De volta ao número 12



Capítulo 8
“De volta ao número 12”


Eram quase três da madrugada, mas Harry não conseguia sentir sono, fome, cansaço ou nenhuma outra sensação a não ser ódio de si próprio. O corredor do Hospital St. Mungus para doenças e acidentes mágicos não colaborava em nada para tirar Harry daquele estado petrificante de desespero e tristeza. Não havia cumprido uma promessa feita a si mesmo de praticar Oclumência todas as noites, e isso causara um dano catastrófico. Ele havia atacado o melhor amigo, seu quase-irmão, com uma maldição imperdoável. Envolto em seus pensamentos, aflições e ressentimentos, Harry mal pôde perceber que o Sr. Weasley estava à sua frente, voltando do quarto onde Rony recebia tratamento. Levantou os olhos então, e de súbito, levantou-se para encarar o pai do amigo, cheio de vergonha.

– Sr. Weasley! Como ele está? Ele vai ficar bem?

– Está tudo bem Harry, não se preocupe, o pior já passou.

O Sr. Weasley, caindo em uma das cadeiras entre Harry, Hermione e Gina, que também estavam na espera por notícias, virou-se para o garoto calmamente, e recomeçou a falar.

– A medi-bruxa me disse que alguns segundos a mais sob o efeito da Maldição Cruciatus e Rony não teria mais sanidade alguma... Foi uma sorte você ter aparecido, Gina. Rony jamais recuperaria a consciência novamente se você não tivesse entrado no quarto naquele exato momento.

Mesmo sabendo que o amigo estava fora de perigo, a informação recém divulgada pelo bruxo fez com que Harry afundasse ainda mais na cadeira gelada do corredor deserto do hospital St. Mungus. Harry se perguntava em silêncio se era possível sentir mais vergonha e arrependimento do que ele sentia naquele momento. Chegou à conclusão que se aquele instante não fosse o mais dramático de sua vida, chegava perto.

– Sr. Weasley, eu nem sei o que dizer... Não consigo nem me desculpar... – uma lágrima escorria no rosto magro de Harry. – Eu devia estar praticando Oclumência como Dumbledore me mandou! Jamais vou poder reparar esse meu erro, eu sei, não se preocupe, hoje mesmo saio da casa do Senhor e...

– Harry, aquiete-se. Posso falar por um instante?

Harry assentiu com a cabeça, sabendo que talvez o desespero em desculpar-se tivera o levado longe demais. Mas o Sr. Weasley falou calmamente.

– Não posso dizer que não esteja desapontado com o que aconteceu essa noite. Não sei dizer se Molly está mais desolada pelo que aconteceu ao Rony ou se pelo que você fez, Harry. Ela não consegue acreditar que você é capaz de usar Maldições Imperdoáveis. Sabe, Harry, bruxos decentes não usam desses artifícios...

Harry concordou com a cabeça, como se implorasse para que o Sr. Weasley o espancasse ao invés de dar-lhe um sermão que o machucava tanto por dentro. Hermione levou Gina pelo corredor, atendendo à solicitação que o Sr. Weasley fizera com um leve gesto.

– No entanto, Harry, não há quem possa viver uma vida toda sem cometer erros, deslizes ou desvios de conduta quaisquer. Não queremos que deixe nossa casa, Harry – o Sr. Weasley agora repousava sua mão no ombro de Harry, sem encará-lo nos olhos – você é e sempre será bem vindo. Mas devo insistir para que você reflita no que aconteceu essa noite. Reflita sobre a importância de ouvir àqueles que estão anos à sua frente. Só queremos o seu bem, Harry. E eu sei que você jamais faria uma coisa daquelas ao Rony intencionalmente.

O Sr. Weasley agora se levantara, e retornava em direção ao quarto do filho.

– A medi-bruxa disse que talvez ele receba alta em uns dois dias, se continuar se recuperando dessa forma. Vocês poderão visitá-lo pela manhã. Ele está cedado agora, não adiantaria muita coisa. Acho melhor vocês irem pra casa. Vou avisar Molly que estou levando vocês embora.

– Sr. Weasley, por favor, me deixe ficar!

O pedido de Harry fez o bruxo parar no meio do caminho e observá-lo com curiosidade.

– Mas Harry, ele só acordará de manhã!

– Eu sei... Mas... não conseguirei dormir mesmo. Preferiria ficar aqui. Quero estar por perto quando ele acordar. Por favor...

O bruxo analisou-o por um instante, e em seguida respondeu:

– Tudo bem, não tem problema. Vou avisar Molly que vou acompanhar as meninas. Quer entrar um instante, Harry?

Harry concordou com a cabeça, e seguiu o pai do melhor amigo, com o coração trepidando no peito, medo do que poderia ver. Ainda não tinha noção do estrago que poderia ter feito ao melhor amigo. Ao passar pelo arco da porta, chegou ao quarto que muito lembrava a ala hospitalar de Hogwarts, mas um pouco menor, e com camas estilo colonial, com véu e baias separando uma ala da outra. O quarto em que Rony se achava era duplo, mas a outra cama da baia vizinha jazia vazia. Estavam lá apenas Rony, a medi-bruxa que parecia ser de meia idade e mal humorada, Gui e a Sra. Weasley.

– Alguma outra reação, Sra. Pivey?

– Não, Sr. Weasley. O quadro do garoto é estável. Não há mais perigo algum. Ele deverá ficar em observação por uns dois dias, e depois poderá voltar pra casa. Pobrezinho! Sentirá uma dor danada no corpo e na cabeça quando acordar... Mas de resto, não haverão seqüelas. Esse comensal maldito atingiu-o com a Maldição em força total!

Ao ouvir o comentário da Sra Pivey, a velha medi-bruxa, o estômago de Harry pareceu dar um nó de uma extremidade à outra. “Comensal”? Eles não haviam contado o que realmente acontecera?

– Meu Roniquinho é muito forte! Estou tão orgulhosa de você! – sussurrava a Sra. Weasley ao pé do ouvido do filho desacordado, que, para espanto de Harry, não roncava como de costume.

– Aposto como o Rony vai acabar acordando se mamãe continuar chamando ele por esse apelido... – brincou Gui, tentando descontrair Harry, que estava branco feito um fantasma – Não se preocupe Harry, ele vai ficar legal.

– Molly, vou acompanhar a Gina e a Hermione até a Toca, volto sem seguinte. Gui, você vêm?

– Sim papai. A Fleur deve estar achando que estou com outra. Ciumenta que só, essa minha noiva!

Dando um sincero sorriso a Harry, Gui abandonou o quarto, seguindo os passos do pai, que ia à frente. O momento que Harry temia desde que chegara ao hospital havia chegado. Ele estava a sós com a Sra. Weasley. Começaria a qualquer momento agora.

– Não quis ir descansar, Harry?

– Preferi ficar, Sra Weasley. Se a Senhora não se importar, claro.

– Claro que não, você pode ficar o quanto quiser. A Sra. Pivey disse que ele vai acordar pela manhã, e se tudo correr bem, pode ir embora em dois dias.

– Que ótimo! Sra. Weasley, eu... desculpe, eu não estava praticando Oclumência como Dumbledore pediu e não tenho palavras pra dizer o quanto eu... – Harry começou a disparar suas desculpas para a Sra. Weasley, não podia suportar o fato de ela não estar tocando no assunto. Mas ela o interrompeu.

– Harry, Harry... Está tudo bem. Você sabe que o amamos como um filho! Você sempre foi como um irmão pro Rony. E agora, você e a Gina! Bem, você é da família...

De repente o rosto da Sra. Weasley se fechou, e seu costumeiro sorriso oferecido a Harry desapareceu. Uma bruxa séria e com o ar preocupado tomou seu lugar.

– Mas você sabe, não posso deixar de lhe dizer que me entristeci. Não por ter ferido ao Rony, porquê eu sei que você-sabe-quem tem suas maneiras de controlar as pessoas. Mas Harry, maldições imperdoáveis? Você já as havia usado antes, não é mesmo? No dia do seu aniversário?

– Sim... Como a Sra. sabe?

– Bem Harry, não sou sua mãe, mas assim como conheço meus filhos, acho que conheço você também. No dia em que você chegou na Toca me pareceu que estava arrependido de algo. E ouvi alguns comentários entre Remo e Arthur sobre o Ministério ter detectado algo naquela mesma noite. Arthur me negou, mas eu o conheço bem demais também, e sei que ele queria apenas encobertar você...

– Sra. Weasley, eu não sei, foi uma falha, queria me defender! Eles me provocaram, não pude evitar! Eu estou tão confuso, primeiro Sirius, depois Dumbledore, e eles falaram dos meus pais e... E... eu...

Harry agora soluçava. Não conseguia conter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. A Sra. Weasley então o puxou para um abraço. Novamente ele sentiu aquela sensação que devia ser o que se sentia ao ser consolado por uma mãe. Sentiu-se protegido, a dor estava passando.

– Eu sei, querido! Não fique assim, você já passou por tantas provações nessa sua vida que ainda está só começando! Não sei quantos de nós agüentaríamos suportar o que você já suportou. Vamos deixar tudo isso de lado, ok? Sei que Rony é seu melhor amigo, ele entenderá tudo que aconteceu, assim como todos nós entendemos. Mas eu preciso lhe pedir algo...

– Qualquer coisa que a senhora pedir, eu juro!

– Fico feliz em saber que você me atenderá! Bem, você é um bruxo decente, Harry. É inteligente, tem ótimos e fieis amigos, tem a Gina que o ama tanto, tem a todos nós. Não se deixe levar pelo ódio. Dumbledore não gostaria que você o vingasse com sangue e fúria, Harry. Tenho certeza disso. Ele preferiria que você o vingasse mostrando dignidade e superioridade. Não aja como o outro lado, Harry. Faça a diferença!

As palavras da Sra. Weasley pareceram despertar em Harry um sentimento ainda mais revigorante: a honra. Ele sabia que ela estava coberta de razão. Conhecera Dumbledore muito bem, e era exatamente o tipo de coisa que ele lhe diria em uma situação como aquela. Honra, coragem, o poder da escolha: todas aquelas palavras confortantes que só o velho diretor de nariz torto era capaz de proferir.

– Eu prometo Sra. Weasley. Não decepcionarei nenhum de vocês novamente.

O sorriso se abriu novamente nos lábios da pequena e fofa bruxa.

– Ótimo Harry! Você não sabe o quanto significa pra mim ouvir isso! – disse a Sra. Weasley, dando um novo mas conhecido abraço em Harry: apertado e estrangulador – Parece que não é a primeira vez que vocês terão de adiar a viagem de vocês, não é mesmo?

Harry não tinha tido tempo para pensar nisso, mas quando o fez, percebeu que a Sra. Weasley estava certa.

– Pois é! Parece que algo não quer que nós comecemos essa jornada... Mas não importa, nós começaremos, cedo ou tarde.

A Sra. Weasley não respondeu. Nem precisava. Harry não tinha o menor dom para ser um legilimente, mas tinha certeza do que passava na cabeça da mãe do melhor amigo (e sogra) naquele momento. Ela não queria que o filho acompanhasse Harry naquela missão-suicida. Tinha medo do que poderia lhes acontecer. Mas não tinha escolha, sabia que o filho o seguiria onde quer que fosse.

– Bom Harry, se você não se importa, preciso tomar alguma coisa, estou morta de sede. Você vai ficar por aqui?

– Vou sim. A senhora pode ir tranqüila.

– Ok então, querido. Volto logo.

Saindo do quarto, ela então deixou Harry a sós com Rony, que continuava dormindo, mesmo que fosse difícil de acreditar que ele estava dormindo: ele não roncava um segundo sequer.

– Acho que deveria te enfeitiçar mais vezes, cara. Eu dormiria bem melhor sem seus roncos!

Harry aproximava-se da cama do amigo, sentando-se em uma fofa cadeira. Olhou-o por um instante, intrigado, pensando no que poderia ter feito ao amigo se Gina não tivesse aparecido em tempo. Poderia tê-lo matado. Achou melhor deixar aqueles pensamentos de lado. Tudo ficaria bem, os Weasleys haviam o perdoado, e ele se sentia grato por aquilo. Se pegou, de repente, refletindo sobre o que a Sra. Weasley falara sobre o adiamento da viagem.

Era intrigante a maneira como as coisas vinham acontecendo naquelas últimas semanas. Todas as vezes em que eles se preparavam para partir, e decidiam que era chegado o momento, algo acontecia. Primeiro o ataque ao casamento, o seqüestro de Gina, depois aquilo que acontecera naquela noite. Harry sentia-se cansado só de pensar que havia ainda tanto a ser feito, e eles nem tinham começado, se é que sabiam por onde começar.

Isso ele tinha certeza, sim! Godric’s Hollow. O próprio Dumbledore havia dito na carta-testamento que Harry saberia por onde começar. Só podia ser lá. Ele não sabia explicar ao certo o porquê daquele desejo súbito de visitar o pequeno vilarejo, mas de alguma forma sabia que era importante. Talvez lá encontrasse pistas sobre o que deveria fazer. Encontraria memórias de sua família, de Sirius, que fora tão amigo de seus pais, talvez até encontrasse pistas sobre os horcruxes.

– Vou precisar de você, cara. Acho bom você melhorar rápido...

Harry sussurrou ao ouvido do amigo, que deu um leve gemido na cama, e virou-se para o outro lado, começando a roncar muito alto.

– É, parece que estava bom demais para ser verdade! – disse Harry, sorrindo na certeza de que o amigo se recuperaria mais rápido do que a medi-bruxa havia previsto.

Encostou-se, então, nas costas da cadeira, e repousou a cabeça sobre a fofa almofada que cobria a parte superior da cadeira de madeira. Estava cansado, sentia um sono incrivelmente pesado puxar suas pálpebras para baixo. Mas não podia dormir. Tinha que praticar Oclumência antes de dormir. Faria isso todas as noites agora. Mas não conseguia segurar, estava com sono demais.

– Vou só descansar meus olhos, estou aqui cara... – disse ele pra Rony, dando-lhe uma última olhada, bêbado de sono e fechando os olhos involuntariamente.

Passados segundos, talvez minutos, tudo que ele pôde ver foi uma enorme e alta torre que distinguia-se entre muitas outras torrinhas de um castelo que ele conhecia muito bem: Hogwarts. A torre de astronomia estava clara como o sol do meio-dia. Harry estava voando, mas o estranho é que não estava montado em uma vassoura, nem em um hipogrifo, e muito menos em um testrálio. Não conseguia entender como voava, mas não importava. Era uma sensação maravilhosa! Ele estava passando por cima dos campos verdejantes de Hogwarts, indo em direção à torre mais alta do castelo. Era óbvio que era lá que ele tinha que ir. Mas não queria, aquele lugar lhe trazia más lembranças. Mas tinha que ir até lá. E foi.

Chegando à torre de astronomia, ele sentia seu corpo pairando sobre o pequeno muro que separava o chão do grande espaço vazio sobre o qual flutuava. A visão que teve o atordoou de tal maneira que ele achou que cairia. Aquele velho homem, com longos cabelos e barba prateada estava encarando-o do outro lado da pequena mureta. O nariz torto era inconfundível. Alvo Dumbledore.

– Professor? É o Senhor? Mas como?

Harry queria perguntar muitas coisas, chegar perto dele, mas foi impedido de continuar se manifestando por um longo dedo que lhe fez sinal para calar-se. E ele se calou. Em seguida, Dumbledore o chamou para perto de si, e Harry não pensou duas vezes, aproximou-se do homem em que mais confiara na vida. Ao chegar a um palmo de distância do ex diretor, este o tocou na ponta do cotovelo, e então Harry sentiu que não voava mais, mas sim rodopiava em uma velocidade desconcertante. Era uma sensação diferente das outras que havia sentido. Não tinha náuseas, nem dores de cabeça, era uma sensação agradável... E acabou com a mesma velocidade com que começou.

Harry estava, agora, parado à frente de um quadro de uma mulher com ares de madame, e que parecia estar apenas esperando um bom motivo para começar a ralhar com alguém. Conhecia aquele quadro. Mas não tinha tempo para analisá-lo mais, Dumbledore o chamava ao outro lado daquela sala que ele também conhecia. Os armários velhos, o tapete gasto, o cheio de mofo no ar, e aquela estranha tapeçaria na parede, logo abaixo de um brasão de família que Harry já havia visto antes. Dumbledore estava parado de fronte a ele, observando atentamente o quadro estranho. Harry não entendia o que estava acontecendo. Porquê Dumbledore o levara ali?

– Professor, o que estamos fazendo aqui? Não gosto de vir aqui! O senhor está vivo? Porquê não fala comigo?

Dumbledore não respondeu a nenhuma das perguntas de Harry. Continuava impenetrável, admirando e observando cada detalhe da tapeçaria velha e gasta pendurada na parede. Harry decidiu aproximar-se para poder contemplar o que é que havia naquela parede que tanto chamava a atenção de Dumbledore.

– O que há de tão interessante aqui para o Senhor não querer nem falar comigo?

Harry agora observava o olhar sorridente de Dumbledore, que parecia feliz por Harry estar prestando atenção no que havia naquela tapeçaria. Os olhos de Harry correram de cima abaixo, mas ele não pôde entender o que Dumbledore queria lhe dizer. Então, Harry virou-se para perguntar a Dumbledore o que é que ele queria lhe dizer, mas ele não estava mais ali. E nem a sala velha estava mais ali. Havia apenas a Sra. Weasley lhe levantando a cabeça, enquanto Harry acordava meio tonto, ainda sem entender que adormecera.

– Acorde Harry querido... Acho que você deveria ir pra casa, está tão cansado! Cochilou sentado nessa cadeira dura!

Harry não prestava atenção em nenhuma palavra que a Sra. Weasley lhe dizia. Tudo ainda estava muito fresco em sua mente. Tinha que conferir pessoalmente o que acabara de ver. Havia sentido naquilo, não era apenas mais um sonho. Não podia ser.

– Acho que a Senhora tem razão, vou para a Toca descansar, e volto pela manhã para ver o Rony.

– Acertado então! Assim que Arthur voltar ele pode lhe dar uma carona até a Toca.

– Acho que não há necessidade, Sra. Weasley. Já aparatei antes, não será a primeira vez.

– Mas querido, você ainda não tem licença!

– Ninguém está ligando pra isso, Sra. Weasley, não se preocupe. O Ministério está bem mais concentrado em prender inocentes ultimamente. Até amanhã, boa noite!

Harry sabia que poderia ter sido um pouco áspero com a mãe do amigo, mas ele tinha que fazer algo que não podia esperar. Mas antes, buscaria Gina e Hermione para acompanhá-lo. Pensava melhor com os amigos por perto. Saindo então no corredor do hospital St. Mungus, se concentrou firmemente no jardim da Toca, e dasaparatou. Quando reapareceu no jardim da Toca, ficou feliz em constatar que todo seu corpo continuava intacto. Correu para dentro da casa, e encontrou Gina e Hermione na cozinha, comendo juntas.

– Harry? Como você chegou aqui? Papai acabou de desaparatar de volta para o St. Mungus!

– Vim sozinho, Gina. Escutem, preciso de vocês. Tenho que ir checar uma coisa agora, algo que não pode esperar até amanhã. Vocês vêm?

– Como assim, Harry? Agora? Já passam de 3 da madrugada! – disse Hermione, consultando o relógio.

– Eu sei ver as horas Hermione, acontece que é algo que não pode esperar! Vocês vêm ou não?

– Eu vou. – disse Gina, levantando-se rapidamente – Para onde vamos?

– Eu explico no caminho, só preciso subir pra apanhar algo. Hermione?

– Tá, tá! Eu vou... Mas é bom ser algo importante, Harry! Ainda nem conversamos sobre o que você fez hoje!

– Agora não, tá Hermione! – disse Harry, subindo as escadas com pressa.

Nem um minuto depois Harry já estava de volta, com o rosto cheio de expectativas.

– Ok, onde vamos? – perguntou Gina.

– Largo Grimmauld, número 12.

– A sede da Ordem? A casa de Sir.... Quero dizer, sua casa?

– Sim. Vou explicar tudo, venham!

Os três então saíram pela porta da cozinha, atravessaram o jardim e pararam de fronte ao pequeno portão de madeira que cercava a propriedade.

– Vamos aparatar, ok? Gina, segure no meu braço. Hermione, na porta da frente da casa, ok?

– Certo.

Gina agarrou no braço direito de Harry, que sentiu um leve calor pairar em seu estômago ao toque das mãos quentes de Gina. Contaram até três e desaparataram, aparatando em seguida em frente à casinha espremida entre os números 11 e 13 do Largo Grimmauld. Enquanto entravam na casa, Harry foi explicando tudo que havia sonhado, e também sua desconfiança do que poderia ser aquilo para que Dumbledore olhava tão apreensivo em seu sonho.

– Você acha mesmo que seja aquilo, Harry? – perguntou Hermione.

– Eu me lembro de termos tentado arrancar aquilo da parede um bocado de tempo, mas sem sucesso... – disse Gina.

– Por isso acho que não deva ser coincidência... Só queria entender como tive um sonho desses, e por que...

Entraram, então, na casa que antes pertencera a Sirius, e que agora era propriedade de Harry. Mesmo sabendo que a casa era sua, Harry nunca tivera a vontade de tomar posse de sua herança. Era doloroso demais voltar àquele lugar.

– Vamos tentar fazer o mínimo possível de barulho pra não acordar essa bruxa miserável... – sussurrou Harry, apontando para o quadro da mãe de Sirius, que ficava de frente à porta de entrada da casa.

Seguiram sorrateiramente, fazendo o mínimo de barulho possível, até chegarem ao lugar onde Harry tivera aquele estranho sonho. Lá estava, simplesmente igual ao sonho, a tapeçaria velha e manchada, embaixo do brasão da família dos Black. Era a árvore genealógica da família, aquela que eles tinham tentando remover da parede há dois anos atrás, mas sem sucesso, enquanto limpavam a casa toda.

– Era isso que ele estava olhando no sonho? Mas por que? O que há de tão interessante aqui? – perguntou Gina.

– Não consigo entender, Harry. Você tem certeza que era isso que ele olhava no seu sonho?

– Tenho Hermione. – disse Harry, passando os dedos pela tapeçaria que continha nomes de dezenas de bruxos e bruxas.

Lá estavam retratados familiares e mais familiares dos Black, e, segundo as datas contidas ao lado de cada casal, eram retratados parentes desde a Idade Média. Algumas partes estavam queimadas, e Harry sabia, eram “traidores do sangue”, como costumavam chamar àqueles que se casavam com abortos ou trouxas. Harry podia ver de relance nomes de pessoas que não conhecia, como Araminta Melíflua, Elladora Black, e outros de pessoas que conhecia, como Phineas Nigelu, um antigo diretor que agora tinha um quadro na sala de McGonagall em Hogwarts, Andrômeda, a mãe de Tonks, Bellatrix, a assassina de Sirius, Lucio e Narcissa Malfoy, bem como seu filho Draco Malfoy, agora também comensal da morte.

Mas então Harry viu o que passara despercebido por tanto tempo em suas lembranças, mas que Dumbledore lhe abrira os olhos em sonho para que prestasse mais atenção. De um ponto queimado que Harry sabia ser o nome de Sirius, partia uma linha de prata fina e suavemente traçada, que levava a um nome que fez o estômago de Harry se revirar. Seria possível que, depois de tanto mistério, se perguntando a si mesmo o que poderia significar aquilo, era essa a resposta para a maior dúvida que tivera nos últimos tempos? Ele leu em voz alta para Hermione e Gina, apontando com o dedo indicador o nome que o fizera carregar a namorada e a melhor amiga no meio da madrugada para o Largo Grimmauld.

– Regulus Alphard Black...

– O que é que tem, Harry? Quem é? – perguntou Hermione, enquanto Gina parecia entender menos ainda o que estava acontecendo.

– Talvez você possa ter ouvido falar dele vagamente no nosso quinto ano enquanto limpávamos essa maldita casa.

– O irmão de Sirius! Harry! – lembrou Hermione.

– Sim. Mas eu preferiria chamá-lo de RAB. – sorriu Harry, tirando do bolso o falso Horcrux e mostrando o bilhete contido nele.

– Harry! Isso é brilhante! – exasperou-se de felicidade Gina – Você descobriu!

– Na verdade não, Gina. Dumbledore parece ter me dado esse presente... Só queria entender como é possível!

– Talvez tenha sido seu próprio subconsciente, Harry!

– Como assim Hermione?

– Pense comigo: você já havia visto essa tapeçaria antes, não é mesmo? Talvez essa informação estivesse guardada lá no fundo da sua mente, e durante o sono tenha se libertado, mas de uma forma meio “diferente”... Bem, você sente muita falta de Dumbledore, não é? Talvez isso tenha sido apenas uma forma que seu coração encontrou de matar a saudades, não sei...

Harry pensou por um instante. Era a explicação mais racional para o que acontecera, mas Harry não sabia se concordava com aquilo. Tinha algo mais interessante para pensar no momento.

– Não sei, mas acho que não importa agora. Tive uma outra idéia enquanto ia do hospital para a Toca.

– Qual idéia? – perguntou Hermione, curiosa.

– Essa. – respondeu Harry, tirando do bolso um pedaço de vidro velho e sujo.

– O que é isso, Harry? – questionou-o Gina

Harry explicou do que se tratava, mostrando uma pequena mensagem escrita atrás do espelho sujo. Hermione sorriu, como sempre, parecendo ter entendido tudo em uma fração de segundos. Harry riu para Gina quando ela fez uma cara de quem ainda não entendera muito bem.

– E se não fosse um par, Gina? E se fosse um trio?

Gina observou-o com cara de espanto, finalmente entendendo o que Harry queria dizer.

– Mas não pode ser, Harry! Sirius disse que ele havia sido morto por Voldemort em pessoa! – argumentou a menina.

– Eu sei, mas ele também disse que Regulus nunca fora importante o suficiente para ser morto por Voldemort em pessoa. E se ele estivesse errado? E se... ele nunca morreu? Como Rabicho, que simulou a própria morte?

– É uma idéia e tanto, Harry... – divagou Hermione.

– Bem, só há um jeito de descobrir, não é mesmo? – disse Harry, agora virando de costas para as garotas, a fim de elas também poderem ver o reflexo que o pequenino espelho produzia. – REGULUS?

O espelho continuou refletindo a imagem do garoto, e nada aconteceu. Harry lembrou-se de quando tentara contatar Sirius após sua morte, e sentiu uma ponta de desapontamento ao pensar que sua idéia era furada.

– Viu? Mas não posso dizer que não tenha sido uma boa idéia, Harry... – consolou-o Gina.

Mas Harry sorria novamente, como se tivesse descoberto um país novo.

– Claro... Ele não seria tão indiscreto...

– O que? Do que você está falando, Harry? – perguntou Hermione, que agora parecia entediada por não ter entendido a frase de Harry.

– Ele não seria tão indiscreto assim se estivesse se escondendo... RAB? – gritou Harry para o espelho.

Por um instante, nada aconteceu, e Harry começava a sentir-se desapontado de novo, quando uma fumaça esverdeada tomou conta do espelho em suas mãos, revelando aos poucos uma caricatura feia e magra de um rosto jovem mais deteriorado pelo tempo ou pela fome.

QUEM É VOCÊ? – berrou o reflexo no espelho – COMO ENCONTROU ESSE ESPELHO?

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Quero pedir mil perdões a todos os meus amigos e fiéis leitores pela demora, mas ultimamente estive REALMENTE ocupado, e acabei não tendo tempo de editar o capítulo propriamente, e como sempre trabalho sozinho nos capítulos, acabei ficando meio enrolado, e depois veio o carnaval, aí já viu, não é mesmo? Mas estou na esperança de que esse capítulo tenha ficado bom, e por isso, imploro a vocês que comentem aqui na FIC, assim eu posso saber o que estão achando... Gostaria que houvesse um pouco mais de comunicação entre mim e vocês, já que o grupo que se comunica comigo não é muito grande, embora seja fiel desde o primeiro capítulo! Bom, aguardo os comentários de todos, e prometo não demorar pra postar o próximo...

Israel G3

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