Uma aposta nada legal



A semana passou voando como sempre foi e sempre será. Era um sábado frio e com muita neblina o que dificultava a visão, já que o jogo contra a Lufa-Lufa seria hoje depois do café.


Levantei cedo, como de costume, tentei acordar as meninas e fui tomar banho, já que não funcionara minha tentativa de acordá-las. Coloquei a roupa de quadribol, escovei os dentes, prendi meu cabelo em um rabo alto e tentei novamente acordá-las.


- Deixa eu dormir mais um pouco, An. Hoje é sábado e está muito cedo. – resmungou Nathaly.


- Mas eu tenho jogo hoje. Você não quer me ver? – perguntei.


- Mais cinco minutos, mãe. – pediu a garota virando-se para o outro lado.


- Primeiro, eu não sou sua mãe Ly e segundo, eu tenho jogo hoje e estou muito nervosa. – expliquei.


- Por que ficar nervosa? Você já jogou antes.


- Eu sei, mas o tempo está horroroso. Vamos Nathaly, levanta!


- Está bem, está bem. Só porque eu sou sua amiga e porque você está nervosa, mas não vai se acostumando. – avisou minha amiga levantando-se da cama e indo ao banheiro tomar banho.


Fui para a cama de Julie acordá-la também.


- Julie, acorda menina. – balancei seu corpo.


- Annie, por que você acorda tão cedo? – questionou a garota coçando os olhos e sentando na cama.


- Porque hoje eu tenho jogo, lembra?


- Vagamente. – disse ela e eu ri.


- Eu vou acordar a Vic, você me ajuda?


- Claro!


Fomos a cama de Victoire por último, já que ela era muito difícil de acordar.


- Bom dia Vic linda do meu coração. – desejei abrindo a cortina de sua cama.


- Não enche sua gorda. – reclamou Victoire colocando a cabeça debaixo do travesseiro.


- Também te amo, viu? Vamos, levanta. – peguei seu braço e puxei para ela se levantar, mas em vão.


- Não vou levantar. Me deixe aqui.


- Vic, você tem que acordar, Annie vai ter jogo hoje, vamos torcer por ela! – explicou Julie.


- Não ligo para quadribol, agora deixem-me em paz. – gritou Vic puxando seu braço.


Fui para o final de sua cama, peguei seu pé e puxei com toda a minha força. Julie veio me ajudar logo depois de perceber o que eu queria fazer. Victoire segurou nas barras da cabeceira de sua cama impedindo de ser puxada.


Minhas mãos estavam escorregando de seu pé e quando escapou, cai de costas no chão e bati minha cabeça no malão de Nathaly.


- Ai minha cabeça! – reclamei massageando a parte de trás de minha cabeça.


- Você está bem An? – perguntou Julie preocupada, ajoelhando-se ao meu lado.


- Estou sim, Ju. Victoire, se você não levantar agora eu chamo os garotos. – avisei me levantando de novo e colocando as mãos na cintura.


- Não, não chame os garotos! Já estou acordada, mas não chame eles, por favor. – pediu Vic já de pé. Eu e Julie rimos de seu desespero.


- Sabia que isso iria funcionar. – conclui mais para mim mesma.


Nathaly saiu do banheiro logo depois e Victoire correu para o banheiro e começou a tomar banho.


Depois de dez minutos, Julie começou a esmurrar a porta para que Vic saísse do banheiro.


- VICTOIRE, SAIA DO BANHEIRO AGORA! EU PRECISO TOMAR BANHO. – gritou a menina quase quebrando a porta.


- Mas eu estou tomando banho! – retrucou Vic com uma voz abafada.


- Você está tomando banho já faz quase quinze minutos garota.


- Está bem, já sai. Não precisa quebrar a porta. – disse a outra saindo do banheiro com toalha na cabeça e somente com um lingerie amarelo com bolinhas azuis.


Depois de quase meia hora, nós descemos para o Salão Principal para tomarmos café. Chegando lá, sentamos com o time para Austen poder discutir coisas de última hora.


- Boa sorte An. – desejou McFeen dando batidinhas de leva em meus ombros.


- Ah, obrigada McFeen. – agradeci. Ele deu uma piscadinha e se sentou um pouco afastado junto com seus colegas. – Esse menino me dá medo.


- Medo? An, ele é o menino mais gato de Hogwarts. – confessou Vic.


- Obrigado, eu sei que sou o menino mais lindo de Hogwarts. – disse Potter sorrindo e eu revirei os olhos.


- Não estamos falando de você, Potter. – respondi grossamente. – E aliás, ninguém te chamou para essa conversa.


- Na verdade, chamaram sim.


- Desde quando? – perguntei indignada. – Pelo que vejo, não ouvi seu nome.


- Desde que disseram “o menino mais gato de Hogwarts”.


- E muito modesto também. – murmurei para Victoire que abafou uma risada.


- Nós estávamos falando do McFeen. – contou Victoire.


- O monitor da Grifinória? – perguntou Potter e eu assenti com a cabeça.


- Ele fica jogando charme para An. – falou Vic e vi Potter o olhar mortalmente.


- Potter, Walker, vamos indo. Temos que nos preparar. – avisou Austen se levantando junto com o resto do time.


- Boa sorte, gorda! – desejou Victoire.


- Agradecida, magrela. – respondi rindo da cara dela.


Levantei-me da mesa e caminhei para fora do Salão em meio aos aplausos e vaias dos outros estudantes. Saímos do castelo e nos dirigimos ao vestiário.


Fizemos os últimos retoques na vassoura, lembramos as táticas sempre escutando conversas dos alunos que chegavam para ver o jogo.


- Fellers e O’Connor, vocês já decidiram o que vão fazer? – perguntou Eric.


- Nós vamos ajudar os artilheiros enquanto Potter não avista o pomo e quando isto acontecer, o protegemos. – explicou Fellers.


- Muito bem. É hora do show pessoal, vamos arrasar! – gritou Eric levantando a vassoura, depois caminhamos ao campo, montamos nossas vassouras e voamos até o meio de campo.


- Grifinória entra em campo. O time é formado por Bluman o goleiro, Potter o apanhador, Fellers e O’Connor os batedores, Meyer, Walker e Austen são os artilheiros sendo que o último é o capitão do time. – anunciou Colin Jordan no meio de vaias da Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina e aplausos da Grifinória.


Demos algumas voltas no campo para aquecer e depois entrou o time da Lufa-Lufa.


- Entrando agora em campo o time da Lufa-Lufa! Com Alston o goleiro e capitão, Lux e Prome os batedores, Atleen a apanhadora, Thompson, Penn e Nema os artilheiros. – disse o locutor com muitos aplausos dos times adversários.


Os capitães apertaram as mãos, a pedido da Profª Hooch. Ela jogou os balaços e o pomo e depois a goles que foi pega por Austen.


- Austen joga a goles para Meyer que é acertado nas costas por um balaço de Lux, mas Walker recupera a bola e voa rapidamente aos aros. Ela joga para Austen que a devolve novamente. Walker desvia de um balaço, joga a goles nos aros e são dez pontos para Grifinória. – comemora Jordan.


A artilheira Penn, pega a bola e voa em direção aos nossos aros. Ela joga para Thompson que desvia de vários balaços de Fellers, mas O’Conner o acerta depois de várias tentativas e mesmo assim, ele não soltava a bola.


- Esse Thompson é de ferro, pessoal! – comenta Colin, fazendo-me rir. – Ele engana o goleiro grifinório e dez pontos para Lufa-Lufa.


Peguei a goles e voei para os aros acompanhada de Eric, Meyer, Fellers e um artilheiro e batedor lufano. Jogo para Meyer, que lança para Austen e devolve a mim.


Estava quase chegando aos aros e então, sinto algo bem duro e forte batendo em minhas costas, fazendo com que eu perdesse ar, mas mesmo assim eu não soltava a goles.


Balaços foram jogados contra mim mais duas vezes seguidas, sendo que eu desviava várias outras. Joguei a goles para Austen, pois já estava com muita falta de ar e parei por um momento até que Lux para ao meu lado.


- O que foi Walker? Joguei muito forte? – perguntou ele zombando.


- Para falara a verdade Lux, você joga que nem uma garotinha de três anos. – respondi e o vi ficar vermelho de raiva.


- Então por que parou?


- Decidi doar algumas goles para meus colegas, para não humilhá-los com tantos gols. Até mais, otário! – falei voltando a voar novamente e rindo de sua cara.


O jogo continuou muito acirrado. Nós estávamos ganhando por dois pontos de diferença.


Lux tentava me acertar com mais frequência e mais forte, mas eu fazia o possível para isso não acontecer.


Depois de muito tempo, Potter conseguiu ver o pomo de ouro e o perseguiu com Atleen em seus calcanhares. Nós artilheiros continuamos o jogo para ver se conseguíamos fazer mais pontos.


Voei para os aros com a goles sozinha, já que na nossa estratégia eu trabalhava a só depois de alguns metros dos aros. Eu aproveitava o máximo que pudesse, por que Lux não estava mais na minha cola ao invés disso, ele estava tentando mirar em Potter, mas não foi por muito tempo. Quando ele percebeu a nossa estratégia, eu já estava com o braço direito levantado para acertar um dos aros e então, ele jogou um balaço em meu braço, fazendo com que eu me curvasse de tanta dor.


Parei por um momento no ar e apertei meu braço direito que doía muito. Observei por um segundo e percebi que estava em um ângulo muito estranho e conclui que tinha quebrado. Austen percebeu o acontecimento e voou ao meu lado.


- Annie, você está bem? Annie? Annie! – perguntou ele me chamando, mas eu não o escutava mais. – An, você está branca.


Eu olhei sua cara de desespero, mas o via embaçado. Não o escutava direito e não conseguia dizer mais nada. Ele chegou mais perto, colocou-me em sua vassoura e me segurou pela cintura. Apertei um pouco mais forte meu braço na tentativa de passar a dor, mas em vão. Encostei minha cabeça em seu ombro e minha vista começou a escurecer. Iria desmaiar novamente.


- Por que isso só acontece comigo? – perguntei, mas percebi que não foi isso que saiu da minha boca, pois ele me encarava franzindo a testa e então sorri. Era só isso que eu podia fazer e ele retribuiu.


Senti um vento gelado em meu rosto e a vassoura inclinando para baixo e imaginei que estávamos descendo e desmaiei sentindo muita dor no braço.


**


 


-Se o Potter visse o Austen com a Annie, acho que ele daria piti. – ouvi alguém conhecido.


- Concordo. Ele sempre foi muito fofo com ela e se meu palpite não me engana, o que nunca aconteceu, ele gosta muito dela. – falou uma voz feminina.


- Corta essa, Victoire. Seus palpites sempre erram. – comentou um menino.


- Na verdade, nunca vi o palpite da Vic errar. – comentei baixo abrindo os olhos e vendo quem estava presente.


- Annie, graças a Merlim! Pensei que você tivesse sido acertada por um balaço na cabeça novamente. – disse Victoire.


- Não se preocupe minha loira magricela, eu não vou te deixar tão cedo assim. – respondi fazendo todos rirem, menos ela.


- An acordando de bom humor hoje. Isto será raro pessoal, podem filmar, pois isso precisa ficar registrado como relíquia. – falou Fellers e eu ri.


- Ela acordou de bom humor hoje, por que não foi acordada pelo Potter que adora fazer gracinhas. – Nathaly disse meio brava.


- Falando nisso, onde Potter está? – perguntei sentando na cama.


- Está preocupada com o James agora? – questionou Fellers rindo maliciosamente.


- Para de ser bobo, Fellers. Eu só não quero que ele acabe com a raça do Austen ou Lux, principalmente com o último. – respondi vendo a Madame Pomfrey caminhando em nossa direção com algo na mão.


- Porque não quer o ver acabando com a raça dos dois? – quis saber Julie.


- Primeiro, eu não quero que ele mate Austen porque ele foi muito fofo em me trazer para cá... – comecei, mas Steven interrompeu-me.


- Não foi Austen que a trouxe para cá.


- Então quem foi?


- O monitor da Grifinória bonitão. – disse Julie sonhadora.


- Como vocês deixaram? Ele poderia ter feito qualquer coisa comigo sem vocês por perto ou eu acordada! – gritei desesperada.


- Como assim, An? – questionou Nathaly levantando uma sobrancelha e cruzando os braços.


- Ele tentou me beijar no primeiro dia de aula depois das férias. Quem garante que ele não fez nada comigo?


- E você não deixou ele te beijar?! – perguntou Victoire incrédula.


- Claro que não, Victoire. Você acha que ele queria só um beijo?


- Mas ele não te beijou a força, An? – questionou Julie um pouco avoada.


- Não, Julie. Ele só tentou me beijar. – expliquei


- Quem tentou te beijar, An? – Potter perguntou entrando na enfermaria e eu congelei. Pensei que ele tivesse ouvido nossa conversa por um instante.


- O moni... – começou Julie e eu apertei seu braço.


- Hãn, ninguém Potter. Foi, hum, foi só um sonho. – gaguejei olhando assustada.


- Você sonhou isso?


- Não, não... foi o sonho do, hum, da minha amiga trouxa. – inventei na hora. – Mas, o que você estava fazendo antes?


- Estava bebendo água. – ele deu de ombros.


- Aonde?


- No Salão Principal, oras. – disse ele sentando na ponta da minha cama. – Você está melhor?


- Sim, estou bem melhor agora.


- Você nunca terminou um jogo antes, não é mesmo?


- Não. – ri abaixando a cabeça. – Nunca terminei de ver o jogo. Sempre desmaio antes. Vou tentar fazer uma força para terminar de ver o próximo jogo. – comecei a rir junto com os outros.


Madame Pomfrey me deu um remédio muito ruim antes de me deixar sair. Então, fui para o Salão Principal almoçar junto com meus amigos.


- Sabe An, acho que a Madame Pomfrey deveria deixar uma cama reservada só para você depois de cada jogo. – concluiu Fellers e rimos.


- Concordo. Acho que eu sou a que mais se acidenta nessa escola. Preciso parar de me meter em esportes radicais. – comentei.


- Você é um ímã de balaços. – disse Potter.


- Eu atraio muitos balaços, com a minha beleza. – joguei o cabelo para trás fazendo todos rirem.


- Você atrai não só balaços, An mas também monitores lindos. – falou Julie e eu congelei.


Pisei no pé que eu achava ser da Julie, mas eu vi Ted com lágrimas nos olhos e levantando a perna para massagear seu pé. Então pisei em outro pé e não era de Julie novamente, e sim de um menino ao seu lado. Falei um “Desculpe” sem som para eles e olhei para Potter que sentava ao meu lado. Ele me olhava desconfiado e eu tentei sorrir para disfarçar.


Depois que nós terminamos, subimos para o Salão Comunal e chegando lá, fui puxada pela Victoire até o nosso dormitório.


- Julie, você tem que aprender a fechar essa boca! James já está desconfiando. – disse Victoire brava.


- Me desculpe, eu não queria falar. – Julie se desculpou.


- Mas você não pode ficar falando isso por ai, Ju. Você sabe que ele é muito ciumento.


- Olha, para falar a verdade eu não acho que deveríamos esconder isso dele. – comentei sentando em minha cama. – Ele não é nada meu e por isso, eu posso fazer o que eu bem entender da minha vida.


- Mas... – começou Victoire e Nathaly a interrompeu.


- Vic, eu acho que ela tem razão. Potter não é dono dela e principalmente namorado, ou seja, ela não precisa esconder nada dele. Se a Annie quiser namorar alguém, que é ele para impedi-la?


- Eu só acho que deveria tomar cuidado com o que você faz, An. Ele pensa que você é dele desde que o desculpou e, portanto, propriedade dele. – respondeu Victoire sentando em minha cama.


- Só espero que ele não tente pegar em meu pé. – falei deitando no colo da Victoire. – Mudando de assunto, quem ganhou o jogo afinal?


- Grifinório, é claro. Aquela Atleen é muito ruim. Fellers acertou um balaço no estômago bem fraco nela e acabou fazendo cena só porque a viu desmaiada. – explicou Nathaly.


- Ótimo, então quer dizer que vai ter comemoração, mais tarde? – perguntei rindo. – Estou com vontade de ir a uma festa.


- Acho que você fez uma pergunta meio idiota, An. Os meninos nunca deixariam de comemorar. – riu Vic.


- Tem razão. Então eu vou tomar banho primeiro. – respondi correndo para o banheiro.


Tomei um bom banho, coloquei uma calça jeans clara e uma regata azul marinho, sequei meu cabelo, escovei os dentes e esperei minhas amigas terminarem para descermos juntas.


Depois de muitas horas, descemos para a festa que estava cheia e decorada com cartazes “Vai, vai Grifinória”, “Os leões mandam” e coisas do gênero, alguns minis fogos de artifícios estouravam de vez em quando, muito suco de abóbora, doces e salgadinhos estavam em cima da mesa e músicas bruxas que eu desconhecia, mas eram bem legais.


Ficamos dançando em frente a lareira com outras meninas até que comecei a ficar com muita cede e decidi pegar um suco na mesa. Passei com dificuldade pelas pessoas e consegui chegar a mesa.


- Olá An. – cumprimentou McFeen.


- Ah, oi. – respondi insegura.


- Você está melhor?


- Estou um pouco melhor. Ainda sinto dor, mas estou melhorando.


- Entendo.


- O-obrigada por me levar até a enfermaria.


- Sem problemas. Você jogou muito bem hoje.


- Obrigada. Faço o possível para ganhar.


- Todos fazem.


- Bom, eu já vou indo. Minhas amigas estão esperando. Até mais. – disse pegando o suco e me virando, mas ele me pegou meu braço impedindo de voltar para a lareira.


- Esqueci de dizer que você está muito bonita hoje. – ele sorriu e senti meu rosto corar.


- Ah, obrigada McFeen. – agradeci voltando para onde eu estava.


- Por que demorou tanto? O monitor gato estava com você? – perguntou Vic sorrindo maliciosamente.


- Pior que você adivinhou Vic. – respondi desanimada.


- O que ele fez?


- Nada, só conversamos rapidamente. – dei de ombros.


Continuamos a dançar e depois de um tempo, nossa roda só de meninas cresceu e havia alguns meninos.


Nathaly puxou-me ao centro da nossa roda para dançarmos juntas. Ela pegou minhas mãos e ficamos girando, sacudindo e pulando enquanto todos riam.


A garota pegou minha levantou minha mão direita, e murmurou:


- Gira! - e foi o que eu fiz, mas ela soltou-me e eu fiquei girando sozinha no centro, rindo e observando os rostos que passavam rapidamente.


Comecei a me sentir tonta e acabei tropeçando em meu próprio pé e cai em cima de alguém, que só me dei conta de quem era, quando minha visão voltou ao normal. Potter me segurava pela cintura e sorria marotamente enquanto eu, o observava com as mãos em seu peito e meus pés cruzados, nossos rostos a centímetros de distância e corei.


- O-obrigada, hum, Potter. - falei me desvencilhando de seus braços e voltei para o meu lugar na roda, sentindo meu rosto ainda quente.


A festa continuou até às dez da noite, quando a Profª. McGonagall chegou usando seu hobbe xadrez verde e branco com uma touca de dormir combinando, acabando com tudo e mandando todos voltarem para seus dormitórios e ela não saiu de lá até ter a total certeza de que todos já estejam em suas camas.


Subi junto com minhas amigas devagar.


- Essas. Escadas. Vão. Me. Matar. A. Qualquer. Hora. - ofegou Victoire deitando em sua cama.


- Deixa de drama Vic, são só alguns degraus. - falou Nathaly.


- Não é drama. Essas escadas são muito cansativas, oras. - rebateu a loira.


- Você esperava o que? Que tivesse escada rolante? - comentei pegando meu pijama.


- Até que não é uma péssima ideia. Vou falar com a McGonagall amanhã sobre isso. - respondeu Vic e eu girei os olhos.


- Será que alguém pode me ajudar a por esse pijama? Não consigo colocar com esse negócio no meu braço. - perguntei apontando a faixa com uma tala que envolvia o meu braço inteiro até o cotovelo.


- Eu ajudo. - ofereceu Julie.


Ela me ajudou a tirar a roupa e colocar o pijama. Não foi tão fácil como parece. Cai três vezes tentando colocar a calça do meu pijama, até que tive a brilhante ideia de colocá-lo sentada no chão mesmo, já que não conseguiria chegar até minha cama.


Depois disso, peguei um pote pequeno de Nutella que implorei para minha mãe comprar para trazer, conjurei uma colher, sentei na cama e comecei a comer observando as meninas.


- O que você está comendo? - perguntou Nathaly depois de muito tempo percebendo que eu as observava.


- Nutella. - respondi colocando mais uma colher na boca.


- O que é Nupera?


- Nutella, Ly. - corrigi. - É um creme de chocolate trouxa. Você quer experimentar um?


- Eu quero! - animou Nathaly sentando ao meu lado. Peguei a colher, enchi de chocolate e coloquei em sua boca.


- E ai, o que acha? - perguntei observando sua reação.


- Meu Merlim, An. Isso é magnífico! - exclamou a morena e eu ri.


- Comendo mais coisas, Gorda? Assim você explode de tanto comer! - disse Victoire. – Para onde vai tanta comida?


- Não enche loira magricela. - eu ri junto com ela. - Na verdade, eu não sei para onde vai parar a comida.


- Eu sei.


- Onde?


- Para a sua bunda anormalmente grande.


- Minha bunda não é anormalmente grande!


- Claro que é!


- Prova então. - a desafiei.


Ela se levantou da minha cama e me puxou para fora do quarto.


- Ei, onde você está me levando? - questionei tropeçando em meus pés.


- Para o dormitório dos meninos, é claro. - respondeu ela dando de ombros.


- Fazer o que lá?


- Provar que sua bunda é anormalmente grande.


- Não! Para o dormitório dos meninos não. Por favor Vic, eu acredito em você, mas não me leve para lá! - implorei.


- Você me desafiou e eu vou cumprir.


Subimos as escadas que dava para o quarto dos meninos, ela abriu a porta sem bater e entrou me arrastando.


- Vic, o que você faz aqui com a An? - perguntou Potter sentado na cama de Lupin jogando xadrez bruxo.


- An me desafiou. - respondeu ela.


- E, o que seria? - questionou Ted.


- Nada que importa, não é Vic linda do meu coração!? - falei tentando puxá-la para fora do quarto, mas nunca havia percebido que ela era bem mais forte do que parecia.


- Importa sim, Annie. Agora, meninos vocês não acham que a bunda da An é anormalmente grande? - perguntou a loira e eu tampei a cara com a mãos, envergonhada.


- Um pouco. - respondeu Potter.


- O que você quer dizer com isso? Você fica olhando para a minha bunda? – perguntei enfurecida.


- Bem, às vezes. É que eu faço isso automaticamente, sabe. - respondeu ele passando a mão na nuca.


- O QUE!? - gritei.


- É que, hum, nós meninos temos essa mania de olhar a, hum, parte... de trás das meninas, sabe.


- Não só a parte de trás, mas a da frente também, não James? - brincou Steven que estava deitado em sua cama do outro lado do quarto.


- É, isso também é verdade. - concordou Potter.


Peguei o travesseiro da cama mais próxima e comecei a bater nele.


- Você. É. Um. Idiota, James Sirius Potter. - disse batendo-o.


- Ei, não é minha culpe se eu olho para as garotas. - respondeu ele na defensiva.


- Principalmente a An, não é verdade James? - brincou novamente O'Connor rindo e Potter jogou um travesseiro nele.


- O QUE!? - exclamei horrorizada.


Coloquei o travesseiro no meu ombro para pegar força suficiente para bater em Potter, mas quando eu ia acertá-lo, ele segurou e arrancou o travesseiro das minhas mãos.


- Devolva o meu travesseiro, Potter. - falei estendendo a mão.


- Primeiro, esse travesseiro não é seu, é meu. E segundo, eu não vou devolver. – respondeu James sorrindo.


- Por que não? - questionei.


- Porque você vai bater em mim.- explicou o garoto.


- Está com medo? - perguntei em tom desafiador colocando as mãos na cintura e levantando uma sobrancelha.


- Não. Só não quero que você me bata em algo que eu não fiz.


- Como assim? É claro que você fica olhando para a minha bunda!


- Na verdade não sou eu.


- Sério, então quem é!?


- Meus olhos.


- E por acaso, os seus olhos criaram vida para ficar olhando coisas que você não deveria olhar?


- É praticamente isso.


- Me devolve esse travesseiro, Potter!


- Não.


- Devolve isso, agora!


- Não me covenceu.


- De-vol-ve isso, já! - gritei tentando pegar o travesseiro que estava do outro lado da cama.


- Nananinanão.


- Me dá, Potter! - falei.


Ajoelhei na cama e tentei fracassadamente pegar o bendito travesseiro, mas como a sorte nunca está ao meu lado, acabei escorregando e cai em cima do Potter que caiu de costas no chão e levando-me junto.


Estava deitada em cima dele com as mãos novamente em seu peito, meu pés estavam em cima da cama, meu rosto a centímetros do seu, suas mãos em minha cintura e nossas respirações estavam aceleradas.


Eu o olhei assustada com a proximidade dos nossos rostos e ele sorria marotamente como se tivesse ganhado mais um presente.


- Sai daqui, Potter. - falei grossa.


- Mas é você que está em cima de mim! - exclamou Potter rindo e bati em seu peito e seus braços.


- Seu. Imbecil. Idiota. James Sirius Potter. - continuei o batendo e ele ria cada vez mais.


A porta do banheiro se abriu e vi Jonathan saindo de toalha e congelei.


- Que gritaria foi essa? - perguntou ele, mas já descobrira a resposta quando me viu deitada em cima de Potter. - Ah, nem precisam mais responder. Acho melhor vocês continuarem o que estão fazendo em cima da cama, não? É mais confortável.


- Cala a boca, Jonathan e me ajude a levantar. - falei estendendo a mão.


Ele sorriu olhando para Potter e este respondeu sorrindo também e revirei os olhos. Fellers, me ajudou a levantar e puxei Victoire, que ria durante a nossa briga inteira, para a porta batendo os pés sentindo meu rosto ferver de ódio e vergonha.


- Pode deixar que não vou esquecer desse momento em que passamos juntos, bem perto um do outro. - concluiu Potter piscando para mim.


Peguei meu chinelo e joguei nele o acertando.


- Quero o meu chinelo de volta amanhã de manhã, Potter ou você vai desejar nunca ter nascido. - ameacei-o fuzilando com os olhos.


- Preciso devolver mesmo, An? Pensei que era um presente para lembrar-se do nosso momento juntos. - respondeu ele rindo e eu revirei os olhos. - Posso pegar seu perfume emprestado An?


- É Walker para você, Potter e por que você quer o meu perfume? - perguntei com a mão na maçaneta.


- Porque eu gosto muito dele e quero colocá-lo no meu travesseiro para que eu possa sonhar com você, minha loira. - disse o garoto sorrindo marotamente e gruni de raiva abrindo a porta e voltando para o meu dormitório.


- Ela te ama, cara. - concluiu Ted antes de fechar a porta.


- Eu sei. - respondeu Potter.


Desci as escadas batendo o pé com Victoire nos meus calcanhares. Entrei no quarto e fui direto para o banheiro escovar os dentes. Depois, me joguei na cama, fechei a cortina e dormi com raiva de Potter.


Como ele conseguia ser tão idiota e metido? Acho que nunca vou descobrir a resposta.

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