Capítulo XVII



Oi, oi Povo!!!


Chegamos na reta final da fic, faltam apenas três capítulos para o término dela... E os mistérios começam a ser desvendados....


Nana!!! Sim, as pontas soltas estão começando a desaparecer. Acredito que nesse capítulo você terá respostas para suas suspeitas.
A nova fic estou adaptando, mas só vou começar a posta-las quando terminar essa, dessa forma tenho mais tempo de deixar pelo menos uns três capítulos prontos.


Aninha!! Rsrsrs, relaxa sua curiosidade vai ser resolvida, pelo menos em partes... Eu acho! E os dois juntos... É uma graça mesmo, eu já falei que quero ter um Draco desses pra mim? Pois é, eu quero!rsrs


E aínda estou com raiva do Rony da sua fic!rsrs Quero bater nele! ><


 


Bjs e boa Leitura!!


 


*****


 


Um ar pesado, pressagiando ameaçadora tempestade, entrava pelas janelas abertas. Fugitivos raios de sol, varando as nuvens escuras, vinham brincar sobre as pinturas claras e cuidadas, pelos móveis laqueados e preciosas obras de arte que enfeitavam o quarto da Princesa Karkaroff.


A velha senhora, em quimono de lá branca, estava reclinada sobre um riquíssimo divã. Tivera, quinze dias antes, um ataque e em seguida um grande desarranjo mental. O médico mandara chamar sua sobrinha. Entretanto, agora, já parecia ter recuperado o estado normal. Seus olhos conservavam, sob as pálpebras meio descidas, a habitual vivacidade, seus movimentos pareciam mais fáceis do que antes, sua voz nada tinha perdido da entonação autoritária ao se dirigir às camareiras, atentas na sala vizinha ao menor chamado. Apenas se podiam notar, às vezes, alguns lapsos nessa inteligência até então sem a mínima fraqueza.


A cônega estava de pé a alguns passos dela, encostada ao balcão da janela. Seus olhos, por causa do tratamento, se achavam cobertos por uma venda preta. Um pouco inclinada, oferecia a sua cabeça à caricia do ar que vinha de fora. Maquinalmente havia colhido uma das rosas-chá da trepadeira que escalava o balcão e a comprimia entre os dedos.


— Deixe de fazer isso, Ceres! Você já sabe que não posso ver alguém destruir dessa maneira uma flor! — disse a princesa com impaciência.


A cônega deixou cair a rosa machucada. Um meio sorriso de ironia amarga entreabriu os seus lábios.


— Peço-lhe que me desculpe, minha tia; mas eu nem percebera que tinha apanhado a flor. A senhora tem um coração muito compassivo, minha tia!


Havia nestas palavras um ligeiro sarcasmo que a princesa não percebeu.


— Para com a flores, sim. Fiz delas minhas companheiras, minhas amigas... Sofia!


Uma camareira apareceu no limiar da porta.


— Pegue essa flor e jogue-a lá fora. Não quero vê-la mais nem um minuto. E então? Não compreendeu ainda o que estou dizendo, idiota? — disse a velha senhora com rispidez, vendo que a criada não cumpria rapidamente a ordem — Bom, agora feche a porta. Sente-se, Ceres. É muito desagradável ver entre mim e o dia esse grande vulto escuro, bem pouco alegre.


— Mas eu posso hoje mesmo tomar o meu trem — replicou friamente a cônega.


Ela deixou o balcão e, tateando, deu alguns passos para sair, querendo apoiar-se no espaldar das cadeiras.


— Mais para a frente... Mais perto, isso! NA verdade deve ser intolerável ter de andar com essa horrível venda preta! Não, não quero que você volte já para o seu Cabido. Estou ainda bem doente e nestas circunstâncias prefiro ter junto de mim uma parenta. Ora, você é a única que me resta, os outros, para mim, eu não os conto.


As formosas sobrancelhas da cônega franziram ligeiramente.


A velha princesa continuou num tom cítrico:


— Parece que se celebram amanhã dois casamentos em Runsdorf. Já o sabia, Ceres?


— Sim, minha tia.


— Quem lhe disse?


Sem hesitar, muito firmemente, a cônega respondeu:


— Draco me escreveu e ontem o encontrei com Luna na floresta.


— Você falou-lhes?


O tom era ríspido, quase ameaçador. Mas a cônega ergueu a cabeça, num movimento altivo.


— Naturalmente. Jamais deixei de estar em relações com Draco e sempre tive uma grande afeição por Luna. Não lhe posso guardar rancor por causa da sua decisão, a melhor que ela poderia tomar, talvez.


O espanto, a indignação emudeceu por um momento a princesa.


— Será que estou ouvindo bem? — gaguejou ela. — Foi você mesma quem disse essas palavras inconcebíveis? A melhor? Uma Malfoy esposando um Weasley? E ele também, esse louco do Draco, procedeu, sem dúvida, da melhor maneira ao fazer uma condessa Malfoy dessa professorinha?


— Sim, se vê nisso o seu dever e a sua felicidade.


— Isso quer dizer que Ceres Malfoy aceitará essa criatura por sobrinha?


A velha senhora se ergueu bruscamente, fixando na sobrinha uns olhos faiscantes.


— Talvez...


A princesa crispou as mãos fulgurantes de jóias, amarfanhando nos dedos a coberta de cetim branco.


— Então, ei-la tão louca quanto eles? — disse com voz sibilante — Qual foi a influência que agiu sobre você, fazendo-a mudar tanto, pois outrora se revoltava só em pensar que o seu sobrinho exercia a medicina, como o primeiro burguês que teve esse capricho?


— Qual foi a influência?!... A do sofrimento moral. Há dois anos que vivo em absoluta solidão e refleti lealmente ante Deus. Agora, lamento a minha vida perdida e vejo que tomei um falso caminho.


A princesa se inclinou um pouco, um clarão de maldade no olhar.


— Então, devo acreditar no que o seu irmão pretendia ter adivinhado? Que Arthur Weasley a pediu outrora em casamento e que você respondeu a esse pedido como o devia fazer uma Malfoy?... Mas que você amava a ponto de recusar todos os outros pretendentes que se apresentaram?


A cônega ficou muito pálida, suas mãos tremiam.


— E, mesmo que tivesse sido assim, que tem isso? — respondeu ela num tom altivo — Eu julguei, então, que cumpria o meu dever. Mas não teria admitido que, sem necessidade, me pedissem outro sacrifício – como o fizeram com a desgraçada Bellatrix.


— Ah! Era o que julgava? Isso quer dizer que agora...


— Que agora lamento profundamente ter ferido, por causa do meu orgulho, a altivez do melhor homem que conheci. Deploro ter quebrado ao mesmo tempo todas as minhas esperanças de felicidade e as de um ser cavalheiresco, nobre e leal entre todos.


— De tal modo que, se o passado voltasse, Ceres Malfoy se tornaria Sra. Weasley?


A cônega teve uma curta hesitação antes de responder com a voz sufocada pela emoção:


— Creio que sim.


A Princesa Karkaroff deixou cair a cabeça sobre as almofadas. Uma horrorosa expressão de cólera e de ódio tornava o seu rosto realmente horrendo. Entretanto, disse com aparente calma:


— Parece-me que de hoje em diante o seu lugar é em Runsdorf.


— Efetivamente, minha tia — respondeu a cônega levantando-se — Poderei pedir-lhe para tocar a campainha, chamando a minha dama de companhia?


A princesa agitou violentamente a campainha. Depois voltou para a sobrinha um olhar em que existia estranha expressão.


— Nunca mais nos veremos, naturalmente. Gosto mais assim. Você se parece muito com sua mãe. Era bela como você o é. Aquela Paola... Paola!


Casquinhou um riso mortificante, esquisito, que fez Ceres estremecer.


— Não vejo em que essa querida e triste lembrança possa despertar a sua alegria, minha tia — disse a cônega com indignação.


— Minha alegria? Mas não estou alegre! E chorei tanto... Por Cepheus também Lamentei-os muito... Muito... Muito...


O mesmo riso satírico feriu os ouvidos da cônega.


— Cale-se! Não se ria mais! — disse ela, quase com violência — Duvido que a senhora tenha chorado, fosse por quem fosse, seu marido ou seu irmão!


— Abraxas? Não, ele não tinha a menor energia. Teria acabado por enlouquecer, como a mulher, e então seria perigoso como ela. Sua morte voluntária livrou-me de muitos aborrecimentos.


Falava tranquilamente, com a voz mordaz, mas os seus olhos, de um azul esbranquiçado pela idade, brilhavam singularmente.


— Que quer a senhora dizer com isso? — exclamou a cônega, estendendo instintivamente as mãos para ela.


A velha dama teve um sobressalto e durante alguns instantes os seus dedos trêmulos passearam sobre a fronte.


— Mas, nada... Nada absolutamente! — gaguejou — Vá-se embora!... Vá-se embora!


A porta se abriu e apareceu a jovem que servia de dama de companhia à cônega desde que a fraqueza de sua vista lhe impedia da sair sozinha. A princesa repetiu:


— Vá-se embora! Não temos mais nada em comum!


— Mesmo que não o queira, teremos sempre o mesmo sangue nas veias, e eu rezarei pela senhora, minha tia — disse em voz baixa a cônega, inclinando-se como num cumprimento.


O rosto da princesa crispou-se horrivelmente.


— Nada tenho o que fazer com as suas rezas! Há muito tempo que não temos as mesmas crenças, felizmente para mim! E diga ao Draco que renego a todos, que odeio a todos, ele, a irmã, a noiva, sim, a todos!


Pronunciou estas últimas palavras com tal violência que parecia querer transmitir com elas toda a sua cólera.


A cônega saiu sem replicar-lhe, compreendendo a inutilidade de qualquer argumento com essa criatura, cujo espírito injusto e orgulhoso só agora reconhecia.


Um quarto de hora mais tarde, apoiada ao braço de sua dama de companhia, tomava o caminho de Runsdorf. Sentia-se alquebrada, cansada, mas não desejava ficar nem mais um minuto nessa casa de onde a irmã de seu pai acabava de expulsá-la.


— Alguém vem andando para nós — disse em dado momento — Viu quem é, Maria?


— Julgo reconhecer o Conde Malfoy, minha senhora. Está em companhia de uma jovem – sem dúvida a Srta. Granger.


A fisionomia da cônega serenou. Apressou os passos, enquanto Draco e Hermione faziam o mesmo.


— Minha tia, fico muito aliviado em encontrá-la! — disse o conde, levando aos lábios a mão que ela lhe estendia.


— Eu também, meu querido filho! Olhe, quer dar-me hospitalidade em Runsdorf? Eu lhe explicarei daqui a pouco.


— Mas, com grande prazer! A senhora lá estará sempre em sua casa, nunca se esqueça disso.


— Maria, pode voltar ao chalé; arrume tudo o que me pertence, que depois mandarei buscar. Assim que as malas estejam prontas, venha para Runsdorf.


— Mas o que houve, minha tia? — perguntou Draco assim que a moça se afastou.


A cônega estendeu as suas mãos para Hermione e disse:


— Primeiro, permita que a sua futura tia a abrace, minha filha. Sinto-me feliz com a felicidade do meu sobrinho e também com a sua, tão bem merecida, minha querida Hermione.


— Então, não me quer mal, minha senhora? — perguntou Hermione aproximando a fronte dos lábios da cônega.


— Não, certamente, e aprovo Draco por ter seguido, ao mesmo tempo, a voz do coração e da razão. Se os outros tivessem procedido assim, quantos remorsos lhe seriam poupados!


Um suspiro fez arfar o seu peito. Continuou logo com voz emocionada:


— Aprovo-os de todo o meu coração, meus filhos, e por isso eis-me fora do chalé, cujo limiar nunca mais transporei.


Em seguida, resumiu a cena que se passara entre ela e a princesa. Draco disse com irritação quando a tia terminou:


— Essa infeliz mulher guardará intato o seu orgulho até os últimos momentos. Alegro-me por ter a senhora rompido as relações com ela. De agora em diante será só nossa, querida tia Ceres!


— Estávamos muito tristes por pensar que a senhora não compareceria ao nosso casamento — acrescentou Hermione.


— Comparecerei, sim, mas ficarei um pouco afastada dos outros. Que belo efeito produziria eu com isto!


Indicava a sua venda preta.


— Minha tia, nunca a conheci com vaidades.


 


A cônega fez um movimento de ombros.


— Oh! Não é por vaidade! Mas eu poria uma nota escura na reunião. Não insista, Draco, eu prefiro que seja assim. Mas agora é que me lembro que interrompi o seu passeio. Eu devia ter feito Maria ficar comigo.


— Titia, não diga isso! Tome o meu braço. Quem é que vem correndo ali embaixo?


— É Ernst — disse Hermione, que reconhecera um dos criados de Runsdorf.


— Que houve? — perguntou o conde quando o homem, todo vermelho, paro a curta distância.


— O senhor Argus acaba de ter uma crise. Mandaram-me chamar, com urgência, o Dr. Slughorn.


— Vou eu mesmo. Levará minha tia até o castelo, não é, Mione?


Enquanto ele se afastava, a cônega, tomando o braço de Hermione, disse pensativamente:


— Essa profissão, tal como ele a compreende, é uma das mais nobres, das mais belas.


— Decerto! E que alegria para a sua companheira poder auxiliá-lo em tal tarefa, formar com ele um só coração, uma só alma! Não é verdade que está nisso a verdadeira felicidade, condessa?


A mão que se apoiava no braço de Hermione estremeceu.


— Sim, está nisso a felicidade; a felicidade no dever, a única, a verdadeira. Muita gente foi afastada dessa felicidade pelo orgulho e para o futuro só lhe resta o remorso e o pesar.


 


*****


 


Antes do almoço, Hermione subiu ao quarto de Argus. Padre Fryderik, sentado à cabeceira do enfermo, rezava o seu rosário. Levantou-se ao ver a jovem, e esse movimento fez com que Argus voltasse a cabeça.


O seu rosto enrugado se contraiu, mas o olhar já não tinha a agudez desagradável que sempre impressionara Hermione. Era agora suave e sem a expressão inquieta, quase medrosa que ela notara nos últimos dias, ao vir saber notícias de sua saúde, trazendo-lhe alguns doces, tarefa caridosa que lhe parecia terrível, dado o que sabia desse homem. Entretanto, a bondade natural do seu coração fizera com que Hermione sempre conseguisse cumprir essa obrigação com aparente calma e sem muita repugnância.


— Como vai, senhor Filch? — perguntou, inclinando-se para ele, depois de ter saudado o sacerdote.


— Vou indo, senhorita! Esta manhã, pensei que já estava no fim. Tive tanto medo... — respondeu o velho, cujo corpo foi agitado por longo estremecimento.


— Supliquei ao senhor conde para me dizer a verdade, se de fato não há mais esperanças. Ele me confessou que não havia e eu pedi ao padre...


Voltou-se para o religioso, que o fitava com doçura compassiva.


— Sim, e ei-lo agora em regra com Deus, Argus. Não se sente mais feliz?


— Ah! Sim! Mas tenho ainda tanto medo, meu padre.


O velho tremeu novamente.


— Fui tão culpado, tão endurecido durante tantos anos!


— Outra pessoa o é mais do que você, e ela, a infeliz, nem pensa em se arrepender! — disse Hermione, gravemente.


O magro corpo do moribundo teve um sobressalto.


— Oh! Por acaso, a senhorita saberá? — balbuciou.


— Há muito tempo, senhor Filch! Você foi um grande culpado, mas não obedeceu principalmente às instigações da Condessa Lyra?


— Sim, foi ela quem dirigiu tudo; o Conde Abraxas se deixava levar por ela como se fosse uma criança. Eu também me submetia à sua influência. Ela odiava o irmão Cepheus e ambicionava sua fortuna, porque amava apaixonadamente o luxo. O Conde Abraxas, depois das insensatas prodigalidades, encontrava-se à beira da ruína. Ela aproveitou-se disso para lhe insuflar a terrível idéia... Ele inicialmente resistiu, mas depois cedeu. Eu fui encarregado da execução. A Condessa Lyra havia descoberto, pouco tempo antes, o plano do lago e o segredo para desviar as águas. Combinamos servir-nos dele para dissimular os vestígios do crime. E assim foi feito. Meu patrão e sua irmã dividiram entre si a fortuna, salvo uma soma de vinte mil florins, posta como reserva na gruta subterrânea. Quando o Conde Abraxas morreu, já havia gasto a sua parte e mesmo um pouco dessa reserva. Depois, de tempos em tempos, eu lançava mão dessa reserva para diminuir alguns embaraços dos meus patrões e, sem que eles soubessem, paguei alguns credores mais impertinentes. Eu sabia que o Conde Lucius, apesar da sua leviandade, teria sobre esse ponto muito mais escrúpulo do que o pai. Quanto ao nosso jovem senhor, o Conde Draco... Ah! Meu Deus! Tomei a última soma há alguns anos, numa noite de inverno em que o arquiduque dava uma grande recepção, à qual a cônega assistiu.


— Eu o vi — disse Hermione.


— A senhorita me viu? Pois bem, teve sorte de eu nunca suspeitar disso, porque...


Ele juntou as mãos descarnadas.


— Quantos crimes!... E, entretanto, foi só nestes últimos dias que tive remorsos! Eu estava cego pela minha idolatria por essa raça dos Malfoy, pela minha afeição apaixonada pelo Conde Abraxas, pelo meu ódio secreto contra o Conde Cepheus. Cheguei a julgar legítimo esse crime e a partilha dessa fortuna em detrimento do jovem Gröninger, herdeiro do seu tio. Que será feito dele? Pobre Gröninger! Tão amável e bom e eu o detestava, somente porque era o sobrinho daquele que eu assassinara.


Hermione observou:


— Decerto a Condessa Lyra também não é estranha ao desaparecimento dele.


— Nunca eu soube que ela tramasse alguma coisa contra ele, mas, enfim, isso não seria impossível, porque ela é capaz de tudo.


Padre Fryderik, que até então ficara em silêncio, fitando o velho com piedade, adiantou-se e pôs a mão sobre a sua cabeça.


— É inútil deixar acusar em falso aquela que já tem tantas culpas na consciência. A Condessa Lyra nada tramou contra Gröninger Granger. Ele partiu voluntariamente, depois de ter certos indícios que lhe mostravam os crimes de que eram culpados aqueles com os quais vivia e que pareciam proceder tão nobremente aos olhos do mundo, dando uma esmerada educação ao órfão, sem recursos. Gröninger não podia ficar mais junto deles, pois sabia que havia odiado e feito assassinar o seu querido tio. E fugiu, com a cumplicidade do padre Flitwick. Viveu na suíça em casa do irmão deste, também padre.


— E depois? — interrogou Argus Filch, cujo olhar não mais se afastou do santo padre.


— Depois, ele também se tornou missionário.


Filch balbuciou:


— O senhor é Gröninger Granger?


O padre Fryderik inclinou a cabeça afirmativamente. Hermione, estupefata, não pôde reprimir uma exclamação.


— Não sei por que, mas tive uma idéia! — murmurou Filch — Esses olhos claros tão doces, o som da sua voz... Sim, tudo me lembrava alguma coisa...


— Gröninger Granger! — exclamou Hermione.


— Sim, Gröninger, seu primo, aliás um pouco afastado. Sou o último do ramo emigrado para as Índias e, assim, possuo os velhos papéis de família, que demonstram as nossas linhas de parentesco, assim como a nossa descendência de uma raça de cavalheiros, nobre e valorosa.


— Por que não denunciou os culpados? — perguntou a voz ansiosa de Filch.


— Não tinha nenhuma prova. Só indícios; os Malfoy eram poderosos e o mundo diria que tudo era imaginação minha. Mais tarde eu poderia ter feito levantar algumas dúvidas, mas então já me despojara, voluntariamente, de tudo e achava pouco digno à minha condição de padre lançar a vergonha e a dor em uma família que ignorava os crimes havidos.


— Alguém vem vindo para cá! — interrompeu Hermione. Creio reconhecer os passos do conde. Meu padre, que ele, principalmente ele, nunca venha a suspeitar de nada!


— Fique tranqüila, minha filha.


Era Draco, com efeito, que vinha saber notícias de Filch e buscar a noiva.


O padre os fitou tristemente, enquanto eles se afastavam. Voltando-se, encontrou o olhar de Filch.


— Ela tornará feliz o meu jovem senhor — murmurou o velho criado — Sabia, meu padre, que eu detestava esses Granger, porque imaginava que eram da família dos Malfoy. E isso me fazia desconfiar... Oh meu padre, tenho tanto medo!


Tremia todo. O padre tomou-lhe a mão, perguntando com doçura:


— De que, meu pobre amigo?


— Deles todos... Cassiopeia, meu patrão Abraxas, o Conde Cepheus, a bela Condessa Paola... Eles estão lá, tão bem conservados sob a água!... E a jovem camareira ainda tem o pescoço a marca dos meus dedos.


Ele se revirava na cama, com movimentos convulsivos. Padre Fryderik introduziu-lhe por entre os lábios algumas gotas de um tônico preparado por Draco e pouco a pouco o enfermo se acalmou.


Então, o sacerdote, sentado junto dele, falou, persuasivo, com grande doçura, de esperança e de perdão, àquele que fora o assassino de seu tio Cepheus.

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Comentários (1)

  • Carla Ligia Ferreira

    Nossa isso sim que é reviravolta... Mal posso esperar pelos próximos capítulos... tenho certeza que Draco saberá sobre o negro passado de sua família. Ainda que ele não seja culpado de nada é bem capaz de negar-se a casar com Hermione pelos pecados de seu avô e da Princesa... só podemos esperar que a noiva seja persuasiva o suficiente para mantê-lo junto a ela. Beijos

    2011-06-28
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