficando cansado daquilo tudo. Eu tinha me envolvido demais, e corria riscos de qualquer forma: ou seria morto pelos Comensais, a qualquer momento, ou seria morto por você-sabe-quem em pessoa, por desertar de seu exército.

– E o que você fez? – perguntou Hermione, curiosíssima.

– Decidi correr para o lado mais forte, claro. Me esforcei ao máximo para me aproximar ainda mais do Lord das Trevas, e consegui. Foi então que ele me enviou com Snape para ajudá-lo a esconder um de seus mais preciosos bens.

– Um horcrux? – empolgou-se Harry.

– Sim, o medalhão de Slytherin. Mas é claro que eles não me contaram nada sobre quão importante era aquela missão. Fomos até a caverna, e Severo foi incumbido de preparar a poção definhante que guardaria o medalhão, enquanto eu recebi a tarefa de desilusionar o barco e criar a escuridão atípica da caverna.

– E bota atípica nisso... É um escuro totalmente diferente de todos que já vi! – recordou Harry.

– Sim, esse era o intuito de você-sabe-quem. Ele, por sua vez, enfeitiçou as paredes de pedra da caverna, para que só sangue pudesse servir de sacrifício aos que quisessem adentrar no esconderijo de seu horcrux. E ele cuidou dos inferis do lago também, claro.

– E depois? – perguntou Harry – Eles lhe contaram do que se tratava tudo aquilo?

– Obviamente que não. Nenhuma palavra. Terminamos o que tínhamos de fazer, e partimos.

– Como você descobriu tudo, então? – questionou Gina.

– Bem, essa talvez seja uma das partes mais difícil de se contar, Gina... – Regulus agora observava Harry, como se pedisse autorização para continuar. – Devo mesmo continuar, Harry?

– Sim, por que não deveria?

– Bem... Algum tempo depois de preparar a caverna, as coisas foram piorando bastante. Cada vez mais você-sabe-quem pedia tarefas mais asquerosas e cruéis para mim. Os Comensais continuavam em espreita, esperando pelo momento certo de me tirar de cena. Eu já não agüentava mais nada daquilo, queria voltar para a casa de meus pais, queria ficar do outro lado da batalha. Não suportava mais o Lord das Trevas... Mas sabia que a Ordem da Fênix também não me aceitaria. Até que um dia Severo trouxe uma estrondosa notícia para o nosso mestre. Algo que mudaria drasticamente sua vida, Harry.

– A profecia... – completou Harry, sentindo a tristeza invadir seu corpo e pensamentos.

– Sim, a profecia da Sibila Trewlaney para Dumbledore. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado começou a caçar seus pais por todos os lados, Harry. Até que Rabicho os entregou em uma bandeja de prata. Aquela foi minha última noite como Comensal.

– A noite em que meus pais morreram... A noite em que Voldemort marcou minha vida para sempre... – Harry suspirava, deixando-se cair na cadeira ao lado de Gina, que o abraçou carinhosamente.

– Exatamente Harry. A noite em que dei as costas para o bruxo das trevas mais poderoso que já existiu. A noite em que ele jurou que me buscaria por toda a eternidade por abandoná-lo no meio de sua mais importante missão.

Harry parou de respirar com o que acabara de ouvir. Hermione e Gina se entreolharam, Rony ficou vermelho.

– “No meio de sua mais importante missão”? Isso quer dizer que... Voldemort não estava sozinho na noite em que matou meus pais? Você estava lá?

– Sim Harry. Assim como Severo Snape também estava...

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Amigos,

Muita calma, respirem fundo, contem até dez, e repitam comigo: NÓS PERDOAMOS O ISRAEL! rs... Sinto muito pela demora excessiva, mas a faculdade está sugando um tempo absurdo da minha vida, e vocês sabem que não gosto de fazer os capítulos de qualquer jeito, não é mesmo? Dediquei o máximo de tempo possível para deixá-lo impecável, sem nenhum furo, pois vejam bem, esse é um dos capítulos mais importantes de toda a FIC. Vocês ainda estão comigo? Ainda estão lendo? Então vamos lá, comentem, e por favor, VOTEM !!! Vamos dar uma subidinha nesse nº de votos, o que vocês acham? Acho que dos 206 votos que a fic tem, 200 foram meus! rs... Prometo não demorar muito com o próximo capítulo, ok? Espero os comentários e também as teorias de vocês, sobre o que vem por aí...

Um forte abraço;

Israel G3

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