Capítulo XI



Oi, oi Povo!!!


Eis mais um capítulo...


 


Nana! Sim, sim, muito observadora e lógica, temos aqui uma segunda Hermione!!rsrs E obrigada pelo “belos olhos” me senti agora!!rsrs


Olha, a Hermione está conquistando uma inimiga sim, mas não é necessariamente quem está pensando, isso você verá mais pra frente... A Cônega tem uma história bem complicadinha viu e você terá um vislumbre melhor dela no capítulo 12...


Agora, sobre música clássica, o que posso dizer... Que simplesmente amo, tenho uma coleção enorme aqui em casa... E ela como trilha sonora faz toda a diferença!!! *_*


 


Aninha! Sim, música clássica é tudo!! Assim como ópera também, amo de paixão...


Deja vu?? Será? Quem sabe... rs


 


Mocinha, cadê sua atualização?? Quero ver o Sev cuidando da Hermione e ficar com raiva do Rony, porque pelo que você já me falou, vou ficar com raiva dele!! ¬¬


 


Bjs e boa leitura!!


 


*****


 


Nessa noite, o administrador e seus filhos vieram a Runsdorf. Ginevra desejava mostrar a Hermione o seu trajo de sarau, uma obra-prima de singeleza e discreta elegância. Arthur Weasley também estava soberbamente belo em seu costume verde de cerimônia, uniforme oficial de suas funções, que envergava com incomparável aprumo.


— Você parece ter trinta anos, Arthur! — exclamou o professor.


Um sorriso, mesclado de tristeza, alterou levemente o bigode ruivo do administrador.


— Não exagere, meu amigo! Na verdade, moralmente, sinto-me um velho prematuro. Vamos, meus filhos, não podemos demorar muito. Até logo, Adrian.


— Onde deixou o seu carro?


— Disse a Colin para conduzi-lo à entrada do pátio; assim teremos que fazer menos caminho para tomá-lo.


— Vou vestir um casaco para acompanhá-los até lá — disse Hermione — O tempo está magnífico e talvez o ar fresco melhore esta dor de cabeça.


— Apanhou-a da Condessa Luna? — perguntou Ginevra, passando o braço pela cintura da amiga — É curioso como lhe deu aquela dor tão repentina, não? Parecia tão alegre enquanto tocava com Ron... Estava mesmo particularmente alegre e linda. Aliás, a música parece ter produzido um singular efeito em todos. A cônega mostrou-se estranha, o conde silencioso como um túmulo. A baronesa, então, revelou quanto é pouco educada! Mas até Ron ficou com fisionomia triste desde aquela hora, e ainda não mudou!


Arthur lançou um olhar para o filho e ficou surpreendido ao constatar que Ginevra não estava exagerando. Ronald, levantando ligeiramente os ombros, sorriu contrafeito.


— Onde você foi buscar isso, minha pobre Ginny? Estou com a fisionomia de sempre e não havia nenhuma razão para ser diferente.


O penetrante olhar do administrador por um instante examinou atentamente o semblante do moço. Em seguida, disse num tom breve:


— Partamos, meus filhos.


A lua iluminava o velho castelo, as brancas silhuetas das árvores, o pátio recoberto por um tapete de neve endurecida. Runsdorf assemelhava-se a uma paisagem lendária. Hermione murmurou:


— Que beleza! Como gosto desta velha mansão cheia de antigas recordações!


Arthur Weasley riu baixo, um riso cuja amargura fez a jovem estremecer.


— Não se deixe prender ao seu encanto, senhorita. Alguém poderá saber os mistérios vergonhosos e cheios de dor que se escondem sob as suas altivas muralhas! Tome cuidado! O velho Runsdorf é um feiticeiro perigoso para os jovens corações confiantes.


Interrompeu-se e repentinamente estacou.


Acabavam de atravessar o corpo principal do edifício e chegavam perto da grande escadaria. A carruagem de Runsdorf esperava junto do último degrau. Do vestíbulo, pouco iluminado, surgira à luz do luar o fascinante vulto de uma mulher vestida de seda violeta, tendo aos ombros longa e delicada pele de arminho, que mais realçava a soberana elegância de seu corpo incomparável. Sobre o peito pendia-lhe uma cruz de ouro, em cujo centro resplandecia solitário diamante. Pequeno diadema ornava-lhe a cabeleira escura, em bandós[1] emoldurando o admirável semblante, próprio àquele corpo de rainha.


Era a cônega no magnífico traje de recepção do seu Cabido.


— Que linda! — murmurou Ginevra com a voz opressa pela admiração.


A cônega acabava de avistá-los, parados a alguns metros da escadaria. Ela se imobilizou e por instantes pareceu uma estátua. A cabeça erguida fitava Arthur Weasley. Ele, tendo tirado o chapéu, numa atitude não menos altaneira, tinha também os olhos fitos nela.


Espetáculo surpreendente esse, dessas duas soberbas criaturas, envoltas pela claridade argentina[2] da lua! Ela, personificando, em sua rica e pesada indumentária, o orgulho aristocrático levado aos seus últimos limites; ele, o altivo e nobre Weasley, representando a burguesia orgulhosa e forte pelo passado de honra e zelosa dos seus privilégios.


Draco e Luna apareceram logo, aproximando-se da tia. Esta estremeceu e recomeçou a andar, dirigindo-se para os degraus da escada.


— Ah! Ei-lo aqui Sr. Weasley! — disse cordialmente o conde — Que agradável surpresa encontrá-lo em minha casa! Faremos pois o caminho em sua companhia?


Enquanto falava, o conde desceu rapidamente a escadaria e se adiantou para o pequeno grupo.


— Avistamo-nos tão raramente, Sr. Weasley, que ainda não tive ocasião de encontrá-lo, estando eu em companhia de minha tia. Como sabe, jamais nos esqueceremos de que lhe devemos haver conservado para nós aquela que nos é tão querida.


Voltara-se um pouco para a tia, que parara junto da carruagem. O semblante da cônega estava tão branco quanto o arminho.


— Sim, o nosso reconhecimento subsiste sempre — disse ela em voz baixa e trêmula — Sinto-me feliz por lhe agradecer mais uma vez, Sr. Weasley.


— O reconhecimento é supérfluo, minha senhora. Fiz simplesmente o meu dever, salvando uma criatura humana de morte horrível. Embora possam pensar diferentemente, nunca pretendi outros agradecimentos a não ser os da minha consciência.


Havia em sua voz uma entonação mordaz e cruel. Entretanto, a mão que se apoiava no punho da espada tremia ligeiramente.


O famoso rosto da cônega teve uma fugitiva contração, os dedos finos tocando nervosamente a cruz de ouro.


— Nunca pus em dúvida o que está me afirmando, mas essa circunstância aumenta ainda mais a minha gratidão, da qual lhe posso dar uma única prova: a prece que todos os dias dirijo a Deus pelo senhor, desde o dia em que salvou a minha vida.


A voz se enternecera; adivinhava-se que uma poderosa emoção se apoderara dela, pela expressão do rosto e o clarão dos belos olhos castanhos, emoção essa que pareceu refletir-se na fisionomia de Arthur.


— Agradeço-lhe de todo o coração, minha senhora! — disse ele inclinando-se.


A cônega subiu para a carruagem, cuja portinhola Argus mantinha aberta. Depois que o velho arranjou a longa cauda de arminho, Luna, um pouco pálida sob o capuz branco, sentou-se junto da tia. Não dera um passo para os Weasley e não mostrara haver percebido a sua presença, senão no que exigia a estrita polidez.


— Senhores, tornaremos a nos encontrar em casa do arquiduque — disse Draco amavelmente, apertando a mão do administrador e de seu filho, e inclinando-se ante as jovens.


Arthur Weasley instalou a filha em seu carro, sob peliças, enquanto a carruagem de Runsdorf se punha em movimento. Ginevra, acenando com a mão enluvada de branco, disse a sua amiga:


— Boa noite, Mione! Eu desejaria muito mais ficar com você em sua casa!


— Sim, a senhorita é bem feliz, Srta. Granger! — acrescentou o Conde Malfoy, num tom meio brincalhão, meio sério, curvando-se, por um instante, pela portinhola da carruagem.


Hermione, voltando para o seu apartamento, ia pensando que era na verdade uma privilegiada. Enquanto eles iam para uma festa oficial, obrigação mundana, ela podia ficar calmamente junto dos seus. Mas, então, porque essa impressão singular que experimentava pela primeira vez? Não seria uma espécie de desgosto por ter ficado?


Desgosto por não estar entre as mulheres elegantes que iam enfeitar, nessa noite, a residência arquiducal? Oh não, certamente, ela jamais as invejara!


Desgosto por não ser uma nobre dama como a cônega? Pobre senhora!


Não, Hermione não desejava trocar a sua sorte pela dela! Sob a máscara altiva de aristocrata, sob o arminho e o diadema que tão bem lhe assentavam, a jovem adivinhara um mundo de secretos sofrimentos e de pungentes desgostos.


“Então, que pesar é esse, Hermione Granger? Por que essa impressão de profunda melancolia? Não seria essa uma reminiscência daquele momento de loucura que algumas vezes lhe voltava, ó ajuizada Hermione?”


A moça, nessa noite, prolongou as suas orações, embora sentisse estranho frio no grande aposento aquecido por uma estufa de faiança[3]. Uma ligeira corrente de ar gelado lhe fustigava desagradavelmente o rosto e fazia tremer a chama da lâmpada.


“De onde poderá vir esta corrente de ar?” pensou ela, levantando-se. “Será ainda da galeria?”


Sim, era dali. Hermione cobriu-se com um xale e abriu a porta de comunicação. Com um rápido olhar constatou que o papel colado pelo Sr. Filch estava rasgado. Aquele conserto precário, que Otávia dissera provisório, ali continuara e Hermione há muito tempo sabia que a despesa para substituir esse vidro era considerada supérflua, já que essa parte do castelo nunca “era vista por ninguém de fora”.


Como sempre acontecia anteriormente, quando abria aquela porta de comunicação com a galeria, Hermione quis dar uma olhadela no lago. Avançou, pois, uns passos para a abertura; um grito de estupefação afogou-se-lhe na garganta.


A água tinha desaparecido!


— Estarei sonhando! — murmurou, esfregando os olhos.


Mas não! Não havia engano: a luz iluminava bem a capela e os seus arredores e o vazio profundo formado pelo leito do lago aparecia claramente, mostrando, diante da entrada da capela, uma larga abertura, semelhante à boca de um abismo.


Hermione ficou imóvel, petrificada pela surpreendente descoberta, esperando ver surgir a qualquer momento alguma misteriosa aparição.


E eis que, lentamente, a água veio borbulhando, subiu pouco a pouco, até ficar no nível habitual.


No limiar da entrada da capela um vulto se moveu: era a figura de um homem alto e magro que Hermione reconheceu imediatamente.


— Argus!... Mas é o Sr. Argus Filch! — murmurou aterrorizada.


O velho criado transpôs rapidamente a pontezinha de pedra que ligava a capela à margem e desapareceu por uma porta do edifício que lhe ficava em frente.


Hermione, tremendo de frio e de emoção, voltou para o seu quarto, mas não conseguia adormecer. Esse misterioso desaparecimento das águas do lago e a presença de Argus na capela a essa hora da noite lhe pareciam muito suspeitos. Avivou-se-lhe a lembrança da desagradável impressão que o velho servidor lhe causara desde o dia da sua chegada – tanto mais que Argus sempre tratara os Granger de maneira apenas formal, embora com a necessária delicadeza, nos poucos contatos que tinham tido com ele. Que teria ido fazer lá esse criado, assim oculto pelo mistério da noite? Então, ele conhecia um meio de desviar as águas do lago, ainda que lhes tivesse afirmado que jamais alguém pensara nisso? Não dissera ele que esse desvio não traria nenhum benefício para os senhores de Runsdorf? E por que, conhecendo o segredo, ocultava-o dos patrões? O conde, com efeito, dias antes, referira casualmente, em palestra, que deplorava os seus antecessores não terem tido a curiosidade de conhecer a conformação do fundo do lago. Havia mesmo acrescentado, então: “Se não fosse a despesa colossal que isso acarretaria, eu o faria de muito boa vontade”.


Era pois evidente que ele ignorava o meio – pronto e fácil, segundo as aparências – de que Argus se servira há pouco.


“Que se ocultará lá embaixo?” pensava Hermione, preocupada. “Por que dissimula esse homem com os patrões, que parece estimar tanto?”


Subitamente veio-lhe à lembrança o caso da jovem camareira, amiga de Otávia, outrora estrangulada na beira do lago.


Estremeceu, horrorizada, ao pensar:


“Provavelmente essa pobre moça viu o que eu vi!”


 




[1] Bandô: Penteado feminino que assenta dos dois lados da testa.


[2]  Angentina: Nesse caso, se refere a algo de timbre fino como o da prata.


[3] Faiança: Louça de barro esmaltado ou vidrado; louça de pó-de-pedra.

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