Capítulo Quatro






Capítulo 4
ou The One Where They Get The Party Started


- E aí, pronta? – Lily me perguntou colocando a máscara.


Coloquei a máscara e abri a porta:


- Let’s do this, babe. – disse numa voz de espiã (?). Saímos rindo e descemos as escadas em direção à festa.


A música já tocava alta e eu conseguia ouvir do andar de cima, apesar da festa ainda não ter começado; provavelmente o DJ estava testando o som.


James já estava em frente a escada, esperando por nós.


- James, o que você está fazendo? Eu não te falei que você só poderia aparecer aqui em baixo daqui, tipo, meia hora?


Mas James não parecia me ouvir. Seus olhos estavam fixados para algo atrás de mim. Eu não precisava virar para saber que ele olhava Lily, que ainda estava começando a descer as escadas.


- Você pode admitir, sabe.


- Admitir o quê? – ele se fez de desentendido.


- Que ela está bonita. Ou melhor, que ela é bonita. – James não respondeu.


Quando Lily chegou a meu lado, James me deu uma última olhada e disse:


- Looking good, ladies.– e subiu as escadas. Pessoas apaixonadas! Quem as entende?


xxx


Uma hora depois, a festa já havia começado de verdade. Muitas pessoas estavam dançando ao som do DJ, no salão. Havia muitas pessoas na festa que eu conhecia e não via há tempos.


Enquanto isso, eu coordenava a festa para que nada desse errado. A comida, a decoração, inclusive a limpeza; tudo isso eu estava coordenando.


- Pessoal? Vocês precisam de alguma ajuda por aqui? – eu perguntei assim que cheguei a cozinha.


- Menina Marlene, o que você está fazendo aqui? Pode acabar sujando seu vestido!


- E você, Stella? Porque não está na festa? – eu tinha falado para ela ir à festa ao invés de ajudar na cozinha. Afinal, ela era praticamente parte da família.


- Ah, minha querida. Não posso ficar no meio de vocês, jovens! E além do mais, já falei com James e desejei parabéns a ele.


- Mas Stella... – ela não me deixou terminar a frase.


- Mas nada. Você vá para a festa se divertir com seus amigos, que eu cuidarei de tudo aqui. Não se preocupe.


- Você é um anjo, Stella. – eu a olhei com carinho e saí da cozinha.


Por enquanto tudo estava ocorrendo bem na festa. Mas ainda assim eu precisava ficar atenta aos detalhes. Eu estava na porta do salão, olhando as pessoas dançarem, quando de repente James parou ao meu lado.


- Okay, pode falar! - eu coloquei a mão perto da orelha pra fingir ouvi-lo melhor.


- Lene, eu tenho que admitir: você realmente se superou na festa. – ele me olhou admirado.


- Eu sei! – eu sei fazendo uma cara de patricinha de filmes americanos (?). – Você gostou mesmo? – eu sabia o que ele ia responder, mas queria ter certeza.


- Mas é claro. Ficou perfeita. – ele me abraçou. E começamos a conversar. Logo, vi Lily perto de uma mesa tomando uma bebida, rejeitando o que deveria ser o décimo cara que pedia pra dançar com ela esta noite.


- Porque você não chama ela pra dançar? – eu perguntei de repente, o assustando.


- Quem? – eu o olhei daquele jeito que só ele me entende. Ele sabia de quem eu falava. – Lene, está na cara que ela vai me rejeitar sem eu falar uma palavra sequer.


- Como você sabe? Você nem foi falar com ela! – James revirou os olhos com uma cara emburrada. – Vai lá, James. Eu sei que você quer. E além do mais, ela não é tão má. Hoje é seu aniversário, esse pode ser o seu presente!


Ele me olhou com uma cara divertida, e eu o empurrei incentivando-o.


James parecia hesitar enquanto andava até Lily, e eu assistia tudo bem aflita. Eu realmente não sabia se ela iria aceitar ou não. Só disse aquilo para que ele tomasse uma atitude.


Ele parou na frente dela, e ela parecia surpresa. James disse alguma coisa, que eu não entendi muito bem, não sou boa em leitura labial. Mas o que quer que ele tenha dito funcionou. Lily realmente aceitou dançar com ele. Era uma dança rápida, mas e daí? Já era alguma coisa para James. (y)


Eu realmente estava muito feliz por ele ter finalmente conseguido fazer com que Lily não o rejeitasse em alguma coisa. A festa estava acontecendo perfeitamente, tudo não poderia estar melhor.


Mas toda essa minha felicidade se foi quando me virei, e alguém estava ao meu lado, com um sorriso torto e a sobrancelha direita arqueada, e me olhava com um quê de diversão/escárnio no rosto.


Usava um terno que parecia bem antigo, e uma máscara branca que cobria apenas metade do rosto. Os cabelos estavam penteados para trás. Muito O Fantasma da Ópera, se me perguntar. Ele poderia usar uma máscara que cobrisse seu rosto inteiro que eu ainda assim o reconheceria.


- O que você esta fazendo aqui? – foi a minha reação imediata perguntar isso.


- Eu fui convidado. – ele respondeu calmamente, aumentando ainda mais – se possível – o sorriso.


- Eu tenho que certeza de que você está enganado, porque eu fiz a lista de convidados e pode ter certeza de que você não estava nela.


Ele riu. Qual é? Eu estava usando um nariz vermelho pra ele ficar dando risada da minha cara?


- Na verdade, foi o seu próprio avô que me deu o convite. – senti meu queixo cair. Não duvido que vovô convidasse um empregado para as festas. Afinal, ele era muito simpático com todos, educado e um ótimo patrão. E inclusive já arranjou várias brigas com a vovó por tratar os empregados bem demais. – O quê? Sem respostas?


- Primeira vez para tudo, não? – eu abaixei a cabeça, rindo de leve.


- É, acho que sim. – ele fez uma pausa e continuou: - Porque não respondeu dessa vez?


- Porque eu acredito em você. - ele arqueou as sobrancelhas, parecendo surpreso. – Quero dizer, acredito que meu avô faria uma coisa dessas.


- Ele é homem muito bondoso. – ele continuou falando, enquanto eu procurava por Lily e James na pista. – Você deveria se sentir orgulhosa e sortuda por isso. – eu sorri por dentro. É claro que me sentia orgulhosa por isso, eu amo meu avô! Mas não respondi. Continuei procurando pelos dois. – Ou talvez você seja egoísta demais para sentir uma coisa dessas, não é, Bonequinha de Luxo?


Aquele nome de novo! O sangue subiu à minha cabeça, e quando me virei para encará-lo, pronta para discutir com ele, já não estava mais lá.


Okay Marlene, relaxe. Você só precisa respirar bem fundo pra não ir acertar as contas com ele. Uma bebida! Exatamente o que eu preciso! Atravessei a pista de dança com dificuldade e cheguei ao bar e... UAU! Que bartenders são esses?! Quero dizer, sei que contratei caras lindos pra servir as bebidas, mas não lembrava que eram tão lindos assim.


- Hey. – digo com o meu melhor sorriso para o bartender loiro e de olhos muito verdes. – Qual é o seu nome?


- Johnny. – Hm, preferia que ele falasse John, Johnny é tão infantil. O único cara que pode ser chamado de Johnny e não parecer nada infantil é o Patrick Swayze em ‘Dirty Dancing’. Fala sério! “Nobody puts baby in the corner ” é tão... tudo! E nem um pouco infantil.


- Bem Johnny... – eu começo enquanto tamborilo as unhas no balcão. – Me dê o que você tiver de mais forte aí.


Ele riu: - Tem certeza querida? Não acho que consiga agüentar.


Foi a minha vez de rir.


- Tenho certeza sim, querido. – Fiz questão de frisar bem a última palavra. – Já sou bem grandinha.


Ele murmurou um ‘Okay’ e logo em seguida voltou com uma taça cheia de um líquido laranja. Virei tudo de uma vez – nem um pouco digno de uma dama, eu sei – e pedi mais um.


- Noite ruim? – ele disse enchendo mais uma vez a taça.


- Você não faz idéia. Organizar uma festa é muito complicado e estressante, sabia?


E depois de não sei quantas taças e de contar praticamente todo o drama da minha vida – incluindo o garoto, que pensando bem agora, não sei o nome; e da minha avó - para Johnny, que foi muito compreensivo. Pelo menos até ele se recusar a me servir mais bebida dizendo que já tinha sido suficiente por uma noite. Tudo bem, estava começando a achar que ele estava certo, pois quando me levantei tive que me segurar no balcão por causa da tontura que senti.


Fui até o banheiro cuidadosamente, e abri a porta ao mesmo tempo que uma menina ia abri-la. Ela usava uma máscara vermelha brilhante e tinha o cabelo cacheado loiro. Ela me pareceu familiar, tanto que olhei para trás enquanto ela passava pela multidão na pista. Mas não; com aquele tanto de bebida todos pareciam familiares para mim.


Me olhei no espelho enquanto suspirava. O coque do meu cabelo continuava lá firme e forte do jeito que Lily disse. Me sentei no banco ao lado da pia e apoiei a cabeça na parede, começando a sentir uma forte dor de cabeça. Tirei a máscara, fechei os olhos e respirei fundo mais uma vez, criando coragem para enfrentar o que me vinha por aí. A festa, o garoto irritante e uma possível briga entre Lily e James.


Saí enfrentando a multidão da pista de dança mais uma vez, e, para minha total surpresa, James e Lily não estavam brigando. Pelo contrário: ela ria de algo que ele dizia em seu ouvido enquanto dançavam.


Ri, saindo do salão. Eles se amavam e nem se davam conta disso! Fui para o quintal de trás, sentindo um arrepio por causa do vento da noite que soprava. Mas ainda assim, tirei os sapatos de salto, e fui andando descalço, sentindo a grama e a terra em meus pés, até que cheguei ao balanço de árvore que minha avó tanto odiava – segundo ela, não combina nada com a decoração da casa -, mas que estava lá desde que eu era criança.


Comecei a balançar de leve, olhando para o céu. Sempre adorei procurar estrelas à noite, apesar de numa cidade grande como Londres, isso não ser fácil. Estava relaxada, e tenho certeza, quase dormindo, quando ouvi uma voz não tão distante:


- Você comeu alguma coisa? – levei um susto enorme e por pouco não caí do balanço. Me virei e o vi parado ao meu lado, sem a máscara, com o nó da gravata já frouxo e os cabelos bagunçados, como da primeira vez que o vi no jardim. E odeio admitir, ele estava sexy. Demais.


- O quê? – Estava tão atordoada com aquela visão que nem ouvi o que ele dissera.


- Perguntei se você comeu alguma coisa. - Balancei a cabeça negativamente, ainda o encarando. Ou melhor, tentando, pois não havia muita luz onde estávamos. – Aqui. – ele disse estendendo um prato.


O olhei desconfiada, e peguei o prato. Estava cheio de todos os doces possíveis que tinha na festa. O encarei mais uma vez.


- É melhor que foie gras¹. – Isso ele tinha razão. Mas ainda assim não deixei de encará-lo.


- Porque está sendo legal comigo? – ele virou a cabeça, com um rosto interrogativo. – Há duas horas atrás você me ofendeu sem eu ao menos ter dito nada a seu respeito, e agora você me traz... doces?


- Desculpe pelo que disse mais cedo. Não foi certo. – ele parecia muito sincero, apesar de estar desconfortável falando isso tudo.


- E isso – apontei para o prato de doces – é o seu pedido de desculpas?


- Se você não quiser, tanto faz, eu posso levar de volta...


- Não. – eu o interrompi com um sorrisinho. – Eu aceito. O pedido de desculpas e os doces. – disse enquanto dava uma mordida num chocolate muito bom, por sinal.


Ele se sentou no chão ao meu lado e encarou o céu, assim como eu. E um silêncio nada reconfortante se espalhou no ar. Até que num impulso disse:


- Trégua? – eu disse enquanto estendia um chocolate a ele. Ele arqueou a sobrancelha direita, enquanto olhava para mim, para o chocolate e depois para mim de novo. – Das brigas, quero dizer.


Ele abriu um sorriso torto, e rindo levemente disse:


- Trégua. – ele pegou o chocolate da minha mão.


E mais uma vez o silêncio constrangedor pairou no ar, enquanto olhávamos para o céu.


- Está se sentindo melhor? – ele perguntou do nada, me fazendo encará-lo sem entender – Quero dizer, depois se encher de Johnny, achei que o chocolate te faria se sentir melhor.


Por um momento achei que estivesse falando do bartender. Só depois de alguns segundos o encarando, que percebi que ele falava da bebida.


- Acho que o nome dele era Jack.² – ele riu, da minha piada nada engraçada. – Bom, tanto faz, acho que o efeito é o mesmo. E sim, eu estou melhor, obrigada. – Mas antes que outro silêncio mortal pairasse sobre nós mais uma vez, me levantei: - É melhor eu ver se tudo está saindo como planejado. A festa, quero dizer.


Ele assentiu mais uma vez e eu voltei para dentro da casa, sentindo minhas mãos quentes.


xxx


- Hey! – Lily veio até mim muito alegre com um copo de bebida na mão. – A festa está ótima!


Comecei a rir. Não era todo dia que eu via minha melhor amiga meio alegre/bêbada na festa de aniversário de James. Aliás, isso nunca acontecia.


- Onde está James? – berrei, devido à música alta que o DJ tocava.


- Foi pegar uma bebida para ele. – levantei as sobrancelhas para ela. – O quê?


- Eu vi vocês dois dançando juntos.


- Sim, e não foi nada de mais. Eu estava a fim de dançar mesmo. – ela disse indiferente.


- Ah claro, depois de rejeitar vários caras? Qual é Lily? Você não me engana.


- Bem, se você não quer acreditar, não posso fazer nada. E... – ela parou de falar de repente, com os olhos arregalados. - Uh-oh. O que é que ela está fazendo aqui? – os olhos dela estavam fixos em algo atrás de mim. Me virei rapidamente.


- O que ela está fazendo com ele!?


Realmente não era uma cena que eu gostaria de presenciar. Jessica Stevens, a.k.a


Bad Ass Jess, minha arquiinimiga na escola desde não sei quando. Nunca gostei dela, e posso dizer que ela sente o mesmo por mim. Ela usava um vestido bordô muito justo, que fazia os seus ‘atributos’ quererem sair desesperadamente, e uma máscara vermelha.


A máscara! Era ela que estava no banheiro! Sabia que a conhecia de algum lugar. E ainda na minha festa sem ser convidada! Isso era um desaforo. Um desaforo ainda maior era ela se jogando em cima dele. What a bitch.


- Wow, onde você pensa que vai? – Lily disse segurando o meu braço ao ver que eu ia em direção aos dois.


- Fazer o que eu já deveria ter feito há muito tempo.


xxx


¹. Significa fígado gordo. Iguaria da culinária francesa, é fígado de pato ou ganso que foi super-alimentado.


². Johnny Walker e Jack Daniels são duas marcas de uísque. O trocadilho dos nomes das bebidas é creditado á Seth Cohen, muito obrigada.


 


N/A: Ah, o capítulo finalmente chegou! *--* Milhões de desculpas pela demora para postar. Anyway, Espero que gostem dele, consegui terminá-lo num surto de imaginação durante a madrugada. E só pra constar, fiquei extremamente feliz com a volta do antigo (ou quase) Floreios. *-*

Maaaas.... muuuitíssimo obrigada a todos vocês que comentaram! Quero que saibam que eu leio todos os comentários, ok?
Beijão, amo todos vocês. (L)

ps: Capítulo não-betado, porque aparentemente minha beta sumiu. E eu não sei o porquê. :/

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Hum...Lily e James já começando a se gostar *-* ou melhor demonstrar que se gostam!

    2011-12-11
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