Capítulo V



Oi, oi Povo!!!


Finalmente chegou o capítulo em que o Draco entra em cena e a Hermione começa a mostrar sua personalidade. Espero que vocês gostem!!


Nana, obrigada pelo elogio e espero que goste desse capítulo, principalmente do Draco!rs


Aninha, agora sou eu que pergunto: Você entra no MSN??rsrs Eis o capítulo, quero saber depois o que achou do Draco e da Hermione.


Bjs para todas.


 


Boa Leitura.


 


*****


 


— Hoje faz dois meses que estamos aqui, Mione.


— Dois meses já!? — disse Hermione, interrompendo seu trabalho de agulha para fitar o irmão.


Sim, era exato. Tinham chegado numa noite de primavera e agora o sol do verão já se intrometia pela folhagem cerrada das velhas árvores de Runsdorf; a brisa matinal anunciava o ardente calor de julho. O tempo passara bem depressa. Ali, como em Viena, Hermione, sempre ocupada, não conhecera ainda o aborrecimento. Além das lições e dos serviços caseiros, tinha ainda, para tomar-lhe o tempo, os seus estudos, que continuava por si própria, os passeios pela floresta com o pai e o irmão, e a amizade com os moradores de Nunsthel, que se tornou muito íntimo.


Os Granger iam freqüentemente à casa do administrador e, por sua vez, Ginevra e Ronald vinham sempre a Runsdorf acompanhados de Nimue. A casa do professor, completamente independente, deixava-lhes toda liberdade com relação aos Malfoy. Quanto a estes, continuavam a manter com seus hóspedes a mesma atitude de fria conveniência. Aliás, o professor e Hermione, além das crianças, viam muito raramente os outros membros da família. Às vezes a Condessa Narcissa aparecia na sala de estudos, perguntava polidamente a Hermione ou ao professor pela saúde de Alexis e indagava se não lhes faltava alguma coisa. Pedia também informações sobre os estudos dos filhos, dando a entender que não era necessário levá-los muito longe e que ficaria satisfeita quando soubessem escrever corretamente e entendessem um pouco de história e de literatura.


A condessa, vestida com simplicidade quase monástica, parecia constantemente cansada; estava visivelmente envelhecida antes do tempo, mas havia em seu olhar uma singular energia, e Hermione, fitando-a tinha sempre a impressão de que uma inquebrantável vontade a sustentava galvanizava esse corpo delicado.


As crianças pareciam afeiçoar-se aos professores, tanto quanto lhes permitiam os seus preconceitos de casta. Áquila e Maia, em particular, tinham momentos de intimidade que davam a Hermione a esperança de um dia penetrar nesses jovens corações, que ela adivinhava nobres e bons.


Em todo o caso, a inteligência dos dois mais velhos era incontestável e não menor era o seu desejo de aprender.


— Procurando encontrar, sem abrir a bolsa, professores para os filhos, a condessa teve a sorte de achá-los — dissera um dia Arthur Weasley ao seu amigo e a Hermione, com o habitual sorriso de ironia que sempre era notado nos lábios quando falava dos Malfoy — Ela deve estar encantada, pois não tendo mais os meios de dar ao caçula um preceptor, como o fez com o Conde Draco, nem de internar suas meninas em um colégio aristocrático, como fez com a Condessa Luna...


— Verdadeiramente você julga que eles estão reduzidos a tais economias? — perguntara Adrian Granger.


— Não apenas julgo, como estou certo disso.


Hermione começava a crer que o administrador tinha razão. Muitas coisas lhe pareciam singulares nessa casa, a começar pela circunstância de Argus, Otávia e sua neta Rosa serem os únicos criados, apesar do trabalho estafante que deviam representar os serviços de uma tal casa. Às vezes, um rapaz da quinta vinha podar as árvores e cuidar um pouco da horta. Os filhos dos lenhadores ou dos camponeses vinham também de vez em quando tirar os matinhos do pátio e do jardim francês, do qual Argus assumira os cuidados, porque o velho servidor se multiplicava, trabalhando alternadamente como cavalariço, jardineiro e criado de quarto, para logo aparecer como o mais correto dos mordomos.


Hermione só aos poucos é que conseguiu penetrar em todos esses mistérios, tal era o cuidado com que tanto os servidores como os patrões dissimulavam a verdadeira situação. A princípio julgara existir numerosos criados, mas, como continuassem obstinadamente invisíveis, convenceu-se de que não havia mais do que os três. E agora já não duvidava de que a vida dos Malfoy era uma farsa. Aparentemente eram ainda ricos e levavam a mesma vida de outrora. A condessa e Luna, vestidas com elegância, iam às festas da aristocracia em sua carruagem, um tanto velha mas bem tratada e atrelada com belos cavalos; recebiam suas visitas nos salões do andar térreo, que continuavam tal como outrora, em todo o seu luxo imponente – Otávia os mostrara, com orgulho, a Hermione – e davam recepções, duas ou três vezes por ano. Mas, atrás desse aparato, quem poderia dizer o que se escondia de privações, de amarguras, de angústias e, talvez, mesmo de fatigantes trabalhos! E tudo isso porque não queriam que dissessem que os condes Malfoy eram pobres!


“E esse Conde Draco, que segundo o Dr. Slughorn possui todas as condições para um brilhante futuro na medicina, se presta a essa mentira!” — pensava Hermione com certo desprezo — “Ele acha mais honroso representar essa farsa do que trabalhar para adquirir uma posição útil. Que aberração faz com que essa família não compreenda a verdadeira noção de honra!”


Hermione pensava em tudo isso, enquanto costurava, sentada junto de Alexis na beira de uma alameda do parque. O rapazinho lia, muito absorvido. Seu pálido semblante tinha adquirido ligeiras colorações e Hermione constatava, com satisfação, que o irmão se tornara mais alegre, principalmente em sua amizade com os Weasley.


O ruído das patas de um cavalo no chão ressecado da alameda veio interromper o silêncio que os rodeava. Era o Conde Malfoy, que voltava do seu passeio diário.


Hermione voltou a cabeça com impaciência. Deveria ser-lhe muito antipático esse grande senhor imbuído de orgulhosos preconceitos, se bem que ela ainda não tivesse tido ocasião de o conhecer bem, porque suas relações com os Granger se limitavam a um simples cumprimento nos raros encontros, no parque ou na floresta.


No momento em que o cavaleiro ia passar junto de Hermione e seu irmão, o animal, assustado por alguma causa desconhecida, deu um brusco salto, empinando-se. Alexis soltou um grito e caiu, desmaiado, em sua cadeira.


Quase que imediatamente o conde dominou a sua montaria. Saltou para o chão e se aproximou do menino, sobre o qual Hermione se inclinava ansiosamente.


— Tem aí os sais? — perguntou ele brevemente, tomando o pulso de Alexis.


Hermione aproximou o frasco de sais das narinas de Alexis, enquanto Draco dizia num tom de alívio:


— O coração está um pouco fraco, mas regular. Isso não será nada.


Alexis abria os olhos, seu olhar pousou primeiro sobre o jovem conde e depois sobre a irmã.


— Oh! Senti muito medo! Foi uma tolice! — disse procurando sorrir.


— Mas não! Este cavalo é insuportável! — disse Draco, cujos dedos não tinham deixado  o delicado punho. — De vez em quando ele sente um pavor inexplicável, que sempre me fez recear viesse a ser causa de algum acidente. Lamento imensamente a emoção que lhes causei.


— Não há nisso nenhuma falta de sua parte, senhor conde. Além disso, nós estávamos muito na beirada da alameda. Mas julgo que será melhor entrarmos para você se refazer completamente, não é Al?


Ela se inclinou para o irmão, que ainda estava muito pálido.


— Sim, isso será melhor — declarou o conde — Permita-me, senhorita.


E repelindo, delicadamente, a mão que ia fazer a cadeira avançar, ele o dirigiu para o meio da alameda.


— Encarrego-me de levar para o castelo este moço tão impressionável — acrescentou, alegremente.


— E o seu cavalo, senhor conde? — perguntou Alexis, olhando para o belo animal, imóvel na alameda.


— Oh, Aramis voltará sozinho para a cavalariça.


Hermione recolheu rapidamente o seu trabalho e os livros de Alexis e foi para junto da cadeira, delicadamente empurrada por Draco. Vendo-a perto dele, o conde voltou a cabeça e fez-lhe um sinal, como a dizer: “Fique tranqüila, não há nada a temer”.


Enquanto andavam, ele ia conversando com Alexis, no evidente propósito de distraí-lo do susto que levara. Sua voz, habitualmente breve, tomava inflexões cheias de doçura. Hermione o considerava com surpresa. De perto e despojado de sua reserva altiva, ele lhe parecia muito mais jovem do que até então lhe parecera.


Realmente, o conde sabia mostrar-se amável e reparar as suas faltas, mesmo as involuntárias. Porque, depois de ter levado a cadeira até o apartamento dos seus hóspedes e de ter pedido desculpas ao professor, ele mesmo levou Alexis para a cadeira de descanso e só o deixou quando as batidas do coração se tornaram regulares.


— É encantador esse Conde Draco! — exclamou o menino quando o senhor de Runsdorf saiu.


— Sim, encantador — confirmou Hermione de malgrado.


Vendo o conde inclinado com solicitude para Alexis e notando o olhar de vivo interesse com que envolvia o jovem enfermo, ela se lembrara de uma frase do Dr. Slughorn: “O Conde Draco procura todas as ocasiões para estudar no ser humano os diferentes males que conhece teoricamente. Ele me acompanha sempre à casa dos seus rendeiros doentes e eu faço com que pronuncie o diagnóstico, no que é extraordinário”.


Para esse médico amador, Alexis deveria então representar interessante matéria de estudo, porque a sua doença, pelos sintomas que a acompanhavam, tinha confundido os médicos de Viena consultados pelo professor e, depois deles, o próprio Dr. Slughorn. Era bastante desagradável a Hermione essa conclusão. Por um momento tinha olhado, quase que com simpatia, o Conde Malfoy, afável e cheio de bondade para com o doente. Mas, logo, apenas viu nele o grande fidalgo orgulhoso, egoísta, que provavelmente supunha que esses burguesinhos se sentiam muito honrados em consentir que fizesse algumas experiências no menino.


Seu irmão, seu bem-amado Alexis, tornado um simples objeto de estudos, uma distração para esse nobre ocioso! Ah! Certamente não consentiria nisso! Cada qual com a sua dignidade! Não era por serem burgueses que o professor e os filhos não saberiam salvaguardar a sua!


Argus veio à noite, mandado pelo amo, saber notícias de Alexis. Na tarde do dia seguinte, como o conde e sua irmã Luna passaram perto da clareira em que estavam instalados o professor, Hermione e Alexis, os dois se aproximaram.


— Sinto-me feliz por ver com os meus próprios olhos que a impetuosidade intempestiva do meu cavalo não deixou vestígios — disse Draco cumprimentando Hermione e estendendo a mão ao professor e ao filho — Você hoje está realmente com uma bela fisionomia, Alexis!


— Passou uma noite excelente — replicou o professor — Aliás, tem dormido muito bem desde que estamos aqui.


O belo olhar, um pouco melancólico de Luna, fitou com simpática compaixão o jovem enfermo.


— O ar das florestas fará maravilhas. Depois, têm à sua porta os cuidados tão competentes do Dr. Slughorn.


— Um excelente homem e notável clínico — acrescentou Draco.


— Ouvi dizer que o senhor conde é aluno dele — disse Hermione.


— Sim, senhorita, um aluno amador — respondeu ele, num tom de altiva frieza.


— Meu mano tem verdadeira paixão pela medicina — disse Luna.


No profundo olhar do jovem conde, Hermione julgou ver uma fugitiva tristeza. Logo em seguida, porém, ele sacudiu ligeiramente os ombros, replicando com orgulhosa diferença:


— É uma ocupação interessante e eu tinha Slughorn aqui...


Depois destas palavras, inclinou-se para Alexis, perguntando:


— O que estava lendo? Goethe? Gosta de leitura?


— É a minha mais querida distração.


— Ele lê à noite, para nós, em voz alta — disse o professor — Alexis tem o dom inato da dicção e nós o ouvimos durante horas, sem nos cansarmos.


— Mas você nos deveria fazer juízes desse seu talento! Olhe, vamos sentar-nos aqui um instante e você nos lerá o que quiser.


Unindo o gesto à palavra, Draco tomou uma cadeira e a aproximou da mesa rústica sobre a qual se encontravam o trabalho de Hermione e os livros do professor.


— Mas ficarei intimidado! — disse Alexis, meio emocionado, meio sorridente — E vão certamente achar que o meu querido pai exagerou muito.


— Nós lhe diremos, prometo-o — replicou o conde sorrindo.


Sentou-se e Luna também tomou lugar numa poltrona que o professor lhe ofereceu.


Hermione retomou a sua cadeira junto à mesa. Sentia uma vaga irritação. Seria porque supunha na atitude do conde e de sua irmã, do conde principalmente, uma certa condescendência, apesar de sua amabilidade? Evidentemente, eles julgavam fazer uma grande honra aos hóspedes ao ficar alguns instantes junto deles!


Disfarçadamente lançou um olhar de perplexidade desconfiada para o Conde Draco. Este apoiava o braço sobre a mesa, sustentando a cabeça ligeiramente inclinada, e não tirava os olhos de Alexis enquanto o menino lia, com voz vibrante e graduada e com tal sentimento que provocava em Luna grande emoção, refletida muito bem na fisionomia da jovem condessa.


“Por que será que ele o está observando assim?” — pensava Hermione.


O conde voltou-se repentinamente e o seu olhar encontrou o da jovem. Esta percebeu que ele adivinhara a interrogação irritada, feita por ela em segredo, porque se mostrou surpreso. Depois, quase imediatamente, tornou a voltar-se, retomando o seu discreto exame de Alexis.


— Não exagerou nada, senhor professor! — exclamou Luna, quando o menino terminou a leitura — Um encanto ouvi-lo, não é verdade, Draco?


— Sou de sua opinião. Fez-nos passar um agradável momento, se bem que muito curto, meu caro menino...


Falando, o conde se inclinou para Alexis, pousando a mão em seu delicado ombro.


— ... E ficaremos encantados se nos permitir gozar desse prazer algumas vezes.


Alexis, cujo olhar se fixava com deleite na bela fisionomia de quem assim lhe falava, nesse momento iluminada por uma expressão cheia de doçura, respondeu vivamente:


— Quando o quiser, senhor conde! Se o senhor aprecia o pequeno talento com que Deus me dotou, sentir-me-ei felicíssimo em que me venha ouvir.


O professor apoiou amavelmente a resposta do filho. Hermione ficou silenciosa. A intrusão dos senhores de Runsdorf em sua vida particular muito lhe desagradava, porque temia que as relações com eles se tornassem fonte de aborrecimentos. Eram tão diferentes nas idéias e no estilo de vida! E, ademais sempre o mesmo pensamento! Não era isso certa maneira de lisonjear Alexis, de fazê-lo afeiçoar-se a eles, a fim de estudá-lo com vagar?


Quando o conde e sua irmã se levantavam, Ronald Weasley chegou. Cumprimentos e algumas palavras de cortesia foram trocados. O conde lembrou que tivera ocasião de ver Ronald nas caçadas do arquiduque. Em seguida, depois de ter convidado o professor e Alexis a se utilizarem da biblioteca de Runsdorf, Draco se afastou com a irmã.


— Ei-los então em relações amistosas! — disse Ronald, tomando lugar na cadeira que Hermione lhe designava.


O professor contou-lhe o acidente da véspera e como o conde se tinha mostrado amabilíssimo.


— Não é verdade, Hermione?


— Muito amável, com efeito, papai. Mas provavelmente estas relações ficarão nisto.


— E por quê? — perguntou Alexis — Eu espero tornar a vê-lo, pois gosto muito dele.


Decididamente, o conde já exercera sua influência sobre o menino. Hermione sentiu contrariedade tão viva que não pode se conter e respondeu com certa aspereza:


— Por que o lisonjeou tanto?


Alexis fitou-a surpreendido.


— Oh, que idéia! Você bem sabe que pouco me importo com os elogios. O conde se mostrou bom comigo e, além disso, tem uma fisionomia tão agradável e um olhar tão belo!


— Fisionomia agradável?... Hum! Isso depende... — disse Ronald sorrindo — Mas sua Excelência decerto lhe mostrou uma fisionomia despojada de altivez, meu caro Alexis. A senhorita não parece tão entusiasmada como o seu irmão, não é Mione?


— Tenho o mau costume de julgar as pessoas pela primeira impressão, o que é um erro. Assim, só lhe posso dar minha opinião mais tarde, quando ela estiver amadurecida, provada pela experiência.

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