Descobrindo as cores dos olhos



Eu estava sentada em um campo com grama alta e verde com algumas flores pequenas e coloridas. Havia um lago azul com pedras de vários tamanhos, sapos e patos nadando e uma árvore bem grande e solitária. Usava um vestido amarelo claro e estava descalça.


Eu observava as borboletas coloridas que voavam ao meu redor, até que algo tampou minha visão. Coloquei a mão para ver o que era e senti que era outra mão um pouco mais gelada e sorri.


Sentia uma sensação de segurança quando ele estava ao meu lado. Apenas tirei suas mãos do meu rosto e olhei para trás e vi o mesmo garoto de cabelos negros e olhos verdes vivos que sorria lindamente para mim.


- Sabia que você estaria aqui. - concluiu ele sentando ao meu lado.


O garoto me deu um beijo na bochecha e me ofereceu uma Gerbera pink, a minha flor predileta. Peguei a flor e cherei fechandk os olhos e sentindo uma sensação de felicidade percorrendo o meu corpo. Ele me beijou novamente na bochecha e eu sorri corando um pouco.


- Você está linda hoje. - elogiou-me.


- Obrigada. Como você sabe que essa é a minha flor predileta? - perguntei fitando seus lindos olhos verdes.


- Intuição. - respondeu dando de ombros e eu ri.


Coloquei a flor atrás da orelha e apoiei minha cabeça em seu ombro e ficamos observando o pôr-do-sol.


Depois, olhei o lago com uma vontade de nadar, já que estava muito calor, espntão me levantei e caminhei até lá. Coloquei a mão dentro da água para ver a temperatura e olhei para ele que sorriu em resposta.


O garoto tirou a camiseta vermelha mostrando um corpo esbelto e forte. Coloquei minha flor de lado e pulei no lago acompanhada pelo menino.


Ficamos rindo e jogando água um ao outro. Depois competimos quem ficava mais tempo debaixo d'água, quem nada mais rápido e dando piruetas.


Quando cansamos, saimos do lago, sentei embaixo da árvore, ele deitou em meu colo e fiquei acariciando seus cabelos.


- Eu... posso te fazer uma pergunta? - falei insegura.


- Claro. - respondeu sorrindo.


- Quando eu vou saber quem você é? Te conhecer? - perguntei olhando para seus olhos e ele sorriu.


- Talvez você tenha que esperar mais um pouco. Não tenha pressa, tudo acontece por algum motivo em seu determinado tempo.


- Mas, vai demorar muito?


- Isso só depende de você. - ele terminou sevantando-se e caminhando para longe.


- Ei, espere. Não vá, por favor. Volte! - gritei observando-o indo para longe de mim e me senti desprotegida e insegura. - Não vá, volte! Volte, por favor. Não me deixe aqui, eu preciso de você. Não!


Tentei levantar-me, mas algo me prendia ao chão e gritava desesperada o vendo partir para longe de mim. Eu me sacudia, batia no chão e chorava. Havia algo enrolando-se ao meu corpo mas eu não via nada, então fechei os olhos e senti caindo em algo duro, e os abri novamente.


Eu estava no chão do meu dormitório enrolada na cortina da minha cama e suava frio. Olhei para cima e vi os rostos das minhas amigas, iluminados pela luz que saia da varinha de cada uma com um olhar de espanto e preocupação.


- An, está tudo bem? - perguntou Nathaly que estava sentada ao meu lado.


- Acho, acho que sim. - respondi. - Você me ajuda a desenrolar a cortina do meu corpo?


- Claro! - aceitou ela me ajudando.


- Ai. - exclamei abraçando meu braço enfaixado. - Meu braço está doendo muito.


- Você não quer que eu te leve para a Ala Hospitalar? - questionou Victoire juntando-se a nós.


- Não, acho que foi só a pancada mesmo. Eu estou bem.


- levantei-me do chão e sentei na minha cama junto com as meninas.


- O que aconteceu An? - Julie quis saber.


Fiquei pensando se era prudente contar para minhas amigas os sonhos que eu tenho com ele.


Elas são minhas amigas, não há o que temer. Aliás, elas sempre vão estar ao meu lado em qualquer momento e para isso, elas deveriam estar a par do que anda acontecendo comigo, com meus sonhos.


- Eu, eu sonhei com ele novamente. - respondi olhando para minhas mãos enquanto brincava com os dedos.


- Com aquele menino de cabelos negros e olhos verdes? - lembrou Victoire e eu assenti com a cabeça.


- E... o que você sonhou? - contei meu sonho com os mínimos detalhes e, quando terminei, olhei para elas na esoerança de que me dessem uma luz.


- Bem, eu acho que você deveria esperar. - concluiu Nathaly.


- Mas, eu não quero esperar. Quero saber quem é! - insisti encarando-as.


- Ele pediu para você esperar, An. Acho melhor não insistir. Talvez... não demore muito para conhecê-lo... Pense positivo! - exclamou Julie e eu suspirei.


- Não vai demorar muito, An. Eu tenho certeza e você sabe que eu sempre acerto! – disse Victoire e eu sorri.


- Bom, eu vou descer um pouco. Ainda não estou com sono. Obrigada, amigas! – agradeci levantando-me da cama.


- Não a de que An. Quando precisar, nos chame, está bem!? - Victoire sorriu bondosamente segurando minha mão.


- Está bem, boa noite para vocês.


- Boa noite. - deram as três em coro e se dirigiram para suas camas enquanto eu desci para o Salão Comunal.


Não havia uma alma viva ou fantasma sequer. Ouvia-se somente o crepitar do fogo na lareira.


Andei até o sofá em frente a lareira, peguei a almofada e joguei com todas as minhas forças para longe. Estava magoada e com raiva de ter que esperar dias, semanas, meses, anos, décadas para poder vê-lo. Não queria esperar, não tenho paciência para esperar.


- Por que essa noite está tão ruim? O que eu fiz para merecer isso? - me perguntei parando em frente a lareira e observando o fogo. - Será que não poderia ficar pior? Acho que sim. Se Potter aparecer por aqui, não me deixará em paz. Melhor eu ficar de boca fechada, porque parece que minhas palavras tem poder para atrair coisas ruins.


Andava de um lado para o outro pensando em algo diferente para esquecer esse sonho e esquecer o menino de cabelos negros e olhos verdes. Tirar isso da minha cabeça parecia ser difícil, mas não impossível. Basta pensar em outras coisas e já sabia o que poderia me ajudar: um bom livro.


Subi novamente as escadas para o meu dormitório e, em silêncio, abri meu malão e peguei um livro qualquer. Desci as escadas e me joguei no sofá. Olhei para a capa e sorri quando vi qual eu tinha pego: Quadribol através dos séculos. Abri na página que habia marcado e comecei a ler.


Depois de muito tempo lendo, olhei para o relógio que marcava três e quinze da manhã, mas eu continuei minha leitura e fiquei feliz por me distrair e esquecer os acontecimentos dessa noite.


Olhei para o relógio novamente que marcava quatro da manhã. Meus olhos começaram a ficar pesados e minhas mãos ficando cansadas. Encostei a cabeça no escosto do sofá, virei para o lado encolhida e dormi.


Enquanto eu dormia, senti algo quente me cobrindo. Puxei mais para cima e continuei dormindo um pouco mais quente, mas não demorou muito para eu voltar a acordar, pois depois de alguns minutos, alguma coisa apoiou-se nas minhas pernas e escutei risadas e uma conversa.


- Ela vai te matar, James. - comentou um menino.


- Errado, ela me ama e não fará nada comigo. - respondeu o outro.


Abri um pouco os olhos para ver quem era, mas não queria que descobrissem que estava acordada. Observei que Fellers, Lupin e O'Connor estavam de pé ao lado do sofá e Potter, como sempre fazendo algo para me irritar, estava deitado no mesmo sofá que eu, apoiando sua cabeça em minhas pernas e sorri maldosamente.


Olhei para o chão e vi a almofada que eu jogara ontem estava perto, então peguei e num movimento rápido, bati na cara de Potter que resmungou.


- Ai! Para An, já levantei.


- Isso, é por dormir no meu colo sem minha permissão e isso...- falei batendo mais uma vez nele rindo. - foi por ontem. Idiota.


- Bom dia para você também, An. - desejou Potter de pé.


- Para você, é Walker. E bom dia. - respondi levantando-me e indo para o meu dormitório.


Subi as escadas com algo preso em meu ombro. Olhei para uma capa masculina preta com o brasão da Grifinória e o nome James S. Potter gravado embaixo.


- James, por que você tem que ser tão chato, mas tão fofo ao mesmo tempo? - perguntei a mim mesma.


Entrei no dormitório, peguei meu uniforme e tomei banho. Depois escovei os dentes, sequei o cabelo e acordei as meninas, mas como sempre, em vão. Desci com o material para o Salão Principal tomar café sozinha.


Chegando lá, havia poucos alunos presentes e sentei um pouco distante da porta. Mas, infelizmente eu não posso nem tomar meu café da manhã sozinha e tranquila e então, um menino primeirista da Corvinal sentou ao meu lado. Ele era baixo de cabelos e olhos castanhos. Fiz amizade com ele não muito tempo na biblioteca, quando ele sentou na mesma mesa que eu e começamos a conversar.


- Bom dia An. - disse ele.


- Bom dia, Will. - respondi sem emoção.


- Dormiu bem?


- Na verdade, não.


- Por quê?


- Porque...- hesitei, não poderia contar sobre o sonho que eu tive, então menti. - Meu braço começou a doer muito e acabei dormido no Salã Comunal.


- Entendo. Deve doer muito mesmo.


- Sim, mas é o segundo dia então é normal doer tanto assim.


- Bom, melhoras.


- Obrigada, Will. Como foi o seu Natal?


- Normal, como sempre. Passei o Natal na casa de minha avó materna junto com a minha mãe e meus irmãos, meu pai não apareceu, como sempre e depois fiquei na casa do Clode.


- O Clode da Corvinal mora perto, não?


- Sim, passo todas as minhas férias lá.


- Que legal.


- Oi gente. - disse um menino primeirista da Corvinal baixo de cabelos castanhos e olhos cor de mel.


- Oi, cara! - cumprimentou Will.


- Olá Clode, tudo bem? - falei.


- Tudo bem, Walker e você? - respondeu ele.


- Tudo ótimo.


- Como está o braço?


- Doendo, mas melhorando graças a Madame Pomfrey e seus remédios horríveis. – comentei e nós rimos.


- Graças a Merlim eu nunca experimentei esses remédios. - disse Will e Clode afirmou com a cabeça.


- Infelizmente eu já experimentei duas vezes. - nós rimos.


- Acho melhor tomarmos café na nossa mesa, Will. - deduziu Clode.


- Também acho. Tchau Walker. - concordou Will


- Até mais Walker. - falou Clode já se levantando do banco com o outro garoto.


- Até mais, meninos. - respondi dando mais uma mordida na minha torrada.


Fico mais alguns minutos sozinha, até que os meninos e minhas amigas chegam no salão rindo alto.


- Bom dia loira. - desejou Fellers e eu ignorei revirando os olhos.


- Bom dia, Anniezinha linda. - disse Nathaly.


- Bom dia Lyzinha. - respondi.


- Bom dia docinho de coco. - falou o irritante do Potter.


- Você trouxe o meu chinelo, Potter? - perguntei brava.


- Sério mesmo que você não vai dar aquele chinelo? - ele resondeu sentando na minha frente.


- Claro que não, Potter. Aquele chinelo é meu. Quero ele agora. - exigi.


- Só se você disser “bom dia meu amor”.


- Prefiro ser jogada da torre de astronomia do que dizer isso. Agora devolve o meu chinelo.


- Não.


- O que disse?


- Eu disse não, entendeu ou quer que eu desenhe?


- Acho que crianças não deviam mexer com o fogo, Potter. Devolve o meu chinelo garoto chato!


- Não, não e não.


- Ótimo, eu mesma vou buscar.


- An, você já está melhor? - perguntou Victoire.


- Do que Vic? - falei.


- Do sonho, sabe. Dele. - ela explicou.


- Que sonho, An? - questionou Potter.


- Nada que te interesse Potter. Acho que estou melhor sim, Vic. Estou um pouco cansada, mas já melhorei do acontecimento.


- Você já tem ideia de quem é? - Julie quis saber.


- Ainda não, mas seja quem for eu vou descobrir, mesmo que demore. Ele disse que vinha, não? Então eu espero.


- Quem disse que vinha, An? - perguntou Potter se intrometendo novamente.


- Já disse Potter, nada que te interesse e pare de se intrometer na nossa conversa. Isso é muito irritante. - respondi com calma e ele fechou a cara.


O resto do café foi normal como sempre e logo depois, fomos para a aula de Historia da Magia.


Chegando lá, sentei junto com as meninas nas penúltimas carteiras, os meninos nas últimas mesas e o professor Binns entrou na sala em seguida. Ele fez a chamada e quando terminou, começou a explicar monotonamente sobre a Revolução dos Duendes.


Eu apoiava minha cabeça na mão esquerda lutando para não adormecer, mas foi em vão. Meus olhos começaram a ficar pesados cada vez mais até que adormeci sem querer. Eu tinha dormido muito mal na noite anterior e estava com muito sono e cansada. A voz monótona do Prof. Binns começou a ficar distante até não poder mais ouvir.


Sonhei que estava em um jardim com a grama baixa e bem gasta. Gnomos de jardim vestidos em vermelhos e azuis, lutavam bravamente uns contra os outros. Tidos haviam a mesma aparência: bem baixos, com olhos castanhos, barbas, bigodes e cabelos brancos e chapeis pontudos da mesma cor da roupa. Líquidos com as cores do arco-íris eram derramados conforme eles eram golpeados mortalmente, e deduzi sendo sangue de gnomo. Era uma guerra meio estranha e bem colorida.


Eu usava uma calça branca com uma blusa roxa e por cima, uma armadura prata pesada e bem brilhante com uma bota de couro preto. Estava no meio do campo de batalha olhando confusa para toda aquela matança colorida e ri pela cena bizarra que eu estava vivenciando.


Ouvi algo como um sino sendo tocado bem longe de onde eu estava e depois algo me cutucando no ombro e virei para ver o que era, mas não havia nada. Outra cutucada e coloco a minha mão no mesmo local e não sinto nada.


- Annie. - sussurou uma voz masculina no meu ouvido e eu arrepiei. - An.


- Eu não vou lutar. - resmunguei baixo e risadas logo depois.


- Vamos, An temos aula. - disse uma menina.


- Não sei lutar. - rebati e mais risadas. Por que essas vozes estão aqui e que aulas são essas? Não sei lutar e não quero aprender.


Sinto meu corpo sair da cadeira e sendo carregado. Eu estava muito cansada e não estava preocupada com quem me carregava, queria apenas descansar. Depois de alguns minutos, colocou- me em um lugar quente, aconchegante e confortável, cobriu-me, deu um beijo na bochecha e saiu.


Senti meu rosto corar, mas não ligava para onde eu estava e quem me beijara, queria somente relaxar.


 


Risadas altas adentravam o cômodo que eu estava e acabei acordando. Olhei para o ambiente que eu estava. Era um dormitório que, se não fosse pelas roupas jogadas, bagunça e vassouras, pensaria que estava no dormitório feminino.


Sentei na cama e passei a mão no meu cabelo que estava bagunçado, depois levantei e sai do quarto. Olhei para o relógio da Sala Comunal que marcava cinco e vinte e arregalei os olhos.


- As aulas! Eu dormi durante as aulas! - falei para mim mesma assustada. - Meu Merlim, eu perdi todas as matérias novas que os professores passaríam hoje.


Sai do salão e fui direto para a sala de História da Magia. Chegando lá, agradeci à Merlim que não estava tendo aula. Dirigi-me a mesa do Prof. Binns e avistei minha mala azul clara com livros de outras matérias ao lado. Peguei-as com muito esforço, pois não tinha a mão direita disponível e rumei para a  biblioteca.


No meio do caminho, tentei arrumar os pergaminhos que estavam prestes a cair de cima dos livros, mas tudo que eu havia em meu braço caíram fazendo um grande barulho.


- Fala sério. Só para me ajudar, não é mesmo? - conclui agaixando para pegar todo o meu material novamente.


Tentei umas duas vezes segurar tudo, mas sempre voltavam a cair e na terceira tentativa eu acabei desistindo e então, uma pessoa ajoelharam-se ao meu lado.


- Quer ajuda, An? - perguntou Potter sorrindo.


- Não precisa, eu consigo. - respondi voltando a pegar os livros e pergaminhos do chão.


- Tem certeza, você já está tentando faz um bom tempo. - insistiu Potter.


- Sim, eu tenho certeza Potter. Não preciso de sua ajuda, muito obrigada. - falei levantando com tudo na minha mão, mas voltaram para o chão novamente. - Mudando minha opinião, eu aceito sua ajuda.


 


Ele sorriu satisfeito. James pegou minha mala e quase todos os livros e pergaminhos do chão.


- Não, esse livro eu vou devolver para a biblioteca. Pode deixar que eu levo minha mala. - comentei pegando um livro grosso sobre Maldições e Azarações.


- Não, eu insisto levar sua mala. Você não quer que eu leve esse livro para a biblioteca?


- Não precisa. Eu vou devolver esse e pegar outro livro. Você pode levar tudo para a torre da Grifinória?


- Claro. Até mais.


- Até mais. - respondi rumando para a biblioteca. - Potter, obrigada por me ajudar.


- Não foi nada, meu doce de coco loiro. - respondeu ele e eu sorri senti meu rosto corar e voltei para e meu destino.


Chegando lá, devolvi o livro e peguei um sobre metamorfomagia que a Prof. McGonagall havia me recomendado. Voltei para o Salão Comunal e lá, todos os meus amigos estavam fazendo as lições de casa.


Joguei meu livro na mesa e sentei ao lado de Victoire que se assustou com o barulho.


- Annie, você acordou! - concluiu Julie e eu girei os olhos.


- Claro que não, Julie. Não está vendo que eu estou ainda dormindo? Eu sou sonâmbula, sabia. Vou para a biblioteca, devolvo um livro e pego outro tudo dormindo! Isso é uma maravilha, não? - respondi ironicamente.


- Nossa, você é muito grossa.


- Errado. Eu só sou um pouco irônica demais. Acorda para a vida, menina!


- Que livro é esse, An? - perguntou Nathaly.


- É um livro sobre metamorfomagia que McGonagall me indicou. - respondi abrindo o livro grosso de capa marrom e um pouco gasta.


- Você está procurando o que? - quis saber Victoire.


- Nada de específico, mas eu gostaria de saber o significado das cores, sabe? - ela balançou a cabeça positivamente.


Procurei no índice algo sobre as cores que podem aparecer em um metamorfomaga e então, achei na página 290.


Imagens de pessoas coloridas chamaram a minha atenção. Alguns com cabelos coloridos, outros peles e achei uma parte sobre os olhos. Comecei a ler.


" A Metamorfomagia ocular são os mais raros de todos os outros casos. A cada bilhões de crianças bruxas, somente uma nasce assim. Isso ocorre de cem em cem anos, quando um bebê nasce na Lua azul Crescente, que é um fenômeno raro onde a Lua se alinha ao planeta Mercúrio. Em alguns casos, crianças de sangue-puro e mestiços tem mais probabilidade de ter, mas nascidos trouxas não são muito comuns.


Os Metamorfomagas oculares podem ter olhos com a pigmentação diferente como o rosa, lilás, roxo ou laranja.


Os olhos podem mudar de cor conforme seu humor, mas podem também controlá-los e mudá- los para a cor que desejarem a qualquer hora, como nos outros casos de metamorfomagia, mas é mais complexo e requer muita experiência e treinamento. Caso contrário, dependendo do grau de erros cometidos, podem tornar-sem cegos.


Mas para poder controlar as cores, devem ter muita concentração. Para isso, pensem na cor escolhida e imagine-a em seus olhos e quando abri-los, verá a cor que desejara. Parece simples, mas requer muita concentração e imaginação, ou a cor desejada sairá mais claro ou mais escuro.


Para cada cor, há um significadodo humor que o metamorfomaga está tendo. Abaixo, algumas cores e seus significados:


- Amarelo: feliz, alegre.


- Azul: triste, magoada.


- Azul escuro: desesperança.


- Bege: nervosisvo, ansiedade, impaciente.


- Branco: morte.


- Castanho: medo, assustado.


- Castanho escuro (preto): vingança.


- Cinza claro: vergonha.


- Cinza escuro: frio ou calor.


- Laranja: coragem, gentileza, tolerante.


- Lilás: pureza (paixão no caso do olho ser rosa e coragem, gentileza, tolerante no caso do olho ser laranja.)


- Rosa: paixão, amor.


- Roxo: desmaiada, desacordada.


- Verde: calma, esperança.


- Vermelho: raiva, ódio.


- Vermelho claro: intolerância, impaciência.


- Olho sem brilho: cansado.


 


Alguns Metamorfomagas oculares são mais bonitos do que os demais. Astrólogos deduzem que isso ocorre por causa da "magia" que a Lua Azul Crescente tem, mas ainda não foi totalmente confirmado.


Nesse caso, eles podem também modificar seu rosto, sexo, cabelo e tamanho a hora que quiser. Requer esforço, imaginação e concentração também. Mas com treinos eles podem mudar normalmente, sem nenhum esforço."


 


- Nossa, que legal! Annie olha para mim. Quero ver a cor dos seus olhos. - pediu Potter e eu me assustei, pois todos estavam lendo comigo e eu não havia percebido.


Olhei-o sorrindo. Estava achando tudo tão engraçado. Eu, uma nascida trouxa ser metamorfomaga ocular que é um dos casos mais raros que existe no mundo bruxo! Isso é muito legal.


- Ele está meio amarelado, então... quer dizer que você está...- começou Potter que consultava o livro. - você está feliz! Eu estou certo, não?


- Sim. Eu estou achando tudo tão engraçado e mágico! Vic me empreste seu espelho? - perguntei querendo ver a cor dos meus olhos.


Victoire pegou o espelho dentro de sua mala vermelha e entregou-me. Olhei meu reflexo e fiquei espantada e ao mesmo tempo animada. Meus olhos estavam um amarelo claro, mas intensificou a cor depois que eu ri.


- Uau, eu nunca havia percebido que meus olhos mudavam de cor. Isso é... mágico! – conclui rindo junto com eles.


Durante o resto do dia, fiquei fazendo as lições e copiando as aulas que eu havia faltado, mas não ajudou muito. Eles não costumam copiar as explicações dos professores, principalmente História da Magia. Potter fazia de tudo para mudar meu humor e observar a cor dos meus olhos.


- Annie. - cantarolou ele.


- É Walker, Potter. - respondi calma sem levantar minha cabeça do pergaminho.


- Sabe o que eu estava lembrando?


- Não e não estou a fim de saber.


- Lembra-se da aposta que fizemos no começo do ano? - perguntou ele ignorando a minha grosseria.


- Lembro, Potter.


- Então, nós havíamos apostado algo e bom, você não está cumprindo o trato. Você não disse uma vez para mim que era uma "garota de palavra"?


- Disse sim Potter e eu sou. Mas caso não lembre, você derrubou-me do barquinho no começo do ano e ainda quase me matou de susto com a brincadeira boba no Halloween. Deduzo que a aposta já tenha terminado, Potter e não continue a me irritar, que não vai dar certo.


- Mas foi só uma brincadeira.


- Brincadeira de mau gosto, Potter.


- Mas foi engraçado.


- Não vou continuar uma discussão com você, Potter.


- Por quê?


- Primeiro, que não vai levar a nada. Segundo, que não vai mudar nada e terceiro, não vale a pena. Não insista, Potter.


- Por quê?


- Porque não, Potter.


- Mas, por que não?


- Porque não é não! - respondi começando a me irritar e então, o silêncio tomou conta do lugar.


Continuei a fazer minhas lições em paz, mas não por muito tempo.


- Por que não é não? - perguntou ele quebrando o silêncio e querendo me irritar, o que acabou conseguindo.


- Chega! Eu vou para o dormitório. Passar bem. - respondi entre os dentes.


Levantei-me, peguei meus materiais e subi, mas no meio da escada eles acabaram caindo, fazendo com que eu ficasse muito mais brava.


- Bendito braço, bendito material, bendito olho, bendito Potter, bendito tudo! Depois eu pego. - reclamei estourando de raiva.


Peguei somente minha mochila e subi para o quarto. Abri a porta, joguei minha mala no chão e joguei-me na cama de bruços.


Fiquei um pouco nessa posição até sentir falta de ar. Pulei para fora da cama e rumei para o banheiro. Tomei um banho demorado depois me troquei e desci para o Salão Principal jantar.


- Onde você vai, An? - perguntou Victoire.


- Jantar. - respondi passando reto sem olhar para eles.


- Você já terminou a lição?


- Sim.


- Posso copiar? - perguntou Jonathan.


- Não, adeus. - disse já saindo pelo retrato da Mulher Gorda e dirigi-me para o Salão Principal pisando forte.


No meio do caminho, percebi que não estava com muita fome e mudei meu rumo para o jardim.


Chegando lá, sentei em um banco em frente ao lago embaixo da árvore. Coloquei os pés no banco, apoiei minhas costas na árvore e fiquei de olhos fechado pensando em nada.


Passaram-se minutos, talvez horas e ouvi passos e sentando ao meu lado. Não movi minha cabeça, apenas abri um pouco meu olho para ver quem era.


Ted Lupin encontrava-se sentado ao meu lado apoiando os cotovelos nas pernas e observando o lago e sorri.


- Como você sabia que eu estava aqui? - questionei sorrindo.


- Pensei que estava dormindo. - ele respondeu sem olhar-me.


- Estou apenas... - pensei no motivo de estar de olhos fechado. - relaxando.


- É um ótimo lugar para relaxar. - ele sorriu.


- Obrigada. - agradeci voltando a fechar os olhos.


- Não está com fome? - Lupin voltou a falar depois de um tempo em silêncio.


- Não.


- Nem mesmo com frio?


- Tampouco. Você está? - respondi voltando a abrir os olhos e observando-o.


- Um pouco.


- Quer o meu casaco?


- Você precisa mais do que eu.


- Por que?


- Você está a um fio de pegar um resfriado.


- Tudo isso graças ao Potter. - falei rindo junto com ele.


- James e suas brincadeiras fora de hora.


- Como você consegue aguentá-lo? Ele é tão...


- Chato, bobo, idiota, trasgo fedorendo e sujo!?


- Isso e mais um pouco. - nós rimos.


- Bom, ele pode ser tudo isso, mas é um cara legal.


- Legal? Ele é o cara mais chato do mundo!


- Isso eu concordo, mas há um James legal, cuidadoso, amoroso bem no fundo do coração. Ele só precisa cuidar-se melhor.


- Acho que ele precisa de alguém para mudá-lo. Os amigos, ou talvez uma menina.


- Ele precisa de você para ser mais exato, já que você é uma menina.


- Bem observado Ted. - eu ri batendo de leve em seu braço.


- Mas eu estou falando sério!


- Merlim me livre, eu não quero cuidar de um menino idiota como ele.


- Só estou deduzindo algo. – Lupin deu de ombros.


- Estou torcendo para não ser verdade. - cruzei os dedos e nó rimos novamente.


O silêncio tomou conta novamente do lugar. Ficamos observando o nada. Bem longe, ouvia- se murmúrios dos alunos que desciam para o Salão Principal jantar.


- Eu vou jantar, você vem? - convidou Lupin já se levantando do banco e estendendo a mão.


Hesitei por um momento. Olhava de Lupin para sua mão e novamente para ele. Então peguei sua mão e levantei indo para o salão para jantar. Chegando lá, sentei junto com os meus amigos bem longe do Potter.


- Você está melhor? - perguntou Nathaly.


- Estou sim Ly, obrigada. - respondi sorrindo.


Durante o jantar, conversamos sobre coisas aleatórias. Potter não me irritou desde então, graças a Merlim.


- Walker. - chamou McFeen atrás de mim.


- Presente. - respondi virando-me para olhá-lo.


- A Madame Pomfrey pediu para que você apareça na Ala Hospitalar depois do jantar. - informou o monitor.


- Está bem. Obrigada McFeen.


Depois de alguns minutos, Julie começou a soluçar, porque comera rápido demais.


- Bebe suco de abóbora. - recomendou Jonathan.


- Prende a respiração. - disse Nathaly.


- Finja que está dormindo, Ju. - recomendei e todos pararam para me olhar assustados. – O que foi? Isso funciona está bem.


- Duvido. - desafiou Potter.


- Ju, feche os olhos e não responda nada. Não pense em nada, só finja que está dormindo. - expliquei e ela obedeceu.


Julie apoiou a cabeça na mesa, fechou os olhos e ficou quatro minutos assim. Depois eu a cutuquei pensando que ela havia dormido de verdade, mas estava enganada. Ela olhou para mim e sorriu. Levantou a cabeça e ficamos observando-a. Dois minutos depois percebemos que ela não soluçava mais e sorri radiante.


- Viram, funciona. Parece coisa de louco, mas resolve. - falei finalmente e recebi aplausos dos meus amigos.


- Onde você aprendeu isso? - perguntou Steven interessado.


- Com minha amiga, Sarah. É coisa de trouxa, mas acaba funcionando. Nem precisa de mágica. - expliquei.


- Você sabe de mais alguns? - quis saber Victoire.


- Ah sim, eu sei de vários outros. Como tirar algo de dentro dos seus olhos e achar algumas coisas.


- Nossa, que demais. E funciona? - elogiou Potter.


- Claro que sim. Nnca duvide dos poderes de uma nascida trouxa. - brinquei e nós rimos. - Pessoal, que dia é hoje?


- 24 de Janeiro, por quê? - respondeu Lupin.


- Sério? Nossa, o meu aniversário é daqui seis dias! - falei abismada.


- É verdade, An. Está chegando! - disse Victoire alegre.


- Como passa rápido, não? - concordamos rindo. Estava tão animada por faltar pouco para o meu aniversário.


Depois do jantar, subimos para a torre. Peguei um pergaminho, minha pena e tinta e comecei a escrever uma carta aos meus pais.


 


Queridos mãe e pai,


 


Como vocês estão? Está tudo bem ai? Aqui está tudo normal, como sempre. Nada de novidades e vocês? Estou morrendo de saudades de todos. As aulas estão cada vez mais legais e estamos nos preparando para as provas em maio e já estou começando a estudar. Estou me dando bem com todos e com as matérias também. Está faltando pouco para o meu aniversário e estou muito ansiosa, mas estou triste pois não poderei passar com vocês. Como está Falcon? Estou sentindo muito a falta dele... Mande um beijo para as minhas amigas, sinto falta delas.


Um beijo da sua filha,


Annie Walker.


 


Reli a carta para ver se estava tudo em ordem e dirigi-me para o corujal.


Chegando lá, procurei Orion que estava dormindo no lugar mais alto.


- Orion. - cantarolei. - Tenho um trabalho a você.


Minha coruja cinza voou em meu braço enfaixado e bicou meu dedo bem leve.


- Trouxe um biscoito a você. - disse entregando uma bolacha para coruja. Ele comeu rapidamente e coloquei o pergaminho em sua pata.


- Você pode levar esta carta para meus pais? - perguntei e ele bicou meu cabelo e eu ri.


Depois Orion levantou voo e desapareceu na noite estrelada e fria.

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