Metamorfomaga... Eu!?



As horas viraram dias que viraram semanas que viraram meses. Já estávamos na metade do mês de novembro preparando para ir para casa passar o natal com nossa família. Estávamos na aula de História da Magia ouvindo aquela voz monótona do prof. Binns. Eu lutava para me manter acordada, já que a maioria dos alunos dormiam profundamente. Tinha a impressão de que alguém me olhava durante a aula, então olhei discretamente para a esquerda, ninguém estava olhando, ou melhor, acordado. Depois olhei para a direita e me deparei com Potter me encarando com cara de enigma. Virei-me lentamente para frente e cutuquei Victoire que dormia com a cabeça apoiada na mão.


- Hum. – resmungou ela acordando.


- Vic, é impressão minha ou o Potter está me encarando a aula inteira? - perguntei assustada enquanto Vic olhava para a direita discretamente.


- Não, não é impressão sua An, mas porque ele tanto te encara? – depois que ela falou o que eu não queria que fosse verdade, gemi colocando a cabeça entre meus braços cruzados na mesa.


- Foi depois daquele jogo de xadrez. – pausei. – Quando ele deu cheque- mate e ficou me olhando nos meus olhos, hipnotizado. Não sei o que ele viu, mas ficou intrigado.


- Muito estranho. Bom, o que quer que seja é melhor perguntar. Não acho muito educadas as pessoas ficarem encarando os outros.


- Vic , você pode perguntar para mim? É que você é prima dele, e vocês se entendem melhor do que eu.


- Está bem, eu pergunto depois dessa aula. - depois disso, o sinal tocou e subimos para o Salão Comunal, já que essa fora a última aula do dia.


Entrei no salão, sentei em uma mesa e comecei a fazer lição de Transfiguração que era gigantesca. Victoire, Nathaly e Julie sentaram ao meu lado enquanto os meninos sentaram no sofá e no chão.


Depois de meia hora senti aquela mesma impressão da aula de História da Magia e olhei para os meninos, ninguém me olhava. Continuei a escrever e o único som que havia era do fogo e de penas rabiscando os pergaminhos.


- Walker. - disse Potter de repente me olhando.


- Sim. - respondi sem levantar a cabeça do pergaminho.


- Olha para mim. - quando ergui a cabeça ele já estava bem mais próximo de mim, ajoelhado e me olhava novamente intrigado nos meus olhos.


- Você é diferente.


- Isso seria bom ou ruim? - perguntei me afastando um pouco, isso já estava me dando medo e raiva.


- Parece ser bom. – ele ficou me encarando por um tempo até que eu explodi.


-Potter, o que está acontecendo contigo? Já está me dando nos nervos olhar para você e ver que esta me encarando com cara de enigma. O que você vê em mim que te intriga? - falei nervosa.


- Os... os seus olhos. Eles são... - começou Potter e eu o cortei, já tinha entendido o que ele queria dizer.


- Lilás!? É, eu sei. - respondi grossa voltando para minha lição.


- Por quê?


- Acredite, me faço essa pergunta há onze anos. - nessa hora, todos se levantaram e se aproximaram para ver direito o meu olho. Isso já estava me irritando. Eles ficaram me encarando por um bom tempo com caras de bobos.


- Acho que eu já sei o por que. - disse Lupin. - Você é Metamorformaga.


- Meta o quê?! - falei me levantando confusa. Isso já estava realmente me irritando.


- Metamorformaga, é um bruxo que consegue mudar a cor de alguma parte do corpo de acordo com o humor. - explicou Ted. - Eu também sou. São muito raros bruxos que tenham esse "poder", principalmente de uma nascida trouxa.


- Meus olhos não mudam de cor conforme meu humor.


- Claro que mudam. Alguém tem um espelho ai? - perguntou Lupin procurando um espelho.


- Eu tenho. - Victorie tirou um espelho redondo da mala e entregou a Lupin.


- An, lembra que você disse para mim que tinha uma medalha que você amava dentro da sua mala? - Nathaly disse e eu confirmei com a cabeça.


- E onde está?


- Em baixo do meu travesseiro. Mas, por que você o quer? - ela não respondeu e correu para o dormitório. Voltou minutos depois carregando uma medalha de ouro e muito frágil que era do meu primeiro campeonato. - O que você vai fazer com ele? 


Nathaly pegou a medalha e quebrou ao meio com um feitiço. Meu sangue fervia e a única coisa que eu queria fazer naquele momento era destruir cada pessoa que estava ali. Ela ria e balançava as duas partes na minha frente debochando. Fechei o punho e corri para esganá-la, mas Potter e Fellers me seguraram. Sacudia-me tentando me livrar, mas eles eram muito fortes. Lupin olhava atentamente para mim e depois colocou o espelho na minha frente.


- Olha seus olhos, Walker! - gritava Lupin. Olhei para o espelho e vi que meu olho não era mais lilás e sim, vermelho bem vibrante. Esqueci por um instante o que Nathaly fez e fiquei me olhando no espelho petrificada.


- Acredita agora? - Lupin falou calmamente.


- Si...sim. - passei a mão no meu rosto. Olhei para Nathaly que se aproximava bem devagar, com medo de atacá-la.


- Foi mal te quebrado sua medalha de propósito An. Vou consertá-la agora. Reparo. - Ly apontou sua varinha para minha medalha e ela voltou a ser novinha em folha.


- Obrigada Ly, mas não faça isso de novo está bem? Da próxima vez eu te esgano. - nós rimos. - Então Potter, era por isso que você tanto me encarava?


- Era. - ele respondeu passando a mão na nuca e rimos de novo.


- Acho melhor descemos para jantar. Essa raiva me deu fome. - disse passando a mão na barriga e descemos para comer.


- Agora seus olhos voltaram a ser lilás. – concluiu Julie sorrindo abobadamente.


- Mas e você Lupin. O que muda? – perguntei curiosa.


- Meu cabelo. Na verdade é uma mecha da frente. – respondeu ele mostrando a mecha. – Meu padrinho disse que eu puxei da minha mãe.


- E você pode mudar de cor a hora que quiser?


- Posso. – Ted disse alegre apontando para seu cabelo que ficara com uma mecha azul.


- Que legal cara. – disse Steven batendo em suas costas.


Tivemos um jantar bem engraçado, os meninos não paravam de contar piadas. Ficamos no Salão Comunal já que amanhã era sábado e partiríamos para casa passar o natal.


- Onde você vai passar o natal An? – perguntou Julie.


- Em casa, com a minha família é claro. – respondi.


- Você tem rede de pó de flu? – disse Nathaly. – Assim, podemos te visitar.


- O que é isso? – questionei sentindo meu rosto corar. Não gosto de me sentir burra.


- Não, você não tem. – riu Nathaly. – Pó de flu é meio de transporte bruxo que o transporta aonde deseja ir. Posso fazer um pedido no ministério, já que minha mãe trabalha lá.


- Eu adoraria. – falei com um sorriso na cara. Seria bem legal ter uma visita dos meus amigos. – Acho melhor subir para arrumar minha mala. Boa noite.


Subi acompanhada das minhas amigas e fui arrumar minha mala, já que amanhã não teria muito tempo, porque partiríamos depois do café. Demorei muito para organizar e quando olhei no relógio eram duas da manhã.


- Ham, An? Poderia me ajudar a fechar a mala? – perguntou Victoire.


- Claro. – fui sentar ao lado dela no chão, para ajudá-la. – Vic, você socou tudo ai dentro, por isso que não fecha. Acho melhor tirar tudo e dobrar.


- Não... precisa. – ela disse tentando fechar sozinha. – Já sei, An. Senta em cima da mala que eu fecho. Acho que vai adiantar.


Fiz o que ela pediu sem reclamar e por um milagre, conseguiu fechar a mala. Depois levantei e reparei que estava absurdamente estufada, prestes a explodir.


- Acho que minha mãe vai ter um treco quando ver o que eu fiz. – nós rimos batendo as mãos como um toque. – Bom trabalho minha gorda.


- Gorda? – olhei incrédula.


- Claro, se não fosse sua gordice em cima da mala, nunca fecharíamos, correto? – ela riu depois que joguei um travesseiro em sua cara.


- Boa noite. – respondi fingindo estar brava, deitando em minha cama e fechando a cortina.


- Vamos An, você não consegue ficar brava comigo. – Victoire disse abrindo a cortina para me ver.


- Claro que consigo.


- Você mente muito mal menina.


- Desculpe senhorita da mentira, talvez eu pense em fazer umas aulas com você depois do natal.


- Ótima ideia.


- Vai dormir Victoire.


- Boa noite minha gorda.


- Boa noite. – respondi fechando novamente a cortina da cama e instantaneamente dormi.


**


- AAAAAAAAH! – gritou uma menina e eu acordei caindo no chão pelo susto.


- Santo Deus, o que aconteceu? – perguntei ainda no chão.


- Te...tem uma ar...aranha no meu trav...vesseiro. – disse Victoire do outro lado do quarto.


- Ai garota, é só uma aranha. – respondi me levantando e indo para a sua cama para ver a aranha. Mas não era uma simples aranha pequena e indefesa e sim, uma grande aranha. Tinha o tamanho da palma da minha mão.


- Não é uma aranha qualquer. – disse Victoire e eu recuei ao seu lado bem devagar, mas o inseto deu um pulo e chegou aos pés da minha amiga e gritamos sem parar.


- Que gritaria é essa? Dá para escutar lá do dormitório masculino. – comentou Lupin entrando no nosso quarto. Agora, não gritávamos pela aranha e sim, pelo Ted que entrou sem bater e me viu de pijama e Victoire de lingerie e toalha na cabeça.


- SAI DAQUI LUPIN! – berrou Victoire tentando se cobrir com o cobertor.


- Eu só queria... Uou! – respondeu Ted olhando para Vic.


- Vic, vai para o banheiro. Ted me ajude com essa... coisa. – falei apontando para a aranha.


- Ah, então era por isso que vocês gritavam.


- Claro que sim, seu bobo. Mata logo esse bicho. – respondeu Victoire do banheiro.


- Arania Exumai. – disse Lupin apontando sua varinha para o inseto que foi jogado perto da janela inconsciente. Depois ele pegou e jogou pela janela.


- Obrigada Ted. – agradeci. – Da próxima vez, não entra sem bater sabe. Meninas não costumam andar totalmente vestidas pelo dormitório, depois de tomar banho.


- Vou tentar me lembrar. – ele piscou e saiu.


- Pode sair Vic. – falei olhando para o banheiro.


- Ele já saiu, não? – ela perguntou insegura.


- Ainda não, sabe. Ele está te esperando na cama só para dar uma última olhada nesse seu corpo seminu.


- Você é muito fofa.


- Sei que eu sou.


- E modesta também.


- Anda logo senão mais alguém indesejado apareça. – ela revirou os olhos e se trocou e enquanto isso, eu fui tomar banho.


Depois de várias horas, nós descemos para o Salão Principal e encontramos as meninas e os meninos ainda conversando.


- Bom dia, flores do campo. – eu disse sentando ao lado de Nathaly.


- Não rimou. – comentou Potter.


- Quem disse que era para rimar? – falei.


- E não era?


- Não necessariamente.


- Mesmo assim ficou ruim.


- Faça melhor então, Potter. – desafiei.


- Bom dia, flores da melodia.


- Não gostei.


- É por que você não consegue fazer nada melhor. – eu revirei os olhos. Como ele podia ser tão irritante?


Comi algumas coisas e depois subi com as meninas para pegar o malão e colocá-lo no salão de entrada. Uma tarefa que nomeamos de “Missão Impossível 2”, já que nossas malas estavam altamente estufadas e corria o risco de explodir a qualquer momento. Porém, para nossa salvação, um menino do sétimo ano da Corvinal, alto de cabelos negros e olhos puxados nos ajudou com magia. Agradecemos e fomos para a carruagem puxada magicamente que nos aguardavam até o Expresso de Hogwarts.

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