Confusões sentimentais



––––CAPITULO VINTE E DOIS––––

Confusão sentimental

Tiago acordou de repente, estava tendo um sonho estranho, voava num dragão, mas o dragão parecia não estar gostando muito daquilo, por isso tentou derruba-lo, de repente ele estava caindo na escuridão sem fim, ele caiu num chão de terra fofa, sem saber onde estava saiu andando e ele via rostos, rostos conhecidos, primeiro Kyo, sorrindo, depois seus irmãos, com a habitual cara de deboche e, por ultimo, Sarah, a garota apareceu por inteiro, sorria meigamente, mas parecia um tanto envergonhada.

–Você sabe que eu gosto do Kyo, Ti. –disse a Sarah do sonho, dando um beijo na bochecha dele.

Ele pegou a varinha na mesa de cabeceira, ainda estava escuro.

Matina! –exclamou ele e um relógio esquisito apareceu. –Não são nem cinco horas direito...

Ele se virou para a cama de Kyo, mas não havia ninguém deitado ali, mesmo com a escuridão ele podia ver que a cama estava vazia.

–Onde é que tá aquele doente? –disse Tiago pensando alto.

Ele se levantou e vestiu o hobbie por cima do pijama, olhou para as camas de Archie e John, como sempre Archie roncava alto, lembrando muito um leão com azia. Ele abriu a porta o mais silenciosamente que pode, e desceu as escadas, pisando devagar, para não assustar ninguém lá embaixo.

Ele encontrou Kyo sentando numa das poltronas lá embaixo, ele observava um pedaço de pergaminho com a varinha numa das mãos e um pena na outra, vez ou outra ele mexia numa coisa aqui, outra ali.

–Que é que você tá fazendo fora da cama a essa hora? –perguntou Tiago, se jogando numa poltrona ao lado dele.

–Eu tava dando uma olhada no Mapa do Maroto. –disse Kyo, mostrando o mapa para Tiago. –Andei reparando que ele parece estar meio desatualizado.

–Desatualizado? Como assim?

–Olha só, você conhece essa sala? –disse Kyo, apontando com a varinha para uma sala do terceiro andar, onde estava Madame Nor-r-ra.

–Mas ai não tem sala! –exclamou o outro –É o corredor de musica!

–Isso ai, algumas coisas foram mudadas em Hogwarts desde que o mapa foi feito, eu tô só dando uma arrumadinha...

E com isso Kyo voltou-se mais uma vez para o mapa, passando a varinha pelos traços da sala, apagando-os pouco a pouco.

–E você por acaso sabe como se faz isso? –perguntou Tiago, olhando por cima da cabeça de Kyo.

–Tô aprendendo... –respondeu Kyo, realçando uma linha que apagara sem querer.

–Mas e se você tirar a mágica que tem nele?

–A gente aprende como repor.

–A gente?

Tiago não sabia o que se passava pela cabeça do amigo, mas sabia que coisa boa não podia ser, não com aquele sorriso que ele estava exibindo.

–Que é que você quis dizer com a gente? –perguntou Tiago, sem entender.

–Nós não estamos com o mapa? Então creio que nós somos os novos marotos.

–Novos marotos? Do que é que você está falando?

Kyo levantou o mapa, quase o esfregando na cara de Tiago.

–Aluado, Almofadinhas, Pontas e Rabicho. Os marotos que fizeram a primeira versão do mapa.

–Você bebeu cerveja amanteigada demais ontem, deve estar de ressaca...

–Não, é serio, eu andei dando uma bisbilhotada na biblioteca e acabei encontrando isso.

Kyo se virou e tirou de debaixo da capa da invisibilidade um grosso livro de couro, era bem feito e, apesar da aparência de velho, era muito bem cuidado. Na capa estavam os dizeres: Hogwarts, Turma de 1977. Kyo folheou o livro até mais ou menos o meio do livro, e estendeu para que Tiago o lesse.

Os Marotos,

Sirius Black, o Almofadinhas, Remo Lupin, o Aluado, Pedro Perttigrew, o Rabicho e Tiago Potter, o Pontas, essa era a turma dos Marotos, os maiores arruaceiros da historia de Hogwarts, quatro integrantes das respeitada Grifinória os garotos trouxeram alegria ao tristes dias pelos quais Hogwarts passava graça a primeira guerra. Sempre brigando com os alunos da Sonserina, principalmente Lucio Malfoy e Severo Snape, esses garotos não perdiam uma chance de zombar da cara dos colegas, principalmente os mais novos, que os admiravam e ao mesmo tempo temiam, pois ninguém gosta de ter que apostar corridas com os pés presos ou passar uma tarde pendurado no castiçal das salas de estudo. Alem da fama por serem alegres e divertidos, os garotos sempre fizeram o maior sucesso dentre as garotos de Hogwarts, principalmente Sirius Black e Tiago Potter, que eu Lilian Evans, pessoalmente, acho o cara mais idiota de Hogwarts, mas não nego ter uma quedinha por ele, queda não, um belo dum tombo, mas isso não vem ao caso, a dupla vem arrasando corações desde a sua quara serie, quando resolveram namorar alem de zoar. Já Remo Lupin, o mais cabeça dos quatro, sempre foi reservado e é considerado o cérebro por trás dos músculos (e que músculos, os do Tiago), sempre planejando as próximas pegadinhas e zoações dos garotos. Já Pedro Perttigrew, o “ratinho” como os colegas o chamam, é mais um tipo de puxa saco dos garotos, eu tenho certeza de que ele só está com os garoto porque é o único com o dom do desenho na turma, por isso desenhou o tal Mapa do Maroto, tão famoso entre nós, pobres mortais.

Abaixo haviam quatro fotos dos garotos, Sirius Black era um garoto de pele meio corada pelo sol e cabelos rebeldes até o queixo, Remo Lupin parecia muito velho para a idade, já com barba e cabelos brancos, alem da expressão e sorriso cansados, Pedro Perttigrew era baixinho e meio gorducho, lembrava ligeiramente um rato obeso, Tiago Potter tinha os olhos muitos azuis, cabelos negros e rebeldes, usava óculos em forma de casco de tartaruga e sorria de um jeito que faria qualquer garota suspirar.

–Nossa, o pai do Harry era idêntico a você! –comentou Tiago.

–A Madame Pince também disse isso, –disse Kyo, erguendo o olhos –e olha só a filosofia de vida dele, eu achei bem a minha cara.

Tiago voltou-se para o livro, abaixo de cada foto havia uma mensagem.

Sirius Black: Mais valem duas abelhas voando do que uma na mão.

Remo lupin: Mate-se de estudar e seras um cadáver culto.

Pedro Perttigrew: seja versátil como o pato, que é um bicho aquático e gramático.

Tiago Potter: Tudo que está dentro de dois parênteses pode e deve ser ignorado (como você viu nesse exemplo completamente inutilmente que eu acabei de te dar).

–Eu sinceramente curti mais as do Lupin e do Black. –disse Tiago, devolvendo o livro para Kyo, que acabara de mudar o nome da Sala para cabular para Corredor de musica.

–Também são legais, –concordou Kyo –mas não tanto quanto a do Potter, sei lá, eu também acho que parênteses são coisas inúteis que só servem para fazer gastar tinta.

–Pode até ser, mas o que você prefere? Duas abelhas voando ou uma na sua mão?

–Se for para fazer uma poção de dor eu prefiro uma na mão.
–Não envolva poções que eu já estou por aqui com o Snape, você viu a bronca que ele me deu ontem?

Claro que Kyo vira, toda a escola vira quanto Snape parou a dança de Tiago e Sarah e começou a passar um sermão sobre como o garoto deveria se portar e tratar sua filha que, alias, ficou muito vermelha com aquilo tudo e teve que chorar para fazer o pai parar.

–E não se esqueça Weasley, se eu por acaso souber que você fez a minha Sarah chorar ou sofrer pode crer que eu vou te embalsamar! –disse Tiago, tentando imitar a voz de Snape, no que ele não obteve muito sucesso. –Francamente, eu senti vontade de saber estuporar só pra ver ele caindo!

–Isso não é problema... –disse Kyo, sem erguer os olhos do pergaminho.

Ele havia encontrado uma outra falha, numa sala no sétimo andar, ele tinha absoluta certeza de que não havia nada do lado da sala de estudo dos trouxas, mas não conseguia apagar aquilo, também tinha certeza de que uma ou duas vezes, quando passara por ela, sem querer notara uma porta, mas não conseguia se lembrar em que sala ela dava. Optou por deixar a sala ali, mas queria verificar se não havia nada ali, só para ter certeza.

–Que é que você quis dizer? –perguntou Tiago, sem entender.

–Deixa pra lá...

Kyo ia voltar para o pergaminho quando Kyo voltou a falar:

–Só pra saber, você andou invadindo a biblioteca durante a noite?

–É, você não liga de eu não ter te chamado, não é?

–Mesmo que tentasse eu não iria, tava dormindo... mas você pegou o livro sem perguntar para a Madame Pince?

–É, algo errado?

–Nada, só que ela vai te matar.

–Ela vai ter que se acostumar, nós ainda vamos ter que pegar muitos livros escondidos.

–Como assim nós?!?

–Você acha mesmo que não vamos precisar descobrir alguns feitiços estratégicos?

–Feitiços estratégicos?

–É, quando eu fui pegar o livro ainda era meia noite e meia, eu dei uma lida.

–E daí?

–A não ser por Perttigrew, eles mantinham as melhores notas de Hogwarts em seu tempo.

–Mesmo sendo os arruaceiros que eram? –perguntou Tiago, incrédulo. –Como?

–Na maioria das coisas que eles aprontavam havia uma pontada de estudo, principalmente em feitiços, poções, transfiguração e DCAT.

–Tá certo, suponhamos que nós resolvamos virar os novos marotos, você tem certeza de que nós vamos ter algum sucesso? Quero dizer, eles provavelmente deviam ser gênios e eram quatro, cada um devia cuidar de uma matéria, depois trocavam informações, não é?

–Pode até ser, mas qualquer coisa nós convocamos mais alguém, não vai ser difícil.

–Quem por exemplo? O John e o Archie são duas portas de tão burros.

–Nem tanto...

–O Crabbe e o Goyle tiraram notas melhores que as deles em poções e transfiguração.

–Tá certo, deixa eles pra lá. Mas tem a Sarah e a Nanda?

–Que?!? Por que elas?

–Ah, elas são inteligentes, a Sarah é quem anda garantindo as nossas notas de transfiguração e runas antigas e, alem disso, elas estão sempre com a gente.

–Não acho isso uma boa idéia.

–Por que?

–Não vai pegar muito bem, dois caras e duas garotas andando por ai à noite...

Tiago sabia que não era aquilo, o que realmente o incomodava era o fato de ter reparado que Sarah tinha uma quedinha por aquele jeito de garoto relaxado de Kyo. Já até pensou em começar a ser largado como Kyo, mas ficaria uma forte impressão de que ele estava copiando o jeito dele, alem de achar que ficava melhor sendo um garoto que se vestia normalmente.

–E quem vai ligar pra isso quando formos o quarteto mais famoso de Hogwarts? –perguntou Kyo, se erguendo, um olhar sonhador.

–Não sei, não... –suspirou Kyo.

–Amanha a gente vê isso, vamos subir, quero dormir um pouco, tô morrendo de sono.

Eles subiram para o dormitório devagar, olhando o mapa do maroto, viram Sarah se levantar e ir até a porta do dormitório, Ananda estava deitada e as gêmeas Patil não voltaram para a torre pois estavam na enfermaria, haviam se embebedado na festa e tiveram que passar a noite em observação, Madame Pomfrey não gostou nada disso.

Ao chegarem no dormitório Tiago teve que tapar a boca para não gritar, Kyo se limitou a soltar uma exclamação. Havia pilhas de embrulhos ao lado de cada uma das quatro camas de coluna, as de Archie e John eram quase duas vezes maiores que a de Tiago e Kyo, que estranhou também ter recebido tantos presentes.

Tiago se jogou em sua cama e começou a rasgar os papeis de presentes, lentamente Kyo se dirigiu a sua cama e passou a abrir cuidadosamente os seus presentes. Mas de repente se lembrou de uma coisa, abriu seu malão com um chute e começou a procurar os embrulhos que deixara ali dentro.

–Cadê? –dizia ele. –Ah, merda, cadê?

Ele jogou um sapato, um casaco, a caixa dos óculos, tudo para o alto. E já ia jogando um livro de astronomia que pegara na biblioteca quando Tiago disse:

–Puta, cara, valeu! Quadribol através dos séculos! Eu adoro esse livro!

–Mas... como? –Kyo se limitou a perguntar.

–Como o que? Como eu gosto do livro? –perguntou Tiago, abrindo um outro embrulho.

–Não, é que eu não coloquei isso ai!

–Ah, devem ter sido os elfos domésticos, ele às vezes mexem nas coisas dos alunos para arrumar, eu já vi arrumando o meu malão.

–E eu pensando que estava conseguindo ficar organizado... –resmungou Kyo, decepcionado.

Ele abriu o primeiro embrulho, pensando se Sarah e Nanda gostariam de seus presentes. Surpreendeu-se ao ver de quem era este primeiro embrulho, era um kit para polir vassouras dado por Lilian, ele sentiu o rosto corar enquanto lia o cartão que viera com o presente.

Kyo,

Não queria que fosse daquele jeito,eu queria te contar, não queria que meu pai se metesse, mas não deu, só queria realçar que eu realmente gosto muito de você, mais do que queria ou deveria, só peço que você considere o que eu sinto por você e que não ache que estou me atirando, mas eu simplesmente não consegui ver você ao lado da Tathy, dançando agarrado com ela.

Da sua Lily.

Kyo olhou novamente o cartão, não quis reler, tinha medo de ter lido corretamente, mas mesmo assim não pode deixar o cartão em qualquer lugar, enfiou-o em um bolso das vestes que usaria dali a pouco. Se dirigiu a um outro embrulho, era de Harry, lhe mandara um livro, que Kyo achou que deveria ser bem legal, Voando no pavio dos Cannons. De Tiago ganhou um conjunto de doces, de Sarah uma pena auto-escrivã, de Ciro um kit para matar aulas, de Felipe um kit para tirar os professores da sala, de Renan um kit, inventado pelos trigêmeos, para tirar Filch e Madame Nor-r-ra do local da zoada, de Nanda ele ganhara um enorme coração de chocolate com recheio de licor de morando e um leve toque de poção do amor. E, Kyo não entendeu o porque disse, ganhou da mãe de Tiago um suéter negro com um K.H. pequeno no peito. Agora só havia mais um embrulho, ele sabia de quem era, mas temia abri-lo, tinha medo do que Nanda teria lhe mandado.

Ele pegou este ultimo e abriu-o devagar, temeroso, era pequeno e retangular, lembrando muito uma pequena caixa de sapatos. Atrás dos papeis de presente estava uma caixa de cor parda, ele retirou a tampa e se viu olhando para um estranho relógio de bolso, não havia números, mas sim casas que indicavam lugares como Casa, Escola e Trabalho, havia dois ponteiros, um com o rosto de Kyo e um outro com o de Nanda, ele não entendeu direito o que era aquilo, devagar ele pegou o relógio, o que talvez ele se arrependesse depois. Ele sentiu como se tivesse dado mil giros no mesmo lugar, sua cabeça girou, sentiu um forte dor na cabeça e uma enorme vontade de vomitar, pensou em se levantar, mas achou melhor não arriscar, talvez suas pernas não agüentassem seu peso. Ainda vendo tudo dobrado ele olhou mais uma vez no relógio, se perguntando o porque de Nanda ter lhe enviado um troço daqueles. Ele reparou que agora não havia apenas dois ponteiros, mas sim sete, os dois com os rostos dele e de Nanda e mais outros com os de Tiago, Sarah, Harry, Neville e Uandalini. Os de Harry e Neville indicavam casa e os outros, escola.

–Que diabos será isso? –se perguntou ele, olhando o relógio por todos os lados imagináveis.

–O que? –Tiago se virara para olhar do que ele estava falando, um enorme sorriso se abrira em seu rosto quando viu o objeto.

–Que foi? Por que o sorriso?

–Nossa! Quem foi que te deu isso?

–A Nanda, mas o que é isso?

–É um relógio de afeição, ele mostra as pessoas com quem você mais se importa.

–Como assim?

–E a Mione ainda fala que eu sou lento...

–Quem é Mione?

–Isso não importa agora, mas... como é que eu posso explicar?

Ele olhou para a janela, pensativo, Kyo seguiu seu olhar e se viu olhando para um céu muito escuro salpicado de pontinhos brancos, que caiam devagar e graciosamente.

–É tipo assim, oh, quando você pega o relógio pela primeira vez ele vasculha sua mente a procura de vestígios das pessoas com quem você mais se importa, chega a dar uma zonzeira, ei ele coloca os rostos das pessoas em ponteiros, mostrando onde elas estão.

–Resumindo, ele mostra onde estão os meus entes queridos?

–É isso ai, pode crer.

–Às vezes eu penso que deveria passar mais tempo na biblioteca estudando sobre as coisas do mundo mágico... –disse Kyo, tristemente.

–Por que, cara?

–Já reparou que eu nunca sei de nada? Eu sou um péssimo bruxo!

–Ah, você é um grande bruxo, só que ainda tem coisas que você precisa saber.

–Tipo tudo, né?

–Esquece cara, até eu descubro coisa ou outra de vez em quando, pensa só, imagina eu no mundo dos trouxas?

Kyo sorriu, imaginou Tiago tentando andar de bicicleta, depois de quinze anos sem nem ao menos tocar numa.

–Que desastre! –disse ele, rindo pelo nariz.

–O vovô disse o mesmo, ele adorava me ver apanhando para as engenhocas trouxas.

–Seu avô é trouxa? –perguntou Kyo espantando, sempre pensara que toda a família do amigo fosse bruxa.

–Não, ele é mais bruxo que o Snape, é só que ele é fascinado pelas gambiarras que os trouxas inventam, acredita que ele enfeitiçou um carro para voar?

Kyo teve que rir, imaginou uma versão de Tiago cinqüenta anos mais velha dentro de Mitsubishi voador, no meio dos céus de Londres com um chapéu de cowboy, pulando como se fosse a coisa mais excitante do mundo.

–Acho melhor não acreditar... –disse Kyo, baixinho –pode ser mais cômico do que eu posso agüentar.

–Isso não teve graça...

BUM! Veio um barulho vindo da sala comunal, Tiago e Kyo correram para baixo para ver o que foi. Lá embaixo mal puderam segurar o riso, a cena fora cômica demais, Felipe tinha nas mãos sua varinha, enquanto Ciro e Renan pareciam segurar o resto do que um dia foram tacas de prata, os três tinham as faces negras e um pouco de fumaça ainda circulava pela sala, todos à volta riam. Ciro pegou um livro de aparência nova, que estava sobre uma poltrona.

Olho de Coelho, Harpa a Tocar, Faça Essa Água Rum Virar... –leu ele. –Felipe, seu estúpido! É Faça essa água rum virar, e não transforme essa água em rum agora!

Se antes o pessoal à volta riam não era nada comparado com agora, Kyo teve que segurar a barriga, que doía de tanto rir. Tiago se dobrava, o que deixava aquela cena ainda mais cômica.

–Foi mal... –suspirou Felipe –é que eu esqueci e na hora pareceu rimar...

–Isso ai! –exclamou Renan –Agora e tocar, vambora, vamos rimar! Eu sou um poetiso!

–É poeta, seu animal! –zombou Kauan.

–Isso não vem ao caso, –disse Ciro, entrando entre Renan e Kauan, para que eles não partissem para a briga –vamos tentar mais uma vez o encanto.

Kyo avistou Sarah e Nanda do outro lado da sala comunal, estavam sentadas em poltronas lado a lado, observando a cena com sorrisos divertidos. Ele se dirigiu até elas, tendo que desviar de pessoas que corriam para longe dos trigêmeos.

–Bom dia. –disse ele, se sentando na mesma poltrona dupla que Sarah.

–Bom dia. –disseram as duas em uníssono, sem olhar para ele.

–Nossa, –disse ele, em tom de desanimo –assim eu fico até triste, que recepção...

–Ah, desculpa, Ka –Sarah agarrou ele pelo pescoço, dando um forte abraço nele –é que eu tô meio pensativa.

–Pensando no que? –perguntou Kyo, interessado.

–Já reparou que aqueles três vivem zoando os outros? –perguntou a garota.

–É e daí?

–Ela tá bolando um jeito de pregar uma peca nos trigêmeos. –disse Sarah, com um sorriso amarelo. –quer se vingar.

–Se vingar? –Kyo se surpreendeu. –Então a Sabe-Tudo-Snape quer se vingar dos trigêmeos?

–Qual é, vai me zoar também? –disse Sarah, nervosa, ela ficara muito mais bonita daquele jeito.

–Sabia que você fica mais bonita nervosa? –disse ele.

Sarah ruborizou, Kyo percebeu que Nanda apertara o braço da poltrona com muita força, podia-se perceber que o eu de seus dedos estavam brancos.

–Mas sabe, –continuou Kyo –zoar os trigêmeos não vai ser uma tarefa fácil para vocês pobres mortais.

–Ah-há! –disse Sarah, irritada.

–Quem sabe pros Marotos... –disse Kyo, quase num cochicho.

–Que? –perguntaram as duas em uníssono.

–Nada deixa pra lá... –Kyo parou de falar.

Sarah se aproximara muito dele e segurava seu queixo com o indicador, seus rostos agora estavam a menos de cinco dedos de distancia.

–Fala. –disse ela baixinho, mas alto o suficiente para que Kyo e Nanda escutassem.

–Olha esse rostinho, Sarah... –disse Kyo, que, sem perceber, aproximou ainda mais seu rosto do dela.

–Por que? –disse Sarah, sorrindo e também se aproximando mais –Tá próximo demais pra você?

–Pra mim tá até bom, –disse ele e colocando o dedo nos lábios de Sarah continuou –mas pode ser ligeiramente perigoso pra você.

Aquilo foi quase irrefreável, os rostos deles se aproximaram involuntariamente, seus lábios estavam quase se tocando, Kyo sentiu a respiração dela, o calor do rosto dela, pode ver aqueles olhos cor de mel se fecharem, aquela pele branquinha, quente e macia, aqueles lábios vermelhos.

–Eu disse que podia ser perigoso... –disse ele, mal tinha forças para falar, tão grande fora o esforço de virar seu rosto para não beijar Sarah. “Que é que você acha que tá fazendo?” pensou ele “o seu melhor amigo gosta dela!”

–Por que você fez isso? –perguntou ela com a voz abafada, seu rosto apoiado no ombro dele.

–Eu... eu... eu não sei... –disse Kyo, nem mesmo ele entendia o porque de ter feito aquilo, talvez fosse só por causa de Tiago. Ele viu Tiago do outro lado da sala comunal conversando com uma garota segundanista.

Kyo viu Nanda parada, sentada na mesma poltrona, os olhos azuis da garota cheios de lagrima, Kyo sentiu uma coisa revirar dentro dele, não sabia o que era, mas sabia que era muito esquisito. Ele resolveu sair rápido daquela situação.

–Sabe, Nanda, adorei o seu presente. –disse ele, pegando o relógio que a garota lhe dera.

–Vocês podem se beijar, –disse ela, muito seca –eu não ligo, finjam que não estou aqui.

Kyo sentiu um aperto em seu coração, não queria magoar Nanda, gostava demais da garota.

–Esquece isso, tá Nanda, foi meio que... –ele olhou para Sarah, que sorria levemente –sem querer, tá legal?

–Ah, sim, sem querer! –exclamou ela com a voz aguda, se erguendo. –Assim como fez comigo na ala hospitalar?

Nesse momento metade do salão já olhava para eles, Kyo sabia que todos o olhavam, mas não queria nem saber, apenas se virou para a ruiva a sua frente.

–É, eu te beijei sem querer sim! –gritou ele, também se erguendo. –Foi um negocio que eu não pude controlar! Foi algo no... no meu... meu...

–Seu o que? –perguntou ela, num grito esganiçado.

–Meu coração... eu acho... –disse ele, baixinho.

Ele percebeu que Nanda parecia ter ficado mexida com aquilo, tentou olhar no rosto dela, meio temeroso. Ela tinha lagrimas nos olhos, parecia preste a desabar no choro.

–Será... –começou ela, as primeiras lagrimas teimosas escorrendo pelo seu rosto, Kyo sentiu uma outra coisa em seu estomago –será que você não se cansa de destroçar corações?!? Mesmo... mesmo sendo bonito... lindo pra ser mais exata... só porque é o apanhador, faz o maior sucesso entre as garotas... só porque é o menino que sobreviveu...

Agora a garota metera o dedo na ferida de Kyo, as lagrimas vieram quase na velocidade da luz , ele ficou roxo de fúria e o ergueu para Nanda, que recuo um passo ao vê-lo daquela maneira.

–É ISSO AI! EU SOU O TAL DESGRAÇADO QUE SOBREVIVEU! –gritou ele, pouco se importando se estava salpicando de cuspe o rosto já molhado de lagrimas de Nanda. –E PARA TAL FEITO EU TIVE QUE PERDER UMA TIA QUE ME ADORAVA E MEUS PAIS! QUE ALIAS ERAM A ÚNICA FAMILIA QUE EU TINHA! AGORA EU VOU TER QUE VIVER COM TRÊS PANACAS QUE ACHAM QUE EU SOU A COISA MAIS NOJENTA DA FACE DA TERRA! E POR QUE? PORQUE EU RESOLVI SOBREVIVER A UM ATAQUE DO DOENTE POR PODER QUE NÃO SABE ESCOLHER UM PSEUDÔNIMO MELHOR QUE VOLDEMORT!!!!

Ele terminou seu chilique e olhou a volta, todo o salão se encolhera a menção do nome de Voldemort, nem ligavam mais para a briga de Kyo e Nanda. A garota mexeu a mão, seus lábios se mexiam mas não emitiam som algum, Kyo bufava de raiva. Nanda secou uma lagrima que não parecia querer cair de seus olhos e correu em direção ao dormitório.

Kyo ficou parado no mesmo lugar, seu peito arfando, respirava com dificuldade. Deixou-se cair no chão, olhando para as próprias mãos sem saber o que fazer. Tiago se sentou ao seu lado.

–Você tá legal? –perguntou ele, pondo a mão no ombro dele.

–Mais ou... –ele parou pensando, realmente não estava bem, nem mais ou menos, tampouco –não... eu tô mal, muito mal. Quantos metros são daqui lê embaixo?

–Uns setenta metros, por que?

–Quem sabe eu não me jogo pela janela, acho que metade de Hogwarts ficaria agradecida.

–A metade masculina provavelmente ficaria. –disse Tiago, tentando animar o amigo. –Mas o que foi que aconteceu?

Kyo pensou se deveria ou não contar para Tiago tudo o que acontecera, talvez o amigo não gostasse de saber do que quase acontecera entre ele e o Tiago.

–Tiago, de quem e que você gosta? –perguntou Kyo, ainda desanimado.

–Eu? Er... –começou Tiago, muito vermelho, sem saber o que responder –não fala pra ninguém tá certo... peraí por que é que eu tô falando isso? Você nem conhece ela!

–Quem é? Estuda aqui em Hogwarts?

–Não, ela... –ele ficou ainda mais vermelho, se é que é possível –ela ainda não entrou aqui na escola, só entra ano que vem...

–Tá, mas quem é? –alem da tristeza Kyo começava a ficar com raiva, só não sabia se de Ananda ou de Tiago.

–É uma prima da Nancy e da Pubia, ela... ela é tão linda...

Uma expressão sonhadora surgiu no rosto de Tiago, que sorriu abobalhado. Kyo estalou os dedos em frente aos seus olhos, para que ele voltasse a realidade.

–Mas... mas e a Sarah? –perguntou Kyo, timidamente.

–Que é que tem ela? –Tiago ainda tinha o ar sonhador.

–Você não gostava dela?

–Falou bem, eu gostava, há dois anos atrás, até eu conhecer Mione...

O sorriso besta voltou aos lábios dele.

–Mas Mione ou Hermione... sei lá! A Sra. Snape não é a mãe da Sarah? –perguntou Kyo, agora nervoso, triste e confuso.

–Não, eu tô falando de uma outra Hermione, essa é Hermione Finnigan.

Kyo resolveu deixar esse assunto morrer, e contou para Tiago o que acontecera a pouco entre ele e Sarah, que a garota se aproximou do rosto dele de um modo muito estranho, alem de não desgrudar os olhos dos dele e a reação de Nanda, que primeiro ficou chocada, depois chilique e ainda desatou a chorar quando ele resolveu mostrar que não é tão bom ser o tal Menino que Sobreviveu.

–Mas ela já disse que gosta de você, –explicou Tiago, após estar a par do que acontecera –é normal ficar daquele jeito, ciúme sabe? Apesar de tentar se convencer que não, depois daquele beijo ela ainda acha que você sente alguma coisa por ela.

–O pior é que eu tenho certeza de que gosto de outra pessoa e que ela não... –Kyo não conseguiu terminar a frase, algo dizia que ele não devia presumir nada tão cedo.

–Ela não o que? Não tem chance? Isso tá na cara!

–Que seja.

Kyo queria falar com Nanda, sentia-se mal, queria pedir desculpas, apesar de ter certeza de que não tivera culpa de nada. Se levantou e se dirigiu a escadaria do dormitório, para pensar um pouco. Subiu devagar, rezando para que não encontrasse ninguém ou que ninguém o chamasse. Por sorte isso não aconteceu. Quando chegou no corredor do dormitório do primeiro ano abriu a porta, mas então teve vontade de morrer, do outro lado viu Nanda, por um milésimo de segundo pensou que estivesse sozinha e, automaticamente, deu um passo a frente, sem soltar a maçaneta da porta, foi só então que reparou que ela estava acompanhada por alguém, um garoto. O tal de Julius da noite passada, pareciam estar apenas conversando, mas Kyo não quis saber, deu mais um passo a frente, iria tirar de perto dela, não sabia o porque , mas queria ele longe dela. Então reparou que ele tinha as mãos na cintura da garota. Kyo fechou os olhos lentamente, tentando controlar a raiva que explodiu dentro dele. Com toda sua força puxou a maçaneta para fechar a porta que fez um enorme barulho, ele não soube fizera aquilo para aliviar um pouco da raiva ou se para mostrar aos dois que estava ali.

–K-Kyo? Que é você tá fazendo aqui? –perguntou Nanda, surpresa por ver ele ali.

–Creio que aqui seja o meu dormitório. –disse ele seca, mas calmamente, apontando para a porta que acabara de bater.

–Vamos subir? –perguntou Julius, indicando a escadaria atrás deles.

–Claro. –cochichou ela.

Eles subiram os cinco primeiros degraus, mas Nanda parou ao ouvir a voz de Kyo:

–Eu nem sei o que te dizer... –disse ele, rindo pelo nariz. –eu acho que eu dizia como você é linda, talvez isso me ajudasse a mudar...

Ela voltou a subir os degraus com determinação, queria ignora-lo. Kyo ficou parado escutando os passos dela ecoando e o barulho da porta se fechando.

–Eu sei que você pode me ouvir ainda, –gritou ele, não agüentava mais, a raiva transbordava –mas o que você quer é acabar com minha vida e não liga quando cutuca a minha ferida!

Ele escutou o barulho de passos no corredor lá em cima, eram duas pessoas. Apareceram ao pé da escada, primeiro Julius, depois Nanda.

–Você não cansa de magoar ela, não? –perguntou Julius, em tom de censura.

–Da licença que o B.O. não é contigo, certo? –disse Kyo e se virando para Nanda completou. –Desculpa, tá certo, não queria te magoar, não imaginei que você se sentiria assim, alem de eu não querer que aquilo tivesse acontecido.

–Não te desculpo não! –exclamou Nanda, com a voz aguda, apertando a mão de Julius, Kyo percebeu isso. –Você tem idéia de como eu me senti?

–Antes não, agora eu tenho. –respondeu ele, sem tirar os olhos das mãos deles. –Agora, se me dão licença, eu tenho que me martirizar um pouco.

–Que? –perguntou Nanda, sem entender.

–Só uma coisa pra você: imagine se um dia eu não acordar. –disse ele, e com isso desceu as escadas em direção à sala comunal, queria sair, dar uma volta.

Todos parecia ter escutado os gritos dele e, quando apareceu lá embaixo, todos o observavam, Sarah e Tiago conversavam um pouco a um canto, a garota parecia um tanto envergonhada e evitou o olhar dele quando ele passou. Já estava no meio da sala quando escutou Nanda chamar por ele:

–Kyo, espera, quero falar contigo!

Ele se virou e, com seus olhos lacrimejantes olhou para os da garota, que também estavam muito úmidos.

–Me faz um favor? –disse ele com calma, cerrando os punhos com tanta força que achou que logo os quebraria. –NÃO ENCHE!!!!!!! –a voz dele ecoou como um trovão.

Todas as lareiras se apagaram com o vento forte que percorreu a sala naquele instante, as poltronas também foram pegas, voando cerca de um metro para longe dele, alguns alunos, que estavam sentados, voaram com as lareiras. Nanda fora jogada para trás, caindo com força em meio aos degraus. Todos olhavam espantados para Kyo, que saiu tão furioso que nem reparou que não precisou empurrar o retrato da mulher gorda, que se abriu sozinho e com violência.

––––CAPITULO VINTE E DOIS––––

Confusão sentimental

Tiago acordou de repente, estava tendo um sonho estranho, voava num dragão, mas o dragão parecia não estar gostando muito daquilo, por isso tentou derruba-lo, de repente ele estava caindo na escuridão sem fim, ele caiu num chão de terra fofa, sem saber onde estava saiu andando e ele via rostos, rostos conhecidos, primeiro Kyo, sorrindo, depois seus irmãos, com a habitual cara de deboche e, por ultimo, Sarah, a garota apareceu por inteiro, sorria meigamente, mas parecia um tanto envergonhada.

–Você sabe que eu gosto do Kyo, Ti. –disse a Sarah do sonho, dando um beijo na bochecha dele.

Ele pegou a varinha na mesa de cabeceira, ainda estava escuro.

Matina! –exclamou ele e um relógio esquisito apareceu. –Não são nem cinco horas direito...

Ele se virou para a cama de Kyo, mas não havia ninguém deitado ali, mesmo com a escuridão ele podia ver que a cama estava vazia.

–Onde é que tá aquele doente? –disse Tiago pensando alto.

Ele se levantou e vestiu o hobbie por cima do pijama, olhou para as camas de Archie e John, como sempre Archie roncava alto, lembrando muito um leão com azia. Ele abriu a porta o mais silenciosamente que pode, e desceu as escadas, pisando devagar, para não assustar ninguém lá embaixo.

Ele encontrou Kyo sentando numa das poltronas lá embaixo, ele observava um pedaço de pergaminho com a varinha numa das mãos e um pena na outra, vez ou outra ele mexia numa coisa aqui, outra ali.

–Que é que você tá fazendo fora da cama a essa hora? –perguntou Tiago, se jogando numa poltrona ao lado dele.

–Eu tava dando uma olhada no Mapa do Maroto. –disse Kyo, mostrando o mapa para Tiago. –Andei reparando que ele parece estar meio desatualizado.

–Desatualizado? Como assim?

–Olha só, você conhece essa sala? –disse Kyo, apontando com a varinha para uma sala do terceiro andar, onde estava Madame Nor-r-ra.

–Mas ai não tem sala! –exclamou o outro –É o corredor de musica!

–Isso ai, algumas coisas foram mudadas em Hogwarts desde que o mapa foi feito, eu tô só dando uma arrumadinha...

E com isso Kyo voltou-se mais uma vez para o mapa, passando a varinha pelos traços da sala, apagando-os pouco a pouco.

–E você por acaso sabe como se faz isso? –perguntou Tiago, olhando por cima da cabeça de Kyo.

–Tô aprendendo... –respondeu Kyo, realçando uma linha que apagara sem querer.

–Mas e se você tirar a mágica que tem nele?

–A gente aprende como repor.

–A gente?

Tiago não sabia o que se passava pela cabeça do amigo, mas sabia que coisa boa não podia ser, não com aquele sorriso que ele estava exibindo.

–Que é que você quis dizer com a gente? –perguntou Tiago, sem entender.

–Nós não estamos com o mapa? Então creio que nós somos os novos marotos.

–Novos marotos? Do que é que você está falando?

Kyo levantou o mapa, quase o esfregando na cara de Tiago.

–Aluado, Almofadinhas, Pontas e Rabicho. Os marotos que fizeram a primeira versão do mapa.

–Você bebeu cerveja amanteigada demais ontem, deve estar de ressaca...

–Não, é serio, eu andei dando uma bisbilhotada na biblioteca e acabei encontrando isso.

Kyo se virou e tirou de debaixo da capa da invisibilidade um grosso livro de couro, era bem feito e, apesar da aparência de velho, era muito bem cuidado. Na capa estavam os dizeres: Hogwarts, Turma de 1977. Kyo folheou o livro até mais ou menos o meio do livro, e estendeu para que Tiago o lesse.

Os Marotos,

Sirius Black, o Almofadinhas, Remo Lupin, o Aluado, Pedro Perttigrew, o Rabicho e Tiago Potter, o Pontas, essa era a turma dos Marotos, os maiores arruaceiros da historia de Hogwarts, quatro integrantes das respeitada Grifinória os garotos trouxeram alegria ao tristes dias pelos quais Hogwarts passava graça a primeira guerra. Sempre brigando com os alunos da Sonserina, principalmente Lucio Malfoy e Severo Snape, esses garotos não perdiam uma chance de zombar da cara dos colegas, principalmente os mais novos, que os admiravam e ao mesmo tempo temiam, pois ninguém gosta de ter que apostar corridas com os pés presos ou passar uma tarde pendurado no castiçal das salas de estudo. Alem da fama por serem alegres e divertidos, os garotos sempre fizeram o maior sucesso dentre as garotos de Hogwarts, principalmente Sirius Black e Tiago Potter, que eu Lilian Evans, pessoalmente, acho o cara mais idiota de Hogwarts, mas não nego ter uma quedinha por ele, queda não, um belo dum tombo, mas isso não vem ao caso, a dupla vem arrasando corações desde a sua quara serie, quando resolveram namorar alem de zoar. Já Remo Lupin, o mais cabeça dos quatro, sempre foi reservado e é considerado o cérebro por trás dos músculos (e que músculos, os do Tiago), sempre planejando as próximas pegadinhas e zoações dos garotos. Já Pedro Perttigrew, o “ratinho” como os colegas o chamam, é mais um tipo de puxa saco dos garotos, eu tenho certeza de que ele só está com os garoto porque é o único com o dom do desenho na turma, por isso desenhou o tal Mapa do Maroto, tão famoso entre nós, pobres mortais.

Abaixo haviam quatro fotos dos garotos, Sirius Black era um garoto de pele meio corada pelo sol e cabelos rebeldes até o queixo, Remo Lupin parecia muito velho para a idade, já com barba e cabelos brancos, alem da expressão e sorriso cansados, Pedro Perttigrew era baixinho e meio gorducho, lembrava ligeiramente um rato obeso, Tiago Potter tinha os olhos muitos azuis, cabelos negros e rebeldes, usava óculos em forma de casco de tartaruga e sorria de um jeito que faria qualquer garota suspirar.

–Nossa, o pai do Harry era idêntico a você! –comentou Tiago.

–A Madame Pince também disse isso, –disse Kyo, erguendo o olhos –e olha só a filosofia de vida dele, eu achei bem a minha cara.

Tiago voltou-se para o livro, abaixo de cada foto havia uma mensagem.

Sirius Black: Mais valem duas abelhas voando do que uma na mão.

Remo lupin: Mate-se de estudar e seras um cadáver culto.

Pedro Perttigrew: seja versátil como o pato, que é um bicho aquático e gramático.

Tiago Potter: Tudo que está dentro de dois parênteses pode e deve ser ignorado (como você viu nesse exemplo completamente inutilmente que eu acabei de te dar).

–Eu sinceramente curti mais as do Lupin e do Black. –disse Tiago, devolvendo o livro para Kyo, que acabara de mudar o nome da Sala para cabular para Corredor de musica.

–Também são legais, –concordou Kyo –mas não tanto quanto a do Potter, sei lá, eu também acho que parênteses são coisas inúteis que só servem para fazer gastar tinta.

–Pode até ser, mas o que você prefere? Duas abelhas voando ou uma na sua mão?

–Se for para fazer uma poção de dor eu prefiro uma na mão.
–Não envolva poções que eu já estou por aqui com o Snape, você viu a bronca que ele me deu ontem?

Claro que Kyo vira, toda a escola vira quanto Snape parou a dança de Tiago e Sarah e começou a passar um sermão sobre como o garoto deveria se portar e tratar sua filha que, alias, ficou muito vermelha com aquilo tudo e teve que chorar para fazer o pai parar.

–E não se esqueça Weasley, se eu por acaso souber que você fez a minha Sarah chorar ou sofrer pode crer que eu vou te embalsamar! –disse Tiago, tentando imitar a voz de Snape, no que ele não obteve muito sucesso. –Francamente, eu senti vontade de saber estuporar só pra ver ele caindo!

–Isso não é problema... –disse Kyo, sem erguer os olhos do pergaminho.

Ele havia encontrado uma outra falha, numa sala no sétimo andar, ele tinha absoluta certeza de que não havia nada do lado da sala de estudo dos trouxas, mas não conseguia apagar aquilo, também tinha certeza de que uma ou duas vezes, quando passara por ela, sem querer notara uma porta, mas não conseguia se lembrar em que sala ela dava. Optou por deixar a sala ali, mas queria verificar se não havia nada ali, só para ter certeza.

–Que é que você quis dizer? –perguntou Tiago, sem entender.

–Deixa pra lá...

Kyo ia voltar para o pergaminho quando Kyo voltou a falar:

–Só pra saber, você andou invadindo a biblioteca durante a noite?

–É, você não liga de eu não ter te chamado, não é?

–Mesmo que tentasse eu não iria, tava dormindo... mas você pegou o livro sem perguntar para a Madame Pince?

–É, algo errado?

–Nada, só que ela vai te matar.

–Ela vai ter que se acostumar, nós ainda vamos ter que pegar muitos livros escondidos.

–Como assim nós?!?

–Você acha mesmo que não vamos precisar descobrir alguns feitiços estratégicos?

–Feitiços estratégicos?

–É, quando eu fui pegar o livro ainda era meia noite e meia, eu dei uma lida.

–E daí?

–A não ser por Perttigrew, eles mantinham as melhores notas de Hogwarts em seu tempo.

–Mesmo sendo os arruaceiros que eram? –perguntou Tiago, incrédulo. –Como?

–Na maioria das coisas que eles aprontavam havia uma pontada de estudo, principalmente em feitiços, poções, transfiguração e DCAT.

–Tá certo, suponhamos que nós resolvamos virar os novos marotos, você tem certeza de que nós vamos ter algum sucesso? Quero dizer, eles provavelmente deviam ser gênios e eram quatro, cada um devia cuidar de uma matéria, depois trocavam informações, não é?

–Pode até ser, mas qualquer coisa nós convocamos mais alguém, não vai ser difícil.

–Quem por exemplo? O John e o Archie são duas portas de tão burros.

–Nem tanto...

–O Crabbe e o Goyle tiraram notas melhores que as deles em poções e transfiguração.

–Tá certo, deixa eles pra lá. Mas tem a Sarah e a Nanda?

–Que?!? Por que elas?

–Ah, elas são inteligentes, a Sarah é quem anda garantindo as nossas notas de transfiguração e runas antigas e, alem disso, elas estão sempre com a gente.

–Não acho isso uma boa idéia.

–Por que?

–Não vai pegar muito bem, dois caras e duas garotas andando por ai à noite...

Tiago sabia que não era aquilo, o que realmente o incomodava era o fato de ter reparado que Sarah tinha uma quedinha por aquele jeito de garoto relaxado de Kyo. Já até pensou em começar a ser largado como Kyo, mas ficaria uma forte impressão de que ele estava copiando o jeito dele, alem de achar que ficava melhor sendo um garoto que se vestia normalmente.

–E quem vai ligar pra isso quando formos o quarteto mais famoso de Hogwarts? –perguntou Kyo, se erguendo, um olhar sonhador.

–Não sei, não... –suspirou Kyo.

–Amanha a gente vê isso, vamos subir, quero dormir um pouco, tô morrendo de sono.

Eles subiram para o dormitório devagar, olhando o mapa do maroto, viram Sarah se levantar e ir até a porta do dormitório, Ananda estava deitada e as gêmeas Patil não voltaram para a torre pois estavam na enfermaria, haviam se embebedado na festa e tiveram que passar a noite em observação, Madame Pomfrey não gostou nada disso.

Ao chegarem no dormitório Tiago teve que tapar a boca para não gritar, Kyo se limitou a soltar uma exclamação. Havia pilhas de embrulhos ao lado de cada uma das quatro camas de coluna, as de Archie e John eram quase duas vezes maiores que a de Tiago e Kyo, que estranhou também ter recebido tantos presentes.

Tiago se jogou em sua cama e começou a rasgar os papeis de presentes, lentamente Kyo se dirigiu a sua cama e passou a abrir cuidadosamente os seus presentes. Mas de repente se lembrou de uma coisa, abriu seu malão com um chute e começou a procurar os embrulhos que deixara ali dentro.

–Cadê? –dizia ele. –Ah, merda, cadê?

Ele jogou um sapato, um casaco, a caixa dos óculos, tudo para o alto. E já ia jogando um livro de astronomia que pegara na biblioteca quando Tiago disse:

–Puta, cara, valeu! Quadribol através dos séculos! Eu adoro esse livro!

–Mas... como? –Kyo se limitou a perguntar.

–Como o que? Como eu gosto do livro? –perguntou Tiago, abrindo um outro embrulho.

–Não, é que eu não coloquei isso ai!

–Ah, devem ter sido os elfos domésticos, ele às vezes mexem nas coisas dos alunos para arrumar, eu já vi arrumando o meu malão.

–E eu pensando que estava conseguindo ficar organizado... –resmungou Kyo, decepcionado.

Ele abriu o primeiro embrulho, pensando se Sarah e Nanda gostariam de seus presentes. Surpreendeu-se ao ver de quem era este primeiro embrulho, era um kit para polir vassouras dado por Lilian, ele sentiu o rosto corar enquanto lia o cartão que viera com o presente.

Kyo,

Não queria que fosse daquele jeito,eu queria te contar, não queria que meu pai se metesse, mas não deu, só queria realçar que eu realmente gosto muito de você, mais do que queria ou deveria, só peço que você considere o que eu sinto por você e que não ache que estou me atirando, mas eu simplesmente não consegui ver você ao lado da Tathy, dançando agarrado com ela.

Da sua Lily.

Kyo olhou novamente o cartão, não quis reler, tinha medo de ter lido corretamente, mas mesmo assim não pode deixar o cartão em qualquer lugar, enfiou-o em um bolso das vestes que usaria dali a pouco. Se dirigiu a um outro embrulho, era de Harry, lhe mandara um livro, que Kyo achou que deveria ser bem legal, Voando no pavio dos Cannons. De Tiago ganhou um conjunto de doces, de Sarah uma pena auto-escrivã, de Ciro um kit para matar aulas, de Felipe um kit para tirar os professores da sala, de Renan um kit, inventado pelos trigêmeos, para tirar Filch e Madame Nor-r-ra do local da zoada, de Nanda ele ganhara um enorme coração de chocolate com recheio de licor de morando e um leve toque de poção do amor. E, Kyo não entendeu o porque disse, ganhou da mãe de Tiago um suéter negro com um K.H. pequeno no peito. Agora só havia mais um embrulho, ele sabia de quem era, mas temia abri-lo, tinha medo do que Nanda teria lhe mandado.

Ele pegou este ultimo e abriu-o devagar, temeroso, era pequeno e retangular, lembrando muito uma pequena caixa de sapatos. Atrás dos papeis de presente estava uma caixa de cor parda, ele retirou a tampa e se viu olhando para um estranho relógio de bolso, não havia números, mas sim casas que indicavam lugares como Casa, Escola e Trabalho, havia dois ponteiros, um com o rosto de Kyo e um outro com o de Nanda, ele não entendeu direito o que era aquilo, devagar ele pegou o relógio, o que talvez ele se arrependesse depois. Ele sentiu como se tivesse dado mil giros no mesmo lugar, sua cabeça girou, sentiu um forte dor na cabeça e uma enorme vontade de vomitar, pensou em se levantar, mas achou melhor não arriscar, talvez suas pernas não agüentassem seu peso. Ainda vendo tudo dobrado ele olhou mais uma vez no relógio, se perguntando o porque de Nanda ter lhe enviado um troço daqueles. Ele reparou que agora não havia apenas dois ponteiros, mas sim sete, os dois com os rostos dele e de Nanda e mais outros com os de Tiago, Sarah, Harry, Neville e Uandalini. Os de Harry e Neville indicavam casa e os outros, escola.

–Que diabos será isso? –se perguntou ele, olhando o relógio por todos os lados imagináveis.

–O que? –Tiago se virara para olhar do que ele estava falando, um enorme sorriso se abrira em seu rosto quando viu o objeto.

–Que foi? Por que o sorriso?

–Nossa! Quem foi que te deu isso?

–A Nanda, mas o que é isso?

–É um relógio de afeição, ele mostra as pessoas com quem você mais se importa.

–Como assim?

–E a Mione ainda fala que eu sou lento...

–Quem é Mione?

–Isso não importa agora, mas... como é que eu posso explicar?

Ele olhou para a janela, pensativo, Kyo seguiu seu olhar e se viu olhando para um céu muito escuro salpicado de pontinhos brancos, que caiam devagar e graciosamente.

–É tipo assim, oh, quando você pega o relógio pela primeira vez ele vasculha sua mente a procura de vestígios das pessoas com quem você mais se importa, chega a dar uma zonzeira, ei ele coloca os rostos das pessoas em ponteiros, mostrando onde elas estão.

–Resumindo, ele mostra onde estão os meus entes queridos?

–É isso ai, pode crer.

–Às vezes eu penso que deveria passar mais tempo na biblioteca estudando sobre as coisas do mundo mágico... –disse Kyo, tristemente.

–Por que, cara?

–Já reparou que eu nunca sei de nada? Eu sou um péssimo bruxo!

–Ah, você é um grande bruxo, só que ainda tem coisas que você precisa saber.

–Tipo tudo, né?

–Esquece cara, até eu descubro coisa ou outra de vez em quando, pensa só, imagina eu no mundo dos trouxas?

Kyo sorriu, imaginou Tiago tentando andar de bicicleta, depois de quinze anos sem nem ao menos tocar numa.

–Que desastre! –disse ele, rindo pelo nariz.

–O vovô disse o mesmo, ele adorava me ver apanhando para as engenhocas trouxas.

–Seu avô é trouxa? –perguntou Kyo espantando, sempre pensara que toda a família do amigo fosse bruxa.

–Não, ele é mais bruxo que o Snape, é só que ele é fascinado pelas gambiarras que os trouxas inventam, acredita que ele enfeitiçou um carro para voar?

Kyo teve que rir, imaginou uma versão de Tiago cinqüenta anos mais velha dentro de Mitsubishi voador, no meio dos céus de Londres com um chapéu de cowboy, pulando como se fosse a coisa mais excitante do mundo.

–Acho melhor não acreditar... –disse Kyo, baixinho –pode ser mais cômico do que eu posso agüentar.

–Isso não teve graça...

BUM! Veio um barulho vindo da sala comunal, Tiago e Kyo correram para baixo para ver o que foi. Lá embaixo mal puderam segurar o riso, a cena fora cômica demais, Felipe tinha nas mãos sua varinha, enquanto Ciro e Renan pareciam segurar o resto do que um dia foram tacas de prata, os três tinham as faces negras e um pouco de fumaça ainda circulava pela sala, todos à volta riam. Ciro pegou um livro de aparência nova, que estava sobre uma poltrona.

Olho de Coelho, Harpa a Tocar, Faça Essa Água Rum Virar... –leu ele. –Felipe, seu estúpido! É Faça essa água rum virar, e não transforme essa água em rum agora!

Se antes o pessoal à volta riam não era nada comparado com agora, Kyo teve que segurar a barriga, que doía de tanto rir. Tiago se dobrava, o que deixava aquela cena ainda mais cômica.

–Foi mal... –suspirou Felipe –é que eu esqueci e na hora pareceu rimar...

–Isso ai! –exclamou Renan –Agora e tocar, vambora, vamos rimar! Eu sou um poetiso!

–É poeta, seu animal! –zombou Kauan.

–Isso não vem ao caso, –disse Ciro, entrando entre Renan e Kauan, para que eles não partissem para a briga –vamos tentar mais uma vez o encanto.

Kyo avistou Sarah e Nanda do outro lado da sala comunal, estavam sentadas em poltronas lado a lado, observando a cena com sorrisos divertidos. Ele se dirigiu até elas, tendo que desviar de pessoas que corriam para longe dos trigêmeos.

–Bom dia. –disse ele, se sentando na mesma poltrona dupla que Sarah.

–Bom dia. –disseram as duas em uníssono, sem olhar para ele.

–Nossa, –disse ele, em tom de desanimo –assim eu fico até triste, que recepção...

–Ah, desculpa, Ka –Sarah agarrou ele pelo pescoço, dando um forte abraço nele –é que eu tô meio pensativa.

–Pensando no que? –perguntou Kyo, interessado.

–Já reparou que aqueles três vivem zoando os outros? –perguntou a garota.

–É e daí?

–Ela tá bolando um jeito de pregar uma peca nos trigêmeos. –disse Sarah, com um sorriso amarelo. –quer se vingar.

–Se vingar? –Kyo se surpreendeu. –Então a Sabe-Tudo-Snape quer se vingar dos trigêmeos?

–Qual é, vai me zoar também? –disse Sarah, nervosa, ela ficara muito mais bonita daquele jeito.

–Sabia que você fica mais bonita nervosa? –disse ele.

Sarah ruborizou, Kyo percebeu que Nanda apertara o braço da poltrona com muita força, podia-se perceber que o eu de seus dedos estavam brancos.

–Mas sabe, –continuou Kyo –zoar os trigêmeos não vai ser uma tarefa fácil para vocês pobres mortais.

–Ah-há! –disse Sarah, irritada.

–Quem sabe pros Marotos... –disse Kyo, quase num cochicho.

–Que? –perguntaram as duas em uníssono.

–Nada deixa pra lá... –Kyo parou de falar.

Sarah se aproximara muito dele e segurava seu queixo com o indicador, seus rostos agora estavam a menos de cinco dedos de distancia.

–Fala. –disse ela baixinho, mas alto o suficiente para que Kyo e Nanda escutassem.

–Olha esse rostinho, Sarah... –disse Kyo, que, sem perceber, aproximou ainda mais seu rosto do dela.

–Por que? –disse Sarah, sorrindo e também se aproximando mais –Tá próximo demais pra você?

–Pra mim tá até bom, –disse ele e colocando o dedo nos lábios de Sarah continuou –mas pode ser ligeiramente perigoso pra você.

Aquilo foi quase irrefreável, os rostos deles se aproximaram involuntariamente, seus lábios estavam quase se tocando, Kyo sentiu a respiração dela, o calor do rosto dela, pode ver aqueles olhos cor de mel se fecharem, aquela pele branquinha, quente e macia, aqueles lábios vermelhos.

–Eu disse que podia ser perigoso... –disse ele, mal tinha forças para falar, tão grande fora o esforço de virar seu rosto para não beijar Sarah. “Que é que você acha que tá fazendo?” pensou ele “o seu melhor amigo gosta dela!”

–Por que você fez isso? –perguntou ela com a voz abafada, seu rosto apoiado no ombro dele.

–Eu... eu... eu não sei... –disse Kyo, nem mesmo ele entendia o porque de ter feito aquilo, talvez fosse só por causa de Tiago. Ele viu Tiago do outro lado da sala comunal conversando com uma garota segundanista.

Kyo viu Nanda parada, sentada na mesma poltrona, os olhos azuis da garota cheios de lagrima, Kyo sentiu uma coisa revirar dentro dele, não sabia o que era, mas sabia que era muito esquisito. Ele resolveu sair rápido daquela situação.

–Sabe, Nanda, adorei o seu presente. –disse ele, pegando o relógio que a garota lhe dera.

–Vocês podem se beijar, –disse ela, muito seca –eu não ligo, finjam que não estou aqui.

Kyo sentiu um aperto em seu coração, não queria magoar Nanda, gostava demais da garota.

–Esquece isso, tá Nanda, foi meio que... –ele olhou para Sarah, que sorria levemente –sem querer, tá legal?

–Ah, sim, sem querer! –exclamou ela com a voz aguda, se erguendo. –Assim como fez comigo na ala hospitalar?

Nesse momento metade do salão já olhava para eles, Kyo sabia que todos o olhavam, mas não queria nem saber, apenas se virou para a ruiva a sua frente.

–É, eu te beijei sem querer sim! –gritou ele, também se erguendo. –Foi um negocio que eu não pude controlar! Foi algo no... no meu... meu...

–Seu o que? –perguntou ela, num grito esganiçado.

–Meu coração... eu acho... –disse ele, baixinho.

Ele percebeu que Nanda parecia ter ficado mexida com aquilo, tentou olhar no rosto dela, meio temeroso. Ela tinha lagrimas nos olhos, parecia preste a desabar no choro.

–Será... –começou ela, as primeiras lagrimas teimosas escorrendo pelo seu rosto, Kyo sentiu uma outra coisa em seu estomago –será que você não se cansa de destroçar corações?!? Mesmo... mesmo sendo bonito... lindo pra ser mais exata... só porque é o apanhador, faz o maior sucesso entre as garotas... só porque é o menino que sobreviveu...

Agora a garota metera o dedo na ferida de Kyo, as lagrimas vieram quase na velocidade da luz , ele ficou roxo de fúria e o ergueu para Nanda, que recuo um passo ao vê-lo daquela maneira.

–É ISSO AI! EU SOU O TAL DESGRAÇADO QUE SOBREVIVEU! –gritou ele, pouco se importando se estava salpicando de cuspe o rosto já molhado de lagrimas de Nanda. –E PARA TAL FEITO EU TIVE QUE PERDER UMA TIA QUE ME ADORAVA E MEUS PAIS! QUE ALIAS ERAM A ÚNICA FAMILIA QUE EU TINHA! AGORA EU VOU TER QUE VIVER COM TRÊS PANACAS QUE ACHAM QUE EU SOU A COISA MAIS NOJENTA DA FACE DA TERRA! E POR QUE? PORQUE EU RESOLVI SOBREVIVER A UM ATAQUE DO DOENTE POR PODER QUE NÃO SABE ESCOLHER UM PSEUDÔNIMO MELHOR QUE VOLDEMORT!!!!

Ele terminou seu chilique e olhou a volta, todo o salão se encolhera a menção do nome de Voldemort, nem ligavam mais para a briga de Kyo e Nanda. A garota mexeu a mão, seus lábios se mexiam mas não emitiam som algum, Kyo bufava de raiva. Nanda secou uma lagrima que não parecia querer cair de seus olhos e correu em direção ao dormitório.

Kyo ficou parado no mesmo lugar, seu peito arfando, respirava com dificuldade. Deixou-se cair no chão, olhando para as próprias mãos sem saber o que fazer. Tiago se sentou ao seu lado.

–Você tá legal? –perguntou ele, pondo a mão no ombro dele.

–Mais ou... –ele parou pensando, realmente não estava bem, nem mais ou menos, tampouco –não... eu tô mal, muito mal. Quantos metros são daqui lê embaixo?

–Uns setenta metros, por que?

–Quem sabe eu não me jogo pela janela, acho que metade de Hogwarts ficaria agradecida.

–A metade masculina provavelmente ficaria. –disse Tiago, tentando animar o amigo. –Mas o que foi que aconteceu?

Kyo pensou se deveria ou não contar para Tiago tudo o que acontecera, talvez o amigo não gostasse de saber do que quase acontecera entre ele e o Tiago.

–Tiago, de quem e que você gosta? –perguntou Kyo, ainda desanimado.

–Eu? Er... –começou Tiago, muito vermelho, sem saber o que responder –não fala pra ninguém tá certo... peraí por que é que eu tô falando isso? Você nem conhece ela!

–Quem é? Estuda aqui em Hogwarts?

–Não, ela... –ele ficou ainda mais vermelho, se é que é possível –ela ainda não entrou aqui na escola, só entra ano que vem...

–Tá, mas quem é? –alem da tristeza Kyo começava a ficar com raiva, só não sabia se de Ananda ou de Tiago.

–É uma prima da Nancy e da Pubia, ela... ela é tão linda...

Uma expressão sonhadora surgiu no rosto de Tiago, que sorriu abobalhado. Kyo estalou os dedos em frente aos seus olhos, para que ele voltasse a realidade.

–Mas... mas e a Sarah? –perguntou Kyo, timidamente.

–Que é que tem ela? –Tiago ainda tinha o ar sonhador.

–Você não gostava dela?

–Falou bem, eu gostava, há dois anos atrás, até eu conhecer Mione...

O sorriso besta voltou aos lábios dele.

–Mas Mione ou Hermione... sei lá! A Sra. Snape não é a mãe da Sarah? –perguntou Kyo, agora nervoso, triste e confuso.

–Não, eu tô falando de uma outra Hermione, essa é Hermione Finnigan.

Kyo resolveu deixar esse assunto morrer, e contou para Tiago o que acontecera a pouco entre ele e Sarah, que a garota se aproximou do rosto dele de um modo muito estranho, alem de não desgrudar os olhos dos dele e a reação de Nanda, que primeiro ficou chocada, depois chilique e ainda desatou a chorar quando ele resolveu mostrar que não é tão bom ser o tal Menino que Sobreviveu.

–Mas ela já disse que gosta de você, –explicou Tiago, após estar a par do que acontecera –é normal ficar daquele jeito, ciúme sabe? Apesar de tentar se convencer que não, depois daquele beijo ela ainda acha que você sente alguma coisa por ela.

–O pior é que eu tenho certeza de que gosto de outra pessoa e que ela não... –Kyo não conseguiu terminar a frase, algo dizia que ele não devia presumir nada tão cedo.

–Ela não o que? Não tem chance? Isso tá na cara!

–Que seja.

Kyo queria falar com Nanda, sentia-se mal, queria pedir desculpas, apesar de ter certeza de que não tivera culpa de nada. Se levantou e se dirigiu a escadaria do dormitório, para pensar um pouco. Subiu devagar, rezando para que não encontrasse ninguém ou que ninguém o chamasse. Por sorte isso não aconteceu. Quando chegou no corredor do dormitório do primeiro ano abriu a porta, mas então teve vontade de morrer, do outro lado viu Nanda, por um milésimo de segundo pensou que estivesse sozinha e, automaticamente, deu um passo a frente, sem soltar a maçaneta da porta, foi só então que reparou que ela estava acompanhada por alguém, um garoto. O tal de Julius da noite passada, pareciam estar apenas conversando, mas Kyo não quis saber, deu mais um passo a frente, iria tirar de perto dela, não sabia o porque , mas queria ele longe dela. Então reparou que ele tinha as mãos na cintura da garota. Kyo fechou os olhos lentamente, tentando controlar a raiva que explodiu dentro dele. Com toda sua força puxou a maçaneta para fechar a porta que fez um enorme barulho, ele não soube fizera aquilo para aliviar um pouco da raiva ou se para mostrar aos dois que estava ali.

–K-Kyo? Que é você tá fazendo aqui? –perguntou Nanda, surpresa por ver ele ali.

–Creio que aqui seja o meu dormitório. –disse ele seca, mas calmamente, apontando para a porta que acabara de bater.

–Vamos subir? –perguntou Julius, indicando a escadaria atrás deles.

–Claro. –cochichou ela.

Eles subiram os cinco primeiros degraus, mas Nanda parou ao ouvir a voz de Kyo:

–Eu nem sei o que te dizer... –disse ele, rindo pelo nariz. –eu acho que eu dizia como você é linda, talvez isso me ajudasse a mudar...

Ela voltou a subir os degraus com determinação, queria ignora-lo. Kyo ficou parado escutando os passos dela ecoando e o barulho da porta se fechando.

–Eu sei que você pode me ouvir ainda, –gritou ele, não agüentava mais, a raiva transbordava –mas o que você quer é acabar com minha vida e não liga quando cutuca a minha ferida!

Ele escutou o barulho de passos no corredor lá em cima, eram duas pessoas. Apareceram ao pé da escada, primeiro Julius, depois Nanda.

–Você não cansa de magoar ela, não? –perguntou Julius, em tom de censura.

–Da licença que o B.O. não é contigo, certo? –disse Kyo e se virando para Nanda completou. –Desculpa, tá certo, não queria te magoar, não imaginei que você se sentiria assim, alem de eu não querer que aquilo tivesse acontecido.

–Não te desculpo não! –exclamou Nanda, com a voz aguda, apertando a mão de Julius, Kyo percebeu isso. –Você tem idéia de como eu me senti?

–Antes não, agora eu tenho. –respondeu ele, sem tirar os olhos das mãos deles. –Agora, se me dão licença, eu tenho que me martirizar um pouco.

–Que? –perguntou Nanda, sem entender.

–Só uma coisa pra você: imagine se um dia eu não acordar. –disse ele, e com isso desceu as escadas em direção à sala comunal, queria sair, dar uma volta.

Todos parecia ter escutado os gritos dele e, quando apareceu lá embaixo, todos o observavam, Sarah e Tiago conversavam um pouco a um canto, a garota parecia um tanto envergonhada e evitou o olhar dele quando ele passou. Já estava no meio da sala quando escutou Nanda chamar por ele:

–Kyo, espera, quero falar contigo!

Ele se virou e, com seus olhos lacrimejantes olhou para os da garota, que também estavam muito úmidos.

–Me faz um favor? –disse ele com calma, cerrando os punhos com tanta força que achou que logo os quebraria. –NÃO ENCHE!!!!!!! –a voz dele ecoou como um trovão.

Todas as lareiras se apagaram com o vento forte que percorreu a sala naquele instante, as poltronas também foram pegas, voando cerca de um metro para longe dele, alguns alunos, que estavam sentados, voaram com as poltronas. Nanda fora jogada para trás, caindo com força em meio aos degraus. Todos olhavam espantados para Kyo, que saiu tão furioso que nem reparou que não precisou empurrar o retrato da mulher gorda, que se abriu sozinho e com violência.

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