Natal em família e uma visita



Acordei no dia seguinte com muito frio. Olhei pela janela e vi que nevava fortemente. Levantei da cama, coloquei um casaco pesado, pantufas em forma de cavalos e desci.


            Dona Maria colocava pães, biscoitos e bolos quentinhos na mesa.


            - Bom dia, Dinda. – desejei sorrindo.


            - Bom dia An. Dormiu bem? – perguntou a empregada.


            - Muito bem. – respondi sentando na mesa. – Dinda, onde estão meus pais?


            - Eles deram uma saída, mas não disseram para onde. Quer que eu faça seu chocolate quente?


            - Sim, obrigada.


            Comecei a comer tudo que tinha na mesa. Estava absolutamente delicioso.


            - JESUS MARIA JOSÉ! – gritou Dona Maria na cozinha.


            - Nossa Dinda, não sabia que você era tão religiosa assim. O que aconteceu? – perguntei rindo.


            - Ai menina, acabou de aparecer uma coruja voando. – disse a mulher com a mão no peito, ofegante.


            - Calma mulher, é só uma coruja.


            - Um dia desses, vou acabar tendo um infarto. – eu ri.


            Levantei da mesa e entrei na cozinha. Em cima do microondas, havia uma coruja marrom com uma carta no bico. Peguei a carta e o animal voou para fora da casa. Voltei para sala e abri.


 


                        Senhorita Walker,


            O Departamento de Transportes Mágicos aprovou seu pedido de instalação da Rede de Pó de Flu na Rua Silverwood, número 29, lareira do terceiro andar, segundo quarto à esquerda. Um funcionário do Ministério chegará em dez segundos para a instalação.


            Esperamos que esteja bem,


            Karen Thewaly.


            Departamento de Transportes Mágicos.


            Ministério da Magia.


 


            Depois disso, ouço um barulho de estalo. Levanto-me da cadeira e me dirijo à porta. A campainha toca, abro a porta e vejo um homem baixo e gordo, com uma capa de viagem grossa, roupa bruxa e coberto de neve.


            - Senhorita Annie Walker? – perguntou o homem.


            - Sou eu. – respondi e o moço entra em casa. – Claro, pode entrar. Fique a vontade. – disse para mim mesma.


            - Sou Antonio Shylock, Departamento de Transportes Mágicos. Seus pais estão em casa?


            - Não senhor.


            - Mas eles estão sabendo disso?


            - Sim senhor.


            - Ótimo. Bom, em qual lareira vai ter a rede?


            - No meu quarto. Vou te mostrar. – falei subindo as escadas.


            Cheguei ao terceiro andar, virei à esquerda e abri a porta. Mostrei onde ficava a lareira e sentei na cama para observar. Depois de colocar porta vaso, ele apontou a varinha para a lareira e deixou a chama verde.


            - Bom Srta Walker, já está pronto a instalação. Aqui está um manual com algumas perguntas frequentes, se tiver dúvida em algo que não esteja aqui, mande uma coruja, está bem? Tenha um bom dia e feliz Natal. – dito isso, o homem pegou um pouco do pó que havia dentro do pote, entro na lareira e gritou: - Ministério da Magia. – e foi engolido pela chama, desaparecendo.


            Desci as escadas novamente para terminar meu café. Depois, subi novamente para o meu quarto, coloquei um moletom branco, uma blusa azul, um casaco pesado branco, uma bota com pelos dentro, um gorro, luvas e cachecol branco e desci.


            - Dinda, estou indo visita minhas amigas. – eu disse abrindo a porta.


            - Está bem An. Toma cuidado e não fale com estranhos. – gritou da cozinha a Dona Maria.


            - Ok, até mais. – respondi fechando a porta.


            Lá fora estava muito frio. Cruzei os braços na tentativa de esquentar. Caminhei pela direita até uma casa verde e grande. Toquei a campainha e depois de alguns segundos, apareceu uma mulher de cabelos negros e olhos castanhos.


            - Olá Sra. Kessler, a Sarah está? – perguntei.


            - Annie, querida. Que saudades! Entre, entre. Ela está terminando de tomar café. – respondeu a mulher. Fechei a porta atrás de mim e fui para a sala de jantar.


            Era uma casa chique. O hall de entrada era grande, com um lustre grande de cristal que descia no meio da escada de mármore Carrara. Havia uma mesa com flores de madeira escura e um quadro da família.


            Na sala de jantar, havia uma mesa de vidro com um lustre de cristais lindo, cadeiras de couro branco e um tapete vermelho com detalhes dourados embaixo. Sentada na ponta oposta da mesa, havia uma menina loira de cabelos encaracolados e olhos castanhos comendo torrada. Quando ela me viu, saiu correndo para o abraço.


            - Xá! Que saudades. – disse ela gritando. Nós nos chamávamos assim, desde crianças e ainda não sabemos o porquê.


            - Xá, senti tanto sua falta. – falei abraçando- a mais forte.


            Sentei ao seu lado e ficamos conversando até ela terminar de comer. Depois subimos para o seu quarto, que também ficava no terceiro andar. Era um quarto pequeno comparado ao meu (http://www.casacomdesign.com.br/wp-content/uploads/2011/06/ccsampa311.jpg). Sentei na “nuvem” e ficamos conversando enquanto ela se trocava. Ela colocou uma calça jeans não muito clara, uma blusa amarela, um casaco preto grosso e um sapato com pelos dentro.


            Saímos de sua casa e atravessamos a rua. Era uma casa bege, não muito grande. Tocamos a campainha e esperamos. Então, atendeu um homem de terno preto, com cabelo em gel penteado para trás, olhos castanhos claros e não muito alto.


            - Olá Sr. Brash, a Cloe está? – perguntei


            - Claro que sim, meninas. Entrem, ela está no quarto. – disse o homem.


            A casa era simples. Havia uma escada de madeira clara no meio do hall, com um papel de parede bege com detalhes em branco, um espelho em madeira branco, um sofá sem encosto listrado em bege e branco com casacos em cima e uma mesa com um vaso de flores e chaves de carro. Subimos até o segundo andar e fomos até o final do corredor e abrimos a porta.


            - Cloe! – eu gritei vendo ela de toalha na cabeça, um roupão lilás e com a boca cheia de pasta de dente com uma escova lilás.


            - Annie! Sarah! Que saudades meninas. – respondeu Cloe.


            - Também senti sua falta. – falei deitando em sua cama. Seu quarto era pequeno. Tinha uma cama de viúva encostado-se à parede com a janela que dava para a varanda, havia um tapete lilás com bolinhas brancas que intercalava com listras verdes e brancas, uma porta que dava para a varanda no final da cama com cortinas lilás delicadas, uma escrivaninha de madeira branca no meio de um armário cheio de livros e fotos, uma lareira na frente com pufes lilás e um sofá branco com uma TV pequena. Ela colocou uma calça jeans escura, uma blusa verde, um casaco preto pesado e um tênis. Descemos e fomos visitar a última menina.


            Descemos a rua e viramos à direita até chegar a uma casa, ou melhor, mansão branca. Tocamos a campainha que foi atendida por um homem já de idade, careca em cima da cabeça, mas com cabelos cinzas nas laterais.


            - Olá, a Paris está? – eu disse.


            - Sim, está no quarto dela. Podem subir. – respondeu o velho.


            O hall era lindo. O piso era todo em mármores caríssimos, que fazia um desenho no meio como uma rosa dos ventos em marrom. Nos cantos, haviam sofás em amarelos bem claros e um lustre enorme de cristal. No final, havia uma escada que serpenteava até o segundo andar com um corrimão banhado em ouro. Subimos mais um pouco até o quarto andar, viramos à direita e nos deparamos com uma porta escrito: “Não perturbe, princesa num sono de beleza!” bem grande em vermelho com rosas decorando.


            - Essa Paris é uma comédia. – eu disse rindo.


            Sarah bateu na porta, mas a música tocava mais alto. Então abri a porta e vi Paris dançando no meio do quarto.


            - Paris! – eu gritei abraçando-a.


            - Annie, minha linda! Que saudades. – respondeu ela parando a música.


            O quarto dela, dava três do meu. Havia um mini castelo no meio do quarto, onde tinha uma cama de casal no meio dos pilares (http://www.tcmoveis.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/03/cama-infantil-meninas-princesa.jpg.). Em volta do castelinho, havia escadas que dava para a sala de TV. No lado direito, havia uma escrivaninha branca com rosas vermelhas decorando, no lado esquerdo havia uma sala com lareira, sofás e pufes em volta em vermelho. Do lado, havia uma janela bem grande que dava para uma varanda imensa, com uma jacuzzi e um jardim com rosas vermelhas e um laguinho com peixes. Do lado da escrivaninha, havia um closet com armários e mais armários que separava em blusas, casacos, calças jeans, shorts, regatas, vestidos longos, vestidos curtos, fantasias, sapatos e outras coisas. No canto esquerdo, havia uma escada em espiral que dava para o telhado.


            Era um quarto que não dá para descrever, de tão grande e bonito. Esperamos ela colocar um casaco e fomos para a pracinha que costumávamos brincar.


            Chegando lá, havia um escorrega, um pula-pula, balanços e gangorras. Brincamos de tudo. Fizemos guerra e anjos de neve e pulávamos no pula-pula até esquentar. Depois, fomos para minha casa, pegamos as bicicletas e fomos ao Starbucks, já que era perto. Tomamos um chocolate quente e voltamos para minha casa.


            Chegando lá, peguei minha vassoura e ficamos brincando. Era tão divertido ficar com elas, que quando nos demos conta, já estava quase na hora do jantar. Despedi-me delas e fui tomar um banho para me esquentar.


            Coloquei uma roupa quentinha de hipismo e desci para os estábulos. Aqueci Ladybird e comecei a saltar. É uma mania minha, ficar treinando meus cavalos sem instrutor. Depois, peguei Mr. Blue e fiz a mesma coisa.


            - Annie, querida, vem ver que chegou. – gritou minha mãe.


            Coloquei meu cavalo no estábulo, coloquei a capa e coloquei panos de proteção para os tendões e subi. Na sala, estavam meus avós por parte de mãe e pai.


            - Vovó, vovô! – gritei abraçando um a um.


            Minha avó por parte de mãe era confeiteira. Tinha uma loja de bolos em Liverpool e só vinha me visitar no Natal. Era uma senhora de setenta e sete anos, com cabelos encaracolados brancos, olhos castanhos e sempre com um sorriso bondoso no rosto e usava óculos meia lua. Era viúva, pois meu avô morreu dois anos atrás de câncer no pulmão.


            - Trouxe seus bolos favoritos, minha querida. – disse ela me dando um abraço bem forte.


            Os meus bolos prediletos eram: doce de leite com bolacha de maisena e pavê de chocolate. Me dá água na boca, só de pensar.


            Minha avó por parte de pai era toda chique. Usava muitas pulseiras, brincos grandes, colares de pérolas e um anel dourado no dedinho. Ela adorava tricotar cachecol e casacos. Tinha um que eu amo que é branco, com um cavalo saltando cinza no meio e nas costas, vinha meu nome em rosa. Ela era baixa, com cabelos cinza e olhos azuis. Usava sempre um batom vermelho. Meu avô era alto com cabelos brancos e olhos verdes. Vestia sempre uma camisa social, com uma jeans e suspensórios e sapatos sociais. Era muito bom passar Natal em família. 


            - Papai, os meus tios, primos e o meu padrinho vão passar o Natal aqui também? – perguntei.


            - Claro que sim, minha linda. Amanhã de manhã eles já estarão aqui. – respondeu meu pai.


            Jantamos todos juntos e depois comemos um merengue que minha avó fez que estava uma delícia. Depois, eu subi para o meu quarto, escovei os dentes, coloquei o pijama e dormi. Amanhã era Natal, a melhor festa do ano, depois do meu aniversário, é claro.


 


***


            - Acorda, prima, acorda! Hoje é véspera de Natal. Acorda Annie! – gritou meu primo.


            - Já estou indo Max. Só mais cinco minutos! – murmurei.


            - Oliver, Tomas, Penelope, Kevin. Me ajudem tirar Annie da cama! – gritou mais ainda o meu primo, Max. Ele tinha sete anos e já era um pestinha junto com seu irmão Tomas.


            - Annieeeeee! – falou meu outro primo, Oliver de treze anos, que pulou em cima de mim. - Todo mundo pula em cima da Annie!


            Dito isso, eles pularam em cima de mim me esmagando.


            - Oliver. Sai. De. Cima. De. Mim! Não estou respirando. – disse com dificuldade e ele riu, sentando na ponta da minha cama. – Nem parece que você tem treze anos Oli. Você é pior do que os três juntos.


            - Vamos An, é véspera de Natal. Está todo mundo lá embaixo. – riu Oliver.


            - Está bem, eu vou me trocar.


            - Se você não descer em dez minutos, eu chamo o Dylan. – ameaçou o mais velho.


            - Não, eu já estou indo! – respondi dando um pulo da minha cama. Dylan é o primo mais insuportável que existe. Ele tinha dezoito anos, mas parecia ter dez. Ele era o pior de todos.


            No Natal passado, ele jogou balde de água fria em mim e estava nevando muito lá fora, depois colocou uma aranha no meu cabelo, já encheu minha roupa de neve, já fez de tudo que possa imaginar. Era parecido com o Potter.


            Coloquei um moletom branco, uma blusa verde com rosas vermelhas, um Croc’s de pelos, um casaco que minha avó fez branco e desci.


            Na sala, estava a família toda enfeitando com luzes de natal, estrelas, cartazes, a árvore, bolas coloridas e muitos presentes. Dei bom dia a todos e fui tomar café. Quando eu estava terminando, Dylan aparece com um sorriso malicioso no rosto.


            - Ah, não. O que você vai aprontar de novo, Dylan? – perguntei colocando as mãos no rosto.


            - Nada, meu anjo. Só vim dar bom dia! – respondeu ele.


            Dylan era um menino alto, de cabelos um pouco avermelhados, olhos castanhos e muito bonito. Ele sentou na cadeira ao meu lado e ficou me encarando enquanto eu comia.


            - Que foi Dylan. Perdeu alguma coisa? – perguntei brava.


            - Pelo visto, não. – respondeu ele sorrindo.


            - Então daria para você parar de me encarar!? Você sabe que eu odeio isso. É pedir muito, querido?


            - Desculpe, An querida. Eu me perdi em seus magníficos olhos lilá.


            - Conta outra, por favor. Falando nisso, eu descobri o porque dos meus olhos serem lilás.


            - Sério! E o que seria?


            - Bom, eu sou metamorfomaga, ou seja, eu posso mudar a cor dos meus olhos de acordo com meu humor. – expliquei sorridente.


            - Que coisa meiga. Acho que ela vai mudar para amarelo agora. – disse ele se levantando.


            - Por quê? – questionei largando minha torrada.


            - Porque eu vou fazer uma coisa que você odeia mais do que tudo nesse mundo.


            - Não. Por favou Dylan. Cócegas não. Por favor, tenha piedade! – supliquei levantando e contornando a mesa no sentido contrário do dele.


            - O mestre não tem piedade de crianças com olhos diferentes.


            - Deveria ter. – gritei e corri para o quintal que estava coberto até os meus joelhos de gelo.


            Dylan correu atrás de mim, acompanhado de Thomas, Max e Penelope. Comecei a jogar neve nele, na tentativa de pará-lo, mas em vão. Ele corria mais rápido do que eu. Pegou-me pela cintura, girou-me no ar e me jogou na neve, fazendo cócegas.


            - Para... Dylan... Eu... Não... Consigo... Respirar. – tentei falar no meio das minhas risadas.


- Diga a frase mágica, Annie. – respondeu ele rindo.


- NUNCA! – gritei rindo mais ainda.


- Então, eu não paro!


- Ah... para Dylan. Arrego, arrego.


- Ainda não é a frase mágica. – cantarolou ele.


- Aaaah... eu amo o meu apanhador lindo, gostoso, tudo de bom! – disse segurando os seus braços.


Ele parou no mesmo instante e deitou ao meu lado ofegante. Eu respirava com dificuldade, pois ainda ria.


- Eu sei que sou um apanhador lindo, gostoso e tudo de bom. – ele finalmente disse colocando as mãos na barriga.


- É um apanhador muito modesto também. – falei dando um soco em seu braço. Levantei logo em seguida e comecei a andar para dentro de casa.


Dylan correu atrás de mim, pegou-me no colo e entrou na sala rindo junto comigo. Ele pegou uma fita vermelha de adesivo que estava em cima da mesa, grudou na minha testa e me carregou até a sala de estar, onde a nossa família inteira estava.


- Tia Claire, trouxe um presente de Natal adiantado para a senhora. – ele disse colocando-me no colo de minha mãe.


- Nossa Dylan. Como você sabia que eu queria um presente desses? – exclamou minha mãe fingindo estar surpresa.


- Intuição, tia. – deu de ombros o meu primo rindo.


Minha mãe tirou o adesivo de fita da minha testa e me abraçou. Depois, eu subi para o quarto para me trocar de roupa, já que a outra estava toda molhada. Desci e fiquei na sala jogando um jogo de cartas com meus primos até o almoço ficar pronto.


Dinda veio anunciar horas depois que o almoço já estava servido, então fomos para a sala de jantar e almoçamos. Não havia nada de especial e pouca coisa, já que no jantar haveria muita comida deliciosa comemorando a ceia na véspera de Natal. Depois de comer, ficamos brincando de várias coisas. Fomos jogar esconde-esconde no jardim, depois na pracinha brincar no balanço, escorregador e pula-pula, jogamos jogos de tabuleiro, assistimos filme e no fim, jogamos pôquer, tranca, porco, detetive e outros jogos de baralho com a família toda.


Nos jogos de carta, eu e Dylan éramos os que mais roubavam, principalmente no pôquer e no porco. Eu realmente mandava muito nos jogos de carta, mesmo sozinha, já que o Dylan foi expulso dos jogos por que ele roubava muito e na cara dura. Eu ganhava a maioria das jogadas.


Quando o relógio marcava quinze minutos para a meia-noite, nós começamos a nos ajeitar na mesa, arrumar as comidas e os objetos. Olhei para o relógio novamente depois que arrumamos tudo e vi que faltavam dois minutos. Pegamos as mãos formando um círculo em volta da mesa e desejamos coisas felizes para nós. Ouvi o sino da igreja tocar ao longe, anunciando a chegada do Natal. Abraçamos uns aos outros desejando um feliz Natal e começamos a comer.


Tudo estava maravilhoso. A comida parecia com a de Hogwarts. Peguei peito de peru, peixe, batatas assadas, legumes, arroz, e chester. Depois que acabamos com tudo, Dinda retirou tudo com a ajuda de todos e trouxe os bolos da vovó, junto com o pudim da madrinha, cupcakes da minha tia e frutas. Comi tudo o que havia na mesa e quando me dei conta, não havia sobrado mais nada.


Conversávamos mais um pouco enquanto esperávamos a digestão. Sei o que você deve estar pensando que minha família conversa muito, mas os Walker sempre acham algo de novo e interessante, mesmo que sejam coisas do passado que já haviam contado um milhão de vezes. Eles falavam pelos cotovelos, literalmente.


Então, depois de dar boas risadas com as histórias e piadas do meu tio Earl, nós fomos para o quarto descansar, por que amanhã seria um dia cansativo, só pelo fato de abrir muitos e muitos presentes.


Coloquei meu pijama, escovei os dentes e deitei na cama junto com Penélope. Dei um “boa noite” e desejei feliz Natal a ela e dormi.


 


Acordei no meio da noite de Natal totalmente dolorida. Penélope mexia-se muito durante o sono e só restara um espacinho bem pequeno na ponta da minha cama. Tentei empurrá-la, mas eu acabei caindo da cama e batendo a cabeça no chão. Sentei ali mesmo um pouco atordoada, massageando atrás da minha cabeça na tentativa de aliviar a dor.


Então, eu escuto alguns cochichos dentro do meu quarto. Peguei minha varinha da mesa perto da minha cama e engatinho atrás da cama. Perto da lareira, havia três pessoas e pelo que parecia ser uma menina e dois meninos.


- Ai Ted, você pisou no meu pé. – reclamou a menina um pouco alto.


- Shhh, assim você vai acordar a Annie. – disse o menino.


- Olha por ande anda Lupin. – retrucou a garota.


- Dá para os dois pararem de brigar. Vocês parecem marido e mulher brigando. Que tal se casarem? – falou outro garoto brincando


- Cala a boca Potter. – respondeu grossamente a menina


Potter? O que ele estava fazendo aqui? Quem seria os outros dois? Espera... ela disse Lupin? Pensa Annie. Se o Potter está com o Lupin e eles são da família... Quem mais fazia parte dela mesmo? Vamos Annie, você consegue. Victoire? Sim, isso mesmo Annie. Agora encaixe tudo. Lupin era primo de Potter que por sua vez era primo de Victoire. Agora, porque eles estavam em casa? Levantei-me de um salto e apontei a varinha murmurando “Lumos” e vendo as caras assustadas deles.


- Annie! Feliz Natal. – desejou Victoire sorrindo e me abraçando.


- Posso saber por que vocês estão aqui nessa hora da noite? – questionei cruzando os braços depois de me soltar da Vic.


- É que nós, hum, queríamos fazer uma surpresa! – disse Potter passando a mão na nuca.


- E porque esse horário? Não podia ser amanhã? – perguntei.


- É que, hum, nossa família está dando uma festa de Natal e como não tínhamos muito que fazer, viemos fazer uma surpresa e te entregando os nossos presente. – explicou Ted entregando três pacotes.


- Está bem. Vamos para a sala de jogos e conversamos melhor lá. Minha priminha está dormindo e não vai ser nada legal se ela for acordada. – falei. – Sigam-me.


- Nossa An, o seu quarto é muito grande e muito bonito. – elogiou Victoire.


- Obrigada Vic. – agradeci.


- An, você pode nos mostrar sua casa? – perguntou Potter ansioso.


- Na próxima vez, quando ninguém estiver aqui e num horário melhor. – respondi descendo as escadas para o segundo piso acompanhada dos três que observavam tudo com atenção. – Façam silêncio, meus primos e meus tios estão dormindo aqui. Entrem rápido.


Eles entraram e eu fechei a porta atrás de mim. Liguei a luz e sentei no sofá.


- Adorei seu pijama, gorda. – disse Victoire. Estava usando um pijama comprido xadrez com as cores azul, roxo, rosa e amarelo.


- Obrigada Vic e para de me chamar de gorda. Eu não engordei nada. – respondi rindo.


- Abre o meu presente primeiro. – falou Potter entregando um pacote vermelho.


- Não, ela vai abrir o meu primeiro. – reclamou Victoire.


- Eu vou abrir do Ted primeiro. Assim, vocês não brigam e não acordam as pessoas dessa casa. – revirei os olhos.


- Abafiato. – murmurou Potter com a varinha. – Pronto agora ninguém vai nos escutar.


- Mas, não é proibido o uso de magia fora da escola? – questionei.


- Há alguns feitiços que são permitidos. Eu li as regras. – disse Potter sorrindo.


Peguei o presente do Ted. Era um retângulo pesado com um papel vermelho e detalhes verdes cobrindo-o. Abri delicadamente e vi que havia um livro verde e grosso com um pomo de ouro decorando a capa.


- Quadribol através dos séculos de Kennilworthy Whisp! Como você adivinhou? – perguntei feliz. Eu queria muito ler esse livro, já que eu faço parte do time de quadribol de Hogwarts.


- Bom, já que você faz parte do time da Grifinória, nada mais justo do que saber um pouco mais, não? – respondeu Ted sorrindo.


- Brigada Ted, eu adorei! – agradeci abraçando-o.


- Magina An, feliz Natal.


- Agora o meu Annie. – disse o Potter entregando seu presente.


- Não, agora eu vou abrir o da Vic. – falei rindo da cara dele.


- Por quê? – questionou fazendo cara de choro.


- Por que você me chamou de Annie e eu já disse para me chamar de Walker. – expliquei abrindo o presente rosa da minha amiga.


Abri a caixa e vi um vestido lindo amarelo com flores rosa, branco, azul e vermelhas bem pequenas estampando-o. Nele, vinha um cinto vermelho fino, um chapéu creme com uma flor da mesma cor e um sapato vermelho com um laço.


- Vic, isso é lindo! Eu amei. Muito, muito obrigada. Você tem um ótimo gosto para roupas, amiga. – disse abraçando-a.


- Magina An, eu achei sua cara. – respondeu Vic.


- Muito bem, agora o seu Potter. – peguei o presente de James e abri.


Rasguei o papel, pois estava muito difícil de abrir cuidadosamente e vi um kit de manutenção para vassouras.


- Potter, eu adorei! Obrigada, obrigada, obrigada. Eu queria muito ter um desse. – agradeci sorrindo com um brilho nos olhos.


- Magina, eu comprei por que achei útil, já que você faz parte do time de quadribol. – respondeu James


- Nossa, obrigada mesmo. Esperem aqui, eu vou buscar os seus presentes. Não mexam em nada, ok? – falei saindo da sala.


Desci nas pontinhas dos pés até a árvore de Natal que ficava na sala. Peguei os presentes dos três e subi. Abri a porta e dei de cara com um Potter imitando um ninja. Ele estava com a espada do meu pai, uma faixa preta na cabeça e estava em pé no sofá apoiando sua perna direita no encosto e gritando coisas ninjas. Ted e Vic estavam do outro lado da sala rindo.


- POTTER! Larga isso agora. Você pode nos matar. – gritei fechando a porta atrás de mim.


- Matar? Ela está afiada? – perguntou o menino tentando se cortar.


- Sim, ela está afiada. Coloca isso no lugar que pegou Potter. Bem devagar. – eu disse caminhando bem devagar ao seu encontro.


Potter colocou a espada de volta na capa e me deu. Coloquei-a de volta na parede e suspirei.


- Bom, já que você terminou o seu showzinho Potter, eu vou entregar os presentes. – falei sentando no sofá novamente acompanhada dos meus amigos.


Entreguei um embrulho azul à Potter, branco à Ted e laranja à Vic. Eles abriam desesperadamente como animais famintos. Vic abriu a caixa e pegou um óculos escuros, uma blusa parecida com a minha e uma tiara com strass em forma de um laço.


- Meu Merlim! Que coisa mais linda An. Muito obrigada, eu amei tudo. – agradeceu Vic me abraçando e colocando a nova tiara na cabeça. Combinou muito bem com seus cabelos loiros.


Potter abriu o seu e seu sorriso aumentou. Agora, ele pulava de alegria com seu presente na mão.


- Eu não acredito, eu não acredito! Como você conseguiu a camiseta autografada dos Chudley Cannons? E...e tem ingressos para o próximo jogo!


- Tenho alguns contatos. – respondi.


- Contatos? Você conhece alguém dos Chudley Cannons?


- Não exatamente.


- Quem é? Por favor, me fala. – pediu James fazendo beicinho.


- Digamos que eu conheço o filho do capitão dos Chudley Cannons.


- O capitão Gregory Godwin?


- Sim, o filho dele Michael Godwin é amigo do meu primo Dylan e como ele estava devendo um favor ao meu primo, eu pedi em Hogwarts para ver se ele conseguia uma camiseta autografada e alguns convites, mas Dylan respondeu que não era possível e então eu disse que era para o filho do Harry Potter e ele aceitou na hora. – contei sorridente.


- São dez ingressos na arquibancada Premium... eu não acredito. Foi o melhor presente de Natal que eu já tive na vida! Obrigado, obrigado.


- Magina Potter.


- Eu vou esfregar na cara do tio Rony. – disse o menino com um sorriso malvado.


- Você vai me levar, não? – perguntou Ted fazendo cara de cachorro abandonado.


- Claro que sim, Ted. São contra os Montrose Magpies... vai ser um jogásso. – falou Potter com um brilho nos olhos.


Foi a vez de Ted abrir o presente e eu esperava ansiosa, já que eu não sabia o que dar. Ele abriu o presente e ficou quieto olhando fixamente para a camiseta autografada dos Chudley Cannons e um kit mata-aulas com algumas bombinhas, fogos de artifícios e outras coisas da loja Gemialidades Weasley.


            - Ted, me desculpa mas eu não sabia direito o que te dar. Me desculpa mesmo, você quer que eu troque? – eu disse preocupada. – Ah Ted, me desculpa. Eu troco por outra coisa, pode falar o que você gostaria...


            - Você está brincando An? Eu adorei! Eu nunca ganhei isso na minha vida, mesmo fazendo “parte” da família do James. – comentou Ted.


            - Como assim? O dono da loja é seu parente? – eu quis saber.


            - É parente do Potter e da Vic. É o tio dos dois, mas como eu não faço totalmente parte dessa família, eu nunca ganhei isso. Sempre quis ter um. Muito obrigado An, eu adorei! – respondeu Ted sorrindo.


            - Eu não sabia que era seu tio Vic. Deve ser muito legal. Ele veio me cumprimentar quando eu entrei na loja. Ele é muito engraçado e ele até me deu algumas coisas de graça! – falei.


            - Ele é sim muito engraçado. Na verdade ele era gêmeo, mas o outro morreu na batalha de Hogwarts contra Você- Sabe- Quem. Ele ajudou muito meu pai. – explicou Potter.


            - Nossa, sinto muito. – abaixei a cabeça.


            - Mas ele está num lugar melhor agora, não? Ele deve estar animando muito as pessoas que vivem no céu. – riu Potter.


            - Com certeza. – concluiu Vic rindo também.


            - Bom, acho melhor nós irmos para a casa ou meu pai me mata. Obrigado Annie, trago lembranças do jogo para você. – disse Potter saindo da sala.


            - Magina Potter. Obrigada por “passarem” o Natal comigo. – agradeci acompanhando eles para o meu quarto.


            Entramos nas pontas dos pés no meu quarto e fomos para a lareira, onde queimava uma chama verde.


            - Feliz Natal gente. – desejei abraçando um a um.


            - Feliz Natal An. –respondei os três em coro.


            - Voltem mais vezes, ok? Mas em um horário mais adequado.


            - Pode deixar An, sei que você sentirá muito a minha falta. – concluiu Potter.


            - Nem vem Potter. Eu sentirei saudades é dos momentos em que eu fico sem te ver e sem me encher a paciência. – cruzei os braços.


            - Se deu mal James. Acho que não foi dessa vez. – Ted bateu nos ombros do garoto.


            - É que ela não quer admitir que me ama. Mas eu espero An, tenho ainda sete anos ao seu lado. – provocou James.


            - Sete e infelizes anos com você Potter. E é Walker para você. Adeus. – falei.


            Ted foi o primeiro a murmurar “Casa do Harry Potter” e então, foi consumido pelo fogo verde. Depois entrou Vic e cochichou a mesma coisa que Lupin e foi embora.


            - Nos vemos mais tarde An. – disse Potter me dando um beijo na bochecha e correndo para a lareira falando a mesma coisa que sua prima não me deixando tempo para reclamar ou bater nele.


            Coloquei a mão na bochecha e fiquei por um tempo encarando as chamas pensando em nada. Depois acordei do transe quando minha prima se mexeu na cama. Peguei um cobertor no armário e meu travesseiro na cama e deitei no sofá, já que Penélope ocupara toda a cama. Senti minhas pálpebras pesadas e em questão de segundo, já estava dormindo.


 


 


            Acordei com o Dylan jogando neve dentro do meu pijama. Eu corria atrás dele no meu quarto para batê-lo, mas missão mal sucedida. Tranquei-me no closet, coloquei uma roupa mais quentinha e desci para abrir os presentes. Dylan, Thomas, Max e Penélope já estavam quase terminando de abrir seus presentes. Sentei ao lado de Max e comecei a abrir os meus.


            Ganhei um colar escrito Annie da minha madrinha, um secador mágico de cabelo da Julie, muitos chocolates e uma camiseta preta com detalhes rosas da Nathaly, um anel com um cavalo da minha avó confeiteira, um cachecol lilás da minha outra avó, um óculos de sol do meu avô, uma estátua de cavalo da Sarah, um porta-joias da Cloe, uma máquina fotográfica da Paris, livros do Jonathan, uma goles autografada dos Holyhead Harpies do Steven, muitas roupas, tênis e sapatilhas dos meus tios e um presente especial dos meus pais. Era uma caixa grande com furos e uma fita vermelha. Abri desesperadamente e de lá, saiu um filhote de cachorro preto com branco.


            - Mãe, pai é o dogue alemão que eu queria? – perguntei esperançosa com o cachorrinho branco malhado em preto com olhos azuis nos braços.


            - Sim, querida. É o cachorrinho que você queria. – respondeu minha mãe sorrindo. – Feliz Natal meu anjo.


            - Obrigada mamãe e papai. Eu adorei, era tudo o que eu queria! – falei abraçando-os.


            - Então, como vai se chamar? Ele é macho, como você pediu. – quis saber meu pai.


            Pensei por alguns instantes olhando o filhote que abanava o rabo loucamente e me lambia no rosto, fazendo-me rir.


            - O que vocês acham de Falcon ou Spike? – perguntei para todos da sala. – Quem gostou de Falcon levanta a mão.


            A maioria que estava presente levantaram a mão e continuei.


            - Quem gostou de Spike, levanta a mão. – mas ninguém levantou. – Muito bem, ele vai se chamar Falcon.


            Junto à caixa vieram uma roupa branca e sapatinhos para esquentá-lo do frio, uma cama preta com detalhes pratas, um osso, dois potes azuis e cobertores pretos e azuis. Coloquei meu filhote no chão já vestido, peguei suas coisas e subi as escadas até o meu quarto com Falcon e meus primos em meus calcanhares. Coloquei as suas coisas perto da minha cama e fiquei brincando com ele e meus primos durante o dia inteiro.


            À noite, todos já tinham ido embora, deixando a casa bem menos alegre. Fiquei no quarto comendo o bolo que minha avó fez junto com Falcon perto da lareira para nos aquecermos.


            Depois de ficar encarando o fogo durante horas a fio, o sono finalmente veio. Coloquei meu pijama, escovei os dentes e deitei na cama. O filhote sentou no pé da cama e ficou chorando.


            - Que foi meu amor? Você quer dormir comigo aqui? – perguntei olhando-o esperando a resposta. – Claro que ele não vai responder Annie burra. – respondi para mim mesma colocando a mão na testa.


            Peguei Falcon e o coloquei na cama. Ele rodou por um tempo e decidiu dormir perto de mim. Dei um beijo de boa noite e ele retribuiu, fazendo-me rir e dormi.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.