A Taça de Cristal



Capítulo 4
“A taça de cristal”


E o Domingo finalmente chegara, e pela primeira vez no verão inteiro, parecia que seria um dia extremamente agradável, com a presença do mais ilustre dos convidados, que acreditava-se ter se escondido durante muito tempo: o Sol. Toda a casa estava decorada mui habilmente: as flores estavam por toda a parte, nas escadas, cadeiras, armários, pias, havia até um arranjo no intrigante relógio da Sra. Weasley, que agora mostrava constantemente todos os membros da família Weasley em “Perigo Mortal”. Ela parecia não ligar mais, pois no fundo, todos sabiam que com a atual situação, “raros seriam os relógios que não mostrassem isso aos seus donos, se bem que esse próprio relógio é muito raro, e não tenho como fazer comparações, de qualquer forma...”, dizia ela mesma.

O jardim da Toca estava começando a receber os diversos convidados que chegariam ao longo da manhã, já que a cerimônia se iniciaria ao meio dia em ponto. Harry achou que talvez, se tivesse a chance, gostaria de casar-se com Gina ali mesmo, no jardim da Toca. Podia até imaginar como ela estaria linda, desfilando pelo longo corredor com seus cabelos vermelhos e o vestido branco, vindo de encontro a Harry, e lhe abraçando...

– Harry, você tem certeza que já está acordado mesmo? – perguntou Rony, que fitava Harry intrigado, já que esse estava apoiando a cabeça nas mãos, olhando abobado e com a boca aberta para Gina do outro lado da cozinha, correndo atrás da mãe, que parecia um tanto desesperada.

– Ahn? Ah, sim, sim... Estava só pensando nos nossos planos para depois do casamento. – mentiu Harry, e sentiu que corava.

Rony, que não era bobo, cochichou ao amigo:

– Espero que nossos “planos” estejam devidamente vestidos nesses seus pensamentos...

Harry riu, e percebeu que o amigo também ria, embora não tivesse certeza se Rony ainda sentia uma ponta ciúmes do romance dele com a irmã ou não. Preferiu não arriscar ser pego sonhando acordado com a irmã do melhor amigo de novo.

– Potter, aqui está. Pode guardá-la, estava jogada às traças mesmo na sede da Ordem. Ninguém parece ligar mais para recordações, enfim! – Moody chegara de surpresa, como sempre, e entregava a Harry a foto que ele pedira no dia anterior.

Harry sentiu seu estômago virar: estava lá, sorrindo, com o ar de sabedoria que lhe era marca registrada, Dumbledore, que acenou entusiasmado para o garoto. A foto mostrava a formação original da Ordem da Fênix, e lá estavam também pessoas que Harry já conhecera anteriormente, como Dédalo Diggle, Frank e Alice Longbottom, Emmeline Vance, Lupin, Moody, Hagrid, Elphias Doge, Sirius (o coração de Harry dera um salto novamente), seu pai e sua mãe (o garoto tentava segurar uma lágrima teimosa que insistia em querer deixar o calor de seus olhos), Rabicho, e lá estava ele, um homem alto e magro, cujas feições lembravam inconfundivelmente a Dumbledore. Era Abeforth, o misterioso irmão de Dumbledore.

– Será que existe alguma possibilidade de encontrar esse tal Abeforth, Moody?

– Acho difícil. Não conheço ninguém que saiba onde ele está! Mas por que? Quer ajuda em algo?

– Não, tudo bem, obrigado... Era só... curiosidade mesmo, mas muito obrigado pela foto, Moody! – Harry então guardou a foto velha no bolso do jeans, e achou que teria tempo para se preocupar com isso mais tarde, depois das celebrações daquela tarde, e com a ajuda dos amigos.

– Venha Harry! Precisamos nos trocar!

Só quando Rony terminou de alertá-lo para o horário e para o fato de terem de se trocar que Harry lembrou: não tinha vestes. Saíra da casa dos Dursleys sem carregar nada mais que o mapa de Godric’s Hollow, enviado por Lupin, e a fotografia de seus pais, deixando todo o resto para trás. Edwiges, como sempre, dera um jeito de encontrar o garoto, mas todos os seus outros pertences remanesciam na casa de seus tios.

– Acabei de me lembrar que não tenho vestes, Ron!

– Grande coisa... Você acha mesmo que mamãe já não se preocupou com isso? Tonks trouxe tudo que era seu hoje de manhã. Foi pessoalmente na casa de seus tios buscar tudo que você deixou por lá.

E apontando para um canto de seu quarto, Rony mostrou a Harry o seu velho malão que usava para carregar livros, caldeirões e demais materiais de Hogwarts. Estava, agora, enfeitiçado para ser maior por dentro, pois continha absolutamente tudo que o garoto possuía e havia sido deixado para trás na casa dos tios.

– Ótimo! Preciso agradecer a Tonks por isso!

– Mais tarde, cara... Precisamos ficar prontos logo! Serei padrinho com a Gabrielle, irmã da Fleur, e Gina será madrinha junto com Carlinhos. Tenho que chegar um pouco antes para me posicionar. Coisas da Fleur e da mamãe...

Os garotos se vestiram mui rapidamente, Harry vestira uma túnica muito bonita que comprara no ano anterior, e Rony vestia algo que lhe fora dado pelos gêmeos, e parecia ter gostado bastante, já que não queria sair do quarto para poder se admirar mais um pouco no espelho. Seguiram para o jardim, onde quase todas as cadeiras já estavam ocupadas, com exceção das primeiras fileiras, que haviam sido reservadas para membros da família.

Harry conseguiu ver, ao chegar do lado de fora da Toca, muitas pessoas que conhecia: Ammos Diggory e sua esposa, pais do falecido Cedrico, aquela mulher do Ministério cuja sobrinha estudava com Harry, Amélia Bones era seu nome, uma linda e vistosa mulher loira que Harry sabia ser a mãe de Fleur, junto com o marido e Gabrielle, irmã da noiva. Estava inegavelmente linda, e Harry achou que ela crescera bastante desde a última vez que a vira: ela agora tinha os cabelos loiros, quase prateados, chegando quase até a cintura, e ela sorriu para Harry de longe, acenando com entusiasmo, mas não com tanto entusiasmo como quando acenou para Rony.

Ela parecia estar definitivamente contente com a idéia de caminhar de mãos dadas com Rony, porquê logo se apressou a perguntar se o garoto não queria ensaiar mais um pouco, antes dos noivos chegarem.

– Ela está bem mais bonita do que quando a conhecemos, ahn Harry?

– Também achei, mas é melhor não sermos pegos falando sobre isso, ou então podemos acabar azarados...

– Não sei por quem! O único “quase” comprometido aqui é você, meu chapa! Sou livre, solteiro e desimpe...

Antes de terminar o que diria, no entanto, Rony avistou algo que pareceu lhe brilhar aos olhos como o primeiro raio de sol de primavera depois de um longo e rigoroso inverno. Hermione saíra de dentro da Toca, e estava irreconhecível. Trajava um vestido longo e de um tom bem claro de rosa, e tinha seus cabelos muito lisos. A maquilagem havia sido escolhida corretamente, pois ela tinha os traços do rosto muito bem destacados, e algumas de suas sardas nem eram mais visíveis. Parecia apreensiva e preocupada, como se esperasse alguma coisa de Rony.

– Hermione! – cumprimentou o garoto, olhando com cara de bobo para a menina – Você... está... linda...

Hermione sorriu alegremente, e se viu, no segundo seguinte, abraçando Rony carinhosamente, algo que pareceu a Harry ter durado muito mais do que um abraço comum costumava durar. Na verdade, não se lembrava de jamais ter visto os dois amigos se abraçando antes.

– Obrigada Rony! Achei que você faria alguma piada, ou diria alguma grosseria! Nossa, não acredito que você gostou, sabe, isso significa muito pra mim, estou tão contente que finalmente teremos uma festa de verdade juntos, porquê bem, no Baile de Inverno não foi bem como eu queria que fosse e...

– Com licença, porrrr favorrrrrrr. Rrrrrrrony, nós não temos que nos aprrrrressarrrrrrr parrrrrrra o fundo do salão, querrrrrrido ? – Gabrielle parecia se esforçar bastante para tirar Rony dali, pois puxava-o freneticamente pelo braço, e o garoto a seguiu, confuso, olhando para Hermione e murmurando algo como “depois nos falamos”.

A garota, no entanto, parecia desconcertada e triste. Olhava furiosa para Gabrielle, que agora estava de braços dados com Rony como se isso lhe trouxesse uma alegria inimaginável. Hermione olhou para Harry, que observava toda a cena rindo baixinho, e disse à amiga:

– Não se preocupe. Ele não parava de me perguntar se eu sabia a que horas você chegaria aqui. – mentiu o garoto, e percebeu que funcionara, pois Hermione abrira um largo e revigorante sorriso.

– Que bom! Por um momento pensei que talvez tivéssemos mais uma festa daquelas – Hermione referia-se ao Baile de Inverno do quarto ano em Hogwarts, onde ela e Rony brigaram por ciúmes um do outro – E não acho que devamos, sabe, brigar agora, porquê, bem, precisamos ficar unidos pra lhe ajudar Harry, e... O QUE É QUE AQUELA GAROTA ESTÁ FAZENDO PASSANDO AS MÃOS NO CABELO DO RONY?

Hermione parecia furiosa, e quando Harry olhou, Rony parecia tentar desvencilhar-se das mãos de Gabrielle, que dizia algo como “seu cabelo está tão belo, Rrrrrrrrrony, deixe eu tocarrrrrrr”, mas Rony parecia não gostar nenhum pouco da atitude da garota, e olhava desesperado para ver se Hermione estava acompanhando o que se passava, não certo se ela entenderia que ele não tinha culpa. Foi então que, em um ato de coragem e loucura, Hermione, com o rosto revoltado, partiu em direção à garota, deixando Harry para trás. Da última vez que Harry vira a amiga com aquela fisionomia, ela atingira Draco Malfoy com um soco no nariz, e tinha certeza que a irmã de Fleur, Gabrielle, talvez pudesse virar uma próxima vítima. Correu atrás da garota então.

– Hermione, calma, não vá fazer nenhuma...

– Vejo você depois, Rony – dirigiu-se ao garoto, entrando no meio dele e Gabrielle, de costas para Gabrielle e muito próxima a Rony –, agora comporte-se, pois estarei esperando você cumprir suas obrigações de padrinho.

E sem nenhuma outra palavra, ela abraçou Rony e o beijou. Harry estava estático, não acreditara no que via! Sorriu, contente, e gargalhou ao ver a expressão de desgosto e desapontamento no rosto de Gabrielle. Hermione soltou-o, então, e saiu correndo em direção à Toca, dizendo que tinha de encontrar Gina, ou algo assim. Parecia estar enrolando e trocando as palavras. Rony estava com as orelhas, bochechas e nariz tão vermelhos, que Harry achou melhor sair de perto antes que o amigo explodisse. Antes, porém, cochichou para Gabrielle:

– Não é lindo ver o amor dos nossos amigos?

E sorrindo ao ver a cara de incredulidade da garota, afastou-se sorrindo e contente, pensando que finalmente os dois poderiam ter uma chance de se entender. Sabia que se gostavam há muito tempo, mas Rony era por demais lesado para poder se declarar ou até mesmo tomar alguma atitude. Já Hermione, orgulhosa demais. Até aquele dia, é claro. Sentia-se desgostoso ainda por não ter sido capaz de fotografar a cena, mas todos os seus pensamentos se esvairaram quando viu que Hermione voltava para o jardim, mas dessa vez não sozinha.

Uma linda jovem de cabelos ruivos cacheados vinha ao seu lado. Em um vestido muito florido e prateado, Gina caminhava como se pisasse sobre pétalas, e Harry achou que na verdade não eram pétalas que ela pisava, mas sim seu coração. A cada passo que a garota dava, Harry sentia seu coração desmanchar-se em dor e saudades das tardes que passaram juntos em Hogwarts. A garota olhou-o, por um instante, mas passou por ele sem dizer nada. Hermione, agora recuperada do ato de insanidade, parecia muito feliz consigo mesma, mas disse ao amigo:

– Não se preocupe, isso tudo vai passar. Vocês serão muito felizes, tenho certeza disso. Quando menos esperarmos, estaremos todos levando uma vida normal de novo, em paz.

Harry não respondeu, achou que não tinha respostas. Todos depositavam enorme esperança nele, e ele sabia que não podia, e “não queria” desapontá-los. Teve a impressão, então, de estar ouvindo a música do casamento começar, e achou que devia sentar-se em algum canto, e logo foi procurar Hermione, já que Gina seria Madrinha junto com Carlinhos, que ainda não chegara. Quando virou-se, no entanto, bateu fortemente em algo que parecia ser um cobertor peludo que estava envolto em uma rocha muito grande, mas logo percebeu do que se tratava. Ou melhor, de “quem” se tratava.

– Harry! Que saudades, meu garoto! Parecia uma eternidade que não o via!

Hagrid dava um abraço tão apertado em Harry, que chegou a ouvir um estralo de algum osso do garoto e perguntou instantaneamente:

– Que barulho foi esse, você ouviu? – parecia muito preocupado.

– Não foi nada, Hagrid, deve ter sido um dos gnomos da Sra. Weasley carregando alguma coisa, não se preocupe! – mentiu Harry, apalpando delicadamente um dos lados do braço esquerdo. – Como você está Hagrid?

– Estou bem, Harry, na medida do possível, você sabe... Não é fácil ficar lá sem... Sem, bem, sem ele...

Harry não queria tocar no assunto, portanto, logo desviou-se dele.

– Me diga, soube que fecharam Hogwarts, e agora, como você vai ficar?

– Bem, continua tudo meio que do mesmo jeito, sabe. Não vou deixar a Profª Minerva sozinha, e ela não quer nem pensar em arredar o pé de lá. Continuo cumprindo com minhas obrigações, mas tudo é muito triste. Saber que não haverão alunos lá esse ano. Não terei você, Rony e Mione pra me visitar. – Hagrid apanhara um lenço muito amassado e sujo de dentro das vestes, que pareciam ser feitas de pêlo de texugo, e começou a soluçar. – Ah, Harry! Sentirei tanta saudades de vocês! Não tenho mais ninguém, Harry! Certo, ainda tenho Grope, mas não posso convidá-lo para um chá, nem conversar muito com ele ainda, sabe, ele é muito jovem pra entender dessas coisas!

– Não se preocupe, Hagrid, jamais deixaríamos você para trás. Visitaremos você sempre que possível! Aliás, talvez até voltemos com você para Hogwarts depois do casamento... Tenho mesmo que conversar com a McGonagall.

– Ótimo, ótimo! Vai ser muito bom ter um pouco de companhia pra variar! Agora vamos nos sentar Harry, acho que a cerimônia vai começar!

Harry então percebeu que não havia música nenhuma, conforme tinha imaginado anteriormente, antes de topar com Hagrid. Não havia nem mesmo uma banda. Estava ficando doido, escutava música novamente, como no dia anterior, mas acabou por concluir que ouvir músicas inexistentes era um melhor agouro do que ver, em primeira pessoa, cobras mordendo pais de seus amigos, como no quinto ano, quando tivera diversas visões dos atos de Voldemort.

Havia uma grande movimentação em frente ao altar, e Harry observava, sentado junto de Hagrid e Hermione, os padrinhos de Fleur de um lado e os padrinhos de Rony, de outro. Estavam lá Rony e Gabrielle, Lupin e Tonks, Gina à espera de Carlinhos, e algumas outras pessoas que Harry não conhecia, mas deviam ser amigos e parentes de Fleur. Alguns dos padrinhos, os que Harry conhecia, conversavam preocupados. Instintivamente, Harry levantou-se e foi perguntar a Rony o que estava acontecendo.

– É o Carlinhos, já devia estar aqui desde ontem. Mamãe e papai não conseguem comunicar-se com ele, já deixou a Romênia, e por isso mesmo estão preocupados. Já devia ter chegado... Será que aconteceu alguma coisa, Harry?

Harry queria dizer ao amigo que não, mas sabia que talvez não fosse verdade. Carlinhos era um bruxo muito habilidoso, é verdade, mas isso não significava que não poderia ser facilmente encurralado por uns dois ou três comensais. Os tempos eram difíceis, e depois da morte de Dumbledore, os membros da Ordem pareciam estar todos muito inseguros e amedrontados, como se esperassem por um extermínio a qualquer hora do dia, e em qualquer lugar. Mas, para a alegria de todos, Carlinhos aparatou no meio do altar, já em vestes a rigor, parecendo muito confuso e cansado.

– Por Merlin, filho! Que susto você nos deu! – o Sr. Weasley o abraçava fraternalmente.

– O que aconteceu, querido? Por que demorou tanto? – perguntou a Sra. Weasley, largando o filho de um abraço muito apertado, e cuidando de verificar se todas as partes do corpo do filho ainda estavam intactas.

– Está tudo bem, mamãe, papai... Só tive problemas com alguns dragões, e me atrasei um pouco! Mas e então, já estamos todos preparados?

– Estamos, estamos... Bem, vá para o seu lugar ali, ao lado da Gina. – instruiu a Sra. Weasley, e o rapaz obedeceu, só se demorando um pouco para cumprimentar o ancião que provavelmente realizaria a cerimônia de casamento, que segurava uma taça de cristal muito brilhante, mas vazia.

Algo no olhar de Carlinhos pareceu estranho. Harry achou que talvez tivera mais problemas do que realmente contou, mas talvez tivesse se decidido por não tocar no assunto agora para não deixar a todos preocupados. Afinal, era o primeiro casamento de um dos filhos dos Weasleys, e isso era alguma coisa. Foi então que o olhar de Harry alcançou o olhar de Carlinhos, que fitava-o intrigado, e Harry sentiu que algo não estava direito, teve uma sensação estranha, como se quisesse atacar Carlinhos. Um ódio incontrolável surgiu de dentro dele, e Harry sentia uma vontade inacreditável de azarar Carlinhos. O que estava acontecendo com ele? Além de alucinações agora estava se tornando um bruxo mal? “Não é possível”, pensou ele, e tratou de desviar o olhar de Carlinhos, que continuava a encarar Harry, apreensivo.

– Harry, querido, você precisa se sentar, a cerimônia vai começar! – avisou alarmada a Sra. Weasley.

E Harry apressou-se e foi se sentar ao lado de Hermione e Hagrid, e contou a Hermione o que sentira naquele instante.

– Harry, isso é tudo fruto daquelas maldições, tenho certeza! Deve haver algum tipo de seqüela ou maldição para quem as use, Harry! Precisamos conversar com Lupin, acho que ele saberá o que está acontecendo. Mas agora não, Harry, esqueça isso, a Fleur já está entrando, veja!

E então Harry a viu. Estava estonteante, em seu vestido branco e reluzente, Fleur Delacour estava mais do que nunca parecendo uma Veela. E era óbvio que não somente para Harry, pois ele de repente notara que todos estavam observando-a abobados, como era o efeito característico de uma Veela. Ela então sorriu, emocionada, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, e todos pareceram despertar do transe, e aplaudiram mui alegremente. Agora sim, Harry tinha certeza, não somente ele mas todos no jardim estavam ouvindo a uma música muito bela, que vinha de um toca-discos enfeitiçado e controlado por Moody. O toca discos era muito bonito e parecia ter sido feito à base de ouro, pois era muito dourado. Harry imaginou onde os Weasley arranjaram o dinheiro para comprar um aparelho como aquele, afinal, eram pessoas simples, e o aparelho parecia custar muito caro.

– Gostou do nosso presente de casamento para o casal, Harry?

Harry então se virou, e nas cadeiras atrás dele, estavam os gêmeos Fred e Jorge, usando vestes púrpuras que combinavam com seus chapeis coco.

– Achamos que talvez seria útil não só hoje, mas depois do casamento também. Afinal, Fleur é uma péssima cantora. Gui vai nos agradecer muito. – brincou Fred, cumprimentando Harry.

– É claro que talvez não se compare ao grande presente que guardamos para depois da cerimônia, mas é um bom presente! – cumprimentou-o também Jorge. – Preparamos uma grande queima de fogos-gemiais-Weasley, uma das nossas mais recentes invenções!

Naquele instante, algum parente distante de Fleur fez um sonoro “PSIU”, e Harry tinha certeza que era parente de Fleur pois a velha ainda tinha os vestígios de cabelos loiros na cabeça. Fleur havia chegado ao pé do altar, e Gui lá estava, sorridente, com o olhar penetrado em Fleur, a mão estendida aguardando a noiva que deslizara pelo corredor arrancando suspiros da multidão que assistia atônita à cerimônia. Fleur ganhara um demorado beijo na testa de seu pai, que a trouxera pelo corredor, e agora a entregara ao futuro marido, que tomou sua mão e a beijou, respeitosamente, após se curvar em reverência ao sogro.

Um bruxo muito velho (que Harry pensou jamais ter visto antes na vida), com um chapéu pontudo e dourado, estava no topo do altar, segurando algo que parecia ser um taça de cristal, que continha um líquido muito semelhante à cor prata. Ele dizia algumas palavras que Harry não podia ouvir devido à distancia e também ao som dos gêmeos, nas cadeiras de trás, que pareciam esperar ansiosos pelo fim da cerimônia, para mostrar ao mundo sua nova invenção.

Harry olhava atento a tudo aquilo, quando um novo flash de luz cegou suas vistas, e ele se viu sozinho na fileira de cadeiras de jardim, observando Carlinhos e Fleur se contorcendo de dor, caídos ao pé do altar, a taça de cristal quebrada no chão, um pouco à frente das mãos de Gui, que agora apertava seu próprio pescoço violentamente, como se tentando impedir algo que estava em sua boca de descer pela garganta. Viu, de relance, uma ave muito grande, parecida com um cisne, passar mui rapidamente sobre eles, deixando um rastro vermelho no céu, mas fora muito rápido, e não tinha importância: tinha que ajudá-los, tinha que fazer algo, e foi então que ele o viu, no altar, parado ao lado de Gina, com um olhar maligno no rosto: era Draco Malfoy. Estava lá parado, sorrindo maldosamente à visão de Gui e Fleur se debatendo ao chão. Harry tentou gritar algo, mas o grito não saiu. De repente, um novo flash, e lá estava ele de novo, ao lado de Hagrid e Hermione, e ouvindo as discussões de Fred e Jorge nas cadeiras de trás. Havia suor em seu rosto.

– Harry, está tudo bem? Você está suando! O que aconteceu? – Hermione perguntava desesperada, já que o amigo estava pálido e suava muito.

– Acho que vi alguma coisa, não sei, algo está errado.

Harry olhou para o altar, e o velho agora entregava a taça cheia do líquido prateado para Carlinhos, que a apanhou com um grande sorriso, e ia virá-la na boca, observado por uma Fleur sorridente, quando do silêncio partiu um berro que assustou a muitos.

Estupefaça!

O feitiço de Harry atingiu a taça em cheio, explodindo-a em dezenas de cacos, e derramando o liquido prateado nas vestes de Carlinhos. Todos olharam para Harry atordoados, mas foi Hermione quem disse:

– Harry, o que há com você? Você enlouqueceu?

– Tem alguma coisa errada, vocês não percebem? – gritou o garoto, que agora se desvencilhava da fileira de cadeiras e partia para o altar, varinha em punho, apontada para Carlinhos.

– Harry, abaixe essa varinha agora! – gritou o Sr .Weasley, desorientado.

– Não, tem algo errado com ele! – Harry apontava a varinha para Carlinhos, que fazia cara de preocupado.

Lupin e Moody então seguraram Harry pelos ombros, impedindo-o de prosseguir, mas então viram Gui e a parte cima das vestes do noivo haviam simplesmente derretido, revelando o peito cheio de cicatrizes do rapaz.

– O que aconteceu aí, Gui? – perguntou o Sr. Weasley, confuso.

– Não sei, elas parecem ter derretido?!?!?! – respondeu Gui, totalmente perplexo.

Havia rumorejos por todo o jardim. Pessoas comentavam e olhavam confusos para o que acontecia, uns gritavam “maluco” para Harry, mas ele não se importava, tentava se soltar dos braços firmes de Lupin e Moody, que o seguravam. Foi então que ele viu, e todos também viram, mas já era tarde.

– Atrapalhando os planos do Lord Escuro mais uma vez, seu idiota! Isso vai lhe custar caro... Mas não vou sair daqui de mãos vazias, Potter! Você tirou um de seus servos, e agora ele quer uma retribuição! – não havia mais Carlinhos ao lado de Gina. Era Draco Malfoy, que agora segurava a garota pelo pescoço apontando sua varinha diretamente para seu pescoço. – Agora, fiquem a vontade, não se preocupem com a minha saída, podem continuar com a cerimônia.

E rindo maldosamente, ele desaparatou, levando Gina em seus braços, e tudo que pode ouvir foi o grito de ódio de Harry, que sem esforço, ou feitiço algum, fez Lupin e Moody serem arremessados a cinco metros de distância. Mas era tarde. Draco se fora, e levara Gina consigo. Sua Gina.

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Espero que tenham gostado desse capítulo, demorou pra ficar do jeito que eu queria, por isso demorei um pouco mais para postar. Agora, gostaria de pedir aos que lerem que por favor, comentem o que acharam, seus comentários são importantíssimos para mim. Ainda essa semana posto o Capítulo 5, que acho que será bastante, hummm, "interessante"...
Comentem, e votem, por favor!
Abraços;
Israel G3

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