OLHOS VERDES



Gina Weasley descansou os olhos da revista trouxa que lia e sorveu um gole da sua xícara de chá. Lá fora uma chuva fina e um vento frio inauguravam o inverno de Londres. Era bom estar de volta. Três anos como apanhadora na Liga de Quadribol dos E.U.A. Gina nunca se acostumara com aquele país estranho que tantos ingleses adoravam. Na Inglaterra estava sua vida, sua família, sua melhor amiga e quase cunhada Hermione Granger e suas memórias. Recusara milhares de galeões para continuar na América e aceitara um emprego bem mais modesto como comentarista de quadribol do Profeta Diário. Para quem sempre havia sido pobre, o que havia ganhado como jogadora lhe daria uma vida confortável por muito tempo. E depois ela estava cansada das viagens e das contusões constantes.
Distraída, olhou ao redor do café com poucas pessoas naquela hora da tarde. Foi quando ela a viu. Muito bonita, usando uma boina sobre os cabelos rastafarianos e improváveis olhos verdes num rosto totalmente negro, que olhavam vivamente para Gina. A ruiva sorriu interiormente. A garota parecia uma mistura de Angelina Johnson com Harry Potter, seus antigos companheiros do time de quadribol de sua casa em Hogwarts. Tempos felizes aqueles. Harry Potter... Nove anos tentando esquecê-lo e tentando se convencer da tolice daquela paixão juvenil. Hoje em dia havia bruxos que acendiam velas e incensos em memória de Harry, mesmo ignorando se está vivo ou morto. "O menino que sobreviveu", "o jovem que derrotou as trevas". Havia também jovens idiotas que afirmavam que Harry nunca existiu. Que havia sido uma lenda inventada pelo Ministério da Magia. Mas Gina sabia que Harry Potter era, ou pelo menos havia sido, de carne e osso. O Harry que ela havia conhecido era um menino tímido, meio magricela e de óculos, que tentava esconder a sua famosa cicatriz sob os cabelos negros sempre desarrumados. Que odiava a atenção que despertava em qualquer lugar do mundo dos bruxos. E aqueles maravilhosos olhos verdes!! Sim, ela fazia parte do grupo seleto de bruxos que havia conhecido muito bem Harry Potter. E como ela o tinha amado!
Envolta em seu devaneio, Gina mal percebeu que a garota negra havia se levantado e se dirigia até a sua mesa. "Pronto", pensou Gina, "ela deve ser alguma aprendiz de jornalista e me conheceu por causa dos cabelos ruivos". Um certo desconforto tomou conta dela. " Ou deve ser alguma fã norte-americana". "Sim, este pedaço da cidade sempre está cheio de turistas bruxos de outros países". "TEM QUE SER ISSO", pensou, tensa, ao ver que a menina havia se sentado a sua frente. Mas no fundo Gina sabia do que se tratava. Há nove anos esperava que alguém lhe touxesse notícias DELE.
- Boa tarde, Sta. Weasley, desculpe incomodá-la mas prefiro ir direto ao assunto. Eu quero lhe falar sobre Harry Potter.

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