Capítulo Vinte e Dois



Capitulo 22
Ou The One Where She Goes To Paris




Durante as duas horas em que passei no trem, eu tinha tantos pensamentos na minha cabeça, que já não conseguia raciocinar direito. Só me dei conta realmente do que estava fazendo quando James me ligou.


- Lene, cadê você? A gente não ia se encontrar com o pessoal lá no Picadilly Circus depois da aula?


- Ai, eu esqueci. James, eu vou chegar um pouco tarde hoje, então você pode me ajudar? Se alguém lá em casa perguntar, diz que eu saí com vocês hoje e etc.


- Eu sou um péssimo mentiroso, você sabe disso. Especialmente quando se trata da vovó.


- Eu confio em você. Faça o seu melhor. E se ela não acreditar, fica tranqüilo que eu me viro mais tarde.


- Tudo bem. Mas onde você está?


- No trem, a caminho de Paris. – respondi, temendo o que ele fosse achar disso.


- Ok. Essa era a última coisa que eu esperava ouvir. – James respondeu surpreso. – Bom, boas compras, ou seja lá o que você foi fazer aí.  E me liga mais tarde, pra dar notícias.


- Obrigada. Eu te ligo sim. Tchau. – desliguei o telefone agradecendo mentalmente por James não ter feito mais perguntas.


xxx


Fiquei parada em frente ao prédio antigo durante alguns minutos. Fiquei fazendo listas de prós e contras sobre o que eu estava fazendo, e obviamente não cheguei a conclusão nenhuma. Finalmente, subi até o último andar.


O lugar continuava igual, e não havia muitas pessoas lá. E sentado numa cadeira próxima a janela estava Sirius. Ele não estava com seu violão. Surpreendentemente - para mim - ele estava lendo. Não que eu achasse que ele não sabia ler, mas na minha mente, ele seria um cara que preferiria passar a tarde tocando violão e escrevendo músicas a ficar lendo. Especialmente se for Tolstoy, que era o que ele estava lendo. Então, lembrei-me da quantidade de livros que havia no quarto dele. Eu não deveria estar nem um pouco surpresa.


- Eu nunca li, mas sei que é extremamente chato. Tolstoy é um porre. – eu disse, sentando-me na cadeira a sua frente. Essa parecia a melhor maneira de começar uma conversa naquele momento.


Sirius estava surpreso, mas tentava não demonstrar. Apenas levantou as sobrancelhas, encarando-me, enquanto fechava o livro.


- Você já leu?


- Eu dormi na segunda página de “Anna Karenina”. – eu respondi, fazendo-o rir. No entanto, era verdade. Eu tentara ler o livro, forçada por meus avós, e desisti. Todos os personagens têm nomes parecidos! – Não é o meu tipo de livro.


- E qual é o seu tipo de livro? Nicholas Sparks? – hm, agora ele estava me provocando.


- Não, deixo esses para a minha mãe. Eu prefiro os filmes, são bem melhores. Todos eles. Exceto o da Miley Cyrus e o “Querido John”. – É, eu tenho problemas com filmes baseados nos romances do Sparks. – Eu gosto Jane Austen. – disse, após uma pausa. – Shakespeare também é muito bom, se você superar o fato de que ele adora uma tragédia.


- Não me leve a mal, - ele começou, com uma voz suave. - Mas nunca pensei que você gostasse de ler.


- Tudo bem. Ninguém nunca pensa. – eu respondi, sem ressentimento algum.


Era verdade. Só porque eu adorava sair, me vestir bem e coisas do tipo, sempre achavam que eu era 100% fútil. A verdade era que eu sempre adorei ler. Em casa, obviamente. E eu realmente era uma boa aluna. Não era nenhuma nerd, mas conseguia tirar boas notas tranquilamente.


- Não é uma coisa ruim, sabe?


- O quê? – percebi que ele me encarava daquele jeito que eu não sabia identificar o que era. Mas seu tom de voz estava mais sério.


- Mostrar esse seu lado ás pessoas. – ele respondeu dando um gole em sua bebida que estava na mesa ao lado. – Assim elas não teriam uma idéia tão errada sobre você.


- É, mas... - eu hesitei ao continuar. Nunca havia dito algo tão pessoal a alguém. – Eu fico pensando que se mostrasse, todos esperariam tanto de mim. E eu não quero passar o tempo todo tentando corresponder ou superar as expectativas dos outros.


Por um momento, ele apenas analisou o que eu dissera, nunca desviando os olhos de mim.


- Ainda assim, - ele apoiou os cotovelos no joelho, aproximando-se de mim. – você deveria mostrar. Surpreenderia muita gente.


- Obrigada. – eu respondi, agradecida pela sinceridade dele.


 Passei o dia em Paris, conversando com Sirius. Fazendo apenas isso. Conversando. Foi engraçado como pela primeira vez, conseguimos passar um tempo razoável sem discutir.


No final da tarde, fui para a estação. Entrei no trem, e quando sentei-me no banco ao lado da janela, vi Sirius parado, me dizendo alguma coisa. Não consegui ouvi-lo, então abri a janela.


- O quê? - perguntei, fazendo um pequeno esforço para escutá-lo direito. O barulho na estação era grande.


- Porque você veio aqui?


Essa era a pergunta que ambos estávamos evitando o dia inteiro. O que eu deveria dizer? “Tomei o primeiro trem de Londres a Paris simplesmente porque eu queria saber se você escreveu aquelas músicas pensando em mim.” Hm, não.


- Porque... – eu comecei, tentando ao máximo não ficar vermelha. – Você não se despediu.

O que, se pensarmos bem, não era mentira. Afinal, aquela cena na minha casa não poderia ser considerada uma despedida nem de longe. Ok, era uma desculpa ridícula, mas o que mais eu poderia ter respondido?


Ele pareceu acreditar, porque simplesmente deu um pequeno sorriso torto e disse:


- Tchau, Marlene McKinnon.


- Tchau. – eu respondi, sentando-me direito no banco, e o trem saiu.


Xxx


You said your life needed something special
Which you don't have, yeah…


Eu desliguei o pequeno aparelho de som que ficava no canto do quarto e sentei-me na poltrona, olhando as gotas da chuvas baterem contra a janela.


- Achei que gostasse da música dele. – minha mãe perguntou, saindo do banheiro, penteando os cabelos.


- Não mais. Só toca as músicas dele na rádio. – eu me ajeitei melhor na poltrona para olhá-la. – É irritante.


- Filha, o que há de errado? – ela me olhava preocupada.


- Porque tudo fica mais complicado à medida que envelhecemos? – minha voz saiu um pouco estranha, pelas lágrimas que estavam vindo.


Ela riu levemente, e chamou para sentar ao seu lado na cama, e em seguida, me abraçou.


- Tudo sempre foi complicado. – ela começou calmamente. – O que mudou foi que agora você está mais independente. Não resolvemos mais seus problemas, e por isso eles lhe parecem maiores.


- Você já quis alguma vez jogar tudo para o alto, e fazer algo diferente? Dizer “dane-se” para o resto do mundo?


- Muitas vezes. – ela respondeu, agora soltando-me do abraço. – Você não está planejando nada ilegal, está?


- Não, mãe. – eu respondi rindo. Ela conseguia ser tão dramática às vezes.


- Bom, você tem que seguir o que seu coração quer. O que a sua consciência manda. Eles sempre caminham juntos.


Falando assim parecia fácil, mas eu sabia que na prática seria muito complicado.


- Mas você tem que lembrar que seus atos têm conseqüências. – minha mãe completou, e eu tive vontade de chorar mais uma vez. Toda essa história era difícil demais para mim. – Agora, sobre a sua festa!


- É, eu acho que vou fazer com o tema de anos 80.


- Eu gostei. – minha mãe sorriu, feliz por eu concordar em ter uma festa. – E o que você quer de presente?


- Não preciso de presente, mãe. – respondi, e ela logo em seguida fez uma expressão estranha. – Que foi?


- Nada, é só que... – ela me olhou, provavelmente pensando no que diria a seguir. – Você mudou. E eu não sei se você está ficando madura, ou eu é que estou envelhecendo!


- É o que todos estão dizendo ultimamente. – eu disse, entediada com aquilo. Será que era um complô contra mim ou algo do tipo?


- Eu conheço essa cara. – ela disse, em tom de advertência. – Eu sei que não gosta que as pessoas te julguem. Mas tem que acreditar, dessa vez é verdade.


xxx


- Então, vai finalmente dizer que porra você foi fazer em Paris?


- Belo linguajar, primo. – eu respondi, revirando os olhos. – O que a Lily está fazendo aqui?


- É uma intervenção. – Lily respondeu, enquanto eu sentava-me no sofá. Eu olhei para cima, já que ambos continuavam em pé. – Estamos aqui porque te amamos, e queremos o seu bem.


- E quando dizemos “bem”, queremos que faça a escolha certa. – James disse, cruzando os braços com uma expressão nada feliz.


- E a escolha certa é sempre o amor! – Lily terminou feliz, e tanto eu quanto James olhamos para ela como se fosse louca.


- Esse é um pensamento muito perturbador, Lily. – eu respondi, temendo o que ela tinha em mente. – E além do mais, quem foi que falou alguma coisa sobre amor?


- Ok, eu posso ser muito fútil, mas burra eu não sou! – ela começou ofendida, partindo logo em seguida para um tom de desespero. – Lene, você tem que admitir agora o que sente, senão vai perder ele!


- Ele quem? – eu perguntei, mas eu sabia de quem ela falava.


- O nosso querido Damon-cover.


- Espera aí, quem é esse? – James perguntou, confuso.


- Lily, porque todo esse interesse repentino nele?


- Então você não viu? – ela perguntou surpresa, e tirou da bolsa uma revista. – Aparentemente, papparazzi franceses são mais discretos que os americanos.


Estampando uma página inteira havia uma foto de nós dois conversando na estação de trem. Pelo ângulo que a foto fora tirada, parecíamos estar muito próximos um do outro, e para qualquer pessoa que visse, pensaria que havia alguma coisa acontecendo naquele momento. Eu realmente não tinha percebido tirarem essa foto. No título da matéria, lia-se: “Miley Cyrus já era!!!”, e ainda tinha uma pequena coluna falando só sobre mim.


- Então você não foi a Paris fazer compras. – James falou, calmamente, como se isso não o surpreendesse.


- Ok então. O que vocês querem que eu diga?


- A verdade, Marlene! – Lily reclamou, começando a ficar irritada.


Respirei fundo, e contei o que acontecera quando fui ao hospital e encontrei a mãe de Sirius (só não contei o real motivo de ter ido pra lá), e como depois de ouvir o CD e falar com Lola, as coisas pareciam finalmente se encaixar.


- E eu não sei o que fazer. – eu disse, depois de contar tudo. Por mais que eu odiasse admitir, estava a ponto de chorar. Simplesmente pelo fato de não ter mais tanta certeza sobre tudo.


- Você precisa dizer ele a ele, Lene. – James agachou-se ao meu lado, pegando a minha mão. – Confia em mim, é pior se você não diz nada.


Eu sabia que ele na verdade falava sobre Lily. E Lily sabia também. Mas por algum motivo ela optava por ignorar.


- Se ele realmente sentisse algo, ele diria! Se ele consegue escrever músicas sobre isso e cantar para o resto do mundo, ele consegue dizer na minha cara!


Lily revirou os olhos, reclamando que eu era muito cabeça-dura.


- Talvez você não tenha dado oportunidade para que ele lhe diga.


Depois de uma tarde inteira conversando em Paris? O que ele esperava? Que eu pulasse no colo dele, morrendo de amores? Se fosse isso, ele que esperasse sentado, pois eu não sou assim.


 


n/a: Sabe aquele momento em que você não sabe o que dizer às pessoas? Então, é isso que está acontecendo comigo agora. Não tenho muito o que dizer, só que não tive tempo, e falta pouquíssimo para acabar a fic. Pouquíssimo do tipo 1 ou 2 capítulos no máximo. :(


Aos que comentaram, muito obrigada! Julia Black Lovegood, Firebolt, Lana Sodré, Sah Espósito, Milly McKinnon, Fê Black Potter, annalimaa_, Nina H., Marlene Black, M. Smit e F. Dawson, Polie, Carol PAD, Sophie Jones, Lena Tavares, AnneBlackPotter, Sarah Weasley Potter Black, more1weasley, Tiff Prongs,  Isabela n. Black, Simmy. (Espero de verdade que eu não tenha esquecido de ninguém!)


Lembro que alguém tinha me perguntado se a música do Sirius realmente existia, e a resposta é: SIM! Ela se chama “Meant Something to Me”, e eu fiz algumas mudanças na letra, para as datas ficarem como as da fic. Aliás, todas as músicas que ele cantou realmente existem, e são do Tyler Hilton. Acho que a voz dele combina super bem com o Sirius.


As que apareceram aqui na fic até agora foram:


- You’ll Ask For Me – capítulo 13


- Ain’t a Thing – capítulo 14


- Missing You – capítulo 17


Próximo capítulo quase acabado, logo logo devo postar ele, é tão torturante para mim, quanto para vocês ficar sem postar nada!

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Comentários (5)

  • Mrs J Barreto

    Meu Deus, voce tem noção do quanto a sua fic é PERFEITA?! Eu acabei de ler e to amaaaaaando *___*Posta maaaaais :D 

    2012-08-24
  • Sah Espósito

    Adoroo sua ficse sei que depois dela terá mais "bonequinhas de luxo" que vao me encantarentão nao tenha medo de postareu adoreimas a Marlene e meio que cabeça dura neahque de tudo certobjss e ate

    2012-08-20
  • Lana Silva

    Nossa não acredito que a fanfic já vai acabar :/ bem espero que logo logo Marlene vá novamente atrás do Sirius e dessa vez pra finalmente acertar as coisas *-* James e Lily juntos para ajudar a Lene de alguma maneira *-* bem, fico feliz que tenha atualizado o capitulo porque tava morrendo de saudades da fanfic e também estou louca pelos próximos capitulos flr.beijoos *-* 

    2012-08-19
  • Feba Black

    AEE!quero o proximo logoo viu??!beiijos!:* 

    2012-08-19
  • annalimaa_

    Meu deus eles são perfeitos juntos, só faltou ela se jogar nele, a frase em que ela fala que não quer viver com as espectatívas você tirou de TVD né?.A mãe dela é uma fofa.AHAHAHAHHA Lily me diverte, Damon-ccover.Pensei que tinha se esquecido da gente, mas tudo bem.Beijos até o próximo.

    2012-08-18
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