TREVAS E SANGUE



No dia anterior Harry a havia beijado pela primeira vez. Havia dito que a amava, embora tivesse um segredo que precisava lhe contar. Muitos anos depois ela soube (mas não através de seu amado) da maldita profecia que dizia que ele deveria perecer nas mãos de Voldemort ou matá-lo. Gina Weasley, aos quinze anos de idade sentia-se absurdamente feliz. Harry havia dito que a amava! Ela poderia gritar isso pelos quatro cantos. Mas no dia seguinte tudo iria desmoronar da maneira mais trágica e sangrenta possível.

- Eu não vou a Hogsmeade sem você, Harry! – dizia Gina pela milésima vez.

- Não tem sentido nós dois ficarmos presos aqui, Gina. Vai como o Roni e a Mione e me compra um monte de sapos de chocolate – disse o garoto, tentando animar a namorada.

-Tá. Eu vou trazer a “Dedosdemel” inteira pra você! Aquele maldito Snape! Ele só te deu essa detenção hoje porque sabia que era dia de visita a Hogsmeade. E você só respondeu às provocações daquele gorila do Crabe. Foi tão injusto!

Harry suspirou daquele jeito peculiar que fazia com que Gina sentisse muita pena dele, e que revelava estar conformado com as injustiças do mundo.Era o mesmo suspiro que dava quando falava daqueles seus parentes trouxas horríveis que o maltratavam tanto. Gina mais uma vez tentou convencê-lo a permitir que ficasse, mas ele a dissuadiu, prometendo para mais tarde muitos beijos e ela os sapos de chocolate. Quis o destino e alguns comensais da morte que não houvesse uma coisa nem outra.

Mais tarde, Harry limpava as estantes da masmorra de Snape quando algo começou a perturbá-lo. Não era a cicatriz que o ligava a Voldemort. Era algo que vinha incomodando-o há algum tempo. Às vezes podia sentir as emoções das pessoas, principalmente quando eram fortes. Ódio, medo, dor , mas não havia falado para ninguém. De repente uma enxurrada desses sentimentos, tudo num fluxo contínuo invadiram o garoto. Cambaleou e teve que segurar numa prateleira para não cair. O Professor Snape, que estava lendo um grosso livro de capa negra, levantou os olhos por um instante e sibilou entre dentes:

- Potter, você não vai fingir que está doente para escapar de suas obrigações e... – Snape, entretanto não completou a frase. Vendo a palidez do grifinório, aproximou-se. – Que diabos você...- Harry estava olhando para ele, mas os seus olhos verdes, que pareciam muito mais brilhantes, estavam focados num ponto distante. Com uma voz estranhamente grave, disse apenas “Hogsmeade” e desaparatou. Desaparatou de Hogwarts! Todos diziam ser impossível por causa dos feitiços antigos que guardavam a escola. O que se seguiu tornou-se uma lenda no mundo bruxo.

Harry aparatou em Hogsmeade no meio de um caos terrível. Gritos vinham de todos os lados. Os comensais da morte tinham atacado o vilarejo. Num claro desafio a Dumbledore e ao ministério da magia eles tinham resolvido levar o caos ao local bem no dia da visita dos alunos de Hogwarts, quando havia muita gente na rua. Harry podia sentir o que se passava. Os malditos pretendiam levar o pânico, principalmente aos seus amigos. Havia corpos espalhados pelas ruas. Alguns poucos aurores tentavam combater dezenas de comensais. Mas o maldito Voldemort não estava ali. Harry sabia disso. O desgraçado iria divertir-se depois, quando seus asseclas contassem as barbaridades que cometeram. Harry sentia-se mal. Sua cabeça latejava e sentia náuseas. Ele não sabia ainda como havia conseguido aparatar no vilarejo. Lembrou que estava sem a sua varinha, esquecida no casaco que havia deixado na sala de Snape. Um comensal aproximou-se dele. Ele pareceu conhecê-lo e um riso feroz tomou o seu rosto. Ele ia matar aquele moleque insolente que parecia perdido ali. O seu mestre ficaria feliz com isso. Apontou a varinha para o garoto, mas este num gesto aparentemente involuntário levantou a mão direita. Algo como uma descarga elétrica atingiu o peito do comensal e ele foi jogado a dez metros de distância, caindo morto, com queimaduras e ferimentos terríveis por todo o corpo. Harry estava tonto. Não sabia como havia conseguido executar aquela mágica sem varinha. Precisava salvar seus amigos. E Gina.

Cambaleou alguns passos e reconheceu caído numa calçada, com os olhos arregalados e petrificado, seu companheiro de quarto Dino Thomas. Morto. Ódio e revolta tomaram Harry naquele momento. O monstro que havia matado seu amigo caminhava alguns passos à frente, pronto para matar de novo. Podia sentir os pensamentos do comensal. Muito satisfeito consigo mesmo por matar um adolescente “sangue-ruim”. Era Rodolfo Lestrange, marido da megera que havia matado seu padrinho. Com uma voz extremamente grave e forte, Harry gritou o nome do bruxo. Quando ele virou, sorriu ao reconhecer quem o chamava. Rápido como um raio, Lestrange apontou a varinha, mas antes que pudesse pronunciar algum feitiço, Harry fez um gesto violento com os punhos, como se socasse o ar e Lestrange caiu despedaçado. Como se houvesse sido moído por dentro, o bruxo despencou numa massa amorfa de roupas e sangue. Alguns comensais que presenciaram a cena se afastaram assustados. Harry sentiu uma pontada no peito. Gina estava em perigo.

Ainda sem ter noção de como fazia tudo aquilo, o garoto desaparatou e aparatou a alguns quarteirões de distância. Na entrada da Dedosdemel, Roni e Hermione duelavam com vários comensais, enquanto Gina, caída, mas corajosamente com a varinha em punho, tentava resistir a outro. Era Macnair, que se divertia matando animais perigosos para o ministério da magia. Harry podia sentir os pensamentos imundos do bruxo em relação a Gina. Sua Gina! Harry emitiu um grito tão alto que janelas se quebraram e corujas levantaram vôo em revoada do correio bruxo. Uma estranha aura de poder se desprendia dele. Flutuou alguns metros acima do chão, levantou o braço direito e num gesto gracioso desceu-o descrevendo um arco. Macnair caiu gritando. O braço que segurava a varinha, decepado como se um bisturi mágico terrivelmente afiado tivesse feito o serviço. Um outro gesto e os comensais que ameaçavam Roni e Hermione caíram ensangüentados, pernas e braços separados do corpo num espetáculo macabro. Um outro gesto em forma de arco e a cabeça de Macnair desprendeu-se do corpo e rolou pela calçada. De repente, em meio aos gritos de pânico, uma voz insana de mulher se fez escutar. Bellatrix Lestrange.

- Então o bebezinho Potter resolveu brincar com as artes das trevas? Você vai pagar por isso, maldito!

Harry naquele momento estava além do medo, do ódio, da dor. Ainda flutuava como se não pesasse nada. Vagamente lembrava-se que aquela mulher horrível havia matado Sirius, o homem que durante algum tempo havia sido um verdadeiro pai para ele. Sem pensar, sem refletir, ergueu de novo o braço direito e fez um gesto no ar como um corte horizontal. Ficou satisfeito em notar que uma expressão de pânico deformou o rosto de Bellatrix antes que ela tombasse entre espasmos, o sangue jorrando de sua garganta cortada.

Harry ouviu o barulho de comensais desaparatando. Havia impressionado aqueles malditos. Podia sentir o medo deles. De repente a realidade parecia ter sido restaurada. Harry estava de novo no chão, confuso, nauseado. Havia choros, pessoas mortas. Seus amigos, Gina à frente corriam até ele. Um velho de longos cabelos e barbas prateadas caminhava logo atrás. Harry não lembrava de ter visto o velho professor Alvo Dumbledore com um ar tão preocupado. O garoto sentiu uma estranha umidade na sua pele. Ao passar as mãos no rosto, percebeu que havia sangue. Do nada, um frio terrível congelou-o até os ossos. Trêmulo, sangrando pelo nariz e a cabeça explodindo com uma cacofonia de vozes e pensamentos que pareciam entrar-lhe no corpo por todos os poros, Harry Potter caiu desacordado.

No futuro os feitos desse dia seriam lembrados com veneração e medo. Seriam também exagerados ao extremo. A verdade é que os comensais da morte mataram vinte e seis pessoas entre estudantes, moradores, turistas e aurores. Fora dezenas de pessoas feridas por feitiços disparados a esmo. Sozinho, sem varinha e sem saber direito o que fazia, o jovem bruxo mutilara mortalmente dez bruxos das trevas, homens e mulheres da confiança de Voldemort e talvez alguns dos seus mais perigosos capangas. Assim terminaria o dia que entraria para a história do mundo bruxo como o “Massacre de Hogsmeade”.

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Comentários (3)

  • YasmimPessoa

    KKK , EURI , o Massacre de Hogsmeade , ahsuahusa ' Muito emocionante essa fic. 

    2013-02-04
  • Dih Potter

    UHU.... \O/Q coisa boa de se ler... Adorandooooooooo 

    2012-01-22
  • Bárbara JR.

    "Flutuou alguns metros acima do chão, levantou o braço direito e num gesto gracioso desceu-o descrevendo um arco. Macnair caiu gritando. O braço que segurava a varinha, decepado como se um bisturi mágico terrivelmente afiado tivesse feito o serviço. Um outro gesto e os comensais que ameaçavam Roni e Hermione caíram ensangüentados, pernas e braços separados do corpo num espetáculo macabro. Um outro gesto em forma de arco e a cabeça de Macnair desprendeu-se do corpo e rolou pela calçada." Eita porra O.O   - massa :B

    2011-07-31
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