Capítulo Treze



Capítulo 13
ou The One With The Music Festival 


- Ok, - Lily disse, chegando ao meu lado. – Pelo que me falaram, é só seguir essa rua que a gente logo vê o parque.


- Lily, eu conheço a cidade. Esqueceu que meu pai estudou em Cambridge? – eu perguntei entediada. Era um tradição familiar estudar em Cambridge. É claro que meu pai não poderia deixar de passá-la – ou pelo menos tentar – para mim.


- É mesmo, eu tinha esquecido! – ela respondeu dando um sorrisinho.


- É no Parker’s Piece, certo? – perguntei enquanto saíamos da estação de trem de Cambridge. Estava um sol muito forte, perfeito para um sábado. Mas não para um show; eu ia sair de lá no mínimo torrada.


 Andamos pela Station Road e pela Hills Road por 15 minutos quando avistamos muitas pessoas no parque. Muitas pessoas mesmo. E um som muito alto vindo do show que acontecia naquele momento. Eu fico pensando o quanto os moradores de Cambridge devem estar adorando esse festival, cheio de pessoas e muito barulho.


- Ai meu Deus! – Lily berrou, dando um pulo. – É a Florence!


Ela saiu correndo e fui atrás dela. A felicidade dela em ver Florence + The Machine naquele momento era grande. Lily gostava da música e também do fato da vocalista ser ruiva. Segundo ela, pessoas ruivas estão ficando extintas da Terra.


Esbarramos em algumas pessoas até que Lily parou para ouvir “Dog Days Are Over” direito. Quando Florence saiu do palco, o DJ anunciou que fariam uma pequena pausa até o próximo show que seria de amadores.


- Vamos comprar um sorvete? – perguntei a Lily, indicando o carrinho que havia lá perto. Aquele calor estava de matar.


É óbvio que a fila estava imensa. Devemos ter demorado mais tempo naquela fila que na viagem de trem de Londres a Cambridge. O show de amadores já estava começando, e a multidão que antes estava aglomerada próxima ao palco se dispersou. Puxei Lily para ficarmos mais perto do palco.


Imagine o tamanho da minha surpresa ao ver ninguém menos que Sirius Black no palco, sentado num banquinho tocando o mesmo violão que eu aprendera a tocar. Meu sorvete foi parar no chão. Lily parou do meu lado, tão boquiaberta quanto eu, porém ela não derrubara seu sorvete.


- Hope you let your intuition precede my reputation, cause I have one. – ele cantava com uma voz, que tenho de admitir, era muito bonita. - Well I am what you see, I am not what they say. But if I turned out to be, could you love me anyway? I'm standing in anonymous hoping your heart will just wake up and ask for me by name. Maybe someday you will ask for me by name; just not today. ¹


Nunca ouvira aquela música então imaginei que fosse uma composição dele. A letra parecia real, como se realmente aquilo acontecesse com ele. Mas talvez seja isso que as músicas devem passar para as pessoas. A sensação de algo real.


- Uau. – Lily suspirou ao meu lado. – Além de ser lindo, atleta, beijar bem, ainda é músico? Já era. Caso com ele agora.


O que Lily dissera me fez rir. Todas deveriam querer casar com ele no futuro. Ou pelo menos ficar com ele agora. E havia também o fato de ele ter três empregos ou mais. Quantos caras de 17/18 anos têm três empregos e ainda estudam? 0,000001%.


xxx


- Isso está sendo divertido. – Lily disse, sentando-se ao meu lado, trazendo um pacote de pipoca. O sol já estava se pondo, dando uma cor linda ao céu com algumas nuvens. – Obrigada por vir, Lene. Sei que não gosta de multidões assim.


- Tudo bem. – eu disse, olhando para o palco, observando OneRepublic  tocar. – Você faria a mesma coisa por mim, Lils.


I get lost in the beauty
Of everything I see
The world ain't half as bad
As they paint it to be ²


De repente, captei uma cena que nunca pensei que veria. Sirius estava distante de nós, abraçando Audrey que parecia muito feliz com alguma coisa e uma mulher mais velha. Ele abrira um sorriso diferente daqueles sarcásticos, maliciosos que eu sempre via. Era um sorriso de felicidade. Pura e verdadeira felicidade. Sem me dar conta, sorri vendo a cena.


- Porque você está com esse sorriso bobo na cara? – Lily perguntou, olhando para onde meus olhos estavam direcionados. Ainda bem que, naquele momento, a multidão não nos permitia mais ver a cena.


- Nada. – respondi calmamente. – Fazia muito tempo que não me divertia assim.


- Sirius! – Lily berrou do nada, agitando os braços. Assustei-me com a atitude dela e quando virei a cabeça, ele passava por nós. Passava, porque quando Lily berrou seu nome, nos viu e deu um sorriso. Lily levantou-se para cumprimentá-lo. Fiz o mesmo. – Não sabia que você também era músico.


- É. – ele disse, sorrindo, ainda meio surpreso por ter nos encontrado lá. – Eu vou buscar uma bebida, querem uma?


- Sim! – Lily disse, um pouco alto demais. – Tínhamos acabado de falar nisso. Vai ajudar ele Lene, que eu guardo nosso lugar aqui. – Eu estava prestes a dizer não, mas Lily sentara-se e eu sabia que nada a tiraria dali a menos que eu fosse com ele. Seguimos em silêncio até a barraca de bebidas.


- Foi uma música legal. – comentei, enquanto esperávamos na fila. – Não sabia que você também escrevia suas próprias músicas.


- Sim. – ele respondeu. – Meus amigos me incentivaram quando disseram que eu tinha jeito pra coisa.


Você tem jeito pra coisa, pensei, mas fiquei quieta. Um elogio na noite já era suficiente. Ele pedira seu refrigerante, e eu fiz o mesmo logo em seguida. Ele insistira em pagar, mas recusei; ele já havia pagado aquele jantar.


- Cherry Cola. – eu disse quando vi a garrafinha vermelha de Coca-Cola de cereja que ele bebia. – É por isso que colocou o nome de Lola.³ – disse, lembrando-me do dia em que perguntara o que havia de tão especial na música e ele dera ombros.


- Muito perceptiva. – ele disse, sorrindo de lado e arqueando a sobrancelha.


Peguei uma Coca para Lily e uma Sprite para mim, e percebi que o último show da noite havia começado: Lifehouse. A multidão aumentara mais ainda e estava difícil voltar para onde Lily estava. Joguei a garrafinha de Sprite agora vazia no lixo e continuei tentando chegar a Lily.


Enquanto eu tentava passar por um grupo de caras muito animados, senti alguém me agarrar fortemente pela cintura. A garrafinha de Coca–Cola de Lily voou para longe.


- Você é bem bonitinha. – o cara que me agarrara disse e eu conseguia sentir o forte cheiro de cerveja em seu hálito. Ótimo, era só o que me faltava: ser assediada por bêbados. – Fica aqui com a gente.


- Me larga! – berrei, batendo em seu peito, tentando me soltar dele. Mas ele me apertava mais fortemente.


- Não ouviu o que ela disse, cara? – ouvi Sirius dizer, atrás de mim. – Solta ela. Agora.


Ele riu e soltou-me, mas quando Sirius virara-se para falar comigo, levara um soco do bêbado. Sirius revidara e começaram a brigar. Eu já estava imaginando como isso ia terminar: nada bem.


- Sirius, para! – berrei, mal percebendo que essa fora a primeira vez que o chamara pelo nome.


Os outros foram ajudar o amigo que agora estava no chão. Uh-oh. Puxei Sirius pela mão para dentro da multidão. Um, tudo bem. Mas vários contra ele? Acho que essa ninguém conseguiria ganhar. Era meio difícil, com tantas pessoas lá no meio, e ele com aquele tamanho. Parei de puxá-lo quando achei que era mais seguro.


- Você está bem? – perguntei, olhando para seu lábio que estava cortado. Flashes de uma tarde em casa vieram automaticamente na minha cabeça. Ele assentiu.


- E você? – ele perguntou, me surpreendendo. Acho que talvez não devesse ter ficado tão surpresa, afinal, ele me ajudara contra aqueles caras. Assenti, e peguei meu celular, mandando uma mensagem para Lily.


Tem muita gente e não consigo chegar aí. Me encontra depois do show no carrinho de sorvete, ok? – Lene


Ela rapidamente respondera que tudo bem. Fiquei lá, assistindo o que restava do show do Lifehouse. Ainda estávamos distantes do palco, mas conseguia ouvir o show e os telões dos lados ajudavam. Jason Wade cantava “Everything”, isso significava que o show estava no final. Essa era uma música mais antiga.


'Cause you're all that I want
You're all I need
You're everything, everything


- Obrigada. – disse, e seus olhos azuis me encararam. – Por aquilo.


- Não foi nada. – ele respondeu. Voltei minha atenção ao show, mas era difícil fazer isso com ele àquela distância de mim. A quantidade de pessoas no parque nos obrigava a ficar muito próximos. O que estava acontecendo comigo?


And how can I stand here with you
And not be moved by you?
Would you tell me how could it be any better than this?
4



xxx


- Fiquei preocupada com a sua mensagem. – Lily disse, enquanto andávamos de volta a estação. Muitas pessoas faziam o mesmo que nós. – Parece que teve momentos interessantes com ele, hein?


Revirei os olhos pela malícia dela e contei o que havia acontecido mais cedo. Quando terminei, já estávamos embarcando no trem. Olhei meu celular e vi que já passava das 10 da noite.


- Bem, - Lily começou. – De certo modo foi interessante. Afinal, ele te defendeu de uns caras bêbados.


- É, isso foi bem legal da parte dele. – disse, sentado no banco e olhando para a janela. Acho que Lily entendera isso como “não quero falar agora” porque ela simplesmente colocou seus fones de ouvido e adormecera. Eu, por outro lado, não conseguia dormir. Enquanto meu corpo estava cansado, minha cabeça estava a mil. Peguei meu celular, coloquei meu fone de ouvido e as vozes dos Beatles invadiram meus ouvidos.


xxx


- Vocês vão no pub hoje à noite? – Dorcas perguntou durante o almoço da quarta-feira.


- Que pub? – Lily perguntou antes que eu fizesse.


- Vai ter um show num pub no centro da cidade, as meninas da minha aula de Literatura disseram que vai ser super legal.


- Show de quem?


- É como se fosse uma noite de karaokê. – Dorcas me respondeu. – Vão ter alguns “olheiros” procurando por novos talentos. Mas alguns vão lá cantar só pra se divertir.


- Vou sim. – respondi e vi Nigel saindo da cantina. – Tenho que ir, meninas. – andei até a mesa onde James estava. – Vamos no pub hoje à noite? As meninas disseram que vai ser legal.


- Pode ser. – ele respondeu. – Mas quero só ver você dobrar a vovó nessa.


- Você se preocupa demais sabia? – disse sorrindo e saí atrás de Nigel. Não o havia visto a manhã inteira e não tínhamos almoçado juntos.


Encontrei ele no pátio vazio, sentado no banco vendo algo no celular. Sentei-me ao seu lado e olhou para mim, sorrindo. Peguei sua mão e o puxei para o canto mais reservado do pátio, entre as árvores.


- O que você está fazendo? – ele perguntou rindo.


Apenas sorri, e quando chegamos lá, encostei-o na parede beijando-o. Ele se assustara com a minha atitude porque levou alguns segundos para retribuir o beijo.


- Pra quê foi isso? – Ele perguntou surpreso quando nos separamos. Eu nunca fizera algo do tipo, especialmente em lugares públicos.


- Não nos vimos muito hoje.


- Bem, nesse caso... – ele disse, sorrindo. – Vou parar de falar com você todas as manhãs.


Eu ri, dando um tapa em seu braço.


- Você vai no pub hoje à noite?


- Me falaram desse lugar, mas eu não posso ir. Vou ajudar meu pai no escritório hoje. – ele disse. - Você vai com as meninas?


- Vou, e James vai também. – o sinal bateu, e eu suspirei. – Te vejo mais tarde. – disse beijando-o mais uma vez.


 


 


¹. You’ll Ask For Me – Tyler Hilton (Espero que você deixe sua intuição vir antes da minha reputação, porque eu tenho uma. Eu sou o que você vê, não sou o que dizem. Mas se eu me tornasse, poderia me amar mesmo assim? Permanecendo anônimo esperando que seu coração vá acordar e me chamar pelo nome. Talvez algum dia você me chamará pelo nome; mas não hoje.)


². Come Home – OneRepublic (Eu me perco na beleza de tudo que eu vejo; O mundo não é tão ruim quanto dizem ser.)


³. “… where they drink champagne and it tastes just like Cherry Cola” (onde eles bebem champagne e tem sabor de Cherry Cola): trecho de Lola – The Kinks


4. Porque você é tudo que eu quero; é tudo que preciso; é tudo. E como posso ficar aqui com você, e não me comover com você? Você me diria como poderia ser melhor do que isso? [tradução horrível, mas whatever. Deu pra entender.] 


N/A: Ah, eu tinha que colocar Cambridge de alguma maneira aqui. Aí eu me inspirei no festival de verão que teve no Parker’s Piece enquanto eu estava lá. :D
Anyway, eu até que gostei do capítulo, com as músicas e etc. Último capítulo que eu posto nesse ano, eu acho. Se eu conseguir terminar o 14 até lá, eu posto ele. Tenho vestibular dias 4 e 5 de dezembro, então vou ter que me afastar completamente do pc agora. :/
Muito obrigada a quem comentou na FeB: Michelle Freire, Fê Black Potter, Gabbs, Nina H., M. Smith e F. Dawson, Marlene Black., July A. Black, vanessa; e no ff.net: Mila Pink e
Jane L. Black.
Comentem e digam o que acharam, ok? ;)

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Ahhhw amei o capitulo amo capitulos com trechos de musica *-* perfeiiito!

    2011-12-12
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