Provas, provas e... mais prova



Olá leitoraaaas, como estão ?? Bem, esse capítulo ficou mto mais MUUUUUITO grande, mas é necessário para o futuro da nossa querida bruxinha Annie. Bom, eu espero que gostem, sinceramente. Queeero reviews hein !? Bjoooookas com paçocas da Princesa de Genovia.
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No domingo de manhã, eu acordei não muito cedo. O sol brilhava com intensidade e o céu estava azul anil sem nenhuma nuvem. O dia perfeito para ficar no jardim jogando conversa fora, voando com a vassoura ou até dar um mergulho no lago, mas, infelizmente, não seria possível fazer uma dessas coisas, mesmo eu querendo muito.


Amanhã teria minha primeira prova da escola, que seria sobre História da Magia e com grande pezar, terei que dar aula ao Potter, o garoto insuportável. Isso corta todo o meu barato e faz o meu dia ficar nublado, frio e chovendo horrores, mas eu tenho que fazer o que é certo e, para falar a verdade, Potter não estava sendo um aluno tão chato, bobo e idiota. Ele estava só confundindo nomes! Bem, isso acaba me deixando irritada por corrigi-lo toda hora, mas fazer o que? Ele tem uma grande dificuldade em gravar nomes.


Peguei uma roupa qualquer, tomei banho, escovei os dentes, sequei o cabelo e sai do quarto, mas no portal, olhei para minhas amigas que dormiam profundamente em suas camas.


Victoire estava deitada de bruços com a cabeça embaixo do travesseiro, mas seus cabelos encontravam-se do outro lado da almofada todo bagunçado, a coberta cobrindo seus pés, deixando a mostra suas pernas e um pouco de sua bunda, por causa do seu mini-shots azul.


Nathaly dormia esparramada na cama, com a barriga para cima, o travesseiro em seus pés (não me pergunte com foi parar lá), um braço para fora da cama e sua cabeça na beirada do colchão, seus cabelos negros esparramados e sua coberta no chão.


Julie, ao contrario das outras duas, dormia como um anjo. Deitava de lado, sua cabeça encostada no travesseiro com suas mãos embaixo, a coberta cobria da cintura para baixo e seus cabelos estavam espalhados graciosamente no travesseiro.


Olhei para a minha mala e vi minha câmera novinha em cima de todas as roupas. De lá, olhei de novo para as meninas e sorri marotamente.


Fechei a porta sem fazer barulho, peguei minha câmera e tirei foto das minhas amigas.


- Elas estão dormindo mesmo então, não faz mal tirar algumas fotos para ficar de lembrança, não e mesmo!? Aposto que elas nem vão se importar. - refleti baixinho e comecei a tirar fotos.


Depois de ver os resultados, guardei a máquina fotográfica na mala e sai do quarto sorrindo satisfeita. Desci as escadas e dei de cara com Potter, que estava sentado no sofá observando o fogo da lareira, mas senti que ele não estava presente no momento. Estava com um olhar distante, pensador.


Tentei descer as escadas de madeira o mais silencioso possível, mas como tudo nunca acontece como eu gostaria que fosse, o último degrau rangeu alto quando apoiei meu pé.


Congelei no mesmo instante, o pé na escada, o rosto contraído e olhos fechados.


- Bom dia, meu doce de coco. - desejou Potter sorrindo.


- É Walker para você, Potter. - respondi terminando de descer.


- Um bom dia cairia bem, também. - revirei os olhos.


- Por que acordou tão cedo? Pensei que você só viria para o almoço. - sentei ao seu lado, um pouco distante, é claro.


- Não consegui dormir. - ele deu de ombros.


- Por quê?


- Stev estava roncando muito alto.


- Não sabia que ele roncava.


- Você não sabe metade do que acontece naquele quarto.


- Nem quero saber. Coisa boa que não é.


- Não sabe nem metade do que nos somos ou fazemos.


- Nem me interessa saber.


- Não sabe nem metade do que eu sou ou do que sou capaz de fazer. - disse Potter se aproximando.


- Perto demais, Potter. Perto demais. - falei colocando minha mão em seu rosto e o empurrando para trás. - Agora, se me der licença, eu vou comer. - anunciei me levantando do sofá.


- Posso te acompanhar, bela dama? - perguntou Potter segurando minha mão e beijando-a. Tirei-a rispidamente e fuzilei-o com um olhar mortal.


- Se você parar de dar uma de cavalheiro romântico e me chamar de algo que não é o meu sobrenome, você pode. Caso contrário, fique ai esperando seus amigos e não me siga ou você será o primeiro a experimentar meu novo truque mágico.


- Que truque mágico e esse?


- Se eu te contasse, não seria mais novo, certo?


- Cheque-Mate. Mas, posso ir com você?


- Se você fizer as coisas que eu disse...pode.


- Annie, Annie. Quando você vai perceber que eu nunca vou parar de fazer essas coisas?


- Vale a pena sonhar, não?


- Então, isso e um sim? - perguntou Potter meio inseguro e eu ri com gosto.


- Claro que não, seu idiota. Até mais. - respondi rindo e atravessando o quadro da Mulher-Gorda, deixando um Potter abobado para trás.


Entrei no Salão Principal, que estava vazio por causa do horário e andei pelo corredor central ate o outro lado da mesa da minha casa.


- Annie! - chamou uma menina e virei a cabeça de um lado para o outro procurando o dono dessa voz.


Na mesa da Corvinal, estava minha amiga, Alexia Avenzio acenando freneticamente para mim. Acenei de volta e caminhei para lá. Alexia era do sétimo ano, baixa, com cabelos vermelhos vivos e olhos negros.


- Bom dia Le. - desejei sentando-me em sua frente.


- Bom dia An! - respondeu a ruiva sorrindo. - Como vão os estudos?


- Ótimos! Amanhã terei minha primeira prova.


- De qual seria a matéria?


- História da Magia.


- Ah, é a matéria mais chata que eu já estudei.


- É meio sem graça e o professor não ajuda nada também.


- Disseram que o Prof. Binns vai se aposentar quando as aulas terminarem.


- Jura!? Nossa seria a melhor coisa do mundo.


- Concordo. Pena que eu não vou estar aqui no próximo ano.


- É verdade, você vai se formar este ano, não?


- Sim. - respondeu Alexia triste. - Este é o meu último ano.


- Não fica assim não. Pelo menos você vai fazer algo que goste lá fora. O que você pretende fazer?


- Vou ser professora de Feitiços!


- Que ótimo! Você vai dar aula aqui?


- Espero que sim. Eu gostaria muito de voltar para Hogwarts depois de concluir meus estudos.


- Você pode até me dar aula!


- Não seu se isso vai ser possível, An. Acho vai demorar muito para terminar meus estudos.


- Vamos cruzar os dedos! - nós rimos. - Ouvi também, que a Profª Sproud  vai se aposentar neste ano.


- Também ouvi isso! E o Profº Carlos, de Defesa Contra as Artes das Trevas, também.


- Caramba! Só falta o Profº Flitwick se aposentar também. Então você entra no lugar dele!


- Vamos cruzar os dedos. - Alexia imitou-me e rimos novamente.


- Posso comer aqui?


- Claro que pode!


Peguei dois ovos, bacon, uma torrada com pasta de amendoim e um café com leite. Comecei a tomar enquanto Alexia lia seu Profeta Diário.


- Como vai a família, An? - perguntou Le finalmente.


- Vai bem. Meu primo, Dylan, já se mudou. Foi para Nova York seguir sua carreira de jogador. - respondi depois de dar um gole no suco de abóbora.


- Sério!? Que esporte ele faz? - a ruiva pareceu se interessar, já que era mestiça, então entendia sobre trouxas.


- Beisebol. Dylan é apanhador.


- Que demais! Eu sempre quis fazer beisebol, mas nunca tive tempo. - confessou a ruiva com olhos baixos.


- Eu aprendi algumas coisas. Quando ele voltar, você pode nos visitar pelo pó de flu e peço a ele para te ensinar algumas coisas. - pisquei um olho e rimos.


- Eu adoraria, An. Mas ele sabe que você é bruxa?


- Claro, toda a minha família sabe. Até as minhas amigas trouxas.


- Mas não tem problema?


- Desde que eles não espalham pelo mundo... acho que não. - dei mais um gole no meu suco.


- É... pensando bem, acho que não vejo problema. - concluiu a ruiva convencida.


- E como vai a sua?


- Vai bem, também. Papai está tendo muito trabalho com sua criação de hipogrifos. Estão procriando bastante e não tem mais lugar para todos.


- E o que vocês fazem, quando não tem mais lugar?


- Matam. - respondeu Alexia dando de ombros e engasguei com o meu suco.


- Eles matam!? - questionei pasma.


- É brincadeira. - ela riu. - Meu pai vende para outros criadores.


- Não brinque mais com essas coisas, Alexia. Um dia você me mata.


- Nossa, você gosta tanto assim de hipogrifos?


- Hum-hum. Unicórnios, dragões, grifos e cavalos alados também.


- Bem sua cara. - nós rimos. - E os meninos, senhorita Walker!? Gostando de alguém, ou já está de rolo com um?


- Não estou de rolo com ninguém, se quer saber.


- Nem está a fim de algum menino?


- Não.


- Achando alguém bonito!?


- Não.


- Ah, vamos Annie. Não é possível que ninguém tenha mexido com esse seu coraçãozinho de pedra! Pelo menos um.


- Já disse que não, Le.


- Pelas calças furadas de Merlim, An. Nem mesmo o Potter!? Mesmo ele fazendo aquelas coisas fofas ontem para você? Te entregando uma flor na frente de todos os alunos e professores foi a coisa...mais linda de todas, An. E não é qualquer um que faz isso.


- Eu, eu não sei Le. Para mim, ele é só um garoto metido, idiota, chato, irritante, dá em cima de todas as meninas e só gosta de aparecer.


- Ele só faz isso, para você reparar nele.


- É que você não convive com Potter para saber o que ele realmente é.


- Então, só me diz uma coisa. Você está de olho em algum menino? Diga sim ou não.


- Eu, hum... bem, hã. - enrolei um pouco corando.


- Responde logo, garota. Eu quero saber!


- Ah, está bem. - suspirei tomando coragem. - Sabe, eu achei só um menino bonito.


- De qual casa?


- S-sonserina. - respondi baixinho corando mais ainda.


- Da onde?


- S-sonserina. - olhei para meus dedos e comecei a brincar com eles.


- Sonserina!? - berrou a Alexia.


- Psiu, fale baixo!


- Está bem. - a ruiva respirou fundo. - Quem é?


- O... o S...


- Annie! Ai está você garota. Te procurei por todo o castelo. - interrompeu Victoire e comemorei. - Vamos, você precisa nos ensinar História da Magia. Ah, olá Alexia, como vai?


- Olá Victoire, vou bem e com você? - respondeu a ruiva.


- Melhor impossível. Hum, você se importaria se eu roubasse a An pelo resto do dia?


- Claro que não. Até mais An.


- Nos vemos mais tarde, Le. - disse um pouco mais distante, já que Victoire m puxava pelo braço para fora do Salão Principal. - O que você quer, Vic?


- Que você nos ensine História da Magia. A coisa tá feia para o nosso lado. Não estamos entendendo nada.


- Você e mais quantos?


- Hum... - pensou a loira. - Eu e mais seis.


- Nathaly está entre os seis?


- Claro que não. Ela é uma gênia também.


- Então, por que não pediu para ela explicar?


- Nós tentamos, mas ela acabou perdendo a paciência comigo e com os meninos, que estavam fazendo a maior bagunça!


- E eu vou ter que ensinar vocês?


- Sim.


- Tenho escolha?


- Huum... não.


- Muito divertido. - falei desanimada. Ter que ensinar Potter é um sacrifício, agora, ensinar mais seis pessoas!? Vai ser algo que eu chamo de "Missão Super Impossível.".


Eu e Victoire subimos correndo até o sétimo andar. Falamos a senha (Pergaminhos Floridos) à Mulher-Gorda e entramos. No Salão Comunal, havia uma super guerra de bolinhas de pergaminho, que era comandada a ninguém mais, ninguém menos que Jonathan Fellers. Típico.


- Ei, o que vocês estão fazendo? Parem com isso, já! - ordenei entrando no meio da guerra. - Ai. Potter! - reeprendi Potter por jogar uma bolinha em mim. - Parem com essa guerra. Era para vocês estarem estudando. A prova é amanhã. Ei! Olha por onde joga essa bolinha, Fellers.


- CHEGA! - berrou Victoire irritada e eles pararam no mesmo instante.


- O que vocês pensam que estão fazendo? - quetionei brava.


- Hã, fazendo guerra de bolinha de pergaminho!? - respondeu Jonathan como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.


- Eu sei que é uma guerra de pergaminhos, mas vocês deveriam estar estudando para a prova de amanhã! Vocês não estão preocupados!? Tenham um pingo de responsabilidade, pelo menos!


Todos baixaram a cabeça, parecendo pensar no assunto. Suspirei apoiando uma de minhas mãos na cintura e a outra mexi no cabelo colocando-o para trás.


- Vocês querem ajuda para estudar? - perguntei finalmente e todos assentiram.


- Posso ser sua "ajudante"? - Nathaly falou fazendo as aspas com os dedos.


- Claro que sim. Uma ajuda a mais sempre é bom. - respondi. - Então, acho melhor pegar uma sala emprestada para ensinar todo mundo. Na biblioteca vai fazer muito barulho e aqui...não vão prestar atenção. Eu vou falar com a McGonagall. Fiquem aqui.


Atravessei o quadro da Mulher-Gorda e rumei para o Salão Principal. Talvez ela ainda esteja lá, tomando café. E estava errada.


Na mesa, só estavam Hagrid, Profº. Flitwick, Profª. Sproud, Madame Pomfrey e o Profº. Slughorn.


- Hum, professor Slughorn? - disse indecisa.


- Bom dia senhorita Walker. O que deseja? - perguntou Horácio sorridente.


- Hum, o senhor viu a professora McGonagall?


- Creio que a diretora esteja em sua sala, senhorita.


- O senhor sabe onde fica?


- Suba as escadas até o segundo andar, depois vire a direita e ande até o final. Vire a direita novamente e no final do corredor, haverá uma gárgola que pedirá uma senha. Diga: Baratas Adocicadas. Então, é só entrar. - explicou o professor.


- Certo. Obrigada professor.


- Não a de que, senhorita Walker. - Slughorn sorriu e eu retribui.


Virei e rumei para a sala da Profª McGonagall. Subi as escadas, virei a direita e andei até o final do corredor. Depois virei a direita novamente e lá no fundo, havia uma gárgula de pedra bem grande. Andei mais depressa e parei em frente à grande estátua.


- Hum, Baratas Adocicadas. - disse insegura.


A gárgula pulo para o lado mostrando uma escada de pedra em espiral. Coloquei um pé e olhei para cima. Não parecia ser muito longe, mas era um pouco apertado. Estremeci. Odeio lugares apertados. Começo a passar mal, minhas pernas ficam bambas e respiro com dificuldade pela falta de ar.


Respirei fundo e subi correndo. Quanto mais rápido eu subir, menos tempo eu passo neste lugar apertado e quando me dei conta, já estava no último degrau.


Encostei na parede ofegante e recuperei o ar. Depois bati na porta de madeira escura com detalhes de metal e escutei um "Entre!" abafado do lado de dentro. Abri a porta e entrei na sala.


Era um lugar não muito grande redondo, com livros nas paredes, uma mesa redonda perto da porta com doces, quadros de ex-diretores no alto, subindo uma mini-escada, havia a mesa da diretora com vários objetos estranhos que brilhavam, zumbiam ou soltavam fumaça, uma pilha de cartas, uma pena dourada em um tinteiro verde musgo e um objeto redondo prata, mais parecido com um prato bem grande, flutuava ao lado da diretora.


- Olá senhorita Walker. O que te trás aqui? - falou McGonagall sorridente. - E por que está tão ofegante? Aconteceu algo?


- Bom dia professora. Não, não aconteceu nada. É que eu subi as escadas correndo. - respondi com dificuldade, ainda estava com falta de ar.


- Por que subiu as escadas correndo?


- Hã, é que eu, eu não gosto de lugares apertados. - confessei brincando com meus dedos.


- Ah, é normal não gostar de lugares apertados. Mas me diga, o que te trás aqui?


- Claro, hum, será que eu posso estudar com outros seis alunos em uma sala de aula?


- Mas por que não usam a biblioteca? É um lugar ótimo para estudar, suponho.


- É que eu vou dar aula ao Potter e seus fiés companheiros e acho que a biblioteca não seria um local muito...adequado ao Potter, se a senhora me entende.


- Ah, entendo perfeitamente. Os senhores Potter, Fellers, Lupin e O'Connor colocariam fogo na biblioteca. - McGonagall pensou por um tempo. - Que tal usar a sala reserva de Defesa Contra Artes das Trevas!? Não há nada de importante que os meninos possam destruir.


- Claro! Será perfeita. Onde fica?


- Pergunte ao senhor Potter. Ele sabe perfeitamente onde fica. - sorriu bondosamente.


- Está bem. Obrigada professora.


- Por nada, senhorita Walker. Bom estudo.


- Obrigada. - agradeci sorridente e sai da sala.


Fechei a porta atrás de mim, desci as escadas correndo e corri para o Salão Comunal.


Subi até o sétimo andar, atravessei o quadro e entrei.


- E aí, An. Conseguiu? - perguntou Ted.


- Sim, a McGonagall disse que poderíamos usar a sala reserva de Defesa Contra Artes das Trevas.


- Eu sei onde fica! - Potter disse pulando do sofá.


- Muito bem, peguem seus materiais e sigam Potter. - pedi pegando meus materiais e seguindo o garoto.


Chegamos à sala que, felizmente, era bem mais perto da torre. Entramos devagar, acendemos as velas e abrimos as janelas. A sala era um pouco úmida e com pequenas poeiras em cima das mesas.


- An, faz aquele feitiço para limpar a sala. - pediu Julie.


- Não sei se funciona em lugares grandes. Só fiz em algo pequeno. - expliquei olhando ao redor.


- Tenta. Você é boa de feitiços! - disse Potter.


- Obrigada, Potter. Faço o meu melhor. - agradeci pegando minha varinha. Limpei a garganta. - Skurge!


A sala, por incrível que pareça, começou a ficar cada vez mais limpa. As poeiras sumiram, as teias removidas, o chão mais brilhante e tudo ficou cada vez mais claro. Sorri com o resultado.


- Mandou bem, loira. - elogiou Steven batendo em meu ombro.


- Já disse que não sou loira. A Vic é loira, eu não! - argumentei impaciente.


- Então você é uma meio-loira. - gruni de raiva.


- Não me chame de loira! Não sou loira, nunca fui loira e não vou ser loira. É tão difícil de entender!?


- Você fez um grande trabalho, An. - interrompeu Jonathan.


- É, só falta o seu perfume para ficar perfeito. - piscou Potter. - Qual é o nome?


- Para que você quer saber?


- Para comprar, oras.


- Mas é um perfume de garotas. Ou será que você está virando uma?


- Acho que ele está virando uma, An. Tem até um apelido. Como é mesmo? Veado, não? - brincou Ted rindo.


- Não é um veado. É um cervo! C-E-R-V-O.


- Ah, claro. Tem uma grande diferença entre os dois. - disse Jonathan revirando os olhos.


- Tem sim. - retrucou Potter.


- Ah, é!? Então, qual seria Pontinhas? - desafiou Ted cruzando os braços e sorrindo com deboche.


- Hã... hum. Ah, sei lá qual é a diferença! Mas eles são diferentes, Aluadinho.


- Está bem. Não queremos saber qual a diferença entre os dois. Temos que estudar. - interrompi pondo meus livros na mesa.


Organizamos as carteiras em forma de U para eu poder explicar melhor e para eles interagirem mais. Comecei a explicar a matéria inteira. Desde o começo do ano.


- Vocês entenderam? - perguntei terminando minha explicação e todos assentiram. - Tudo bem. Terminamos de estudar. Agora vamos comer, descansar um pouco e depois, repassamos a matéria.


- Repassar a matéria? Mas estudamos demais. - reclamou Potter.


- Sim, Potter. Precisamos repassar a matéria para fixar todo o conteúdo. – expliquei ajuntando meus livros.


- Já fixei além da minha capacidade. - disse Victoire.


- Que é pouca, claro. Para uma loira assim, a capacidade é só a primeira data. – brincou Ted que levou um belo soco na barriga.


- Cala a sua boca, Lupin. Antes que eu chute o lugar onde vocês, homens, mais prezam. - brigou Victoire brava.


- Agora jogou pesado. - concluiu Ted afastando-se da loira.


Subimos até a torre para guardar todo o material e descemos logo em seguida para almoçarmos.


Comi um filé à parmegiana com batata frita, arroz, vegetais e uma coxa de frango assado com bacon. De sobremesa, um pedaço de pudim de leite, um bolo de chocolate com doce de leite e uma maçã.


Quando terminamos, eu e Potter voltamos para a torre, onde pegaríamos nossas vassouras para dar algumas voltas no campo de quadribol, já que o dia estava ensolarado e morno.


- Te espero aqui, está bem? - avisou Potter e assenti com a cabeça.


Subi no meu dormitório, peguei a minha vassoura ao lado da cama e desci. O garoto estava sentando no sofá já com a sua vassoura em mãos.


- Vamos? - perguntei parando em sua frente.


- Mudança de plano, vamos visita Hagrid. - respondeu Potter e o encarei. - Que foi? Ele me mandou uma carta, dizendo para eu tomar chá na sua cabana.


- Mas ele convidou você, e não eu. - retruquei.


- Hagrid disse para levar alguém também.


- Leve o Ted.


- Ah, vamos An. É só uma vizita. Juro que depois vamos voar de vassoura.


- Mas depois eu vou estudar, coisa que você também deveria fazer. E é Walker para você.


- Vai ser rápido. É legal lá. - insistiu Potter e hesitei.


- Ah, está bem. - respondi vencida. - Bem rápido, ouviu?


- Alto e bom tom.


- Ótimo. Agora, vamos. Quanto mais cedo chegar, mais rápido nós saímos.


Deixei minha vassoura de lado e atravessei o quadro atrás do Potter. Descemos todas as escadarias e saímos do castelo, em direção ao jardim. Atravessamos o gramado verde, que era ocupado por alunos e, ao longe, via-se uma cabana.


Chegando lá, Potter bateu na porta, deu um passo para trás e esperamos, mas não por muito tempo. Um homem grande, pançudo, com cabelos e barbas desgrenhadas negras com mechas brancas abriu a porta com um grande sorriso.


- Olá, James. Que bom que veio. Entrem, entrem. - disse Hagrid abrindo espaço.


Entrei logo atrás de Potter. A cabana era grande e espaçosa para mim, mas pequena e apertada para o homem-gigante. Do lado direito havia um sofá laranja desbotado e rasgado com um pano de trapos com estampas variadas, uma abóbora enorme e uma cama de cachorro. Do outro lado, era a cozinha e o quarto. Uma lareira aconchegante na parede em frente a porta e uma mesa redonda com cadeitas altas ao lado.


- Sentem, o chá está quase pronto. - falou Hagrid puxando a cadeira para trás.


- Olá, Hagrid. Como vão as coisas? - perguntou Potter.


- Vão bem, James. E como estão seus pais, seus irmãos, tios?


- Estão ótimos. Ano que vem, Alvo começa a estudar em Hogwarts. Ele está uma pilha. Acha que vai cair na Sonserina. Uma grande besteira. Ele não tem coragem nem de matar uma mosca!


- Bobagem. Alvo é um grande menino, e não entraria na Sonserina. Imagino como ele esteja. Nervoso, como todos os alunos novos. - comentou o homem. - Rose começa a estudar aqui, ano que vem, não?


- Sim, ela tem a mesma idade que Alvo. Só que está mais tranquila e confiante do que ele.


- Ela tem as mesmas características que Mione.


- Annie também tem as mesmas características que tia Mione.


- É Walker, Potter. - respondi baixo entre dentes.


- Quem? - perguntou Hagrid.


- A Annie. Esta garota aqui. - o garoto apontou para mim.


- Ah, a sua namorada?


- Não, não. Não somos namorados. - neguei corando.


- Ah, sim. Que burrice a minha. - disse Potter. - Hagrid, esta é Annie Walker, minha namorada. - apresentou-me colocando sua mão atrás da minha cadeira eu dei um soco em seu estômago.


- Não sou sua namorada, Potter. - falei entre dentes. - Muito prazer, Hagrid.


- O prazer é meu, Annie. Posso te chamar assim, não? - perguntou Hagrid.


- Os meus amigos me chamam de An, mas se quiser chamar-me assim, sem problemas. - respondi dando de ombros.


- Você é da Grifinória também? - assenti com a cabeça. - Então, é uma bruxa sangue- puro, creio eu.


- Não. Sou nascida trouxa.


- Mas tem inteligência de uma bruxa. - comentou Potter depois de recuperar ar.


- Ah, sim. James acabou de falar que você é bem inteligente. O que fazem seus pais?


- Eles são atletas. - respondi sorridente.


- Atletas?


- São tipo jogadores, só que outro esporte. Chamado Hipismo.


- Hipismo seria o que?


- Hipismo é um esporte onde os trouxas montam cavalos e pulam varas, rios, muros em um determinado tempo sem derrubar nada.


- Parece ser interessante!


- Eu gosto bastante. - afirmei


- Ano que vem, vocês terão aula comigo sobre Tratos de Criaturas Mágicas. Será... - começou o homem-gigante, mas foi interrompido por uma chaleira gritante. - O chá!


Hagrid correu para a lareira, pegou o bule de chá, colocou na mesa e serviu em xícaras pequenas para nós e uma "bacia" para ele.


- Cuidado que está muito quente. - avisou Hagrid.


Dei um gole pequeno. O chá quente dançava em minha boca. Era algo delicioso. Uma mistura de morango com baunilha e limão.


- Hagrid, isso é maravilhoso! - conclui sorrindo. - Do que é feito esse chá? Morango, baunilha e limão?


- Como você sabe? - indagou o meio-gigante.


- Eu, eu não sei. Veio na minha cabeça quando eu experimentei.


- Além de ser metamorfomaga, você é vidente, menina? - brincou Potter.


- Você é metamorfomaga, An? - interessou-se Hagrid.


- Sim. Ocular. - respondi dando mais um gole.


- Que maravilha! Ted também é um, não?


- Sim, igual a mãe. - afirmou Potter.


- Acho isso fascinante. Você consegue mudar de cor?


- Não. Mas eu quero. - desabafei contente. - Hagrid, posso fazer uma pergunta?


- Claro que sim, An.


- Não vamos estudar dragões?


- Dragões!? Merlim, claro que não. Ou viraríamos torradas queimadas! - o homem riu.


- É, não seria uma ótima escolha. - concordei rindo junto.


Conversamos até o jantar. Foi tão divertido e engraçado, algo que eu não fazia a muito tempo. Fiquei rouca de tanto falar, rir. Acho que isso ajudou-me a relaxar da tensão que as provas acabam me provocando.


- E, e vocês viram a cara de boboca que ele ficou? - perguntou Potter rindo conosco.


- Ele ficou com muita raiva! - conclui dobrando-me de tanto rir.


- Depois, ele provou a torta para ver se estava boa, mas estava estragada!


- E, e ficou com dor de barriga por uma semana. Não saiu de perto do banheiro! - acrescentei perdendo o fôlego.


- Vocês são umas pestes mesmo. - concluiu Hagrid balançando a cabeça e sorrindo.


- Foi ideia do Potter, Hagrid. Não tenho culpa que foi engraçado. - voltei a rir novamente junto com Potter.


- Fala sério, eu sou o mestre das risadas. - esnobou Potter e revirei os olhos. - E dos suspiros também. - metido.


- Está bem Potter, chega de se esnobar. Ninguém quer saber se você é o mestra das risadas, palhaçada, suspiro e outra coisa. - falei limpando as lágrimas que escorriam no meu rosto de tanto rir.


- Que foi, Annie querida? Está com ciúmes? - provocou o garoto.


- Não me chame de Annie querida! Já disse que é Walker. E não Potter, não estou com ciúmes. Só estou cansada de suas esnobadas ridículas. - respondi sentindo o sangue ferver. - Obrigada Hagrid pelo ótimo chá e os biscoitos, estavam uma delícia, mas eu preciso voltar para o castelo. Tenho que estudar bastante. Muito obrigada mesmo, adorei te conhecer. Até mais, Hagrid. - agradeci levantando-me da grande cadeira e andando até a porta.


- Até mais, An. Volte mais vezes! Também adorei te conhecer. - despediu-se Hagrid.


Fechei a porta e rumei para o castelo. A lua já brilhava o céu estrelado e o vento esfriou bastante desde que chegamos à cabana de Hagrid. As luzes do castelo já estavam acesas, informando que o jantar está sendo servido, mas não estava com fome. Depois de comer tantos biscoitos e beber muito chá, masi comida faria com que eu explodisse. Decidi, então, em retomar a matéria de História da Magia antes de ir para cama descansar.


Subi as escadas até o sétimo andar, atravessei o quadros, peguei meus livros e pergaminhos e desci para a biblioteca.


O local estava mais cheio do que eu esperava. Vários alunos trocavam o jantar pelos estudos das provas, consequentemente, não havia mesas vagas.


Olhei ao redor, procurando alguém conhecido para me sentar, mas não conhecia ninguém. Andei mais para o fundo e encontrei uma mesa, mas estava ocupada por um aluno da Sonserina.


Não sei se é uma boa ideia sentar com um sonserino. Eles são grosseiros e ameaçadores, sem falar que dominam Artes das Trevas, o que me deixava mais arrepiada do que nunca.


Bem, ou era sentar com um sonserino, ou estudar no quarto com um monte de meninas gritando, cantando e brigando. Ainda prefiro a primeira opção. Tomei coragem e me aproximei.


- Hum, com licença? - o menino de cabelo preto levantou a cabeça mostrando seus olhos negros e profundos. - Se importa de me sentar aqui? É que, hum, as outras mesas estão ocupadas. - dei um sorriso fraco e esperei pelo pior, mas este não veio. O sonserino abriu um sorriso mostrando seus dentes brancos e brilhantes.


- Claro que não! Sente-se. - respondeu o garoto e suspirei aliviada. - Sou Scott Haize, prazer. - claro que eu sabia quem ele era. Eu o achava o garoto mais bonito da escola, mas sempre deixei em segredo.


- Sou Annie Walker, prazer. - estendemos as mãos e nos cumprimentamos.


Que estranho, um sonserino deixando-me sentar em sua mesa? Geralmente eles falam mal, zoam da sua cara, jogam maldições. Isso é algo... bem impressionante. Merece ser gravado.


- Primeiro ano? - perguntou Haize quebrando o silêncio e assenti com a cabeça ainda com medo do que ele seria capaz de fazer. - Ah, é tranquilo. As primeiras provas são as mais fáceis.


- Como você sabe? - questionei. Ele me parecia ser do primeiro ano, também.


- Sou do segundo ano. Já passei por isso.


- Pensei que era do primeiro. - desabafei.


- Sério mesmo!? Nossa, adorei o elogio.


- Não entendi.


- Já me disseram que eu estava no quarto ano.


- Nossa, te acharam tão velho assim? - questionei com um tom de ironia. - Não que você seja velho. Eu não queria dizer nesse sentindo... - completei imediatamente.


- Ei, posso ser sonserino, mas não vou te matar por me achar velho.


- Mas eu não te acho velho. Muito pelo contrário, até disse que era do primeiro ano!


- Isso é verdade. - concordou o menino. - Então, você acha que eu sou novinho!?


- Minha primeira impressão foi essa. - dei de ombros, abrindo meu livro.


- Muito obrigado por me achar mais novo do que pareço.


- Sem problemas. - respondi sem levantar o rosto do livro.


Ficamos um tempo em silêncio, porém, era um silêncio gostoso e relaxante. Eu lia o livro e resumia em um pergaminho, enquanto Scott batucava na mesa com sua varinha observando seu livro grosso e pesado.


- Então, Annie. Posso te chamar assim, não? - começou Scott quebrando o silêncio.


- Claro que sim! - levantei o rosto e sorri. - Posso te chamar, então, de Scott?


- Com certeza. - afirmou o garoto mostrando seus dentes brancos e brilhantes. - Então, Annie. Você está indo bem nas outras matérias?


- Hum, sim.


- Sério mesmo!?


- Bem, eu estou tendo um pouco de dificuldade em Transfiguração, sabe. – adimiti vencida.


- Nossa, por um momento pensei que você era uma gênia!


- Para uma nascida trouxa se dar bem em todas as matérias, significa que é uma gênia, não?


- Você é uma nascida trouxa!? - Scott espantou-se e assenti com a cabeça mexendo-me desconfortável na cadeira. É agora que ele sai correndo para bem longe de mim e nunca mais vai olhar na minha cara. Oh, vida cruel. Justo o menino que eu mais gosto!? - Merlim, que magnífico! - encarei-o processando o que ele havia acabado de falar.


 Foi isso mesmo que eu ouvi!? Um tipo de elogio de um sonserino?


Ótimo, agora só falta a vaca voar, cavalos falarem, o Potter parar de ser metido, idiota, retardado, trasgo fedido e outros elogios de mau gosto.


- O-o que disse? - perguntei para confirmar o que eu havia acabado de escutar.


- Acho isso brilhante! Uma nascida trouxa se dar bem em todas as matérias, isso é esplêndido!


- Hã... obrigada!? - está bem, sei que foi uma resposta idiota, mas foi a única coisa que eu consegui dizer.


- Bem, se você quiser, eu poderia te dar uma aula.


- Aula? Como assim? Que aula?


- De Transfiguração. Você não disse que estava com dificuldade? Então, eu posso te ajudar com a matéria. - explicou Scott devagar. Acho que ele me achava uma tremenda burra.


- Ah, sim. Claro. Pode ser. Ham-ham. Adoraria.


- Amanhã o mesmo horário nesta mesma mesa?


- Claro!


- ANNIE! Ah, que bom que eu te achei. Preciso de sua ajuda. - gritou Potter correndo até a nossa mesa ofegante.


- O que foi, Potter? - questionei com raiva.


- Preciso da sua ajuda. Não consigo entender uma parte da matéria e Nathaly não conseguiu me explicar.


- Você não está vendo que eu estou estudando?


- Eu sei e é por isso que eu vim. É a sua deixa, An.


- Santo Merlim, já disse para me chamar de Walker, Potter.


- Ok. Por favor, me ajude Walker!


- Está bem. - concordei revirando os olhos. - Scott, eu tenho que ir. Obrigada por me ajudar.


- Sem problemas. Eu já vou indo também. - anunciou Haize levantando da cadeira e fechando seus livros. - Até amanhã, An. - disse Scott pondo uma mão em minha cintura e beijando minha bochecha. Corei furiosamente. - Potter.


- Haize. - James e Scott se fuzilaram com olhares mortais e o sonserino saiu da biblioteca. Peguei minhas coisas e subimos até a torre.


Atravessamos o quadro e entramos no salão, que estava uma tremenda gritaria.


- Vamos estudar no meu dormitório. Deve estar mais calmo lá. - deduzi indo em direção às escadarias.


- Não, não. Vamos no meu. Hum, Victoire e Nathaly estão fazendo uma tremenda bagunça! - Potter pegou em meu braço e puxou-me em direção às escadas do dormitório masculino.


- Está bem. - concordei vencida.


Subi com dificuldade, por causa da quantidade de livros pesados que eu carregava. Potter abriu a porta para mim e atravessei o portal.


No dormitório, Ted lia um livro em sua cama, Jonathan jogava uma bolinha na parede de um modo entediante e Steven estava comendo bolo que, provavelmente, vinha da cozinha.


- Olá meninos. - cumprimentei colocando o material na cama de Potter.


- Olá An. - responderam os três em coro.


- Muito bem, Potter. Em qual parte da matéria você não entedeu? - perguntei de pé com as mãos na cintura, olhando-o sentar na cama.


- Nenhuma. - ele deu de ombros e o encarei perplexa.


- Como assim nenhuma?


- Nenhuma, oras. Eu entendi tudo.


- Então por que me tirou da biblioteca? Por que me atrapalhou sendo que você não tinha dúvida nenhuma?


- Porque eu preciso te falar uma coisa... muito séria. - respondeu o garoto e eu arqueei as sobrancelhas.


- Você vai sair de Hogwarts? - questionei esperançosa.


- Claro que não. Nunca vou sair desta escola.


- Que pena. - murmurei. - Então diga logo o que é de tão sério!


- Pessoal, preciso que vocês me ajudem. - pediu Potter para os ourros meninos que se aproximaram. - Muito bem, An...


- Walker, Potter! - gruni entre dentes.


- Muito bem, Walker. Tudo que nós dissermos aqui é para o seu bem. Não queremos te prejudicar, nem nada, mas a coisa é séria. - falou o garoto sério e eu assenti. - Sabe, existe um modo bem cruel de dizer quando um bruxo é nascido trouxa. Esta...expressão é considerada uma ofensa no mundo bruxo e é dita, principalmente, pelos sonserinos.


- E qual é essa expressão?


- Sangue-ruim. - respondeu Jonathan..


- Olha Walker, se algum sonserino te chamar assim, você nos informa imediatamente. Qualquer um de nós. E o castigaremos até o final de sua vida.


- Do jeito à la Marotos. - completou Ted rindo pelo nariz.


- E onde você quer chegar? - questionei levantando uma sobrancelha.


- Você nos dá um minutinho? Quero discutir uma coisa com os meninos. - pediu Potter e eu assenti.


Os garotos foram do outro lado do quarto e ficaram cochichando e encarando-me de vez em quando. Suspirei cansada, deitei na cama de Potter e fiquei lendo um livro, enquanto eles não acabavam com sua "reunião".


- Ok Walker. Já terminamos. - anunciou Potter depois de vários minutos e sentei novamente. - Eu conversei com os meninos e concordamos que você não pode ter aula com o Haize.


- Por quê? Mas, espera um pouco. Eu não me lembro de ter te contado. Como você sabe? - perguntei expremendo meus olhos e encarando-o.


- Bem... - Potter coçou a parte de trás da cabeça. - Digamos que eu estava "escutando" a sua conversa com o Haize.


- Você estava me espionando!? - disse cerrando os dentes.


- Não é bem espionando, mas é quase isso.


- Você não tinha o direiro de me espionar, Potter! - exclamei batendo em seu braço. – O que você escutou?


- A conversa toda, praticamente.


- Mas, que cargas d'água você estava me espionando?


- Na verdade foi sem querer. Eu queria te dar um susto na biblioteca, mas você sentou com aquele Comensal da Morte.


- Ele não é um Comensal da Morte!


- Como você sabe!? Você não viu o braço dele.


- Mas ele não é igual aos outros sonserinos. Ele é diferente. Scott é educado, legal, gentil...


- Ele só está fazendo isso para não desconfiarem que ele é um Comensal da Morte. - interrompeu-me Potter.


- ELE. NÃO. É. UM. COMENSAL DA MORTE! - gritei com sangue fervendo.


- An, só estamos fazendo isso para o seu bem.- explicou Ted calmamente.


- Não estão não. Potter só está com ciúmes porque eu aceitei a aula de Scott e não havia aceitado a dele! - levantei da cama e encarei os meninos.


- Isso é mentira! Eu não estou com ciúmes por você ter aceitado uma aula de um sonserino e não a minha. Só quero te proteger! - Potter também levantou-se da cama.


- Acontece, Potter que eu não sou uma criança e eu sei muito bem me cuidar sem a ajuda de vocês.


- Mas você não sabe do que ele é capaz de fazer!


- Eu sei muito bem do que ele é capaz de fazer, Potter e sei melhor do que ninguém, me defender.


- Há feitiços poderosos que nós desconhecemos e alguns, poderoso demais para se defender!


- Qual é, Potter. Você tem sempre algo para dizer contra tudo o que eu digo. Só por que ele é um sonserino você vai me proibir de estudar com Scott?


- Sim! - revirei os olhos.


- Você não vai me impedir de fazer isso. - conclui.


- Vou sim. Se não for por bem, vai por mal.


- Então me empeça! - desafiei-o estreitando meus olhos que, a esta altura, já devem estar vermelho-sangue.


- Ted, Jonathan, Steven. Me ajudem! - pediu Potter suplicando.


- Foi mal, cara. Mas você sabe que é difícil convencer a Annie. - respondeu Jonathan.


- Espere um pouco. Já volto. - disse Ted saindo do quarto.


- Stev?! - chamou James.


- Tenta ir por mal, sabe. Usar a força é um ótimo caminho. - deduziu O'Connor e lancei meu olhar mortal.


- Ai! Ted, o que está fazendo? - falou uma voz feminina bem familiar, do lado de fora da porta.


- Ted, me solta! Eu preciso tomar banho. - exclamou uma outra voz feminina.


Segundos depois, Ted entra no dormitório com Victoire e Nathaly em seus calcanhares.


- James, conte a elas a história e veja o que acham. - pediu Ted.


Potter contou a história inteira. Detalhe por detalhe. Com alguns comentários idiotas extras. Escutei também com a cara amarrada. Não concordava nem um pouco com os meninos. Scott era um sonserino bem diferente dos outros. Ele era gentil, cavalheiro, legal, divertido, bonito, atraente, elegante... tudo o que uma mulher precisa.


Quando Potter terminou, Victoire e Nathaly olharam para mim com um sorriso malicioso e divertido.


- Acho que temos mais um para a nossa lista, não é mesmo Annie? - disse Victoire sorrindo e corei.


- Que lista? - perguntaram os quatro meninos em coro.


- Coisa de garota. - Nathaly deu de ombros.


- Está bem, o que acham, garotas? - questionou Potter esperançoso.


- Eu acho que a Annie deveria decidir sozinha, já que ela sabe se defender. – opinou Victoire dando uma leve piscadinha com o olho sem que os garotos percebessem.


- Eu concordo com a Vic. - exclamou Ly.


- Arrree, vocês são tudo farinha do mesmo saco! - gruniu Potter. - Está bem. Walker, você pode fazer o que bem entender, mas eu só quero que você me prometa uma coisa: Se algum sonserino, mesmo o Haize, te chamar de sangue-ruim, você nos informa, está bem?


- Eu prometo. - respondi vencida. - Posso ir agora?


- Vai ser só uma aula com o Haize, certo!?


- Sim, Potter.


- Nada de mais, não? Sem andar por ai a noite sozinha com ele, nada de carinhos, abraços... beijos. - Potter teve uma pequena dificuldade em pronunciar a última palavra, como se aquilo o machucasse.


- NÃO POTTER! - berrei impaciente. - Parece até meu pai!


- Está bem, está bem. Eu só queria saber disso. - rendeu-se o garoto fazendo com que todos nós déssemos risada.


- Boa noite a todos. - desejei rumando para a porta junto com as meninas.


- Boa noite! - responderam os garotos em coro novamente. Será que eles combinam a hora de falar?


Fechei a porta atrás de mim, desci as escadas e fui para o dormitório.


Cheguei ao quarto que, por acaso, a porta já estava aberto e tudo estava escuro. Passei pelo portal e andei mais à frente e, então, a porta fechou com um estrondo. Dei alguns passos com as mãos na frente e, por questão de segundos, meus tornozelos foram puxados para cima e fiquei pendurada de cabeça para baixo.


A luz acendeu mostrando três figuras femininas de braços cruzados e sobrancelhas arqueadas encarando-me.


- Muito bem Annie Walker, comece a explicar. - exigiu Victoire.


- Hã, explicar o que, exatamente? - perguntei abobada.


- Você sabe muito bem do que nós estamos falando. - explicou Nathaly encarando-me e engoli seco.


- Hum, sobre, sobre o Scott?


- Esse mesmo. - confirmou Julie. Como ela sabia?


- Vocês podem me soltar? Juro que conto todos os detalhes. - menti. Não contaria isso se fosse possível, estava morrendo de vergonha.


- Claro que não Walker. - negou Victoire. - Sabemos que se te soltarmos, você foge.


- Não confiamos mais em você. - concluiu Nathaly.


- Que legal. Vocês são ótimas amigas. Também amo vocês, ouviram!? - disse com ironia revirando os olhos. - Além de ter amigas malucas, elas não confiam em mim.


- Está óbvio que não confiamos em você, Annie. Na primeira oportunidade que tiver, pernas para que te quero, não? - Victoire tem razão.


- Mas pelo menos, podem me tirar de ponta cabeça? Não estou mais sentindo-a. – pedi com dificuldade e elas assentiram.


- Liberacorpus! - falou a loira e cai de costas no chão.


- Ai! - gemi massageando minhas costas. - Quanta delicadeza.


- Locomotor Mortis. - gritou Nathaly antes que eu pudesse escapar.


Minhas pernas ficaram presas entre si e cai de barriga no chão bem no meio do quarto.


- Mobilicorpus. - murmurou Julie e meu corpo levitou até a cama e desceu delicadamente.


- Obrigada Ju, por me mover delicadamente até o local desejado. - dei uma indireta às outras duas meninas que abafavam risos.


- Está bem, senhorita Walker. Queremos saber de tudo! Com detalhes e observações da locutora. - pediu Victoire sentando ao meu lado.


- Tudo bem, antes de começarmos esta conversa íntima e super constrangedora, quero desabafar algo e não quero que vocês contem para ninguém, ouviram!? - comecei e elas assentiram. - Ok, bem, depois das férias de inverno, eu comecei a notar mais os garotos, sabe. Observá-los com atenção e, quando eu estava andando pelos corredores, Scott passou por mim, mas nem me notou e acabei me apaixonando por ele.


- Aaaaah, que linda! - gritou Victoire apertando meu braço de emoção.


- Obrigada Vic, mas você pode soltar o meu braço? Está doendo e daqui a pouco não vou conseguir mais senti-lo. - indaguei fazendo uma careta de dor.


- Ah, sim. Desculpe, é muita emoção para uma pessoa só. - a loira tirou a mão e, no meu braço, havia uma marca dos cinco dedos da garota. Massageei o local, na tentativa de aliviar a dor.


- Hã, onde eu parei? - perguntei. - Ah, sim. Já lembrei. Hoje, Potter me levou a casa de Hagrid ao invés de fazer uma corrida com a vassoura, como havia prometido.


- Nossa, Potter te levou até um lugar. Sozinhos. Que impressionante! - comentou Julie e bati com o travesseiro na sua cara.


- Cala a boca, Julie. Posso continuar? - as meninas assentiram. - Ótimo. Ficamos conversando até a hora do jantar, então decidi voltar ao castelo para estudar mais um pouco. Fui à biblioteca, que estava super cheia, e sentei junto com o Scott, já que era a única mesa vaga.


- A única mesa vaga, heim?! - brincou Nathaly com um sorriso malicioso.


- Eu não vou continuar a história se vocês me interromperem. - avisei.


- Não, não. Continua, é que eu queria só fazer um comentário. - pediu Nathaly.


- O sonserino ficou puxando assunto comigo, sobre as matérias e ficou surpreso quando disse que era nascida trouxa, por que eu me dava bem em quase todas as aulas.


- Você contou que era nascida trouxa!? - repetiu Victoire. - Você é doida, An?


- Claro que não. Ele aceitou numa boa e ficou supreso, quando eu contei. - retruquei.


- Ainda bem que ele aceitou. Se fosse um sonserino qualquer, você já estaria no St. Mugus.


- Depois, ele disse que pode me ajudar em Transfiguração e eu aceitei, claro. – continuei sorrindo. - Mas chegou Potter estragando tudo. E quando ele saiu, me deu um beijo na bochecha!


- Aaaaah, que fofo. - comentou Victoire abraçando o travesseiro.


- Pode tirando o olho, loirinha. Ele é meu! Eu vi primeiro. - avisei brincando.


- Fica tranquila, gorda. Eu só tenho olhos para um garoto.


- TED LUPIN! - eu, Nathaly e Julie cantarolamos alto e a loira corou.


- Tudo bem, tudo bem. Agora vamos dormir para nos preparar para a prova. – disse Victoire e concordamos.


- Mas antes, vocês tem que tirar esse feitiço que prende minha perna. - pedi.


- Finite Incantatem. - murmurou Nathaly e minhas pernas se soltaram.


- Boa noite, garotas lindas do meu coração. - desejei deitando na minha cama e fechando a cortina.


- Boa noite. – responderam em coro.


**


Acordei cedo com meu despertador e levantei meio relutante, por causa do frio. Como o tempo pode mudar de uma hora para a outra? Ontem estava um calor insuportável e hoje, céu nublado e muito frio.


Peguei meu uniforme e rumei ao banheiro e, no caminho, bati no pé de Victoire que estava para fora da cama.


- Acorda, Victoire. - disse depois de um bocejo e a loira gemeu e resmungou, mas não levantou.


Tomei um banho quente e gostoso, sequei o cabelo, escovei os dentes, vesti-me e acordei as meninas.


Depois da minha "colaboração", desci até o Salão Principal para tomar café e assim que terminasse, iria para a biblioteca repassar a matéria. Olha, até rimou! Tudo bem, esqueçam esta parte.


Entrei no grande salão e sentei no lugar de costume. Peguei uma torrada com geléia, alguns bacons e ovos. Dei uns goles no meu suco de abóbora, peguei uma maçã e caminhei até a saída.


Quando virei à esquerda fora do Salão, trombei com um aluno e quase cai no chão. O menino que trombei, segurou em minha cintura impedindo a queda.


- Wow, calma. Já te peguei. - disse o menino.


- Me desculpe, eu não o vi. Desculpe! - pedi retomando os sentidos.


- Tudo bem, eu também não a vi. - respondeu e reconheci a voz.


Levante a cabeça e observei os olhos negros e profundos.


- Oi Scott. - sorri corando de leve.


- Annie! Nossa, não sabia que era você. - Haize abriu um lindo sorriso. - Você está bem?


- Sim, obrigada. Você tem um ótimo reflexo!


- Obrigado. Ainda bem que eu te segurei, ou seria uma queda dolorida. - me desvencilhei dos seus braços e sorri. - Ah, aqui está a sua maçã. - Scott me entregou a fruta vermelho-sangue.


- Como você conseguiu? - perguntei impressionada.


- Hã, segurando!? - respondeu como se fosse óbvio.


- Mas, como você conseguiu me segurar e segurar a maçã?


- Eu, eu nunca penseu nisso antes. Parece que é...instinto. Não sei.


- Ah. Bom, obrigada mais uma vez por me segurar. Eu, eu já vou indo. Vou dar mais uma revisada na matéria.


- Tudo bem. Te encontro na biblioteca para estudar às seis?


- Claro! Até mais.


- Até mais, An. - Scott me deu um beijo estalado na bochecha e caminhou até a mesa da Sonserina.


Suspirei de emoção. Ele era tão fofo, cavalheiro, carinhoso, gentil e atraente. O perfeito garoto dos meus sonhos. Na verdade, o garoto dos meus sonhos tinha olhos verdes esmeralda.


Mudando minha frase então, seria o garoto dos sonhos de qualquer menina apaixonada.


Balancei a cabeça para sair do transe e continuei o meu caminho à biblioteca. Abri o livro na página marcada e segurei-o em uma mão e na outra, levava a maçã à minha boca.


Mas, como nada acontece como eu planejo, senti duas pessoas, uma de cada lado, agarrando meus braços e me arrastando para trás.


- Ei! - exclamei olhando para as pessoas que, infelizmente, são as pessoas que eu menos desejava ver. Potter e Fellers.


- Bom dia semi-loira. - disse Fellers abrindo um sorriso.


- Bom dia docinho de coco. - como eu odeio esse apelido que Potter me dera.


- Ah, são vocês. Podem me largar, faz favor. - respondi infeliz.


- Bom dia Jonathan gostoso Fellers... - falou Jonathan com uma imitação horrorosa da minha voz.


- E bom dia James marido Sirius gato Potter tudo de bom... - revirei os olhos.


- Por que marido, Potter. Não estamos casados. Não seria, namorado!? - retruquei.


Péssima ideia.


- Se você quiser que eu seja seu namorado, por mim tudo bem. Mas se quiser já se casar comigo, melhor ainda!


- Prefiro namorar e casar com uma lula!


- Está bem, eu mudo minha frase. Bom dia James gato Sirius tudo de bom Potter namorado perfeito. Melhorou!?


- Não! Agora me soltem, preciso estudar.


- Deixa disso, An. Descanse um pouco com seus amigos. - retrucou Fellers.


- Mas eu preciso estudar! - respondi gemendo e vi Ted rindo da minha cara. - Ted! Ted, me ajuda. Faz alguma coisa.


- Olá An. - sorriu o garoto ignorando o meu pedido.


- Ted, faz alguma coisa. Eu preciso estudar!


- James, Jonathan. Soltem a Annie, agora! - pediu com uma pitada de brincadeira.


- Não! - gritaram em coro os dois que me seguravam.


- Desculpe Annie, mas eu tentei.


- Tentou nada. Faça algum feitiço ou qualquer coisa. Sei lá, só me tire daqui!


- Não estou com a minha varinha.


- Como assim, não está com a sua varinha!? Você tem que estar com ela!


- Não a trago para o café da manhã. Desculpe Annie, mas não tenho como te ajudar. - Ted sorriu malicioso e piscou.


- Arreee, por favor me soltem! - implorei choramingando.


- Já estamos quase chegando docinho. - avisou Potter.


- EU. NÃO. SOU. SEU. DOCINHO, POTTER! É Walker. W-A-L-K-E-R! É tão difícil assim!? - gritei de raiva. Odeio, odeio, odeio quando ele me chama assim.


- Huuum...- fingiu estar pensativo. - É. É difícil sim.


- Você é um idiota, Potter. Sabia disso!?


- Hã, sim. Você já falou isso um milhão de vezes.


- Que ótimo. É para você sempre se lembrar do quanto eu o odeio e o quão idiota você é!


- Obrigado.


- Sem problemas! - respondi indiferentemente dando mais uma mordida na maçã. – A propósito, poderiam me largar agora? Já chegamos no Salão e as pessoas estão me encarando como se eu fosse um ser de outro mundo.


- Mas você é um ser de outro mundo, An. Com esses olhos vermelho-sangue intimidadores, parece que veio de outro planeta. - afirmou Jonathan.


- Obrigada pelo seu comentário, Jonathan. Você é muito fofo. - falei sarcasticamente e Ted riu.


- Obrigado pelo seu sarcasmo, An. Anima tanto o meu dia! - o garoto revirou os olhos e, logo em seguida, pararam em frente ao nosso lugar e me ajudaram a levantar.


- Ah, não a de que fofinho. - fiz biquinho e apertei a bochecha de Fellers, que me lançou um olhar mortal.


Fui obrigada a esperar os meus amigos terminarem de comer para eu poder sair do Salão, mas não deu tempo de estudar, porque as garotas terminaram faltando dois minutos para começar a prova.


Corremos até a sala de aula e conseguimos entrar a tempo. Sentei na penúltima carteira com as meninas ao meu lado e os meninos atrás. O Professor Binns fez a chamada, entregou as provas e comecei a fazer.


Li a primeira pergunta e ri pelo nariz. Estava absolutamente ridícula de tão fácil! Escrevi a resposta e passei para a segunda, terceira, quarta... nona e décima. Virei a prova para ver se havia mais perguntas e arregalei os olhos.


Eu terminei a prova em vinte e cinco minutos! Como assim? Não havia mais perguntas, testes, nada?


Folhei a prova umas quatro vezes para ter certeza absoluta que não havia pulado nenhuma pergunta.


Levantei o braço e olhei para o professor fantasma que levantou o olhar tedioso.


- Sim, senhorita Walker? - perguntou o professor.


- Professor, eu terminei a prova. - respondi e senti os olhares espantados de todos os alunos da classe voltados para mim.


- Já? - questionou incrédulo e assenti. - Bom, então entregue-me a prova e estará dispensada. Pode voltar ao seu Salão Comunal.


Levantei-me e olhei em volta. Todos os alunos me olhavam com olhos esbugalhados e bocas abertas. Caminhei até a mesa do professor, evitando o máximo olhar para os primeiristas. Entreguei a prova, peguei minha mochila e sai da sala.


Caminhei até a torre da Grifinória em silêncio, atravessei o quadro, joguei minha mochila no chão e deitei no sofá.


Fiquei observando o teto. Nunca havia percebido que o teto era mágico, igualmente ao Salão Principal e parecia tão distante.


Estava nublado, mas logo em seguida, as nuvens tornaram-se pretas e começou a chover.


As gotas batiam com delicadeza nos vitrais das escadarias, que davam aos dormitórios.


Levantei do sofá e fui sentar perto da janela, na escadaria do meu dormitório. Observei a chuva cair na janela e escorregando até o final.


Não sei por que, mas eu tenho uma grande atração por água. Adoro ver as gotas caírem ou o movimento das águas quando alguém joga uma pedra. É tão...interessante.


Abracei minhas pernas, encostei a testa no vidro e olhei a paisagem afora.


O barulho da chuva me deixava mais calma e o cheiro...ah, o cheiro de chuva era algo maravilhoso! Me deixava... ah, não sei dizer. Mas me dava uma sensação de conforto, de alegria, de...


- ANNIE! - gritou uma garota e pulei de susto.


- Nathaly! - exclamei olhando a morena. - Nossa, que susto. Não percebi que havia chegado.


- Percebe-se. - a bruxa sentou a minha frente e observou a paisagem afora, como eu. - Como foi na prova?


- Ótima! Estava muito fácil, não? - comentei animada. - Eu fiquei surpresa de tão fácil que estava. Pensei que seria mais difícil, já que o professor adora complicar as coisas.


- Eu também acho.


- E como você foi?


- Eu fui bem também. A prova estava tranquila para quem estudou.


- Tranquila!? Estava super fácil! Mamão com açúcar. - ela riu junto comigo. – Mais alguém saiu além de você?


- Saiu um menino da Corvinal logo após que eu sai. E eu acho que só. Não vi mais ninguém. - voltamos a olhar a paisagem. - Eu vou dormir até a próxima aula. Você vem?


- Claro. Eu preciso descansar um pouco. - concordei subindo as escadas junto com Nathaly.


Coloquei meu despertador para tocar daqui à uma hora. Fechei a cortina e dormi.


O despertador toca e eu abro os olhos com dificuldade. Todo aquele frio e o barulho de chuva batendo na janela dá um sono!


Levantei da cama e acordei Nathaly. Penteei meu cabelo e desci para pegar minha mochila com a morena na minha cola.


Atravessamos o quadro e fomos à sala de Defesa Contra Artes das Trevas. Entamos na sala e sentamos nos lugares de costumes.


Logo após entram Victoire, Julie e os meninos que conversavam animadamente.


- E ai, Vic. Como foi na prova? - pergunto quando a loira senta ao meu lado.


- Nem sei. - deu de ombros. - Acho que fui bem. Deu para tirar a média.


- Potter. Como foi na prova? As minha aulas ajudaram a funcionar essa cabeça de bagri?! - ri da minha própria piada.


- Ha-ha. Muito engraçada você, não? - ele deu um sorriso falso. - Sim docinho, suas aulas realmente me ajudaram muito. Acho que eu fui muito bem na prova.


- Que ótimo! Então a sua cabeça de bagri funcionou direitinho a lembrar os nomes dos personagens que fazem parte da Revolução?


- Sim meu doce. Ela funcionou direitinho, mas funcionará melhor se você me der um beijinho. - Potter fez um bico e fechou os olhos inclinando-se para frente. Bati em sua cara.


- Vai catar coco, Potter. Seu idiota.


- Você já disse hoje que eu sou idiota.


- Mas é bom relembrar essa sua cabeça de bagri podre. E caso você esqueça, eu te odeio.


- Já sei disso. Não é novidade.


- Que bom que sabe. - virei-me para frente e revirei os olhos. Como esse menino é irritante!


As aulas continuaram normalmente e, cada meia hora, eu xingava o Potter de idiota e cabeça de bagre podre. Sem esquecer também, de lembrá-lo de cinco em cinco minutos que eu o odiava. E o odiava mesmo. Potter era o ser mais chato desse universo!


Depois que terminaram as aulas, voltamos ao Salão Comunal estudar para as provas de amanhã. Transfiguração e Herbologia.


Herbologia é a matéria mais fácil, mas Transfiguração. A matéria que eu menos sei. Não que eu não saiba a parte teórica, mas o problema era a parte da prática. Sim, eu não conseguia transfigurar um animal em taça. Ah, qual é. Eu não sou perfeita em tudo. Tenho dificuldades em algumas coisas, como todos os alunos nesta escola. Não posso ser cem por cento perfeita em tudo, não é mesmo!? Ou nem estaria mais na escola e sim, trabalhando.


Sentei na mesa junto com as meninas e estudei a parte teórica, já que eu estudaria a parte prática com Scott.


Quando deu cinco e meia, eu e as garotas subimos e tomamos banho. Depois sequei o cabelo e desci para a biblioteca, mas antes Victoire tinha que fazer algo a mais para "chamar a atenção de Scott" - o que achei uma grande bobagem.


Peguei o material necessário, atravessei o quadro e rumei para a biblioteca.


Chegando lá, caminhei para um lugar mais afastado e encontrei o garoto de cabelos e olhos negros lendo um livro e sorri.


- Com licença. Posso me sentar aqui? - perguntei brincado. Scott levantou a cabeça e sorriu mostrando seus dentes brancos e brilhantes.


- Claro senhorita. Fique a vontade. - sentei ao seu lado. - Como foi na prova de hoje?


- Muito bem. A prova estava absolutamente fácil!


- Eu não disse. - sorriu convencido.


- Tinha toda a razão.


- Bem, você sabe a parte teórica, receio. - assenti. - A parte prática é igualmente fácil, só precisa de um pouco mais de concentração. Vamos começar com uma agulha. Consegue transfigurá-la em uma pena?


- Acho que sim.


- Tente. - sugeriu.


Peguei minha varinha e apontei para a agulha. Concentrei em pena e disse: - Poena. - a agulha tremeu e logo se transfigurou em uma pena branca.


- Muito bom! Agora tente transfigurá-la em uma agulha novamente. - assenti.


Concentrei-me em uma agulha e disse:


- Acus. - a pena branca tremeu e transfigurou-se em agulha novamente.


- Ótimo! Então eu sei que consegue transfigurar objetos em outro objeto. Bem, agora tente transfigurar esta agulha em um... - Scott pensou. - em um coelho.


- Está bem. - concordei. Concentrei-me em um coelho. - Crelepulos.


A agulha levantou no ar, tremeu e caiu na mesa com um pompom branco na ponta.


- Droga. Nunca consegui transfigurar totalmente. - reclamei apoiando a cabeça nas mãos.


- Ei. Tente assim. - o sonserino pegou em minha mão qua segurava a varinha, bateu três vezes na agulha. - Crelepulos.


A agulha tremeu e transfigurou-se em um coelho cinza com olhos vermelhos.


- C-como você fez isso? - indaguei piscando várias vezes.


- Me concentrei bastante em um coelho. - ele deu de ombros e dei uma batida de leva em seu braço. - Ei, por que me bateu?


- Não é tão fácil assim!


- Claro que é. Olha, tente se concentrar o máximo em um coelho, depois bata três vezes e diga o feitiço! É simples. É a mesma coisa que você fez com objetos. Tente agora. – Scott pegou minha mão novamente. - Concentre-se em um coelho. - cochichou em meu ouvido e arrepiei-me. - Agora diga o feitiço quando bater três vezes. - o sonserino bateu três vezes no coelho.


- Creaculos. - disse o feitiço e então, o coelho cinza transformou-se em uma agulha e pisquei várias vezes. - Eu, eu consegui. Eu consegui! Eu consegui Scott, eu consegui! – olhei para ele sorrindo abertamente, como uma criança que descubrira que o Natal havia chegado mais cedo. - Obrigada. Muito, muito obrigada Scott! - abracei-o e ele fez o mesmo.


- Não a de que, Annie. Não disse que era fácil?!


- Sim. Ah, meu Merlim. Estou muito feliz! - ele riu.


- Tente de novo. - pediu.


- Crelepulos. - a agulha trasfigurou-se em um coelho bege com uma mancha preta em volta do olhos. - Merlim! Eu consegui de novo! Scott, você é o máximo. Como posso te agradecer?


- Hum... - ele fingiu pensar no assunto. - que tal um beijo na bochecha e um abraço? - arqueei uma sobrancelha. - Tudo bem, tudo bem. Só um abraço serve. - abri um sorriso e o abracei.


Merlim do céu, eu estava nas nuvens. Aquele perfume gostoso invadia o meu nariz e me deixava zonza de tão gostoso que era. E o abraço dele era tão carinhoso, confortante e seguro.


Parecia que só existia eu e ele neste mundo. Neste momento, eu era a menina mais feliz neste mundo.


Me desvencilhei dos seus braços e sorri e Scott retribuiu.


- Nossa, que abraço gostoso! - exclamou o garoto e corei desviando o olhar. - Ei. Espere um pouco. An, você pode olhar para mim? - perguntou o menino e voltei a olhá-lo.


Scott se aproximou um pouco mais e encarou meus olhos. Eu achei meio estranho e constrangedor, porque parecia que o bruxo estava vendo minha alma através dos meus olhos coloridos.


- O que foi? - questionei baixinho.


- Os seus olhos são... rosa?


Nesse instante engoli seco, prendi a respiração e senti meu estômago dar voltas e mais voltas para depois embrulhar. Meu olho estava rosa? Isso significa então, que eu estou apaixonada? Será que ele sabe do meu segredo? Ele sabe que sou metamorfoga? Sabe dos significados das cores? O que eu devo falar?


- N-não. Eles, eles são lilás. - respondi com um nó na garganta. - É que eu, eu sou metamorfomaga ocular.


- Sério?! Que máximo! Eles mudam de cor quando você quer?


- Não. Eles mudam conforme o meu humor. - desviei o olhar e brinquei com meus dedos.


Droga, droga, droga. Eu disse o que eu sou e agora ele vai pesquisar mais sobre isso e vai descobrir que estou apaixonada por ele. Scott vai descobrir o que eu sinto por ele e nunca mais vai voltar a falar comigo ou pior. Vai começar a me zuar. Como uma grifinória nascida trouxa pode amar um sonserino puro-sangue?


Esse é o meu fim. Acabou. Scott vai descobrir o meu segredo e eu serei a menina mais zuada da escola. Por que esses olhos tinham que me entregar? Estava tudo tão perfeito.


- Que interessante, An! Eu adorei. Uma nascida trouxa metamorfomaga ocular?! Isso é incrível! - exclamou o garoto.


- É. É mesmo. - sorri fraco.


- E o que qual é o seu humor? - droga, por que ele tinha que perguntar isso?


- Que cor está?


- Hum, - ele levantou minha cabeça com um dedo e me olhou. - está um rosa meio acizentado.


Merlim, será que você não pode me ajudar? Me dá uma luz! Será que eu devo mentir ou contar a verdade?


A primeira opção está ganhando de lavada.


- Quer dizer que eu estou envergonhada e ao mesmo tempo ansiosa.


- Own, está envergonhada? Por que An?


- Ah, eu não sei. É estranho um sonserino me elogiar, sabe. Uma nascida trouxa que nem eu, não era nem para você estar falando comigo. Muito menos olhar para minha cara. Então eu fico envergonhada quando você me elogia. É muito...fofo da sua parte estar falando comigo, ensinando-me, abraçando-me.


- Lembre-se de uma coisa: nem toda pessoa é má. Ela só se torna assim porque tem medo de ser diferente de todos e ser zuada pelo grupo.


- Mas, e quanto um Comensal da Morte? Todo sonserino é um?


- Claro que não. Eu mesmo não sou um. Acho que alguns sonserinos são por influência dos pais. Mas não se preocupe com isso. Essa época já passou. - assenti. - Nossa, agora me bateu uma fome... Você quer comer comigo?


- Mas e seus amigos sonserinos? É que eu tenho muito medo deles.


- Ah, não se preocupe com isso. Falta meia hora para terminar o jantar e aposto que ninguém estará lá.


- Tudo bem. Eu aceito.


Levantamos, pegamos nossos materiais e caminhamos até o Salão Principal. No meio do caminho, ele colocou seu braço envolta do meu pescoço e contava piadas.


Chegando lá, assustei com a quantidade de alunos da Grifinória que haviam na mesa, incluindo os meninos e minhas amigas que conversavam animadamente, mas felizmente, não haviam muitos sonserinos na mesa o que me deixou mais aliviada.


Olhei para meus amigos que agora, me observavam assustados. Menos as garotas que sorriam, acenavam e batiam nas mãos umas das outras como um toque.


Sentei junto com Scott na mesa da Sonserina e começamos a comer.


- Então Scott. Já contei sobre mim e agora, quero saber sobre você. - pedi.


- Sério mesmo que você quer saber sobre mim? Não tem nada demais.


- Ah, vai. Por favor! - insisti.


- Está bem. - ele aceitou e sorri satisfeita.


Scott contou que era filho único e que sua mãe morreu quando ele nasceu e morava em um vilarejo afastado da cidade de Londres. Seu pai era um ex-Comensal da Morte que se aposentou após a queda de Voldemort. O pai não era tão amoroso e sim, muito frio. Ele não gostava nada do pai. O odiava mortalmente.


Acho que era por isso que ele era tão amável, carinhoso, diferente de todos os sonserinos. Coitado.


Enquanto conversávamos, eu dava rápidas olhadas para a mesa da Grifinória. Mais especificamente, para os meus amigos e então eu vi algo que me deixou intrigada.


O tempo todo, Potter ficava nos observando atentamente sem, absolutamente piscar uma vez sequer. Lançava um olhar mortal para nós, parecendo que só com isso, poderia nos matar dolorosamente.


Claro que eu tentei disfarçar, mas aquilo já estava começando a me irritar. Eu odeio, no fundo do meu coração, quando alguém me encara.


            - Mas você já tentou fugir de casa? – perguntei dando mais um gole do meu suco.


            - Várias vezes, mas eu sempre volto. Não sei por que, mas eu não consigo ficar muito tempo fora de casa, sabe. Parece que me sinto mais seguro, mais feliz quando estou lá. Como se o espírito da minha mãe, ainda estivesse lá me confortando.


            - Que interessante.


- Muito, não!?


- Até demais. – nós rimos.


- Você gosta de torta de maçã?


- Gosto de tudo que tem maçã, baunilha e chocolate.


- É verdade. Sempre a vejo comendo uma maçã no café da manhã.


- Você fica me observando, é? – arqueei uma sobrancelha e ele riu.


- Só de relance. Nada demais.


Depois disso, todas as comidas, pratos e copos sumiram da mesa, deixando claro que já estava na hora de voltar ao Salão Comunal.


Levantamos, pegamos nossos materiais e saímos do grade salão.


Parei na escada que dava para a torre da Grifinória e olhei para Scott que me seguia.


- Seu Salão Comunal também é por aqui? – perguntei parando no meio da escada.


- Na verdade é perto das masmorras, mas eu vou te levar até o seu salão. Pode ser?


- Claro! – respondi sorrindo.


Continuamos a subir as escadarias até o sétimo andar jogando conversa fora.


Era tão divertido passar o tempo com ele. Scott sabia como puxar assunto e nunca o deixava morrer.


Quando subimos o último degrau do sétimo andar eu parei e virei para olhá-lo de frente.


- Bem, é aqui que eu fico. Obrigada por vir até aqui e por me dar uma aula. Foi incrível. Obrigada por tudo. – falei passando a mão no meu outro braço.


- Não a de que An. Quando precisar, é só me chamar. – ele sorriu e pegou minhas mãos. – Boa noite An. – Scott me deu um beijo na bochecha e sorriu.


- Boa noite Scott. – acenei corada enquanto ele descia as escadas.


Atravessei o quadro, passei pelo Salão Comunal –que estava estranhamente quieto- e entrei no quarto – que estava muito estranhamente quieto e escuro.


Fui ao banheiro, escovei os dentes, coloquei pijama, deitei na cama, fechei a cortina e dormi sorrindo.


**


Acordei com o despertador tocando. Me espreguicei, levantei de um pulo e rumei para o banheiro. Tomei um banho, coloquei o uniforme, escovei os dentes, sequei o cabelo e sai do banheiro com um sorriso estampado no rosto.


Não sei o porquê de tanta felicidade, mas simplesmente acordei assim.


Acordei minhas amigas pulando na cama de cada uma.


- Acodem meninas! Está um dia lindo lá fora. Vamos, acordem! – gritei dando risada.


- Nossa An. Para que tanta alegria? – resmungou Victoire com o cabelo todo bagunçado.


- Eu não sei Vic! Eu simplesmente acordei assim. – respondi deitando ao seu lado e rindo feito uma boba.


- Iiiiiih, acho que a aula com Scott a fez muito bem. O que aconteceu ontem? Queremos saber. – disse Nathaly com uma voz meio grogue.


- Vocês querem que eu conte? – perguntei, mas não as deixei responder. – Está bem, eu conto. Não precisam insistir. – ri da minha própria piada e contei a elas.


- Aaaaaaah, que linda! – berrou as três em coro e escondi meu rosto envergonhada.


- Tudo bem, tudo bem. Eu vou descer, pois estou com muita fome. – avisei saindo do quarto.


Desci as escadas ainda com um sorriso bobo na cara e encontrei os meninos sentados no sofá.


- Bom dia garotos! – desejei pulando no sofá.


- Quem é você e o que fez com a Annie Walker? – perguntou O’Connor arregalando os olhos.


- Que isso pessoal. Sou eu, a mesma Annie de antes. – respondi sorrindo.


- Está mais animada que o normal. O que aconteceu?


- Nada gente. Eu simplesmente acordei assim. Será que não posso ser mais feliz que o normal?


- Para falar a verdade, eu prefiro você assim. – contou Potter.


- Bom, já que você está assim eu queria te perguntar algo. – disse Fellers


- Diga John.


- Você pode me dar uma aula de Poções?


- Claro! Depois das aulas na sala de Poções, pode ser?


- Perfeito. Muito obrigado An.


- Não a de que John. Eu vou descer por que estou morrendo de fome. Até mais pessoal.


- Ah, podemos ir com você?


- Pode, pode. Vamos. – puxei os meninos pela mão e atravessamos o quadro.


Coloquei os meus braços em volta dos pescoços de Jonathan e Potter e rumamos assim até o Salão Principal.


- Então meninos, alguma novidade? – perguntei.


- Hã, nenhuma, por quê?


- Ah, que chato. – fingi estar triste. – Estudaram bastante para as provas? Será uma seguida da outra, não?


- Sim. Mas não estudamos tanto assim. – confessou Potter.


- Ah, mas se garantem, não?


- Sempre. – respondeu Jonathan e nós rimos.


Chegamos ao grande salão e nos sentamos.


Peguei uma torrada com geleia, um bacon, um ovo e maçã. Comi tudo rapidamente e fiquei conversando com eles até que as meninas chegaram.


Continuei a conversar animadamente.


Eu estava meio abobada hoje. Fora de si, sabe. Muito estranho.


- Ei Vic. – chamou Potter e eu fiquei escutando.


- Fala James. – respondeu a loira.


- Por que a Annie está assim toda animada, feliz, abobada?


- Isso se resume a uma palavra: apaixonada. – a garota cochichou a última palavra.


Eu apaixonada? Não, não estava apaixonada. Não mesmo. Eu só estava mais feliz que o normal, qual o problema? Não posso ser mais feliz que o normal? Isso por acaso seria um crime?


Levantamos e rumamos para as estufas, mas no caminho, Scott apareceu e me segurou pelo braço.


- Bom dia An. – disse o sonserino.


- Bom dia Scott, tudo bem?


- Tudo e você?


 - Estou ótima.


- Annie! – chamou Victoire.


- Ah, preciso ir. É prova agora. Nos vemos depois. – falei sorrindo.


- Está bem. Boa sorte. Até mais tarde. – dei um beijo na sua bochecha e sai correndo ao encontro dos meus amigos.


- Um beijo de boa sorte, eu também quero. – Potter fez biquinho.


- Então vai ficar querendo, Potter. Por que não pede um para Vic? Ela é sua prima e primos dão beijos em primos. – opinei e ri da cara de Vic.


Entramos na estufa número 7. Era igual às outras, mas havia fileiras de carteiras e vasos um em cada mesa, ao invés de uma bancada gigantesca com vasos no meio.


- Muito bem alunos, quero que sentem em ordem alfabética. Para ajudá-los, vejam no mapa em minha mesa. – pediu a professora Sproud.


Espremi-me no meio da multidão de alunos da Grifinória e Lufa-Lufa. Olhei para o mapa e vi que meu lugar era a última carteira.


Nossa, quanta pessoa que começa com A.


Caminhei até lá, sentei, peguei minha pena dourada e esperei.


- Oba, vou sentar ao lado da Walker! – comemorou Potter e gemi de infelicidade.


Por quê? Oh, vida cruel. Justo Potter!? Merlim está de brincadeira comigo, só pode.


- Você vai me deixar colar, não? – perguntou Potter e arqueei as sobrancelhas.


- Você acha mesmo que eu deixarei você colar de mim? – indaguei.


- Na verdade não, mas eu tentarei. Tenho minhas manhas. – revirei os olhos e ele sorriu torto.


- Muito bem alunos, agora silêncio para que eu possa aplicar a prova. Boa sorte a todos. – avisou a professora e começou a entregar a prova.


- Boa sorte Walker. – desejou Potter sussurrando.


- Obrigada, para você também. – respondi.


- Obrigado, mas não preciso de sorte. Eu já nasci sortudo. – ele sorriu e revirei os olhos. Convencido.


- É, e nasceu muito modesto também. – acrescentei para mim mesma.


Recebi a prova e comecei a fazer. Claro que estava absurdamente fácil e por isso fiz tranquilamente.


Vinte minutos se passaram e já estava quase terminando a prova. Olhava para o lado e via Potter esticando o pescoço, na esperança de obter respostas. Franzi a testa e ele sorriu.


- Me ajude. – pediu o garoto sem produzir barulho.


- Qual questão? – perguntei movimentando meus lábios sem som.


Ele apontou para a questão 8, a qual eu achei a mais difícil da prova, mas eu fiz com a maior facilidade.


Empurrei a prova um pouco para o lado e esperei. Potter copiava rapidamente a resposta e ri pelo nariz.


- Obrigado. – disse e piscou.


- Não a de que. – respondi.


Retornei a minha prova. Faltava uma questão para terminar. Respondi feliz da vida, folhei a prova, levantei e entreguei à professora que sorriu bondosamente.


- Até mais professora. – falei.


- Até mais senhorita Walker. – e sai.


Fiquei esperando do lado de fora como haviam me pedido. Olhava ao redor, o céu, os pássaros e corujas. Tudo tão magnífico.


- E ai Walker, foi bem? – perguntou Potter e virei para olhá-lo.


- Fui ótima. E você? – sorri.


- Fui bem, graças a você.


- O que seria de você sem eu? – joguei o cabelo para trás e ri.


- Adoro sua modéstia.


- Tenho o dom.


- Percebe-se.


- Ai, que prova mais fácil. – disse Nathaly.


- Concordo. – falei.


- Merlim do céu, que prova difícil. – reclamou Victoire batendo o pé.


- Como é? – indaguei arqueando as sobrancelhas.


- Essa prova. Estava impossível! – eu e Nathaly nos entreolhamos e franzimos a testa.


- Você estudou pelo menos? – perguntou a morena.


- Claro que não. Só dei uma lida rápida. – ela deu de ombros.


- Então é por isso que a prova estava difícil. – respondi.


- E ai pessoal, foram bem? – Ted chegou sorrindo.


- Sim. – responderam todos em coro.


- Não. – negou Victoire de braços cruzados.


- Por que não Vic? A prova estava fácil. – exclamou Ted.


- Para quem estudou, o que não foi o meu caso.


- Chegamos. Como foram? – anunciou Julie vindo com Jonathan e Steven.


- Vamos voltar para o castelo? A próxima aula é prova novamente. – pedi e todos concordaram.


Subimos as escadas vagarosamente e discutindo sobre a prova.


- Ah, obrigado Walker por me ajudar. – agradeceu Potter.


- Sem problemas, mas não vai se acostumando. Só deixei você colar de mim porque eu estou de bom humor hoje. – respondi.


- James colou de você e você deixou? Como assim? – Nathaly arregalou os olhos e todos ficaram nos encarando.


- Sim, eu deixei. Só porque estou com um ótimo humor hoje. Mas não se acostume Potter. Essa vai ser a primeira e a última vez que farei isso. – encarei-o e ele sorriu.


Entramos no castelo e nos dirigimos a sala de Transfiguração. O sinal tocou, esperamos os outros alunos saírem e entramos.


Sentei no lugar de costume, peguei minha pena e varinha e esperei.


- Muito bem alunos, a prova será o seguinte: Darei a prova escrita primeiramente e, quando faltar dez minutos para o término, chamarei um por um na minha mesa. Entreguem-me a prova, transfigure o que peço e estará dispensado. – explicou a professora McGonagall.


Recebi a prova e comecei a responder. Estava meio difícil, mas não impossível.


Quando faltava dez minutos para terminar a aula, Minerva começou a chamar os alunos em ordem alfabética.


- Annie Walker. – chamou a professora.


Respirei fundo, levantei levando a prova comigo e caminhei até ela.


- Muito bem senhorita Walker. Quero que você transfigure esta agulha em um rato. – pediu McGonagall e respirei bem fundo.


Me concentrei em um rato de laboratório branco e pequeno.


- Cremus. – disse apontando a minha varinha.


A agulha subiu no ar, tremeu e se transfigurou em um rato como eu havia pensado. Arregalei os olhos e sorri.


- Perfeito como sempre senhorita Walker. Parabéns. – elogiou-me.


- Obrigada professora.


- Agora transfigure de volta a uma agulha.


- Acus. – o ratinho subiu, tremeu e caiu em forma de uma agulha de prata.


- Ótimo, nota 10, senhorita. Pode entregar sua prova e sair. – Minerva sorriu.


Entreguei a prova e rumei para fora da sala com um sorriso de orelha a orelha.


Merlim, esse dia está cada vez melhor! Eu não acredito que consegui fazer isso.


Coloquei as mãos na boca e sorri abobada.


Abri a porta e sorri mais ainda. Scott me esperava encostado na parede com as mãos no bolso e sorrindo de lado.


- Quem foi que tirou nota 10 em transfiguração? – indaguei.


- Você conseguiu?! – ele andou em minha direção.


- Não só consegui como tirei um 10 redondinho e brilhante da McGonagall. – respondi sorrindo.


- Ah Merlim, você é incrível! – exclamou o garoto me abraçando e rodopiando-me no ar.


- Obrigada, sei que sou demais. – joguei o cabelo rindo.


- Muito modesta também.


- Ah, isso todo mundo é.


- Meus parabéns!


- Obrigada. Mas, o que faz aqui? Não era para estar na aula?


- Eu fiquei muito nervoso pensando se você conseguiria e não consegui me concentrar na aula.


- Own, que fofo.


- Eu sei. – Scott riu torto.


- Não disse que todo mundo é modesto?!


- Mas você é de natureza.


- Isso eu não posso discordar. – nós rimos e nos abraçamos.


A porta da sala abriu e Potter saiu da sala com um sorriso de triunfo, que desapareceu quando nos observou.


- Foi bem Potter? – perguntei.


- Perfeito. Tirei um 10 em transfiguração. – respondeu encarando Scott mortalmente.


- Sério?! Parabéns! – exclamei e ele sorriu fraco.


- Obrigado. E você, como foi? Conseguiu transfigurar?


- Eu fui muito bem! Tirei um 10 também. Estou muito feliz. – respondi sorrindo de orelha a orelha.


- Graças a mim, é claro. – disse Scott.


- Meus parabéns, Walker. Ah, Jonathan pediu para você esperá-lo na sala de Poções depois das aulas. – falou Potter.


- Ah, claro. Eu o espero lá. – concordei.


- Está bem. Eu vou voltar para o Salão Comunal. Nós nos vemos mais tarde, Walker. – dito isso, Potter foi embora.


- O que você tem com Jonathan? – questionou Scott.


- Ah, eu vou lhe ensinar Poções. Ele é terrível nessa matéria. Sempre derretendo o caldeirão. – respondi sorrindo.


- Bom, acho melhor eu indo. Tenho que estudar.


- Está bem. Obrigada por tudo Scott!


- Sem problemas. Até mais. – o sonserino me deu um beijo na bochecha e foi embora.


- Eu. Não. Vi. Isso! – exclamou Victoire saindo da sala e revirei os olhos.


- Ah para. Foi só um beijo de amigos, nada demais. – defendi-me.


- Não foi isso que vi. – corei.


- Vamos para a sala antes que eu te mate aqui mesmo. – a loira riu e fomos para a sala da próxima aula.


O tempo passou rapidamente como sempre foi em Hogwarts. Quando me dei conta, já tinha terminado todas as aulas e estava me encaminhando para a sala de Poções para dar aula a Jonathan.


Esse sim vai ser um grande problema de ensinar. De tão avoado que ele é, vai acabar explodindo o castelo.


Cheguei à sala, peguei meu caldeirão, livro e ingredientes.


- Olá An, demorei muito? – disse Jonathan chegando ofegante.


- Na verdade não. Vamos, sente ai. Temos muita coisa para fazer. – pedi.


O garoto sentou ao meu lado.


- Bom, eu quero que você faça para mim a poção de curar Furúnculos. Os ingredientes estão aqui. Pode começar.


Jonathan pegou os ingredientes, jogou-os, cortou-os e mexeu. Então, o caldeirão começou a borbulhar e sair uma fumaça preta com um cheiro horrível.


- Jonathan, o que você fez? – questionei tampando o nariz.


- Eu, eu não sei. Coloquei todos os ingredientes certinhos. – defendeu-se o menino.


- Me deixa ver o que você pôs. – li todos os ingredientes e gemi. – Ai Jonathan. São presas de cobra e não presas de dragão menino!


- Que droga! Eu nunca consegui acertar. – ele bateu a mão na testa.


- Skurge. – murmurei apontando para o caldeirão. – Olha Jonathan, você tem que prestar mais atenção menino.


- Eu tento, mas não sei o que acontece.


- John, faça o seguinte: imagina que você esteja preparando uma poção para você ficar mais forte do que é, mais bonito, musculoso, desejado por todas as meninas do mundo, o deixará famoso por ser o bruxo mais lindo do universo. Pense que você se tornará invencível, o melhor de todos os tempos. – o garoto sorria abobado olhando para o nada. – Imaginou?


- Sim.


- Então, tente agora.


Fellers pegou os ingredientes, preparou conforme o livro, cortou os ingredientes, mexeu o caldeirão, desligou o fogo e adicionou mais algumas coisas até ter a coloração marrom.


- Terminei. – anunciou sorrindo e o encarei incrédula.


Examinei a poção, mexi, cheire e arregalei os olhos.


- Jonathan, isso está... isso está incrível! – conclui encarando-o. O garoto sorria esperançoso. – Mas, como... você... poção.


- Eu consegui!?


- Sim. – respondi baixinho.


- Eu consegui! Eu consegui! Uhul. Eu sou o máximo. – pulou Fellers socando o ar. – Obrigada Annie, muito muito obrigado! – ele me deu um beijo estalado na bochecha e saiu correndo gritando “Eu sou o máximo, sou o bruxo mais bonito do mundo!” e algo do tipo.


Fiquei alguns minutos paralisada na mesma posição. Abri e fechei a boca várias vezes.


- D-de nada. – falei para mim mesma.


- Cuidado, meu jovem. Assim você pode matar um velho! – disse uma voz velha e conhecida. – Annie! Nossa, não sabia que estava aqui. – tirou de meus devaneios.


- Ah, olá professor Slughorn. Eu estava ensinando um amigo meu a fazer poções. – sorri.


- Aquele jovem que acabara de sair daqui correndo?!


- Esse mesmo.


- O que aconteceu? Ele está bem?


- Ah, não aconteceu nada, senhor. É que ele ficou alegre demais, porque conseguiu fazer a poção sem explodir ou derreter algo.


- Que ótimo, não!? – assenti. – Sabe Annie, você me lembra muito uma aluna que eu dei aula a muito tempo atrás.


- Sério, senhor!?


- Claro. A cor dos olhos dela era de um verde esmeralda, diferente de todos que eu já vi, igualmente ao seu. Os verdes destacavam sua pele branca com sardas e seus cabelos acaju, e os seus lilás, destacam sua pele branca e seus cabelos castanhos claros. Uma nascida trouxa também, mas de uma inteligência sem igual. Ela tinha o dom de fazer poções como você. Educada, sorridente e um pouco explosiva.


- Nossa, o senhor acabou de falar minhas características. Tem certeza que não está falando sobre mim, só que com outra aparência?


- Também fiquei assustando com o quão parecidas vocês são.


- E qual era seu nome?


- Lílian Evans Potter.


- A avó de James Sirius Potter?!


- Sim. E a mãe de Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu, O Eleito, O garoto que destruiu o bruxo mais temido de todos os tempos. – o encarei pensativa. – Ele tinha os olhos da mãe. Ah, como eu sinto falta desses olhos verdes! – suspirou o mestre. – Lílian era casada com James Potter. Um bruxo de sangue-puro muito travesso. Adorava infernizar a vida dos sonserinos. Ele junto com seus três fiéis amigos: Sirius Black, Remo Lupin E Peter Pettigrew. Nossa, eles adoravam jogar bomba de bosta nos banheiros, faziam cada brincadeira... não sei como Hogwarts está de pé ainda. – ele riu e sorri fraco. - James adorava infernizar a vida de sua “Ruivinha estressada” ou “Lírio”. Eles formavam o casal perfeito. O garoto não deixava Lílian em paz nem por um segundo e, noto que há uma certa semelhança entre você e Potter. Sei que é muito cedo para pensar nisso, pois estão ainda no primeiro ano, mas não tão cedo para ver o amor florescer, não!?


- Então, o senhor acha que eu e Potter combinamos? Igual a Lílian e James Potter? – rezei para que não fosse isso que eu estava pensando.


- Sim, Annie. Acho que você está indo pelo mesmo caminho que Lílian e James Potter tiveram. Não que você vai morrer quando seu filho tiver um ano de vida, mas é quase isso.


- Ah. Bom, eu preciso ir. Tenho, tenho que estudar para as outras provas. Até mais professor. – despedi-me pegando minhas coisas.


- Até mais Annie, boa sorte na minha prova.


- Obrigada. – acenei e rumei para a torre da Grifinória.


A conversa que tive com Slughorn ainda girava incomodante em minha cabeça. Será que este é o meu fim? Casarei com o arrogante do James Sirius Potter e viverei feliz para sempre com ele?


Não, não era isso que eu queria. Não era esse o planejava para o meu futuro.


Sei que tenho certas semelhanças com a de Lílian Evans Potter, mas não é por isso que minha vida será igual a dela. Ou será que sim?


Não, não será assim. Não vou deixar. Casarei com o homem da minha vida que não seja arrogante, metido e exibido como Potter. Não dessa vez.

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