Capítulo Dezenove



Capítulo 19
Ou The One With Awkward Moments


Acordei com uma terrível dor de cabeça, a luz do sol atingindo meu rosto e um delicioso cheiro de comida que eu não sabia identificar o que era. Abri os olhos contra a minha vontade, e logo percebi que aquele não era o meu quarto. Era um quarto de homem, dava pra perceber pela bagunça e as roupas masculinas na cadeira, e então, meus olhos caíram num violão encostado no canto do quarto. Parei de respirar. O que será que eu fiz?


Olhei debaixo do lençol branco que me cobria e constatei que ainda usava minha lingerie. Isso era um bom sinal, eu esperava. Sentei-me lentamente, procurando meu vestido, que estava jogado no chão de maneira qualquer. Ok, isso definitivamente não era um bom sinal. Vesti-o rapidamente e abri a porta do quarto, procurando por um banheiro. Meu rosto não devia estar dos melhores. Logo entrei na porta ao lado do quarto, e olhei-me no espelho. Eu estava um horror. Cabelo bagunçado, maquiagem borrada, e cara toda amassada. Lavei o rosto e ajeitei o cabelo, mas a cara amassada não tinha como disfarçar.


Saí do banheiro e logo descobri de onde vinha o cheiro de comida: da cozinha. Audrey estava sentada na cadeira, falando sem parar sobre diversas coisas, e Sirius estava ao fogão, cozinhando algo. Ia voltar ao quarto e ir embora sem fazer barulho, mas fui descoberta.


- Ela acordou! – Audrey disse feliz, pulando da cadeira, e me puxando para sentar-me junto a ela. – Meu irmão estava muito preocupado. Achou que você não ia mais acordar.


Olhei para Sirius, mas este não me encarou nenhuma vez.


- Cale a boca e coma. – ele disse divertido, colocando o prato de fish and chips¹ na frente de Audrey. – Você quer um pouco?


Eu assenti, e ele colocou um prato com comida na minha frente. Não demorou muito até Audrey terminar de comer, e ir para seu quarto se arrumar.


- A gente...? – eu perguntei, e ele olhou para mim sem entender. Eu arqueei as sobrancelhas, e Sirius logo percebeu o que eu queria dizer.


- Não. – ele respondeu rapidamente. Talvez tenha ficado com medo da minha reação se ele não respondesse isso.


- Eu não estava usando o meu vestido quando acordei.


- Você mesma fez isso. – ele levantou os braços como quem se rende. – Aparentemente você é bem independente mesmo quando está bêbada. Tudo que eu fiz foi te cobrir com o lençol.


- Porque não me levou para a casa de Lily?


- Porque Lily estava se divertindo no aniversário dela. – ele respondeu como se óbvio, levantando e tirando os pratos da mesa. - Mas não se preocupe, a sua história é que você dormiu na casa dela.


Sem dizer mais nada levantei e fui até o quarto procurar a minha bolsa, mas não a encontrei.


- Onde está a minha bolsa?


- Eu não sabia onde estava o seu cartão da chapelaria, então Lily disse que pegaria sua bolsa depois.


- Posso usar seu telefone então?


Ele apontou para o telefone numa mesinha ao lado da poltrona da sala. Sentei-me no braço dela, e disquei o número do celular de Lily, que logo atendeu.


- Alô? – uma voz sonolenta disse ao telefone, mas não era Lily.


-James?! – eu quase berrei ao telefone, chocada. Ele desligou o telefone rapidamente, não sem antes que eu ouvisse um “merda” ao fundo. Disquei dessa vez o celular dele, que também atendeu. Antes mesmo que ele dissesse alô, eu comecei: – Eu te apoiei para falar a Lily que você gostava dela, mas você não precisava transar com ela! Eu te conheço, e eu juro por Deus que se você fizer algo que magoe a minha melhor amiga, vou te matar.


- Marlene, a gente conversa quando eu voltar pra casa, ok? – James respondeu fazendo pouco caso.


- Pode ter certeza que a gente vai! – eu falei mais uma vez, antes de desligar o telefone bruscamente. Vi Sirius encostado no batente da porta me olhando. – Que foi?


- A vida é deles. E pelo que eu sei, eles se gostam. – ele respondeu, cruzando os braços. – Você não deveria se meter na história deles assim.


- Se conhecesse James como eu conheço, ficaria preocupado também. – Respondi, levantando. Ele segurou meu braço quando estava passando ao seu lado.


- Você não pode controlar o mundo inteiro. – ele continuou calmamente, e eu levantei o rosto para olhá-lo nos olhos. – Mesmo que seja para o bem das pessoas. – Ele dissera tudo sem nenhum tom de sarcasmo, ironia ou qualquer outro traço típico dele.


- Eu vou pra casa. – eu falei quando Sirius soltou meu braço.


- Se esperar, eu posso te levar. – ele respondeu e eu assenti. Esperei em seu quarto enquanto ele tomava um banho. Tentei esperar pacientemente sentada em sua cama, mas minha curiosidade era maior. Levantei-me e comecei a bisbilhotar em seu quarto. Espantei-me com a quantidade de livros que havia na estante. Iam desde a coleção de Anne Rice até “The Great Gatsby”. Na escrivaninha, havia muitos papéis, a maioria de partituras. Espantei-me também com a grande quantidade de discos que estavam numa caixa ao lado. Jazz, Rock, e muitos outros estilos musicais apareciam enquanto eu ia olhando todos eles.


Do outro lado da mesa, havia um pequeno toca-discos. Sorri, e coloquei um disco de Nat King Cole para tocar. Só queria ouvir uma música, e Sirius não iria escutar. Enquanto escutava o disco, dava uma olhada mais atenta às partituras que estavam espalhadas na mesa. Muitas eram manuscritos riscados de caneta preta. Era meio curioso ver como eram, frases desconexas espalhadas pela folha, juntamente com as notas musicais que a acompanhavam. Provavelmente deveriam fazer sentido para ele, quando as via, mas para mim, eram apenas frases soltas. No entanto, duas delas que estavam juntas eram bem interessantes. And it’s never fair/ The way that we meet, and you disappear.²


-Está se divertindo? – me assustei, largando os papéis na mesa e virando para encarar Sirius. Seus cabelos estavam pingando, vestia uma calça jeans escura e tinha uma camiseta azul na mão e a toalha branca na outra. E sim, eu estava fazendo de tudo para manter minha atenção em seu rosto e não em outras partes de seu corpo.


- Eu só estava...


- Bisbilhotando? Mexendo nas minhas coisas? – ele me interrompeu, arqueando uma sobrancelha. – Não vou mais deixar você sozinha no meu quarto. – ele disse, num tom divertido, jogando a toalha na cama e vestindo a camiseta. Malditas frases com duplo sentido.


- Eu gostei da sua coleção de discos. – eu disse, tentando ignorar o quão vermelha eu devia estar naquele momento.


- É. Lola e eu dividimos uma coleção. – Não sei porquê, mas o que ele respondera surtira um efeito em mim que eu não gostei. Veio andando na minha direção e quando parou próximo a mim, olhou para os papéis na mesa. – Esses são assuntos pessoais.


- Achei que eram trabalho.


- Não esses. – ele colocou as mãos nos meus ombros, empurrando-me gentilmente para longe da mesa. – Pelo menos você tem bom gosto musical. – ele continuou, agora parando o toca-disco. Sorri levemente com o que ele falara. – Vamos. – ele saiu do quarto e eu calcei minhas sandálias, seguindo-o logo depois.


- E Audrey?


- Ela foi à casa de uma amiga vizinha. – ele pegou as chaves da mesa da cozinha e eu o segui para fora da casa. Sirius subiu na moto e olhou para mim, arqueando a sobrancelha. – Hm, isso vai ser interessante. – seu olhar estava direcionado às minhas pernas. Eu estava de vestido, e iria andar de moto. Realmente, muito interessante.


- Cala boca e não olhe. – eu falei enquanto pegava e colocava o capacete. Ele apenas riu e virou o rosto para frente. Subi na moto com um pouco de dificuldade para ajeitar o vestido e ele deu partida.


Em menos de 20 minutos ele parara a moto em frente à minha casa. Eu entreguei o capacete de volta a ele, mas Sirius segurou meu braço antes de eu ir embora.


- Sobre ontem á noite...


- O quê? – eu o incentivei a falar.


- Você me beijou.


- Primeiro: foi você quem me beijou. Segundo: foi só um beijo. – soltei meu braço e continuei andando. – Não foi nada de mais.


- É mesmo? – ele falou, meio segundo antes de me puxar ao seu encontro. Uau, isso foi rápido. A pouco tempo ele estava em cima da moto. Agora, estava na minha frente, segurando-me fortemente pela cintura. – Foi por isso que você não queria me largar, ontem?


- Mas que menti... – nem tive como terminar a minha frase, pois ele me beijara mais uma vez. Meu Deus, qual é o problema dos homens que acham que toda mulher gosta de ser agarrada e beijada?! Felizmente, consegui empurrá-lo o suficiente para que parasse de me beijar, mas ainda me agarrava pela cintura. – Me solta. – eu falei seriamente, e ele apenas me encarou. – Me solta ou eu grito.


Ele me soltou, colocando os braços ao alto, se rendendo. E mais uma vez, fui em direção a minha casa. Mas quem disse que eu consegui? Ele me segurara pela cintura mais uma vez, agora eu de costas para ele.


- Se fui eu quem te beijou, - ele começou suavemente, com a cabeça apoiada em meu ombro. – Você correspondeu muito bem.


Eu dei uma cotovelada nele para que me soltasse e ele imediatamente o fez. O que é isso, a fama estava subindo à sua cabeça?


xxx 


- Então, - eu comecei, encostando-me ao batente da porta. – Você vai me dizer o que aconteceu ontem á noite ou vou ter que torturá-lo?


James me olhou, sorrindo levemente. Estava deitado na cama, assistindo televisão. Ele mexeu-se, me cedendo um espaço ao seu lado. Eu sorri, e deitei-me ao lado dele.


- Nada aconteceu. – ele falou após um momento de silêncio. – Lily estava bêbada demais, então eu a levei pra casa. Ela disse que não havia ninguém em casa, então achei melhor levá-la para o quarto. Mas quando chegamos no quarto dela, Lily correu para o banheiro e vomitou.


Eu comecei a rir.

- Ver a garota dos seu sonhos vomitando não deve ter sido muito bom.


- Não foi mesmo. – ele riu também, e não me corrigiu sobre ela ser a garota dos sonhos dele. Talvez ela realmente fosse. – Eu ajudei ela, e quando a coloquei na cama, Lily pediu para não deixá-la sozinha. Eu ia esperar ela dormir, mas eu que acabei dormindo sentado no chão ao lado da cama dela.


- Você realmente gosta dela, né?


- Eu acho que sim. – ele respondeu dando ombros. James nunca gostara muito de falar sobre sentimentos. Eu ri. – O quê?


- Nada. Estou feliz por você. – na verdade, queria dizer a ele que estava apaixonado, mas seria informação demais para James.

- E você? Onde passou a noite?


- Eu não quero falar sobre isso. – eu falei, respirando fundo. 


- Ah, não. Se eu contei, você também tem que contar. – virei a cabeça para olhá-lo e revirei os olhos entediada.


- Ok. Eu estava na casa de Sirius Black.

- O QUÊ?! – ele gritou, sentando na cama.


- Shh! Você quer ficar quieto? Eles pensam que dormi na casa de Lily.


- Mas não dormiu!


- Ele me levou para a casa dele porque não queria incomodar Lily; ela estava se divertindo. Eu não estava me sentindo bem, então dormi na casa dele. Na cama. Sozinha. – Pelo menos é isso que eu acho. Mas é claro que eu não disse isso a ele.


- Mais alguma coisa aconteceu.


- Nada de importante.


- Tratando-se dele, deve ser importante.


- O que isso quer dizer? – eu o olhei irritada.


- Bom, - ele começou dando uma breve pausa. Provavelmente tentando escolher suas palavras corretamente. – ele mexe com você de alguma maneira. Eu não estou dizendo que você gosta dele! – James falou assim que percebeu que eu iria contestá-lo. – Eu só estou dizendo que tem algo sobre ele. Eu vi o modo como você age perto dele. Muitas vezes nem parece você mesma, Marlene. Você mudou muito desde que voltou.


- Isso é algo ruim? – eu perguntei, respirando fundo, com medo de sua resposta.


- Não. – ele respondeu, e meu coração se aqueceu. – Mas é, ao menos, curioso.


Eu nada respondi, fiquei apenas encarando o teto, processando cada palavra que ele acabara de me dizer.


- Você tem certeza que nada aconteceu na festa?


- Você sabe que eu lhe diria se fosse importante. – eu respondi, sorrindo e levantando-me da cama. 


Você mudou muito desde que voltou. A frase de James ficara martelando na minha cabeça a noite inteira. Será que eu havia mudado tanto assim?


 


 


¹. Peixe e batatas, típico prato inglês.
². E nunca é justo / O modo como nos encontramos, e você desaparece.


N/A: Yay, mais um capítulo! Estou ficando sem idéias sobre o que escrever nas minhas n/a’s. Só sei que quando eu terminar essa fic (e acho que não deve demorar muito), vai haver um imenso vazio em mim, sério. ;/


Agora, a parte feliz: os comentários! Tainá Rodrigues, Nom-nom, Marlene Black., M. Smith e F. Dawson, Sah Espósito, PaintedStrawberrySauce, Nathalia Cheron, Aneenha-Black, sango7higurashi, Mila Pink, M. Bennet. Os comentários de vocês que me incentivam a continuar escrevendo. Muito obrigada! :)

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Comentários (4)

  • Lana Silva

    Nossa kkk eles combinam demaiiis *------------* perfeiiitos perfeiito!

    2011-12-12
  • Jô Weasley Potter

    Cade mais fic? To eloquecendo aquii. Mais.

    2011-10-08
  • Sah Espósito

    =[ saudades dessa fic... viciei agora o que eu faço.. posta vai!

    2011-09-19
  • Michelle Freire

    acabo esquecendo de comentar, desculpa. Me sinto muito culpada, já que você é ua das poucas que continuam postando, esse capítulo está muitissimo fofo, o Sirius é lindo demais, mon Dieu,

    2011-09-03
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