MONSTROS

Em poucas semanas, Harry Potter mostraria aos Comensais da Morte de Voldemort que o Reino Unido não era seguro para eles. Em poucos meses ficaria muito claro que o mundo nunca mais seria seguro para os partidários das trevas. Os ataques eram tantos e em tantos lugares que a princípio imaginou-se que Dumbledore havia organizado um exército incrivelmente grande. Só o Lorde das Trevas afirmava que isso era obra apenas do “garoto que sobreviveu”. O pânico entre os comensais aumentava. As mortes eram sempre violentas. Amputações, incinerações, avisos que não haveria escapatória faziam parte do repertório de terror. Por causa de uma divergência sobre a estratégia a ser seguida, o Lorde matou friamente Lucio Malfoy, seu principal partidário. Os comensais não sabiam se temiam mais a Voldemort, que parecia totalmente inseguro e descontrolado ou essa força destruidora que eles não sabiam se partia de um único homem ou de um exército.

- Boa noite, Nott – disse uma voz fria e grave, sobressaltando o jovem Comensal da Morte – Eu não vou ficar muito feliz com você por vigiar a casa dos pais de Hermione Granger. Você não abandonou Hogwarts apenas para ser um reles vigia, não é mesmo?

- Quem... quem é você? – o pânico fazia com que o comensal tremesse – Potter, é você?

- Sim, sou eu - respondeu o outro friamente, retirando o capuz que cobria o seu rosto – Você sabe o que aconteceu com aqueles dois que estavam próximos à casa dos Weasleys na semana passada, Nott? Você viu o que sobrou deles?

- Meu, Deus, Potter! Você decapitou aqueles dois! – o comensal tremia descontroladamente – Você é pior do que o Lorde, você...

- Eu sou o seu pior pesadelo, seu verme! – disse Harry, desferindo uma bofetada em Nott, atirando o outro no chão – Você tem coragem de me julgar? Vocês, que matam crianças trouxas?

- Mas eu nunca...

- Oh, claro, você nunca matou por que é covarde demais pra fazer o que gosta, diferentemente do seu papai, não é mesmo?

- Foi você! Você matou meu pai, seu maldito!

- Digamos que eu e aquele monte de bosta de dragão que era o seu pai tivemos um desentendimento amigável. Ele gostava de matar crianças trouxas e mestiças e eu não aprovo isso. No final da discussão ele perdeu alguns dentes, os olhos e as mãos. Sabe, é difícil às vezes manter todos os membros junto ao corpo. A propósito, seu covarde, se você mijar nas calças, eu vou remover alguma coisa do seu corpo que vai tornar um pouco complicada futuras operações desse tipo. Eu sei que você desprezava o seu pai, Nott. Eu sei que você pensou que ser um Comensal da Morte era apenas uma brincacadeira contra os trouxas. Eu sei que você, como outros, só está ainda com Voldemort – Nott soltou um grunhido quando Harry pronunciou o nome – porque tem medo dele. Mas hoje eu vou provar pra você que eu posso ser pior que o seu Lorde.

- Você vai me matar, como matou meu pai?

- Não, eu vou deixar você vivo para dar um recado. Talvez você seja o recado, mas você vai continuar, digamos, vivo.

- Vou?

- Mas antes eu quero uma informação que você possui. Eu quero Pettigrew. Aquele rato está escondido. Ratos como vocês sabem se localizar.

- Mas eu prometi a ele...

- E vai me dizer, agora, Nott! Você tem três segundos.

- Mas...você disse que me deixaria ir!

- Dois...

- Mas você disse...

- Disse que o deixaria ir, não que você iria inteiro. Um...

- Mas...

- Bem, seu tempo acabou, vamos ter que fazer isso do modo mais difícil – Harry levantou a mão direita até a altura do rosto do comensal, que um segundo antes de ter seu globo ocular expulso e flutuando no ar, havia começado a gritar, prevendo o que viria a seguir, numa agonia que acordaria a vizinhança inteira, se não tivesse sido silenciado por um novo feitiço.

- Você ainda tem um olho. Eu estanquei a hemorragia, mas deixei a dor para que você não se esqueça. Agora, eu vou devolver a sua voz e você vai dizer onde é a toca do rato.

Horrorizado com o poder e a crueldade daquele jovem, praticamente da sua idade, Nott disse a Harry o que ele queria saber, o que foi a última coisa que conseguir pronunciar de maneira inteligível até a sua morte na ala dos loucos do St. Mungus alguns anos mais tarde. Diziam que morreu sufocado, com medo de que sua respiração atraísse um demônio cruel que viria buscar o seu outro olho.

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