GrifinóriaXSonserina



––––CAPITULO CATORZE––––

Grifinória X Sonserina

Era manha do primeiro jogo de quadribol da temporada, Ciro disse que como sempre primeiro jogo era Grifinória contra Sonserina, Kyo estava morrendo de medo, nunca jogara antes e, pelo que pode ver nos livros que Tiago lhe mostrava, era preciso grande habilidade sobre a vassoura para se vencer uma partida alem, do fato de ter visto o apanhador da Sonserina treinando, era muito bom, rapidamente pegava o pomo apesar de nunca mergulhar.

Kyo acordou muito cedo, seu sono desaparecera do nada, ficou sentado por pelo menos meia-hora olhando pela janela o sol nascer. Não sentia vontade de levantar, estava com medo de perder na frente de toda a escola. Desceu para tomar o café da manha, sozinho já que os outros estavam dormindo.

Os corredores do castelo estavam vazios, nenhuma alma viva andava pelo castelo. Ele chegou a encontrar alguns fantasmas, mas estes pareciam não ligar para a presença dos alunos, simplesmente passavam, ignorando-os. Kyo se se sentou à mesa da Grifinória, o resto do time já estava reunido, Kyo percebeu que Renan lhe fez um sinal para se sentar mais afastado para que ninguém desconfiasse.

Malfoy, Crabbe e Goyle já estavam sentados a mesa da Sonserina, junto com o time, Kyo percebeu que Malfoy riu com ironia ao vê-lo se servir de mingau de aveia. Kyo comia em silencio, escutando os resmungos do pessoal do time da Grifinória e as gargalhadas dos da Sonserina.

Depois de mais ou menos dez minutos o salão começou a encher, principalmente do pessoal da Sonserina, que desfilava de um lado para o outro com bandeiras com a serpente da Sonserina e com cachecóis verde e prata. Algumas pessoas da Lufa-Lufa e Corvinal cumprimentavam os jogadores da Grifinória, Kyo sentia uma vontade enorme de estar ali reunido com ele, podendo usar as vestes do time e receber os cumprimentos do resto da escola. Ele viu Lilian dizer alguma coisa para os trigêmeos Weasley, que retribuíram com um sorriso. Ela se aproximou de Kyo.

–Espero que eles sejam bons. –disse ela, secamente –Detestaria que a Grifinória perdesse para a Sonserina.

Ela ia se virando, mas parou, do nada.

–Você sabe quem é o novo apanhador?

–Não faço a mínima. –respondeu Kyo.

O enquanto o salão enchia devagar, Kyo sentia seu coração pesar, cada vez mais, alem da vontade de vomitar. Quando Tiago e Sarah chegaram, ele estava à beira de um surto, seu pulmão prestes a saltar pela boca.

–E ai, Kyo, beleza? –disse Tiago, apertando sua mão.

–Hm... –murmurou o garoto.

–Oi. –disse Sarah beijando o rosto dele.

–E ai, será que você ganha? –perguntou Tiago, discretamente.

–É claro que sim! –exclamou Sarah, quase indignada. –Ele é muito melhor que o Juan!

–Fala baixo! –exclamou Kyo, entre os dentes. –Não é pra ninguém ficar sabendo até o jogo!

–Foi mal... –disse Sarah, pondo a mão na boca.

Eles ficaram em silencio por um instante, Kyo desejava que eles começassem a discutir, brigar, qualquer coisa que o distraísse. John apareceu e os cumprimentou, mas rapidamente se juntou ao pessoal do quinto ano, a serie de seu irmão. Jéssica nem olhou para eles, apenas se sentou, solitária, num canto da mesa. Nem sinal de Archie, muito menos de seus mistérios.

–Então, Hunter, preparado para a primeira decepção com sua casinha medíocre? –Kyo se virou e deparou com um Malfoy sorridente, Kyo teve vontade de socar aquela boca grande.

–Qual é, Malfoy? –disse Kyo. –Acha mesmo que tem como a gente se decepcionar?

Kyo apontou para o resto do time, que comia em silencio, escutando os conselhos de Julian.

–Esse timinho ai? –zombou Malfoy. –Esses seis ai não ganham da Sonserina há dois anos, não é agora que vão ganhar!

–Cala essa bocarra Malfoy!!! –gritou Tiago, avançando para cima do outro, Kyo e Sarah tiveram que segura-lo.

–Calma Tiago! –exclamou Kyo, segurando a barra da capa do garoto.

–Não liga pra ele, Ti!! –Sarah o segurava pelo braço.

–Eu vou quebrar essa boca cheia de merda, desse louro aguado!!! –era incrível a força que Tiago tinha.

–Pobrezinho do Weasley, não pode bater no Malfoy, malvado porque os amiguinhos dele não deixam... –zombava Malfoy.

–Que é que vocês estão fazendo? –Uandalini surgira do nada, Kyo sentiu seu braço fraquejar ao ver a garota.

–Não interessa, Longbotton! –disse Malfoy, rispidamente.

–É melhor você ficar de fora, Uanda. –aconselhou Kyo, talvez os dois trogloditas de Malfoy resolvessem brincar com eles.

–Não, eu vou ficar! –exclamou ela.

–Então vamos brincar. –disse Malfoy com uma largo sorriso.

Malfoy avançou na direção de Uandalini, Kyo sentiu uma onda de fúria invadi-lo, soltou Tiago e ele mesmo agarrou Malfoy pelo colarinho.

–Sai fora Malfoy!! –rugiu ele.

–Sai você, sangue-ruim!!!

Kyo não viu bem o que aconteceu, apenas escutou em estalo e viu Malfoy deslizar por pelo menos três metros no chão. Este se ergueu rapidamente, suas pernas bambeavam.

–Que é isso rapaz?!? –exclamaram os trigêmeos Weasley, em uníssono.

–Hunter, da pra sair dessa zorra ai? –perguntou Julian. –Você pode se machucar.

Só então Kyo percebeu o que acontecera. Uandalini tinha a varinha na mão, e apontava para o lugar onde antes estava Malfoy, provavelmente ela tentara enfeitiça-lo.

–Vambora! –disse Malfoy, e ele e seus capangas se dirigiram à mesa da Sonserina, sob os olhares furiosos do pessoal da Grifinória.

–O que aconteceu? –perguntou Tiago, que estava em pé, em cima da mesa.

–E eu é que sei? –perguntou Kyo.

–Se eu vi bem, Longbotton enfeitiçou o Malfoy! –disse Silvia, a cabeça apoiada sobre a de Amanda.

–É foi isso mesmo. –concordou Amanda.

–Vamos nós! –disseram os trigêmeos Weasley, agora fazendo um trenzinho, Ciro era o maquinista, ou locomotiva, ninguém saberia responder.

–O que é sangue-ruim? –perguntou Kyo, que não entendia do que havia sido chamado.

–É o pior nome que alguém que nasceu trouxa pode ouvir. –explicou Sarah. –É o mesmo que dizer que seu sangue é sujo, que não presta.
Kyo sentiu vontade de sair correndo e socar a cara de Malfoy até todos seus dentes caírem e sua boca transbordar sangue.

–Então você se ofendeu quando ele me chamou de sangue-ruim? –perguntou, saindo totalmente do assunto.

–Sai dessa vida, moleque! –exclamou Uandalini.

–Não custa nada tentar. –sugeriu Kyo.

Ele se sentou a mesa, mas logo se virou.

–Que feitiço você usou no Malfoy? –perguntou Kyo.

–Eu não usei feitiço, só apontei a varinha e ai... –ela gesticulou alguma coisa incompreensível para Kyo.

–Então o que aconteceu? –perguntou Sarah, Kyo por um instante pensou que fora ela quem atacara Malfoy.

–Se não foi ela, então veio de lá! –disse Tiago, apontando para trás de Uandalini.

Eles olharam para trás da garota, Ananda estava parada, tentando disfarçar que olhava para o nada, o que parecia complicado, pois ela estava muito vermelha.

–Anandinha? –chamou Tiago.

A garota se virou para ele, Kyo teve que admitir que fora ela quem laçara o feitiço em Malfoy.

–Vem cá, sim. –disse o garoto com displicência que assombrou Kyo.

A garota veio na direção deles bem devagar, Kyo teve vontade de puxa-la.

–Quem foi que enfeitiçou o Malfoy? –perguntou Uandalini, no exato momento em que ela chegou a dois metros deles.

–Eu, por que? –respondeu ela com uma pergunta, Kyo nunca vira ninguém ficar tão vermelho.

–Nada, só ficamos curiosos! –disse Kyo, rapidamente, teve a leve impressão de que Uandalini estouraria se respondesse.

–Que feitiço você usou? –perguntou Sarah, interessadíssima.

Rictusempra, por que? –respondeu a garota com outra pergunta.

–Você não acha que foi um pouco forte demais? –perguntou Kyo.

–Eu acho que é pela raiva que eu senti. –a garota conseguiu ficar ainda mais vermelha.

–Raiva? Por que raiva? –perguntou Tiago, sem entender.

–Não enche! –a garota saiu correndo, Kyo teve vontade de correr atrás dela.

–Coisa de doido, não é? –disse Tiago.

Eles se sentaram, Uandalini o mais longe possível de Kyo, o garoto não entendia o por que de tanto desprezo. Quando Kyo ia por na boca a primeira colherada alguém o chamou:

–Hunter, vamos! –era Julian, que já estava erguida.

Kyo se levantou penosamente, já havia se erguido daquela droga de jogo, o nervosismo pareceu voltar com o dobro da força.

–Boa sorte! –disse Tiago, piscando.

–Vai lá e arrebenta! –disse Tiago, se levantando para beijar o rosto do garoto.

–Valeu!

Kyo correu na direção do resto do time, que já estava saindo do salão, olhando para trás tudo o que ele pode ver foi Tiago fazendo um tipo de sinal para que Uandalini ignorasse alguma coisa.

Eles desceram os jardins de Hogwarts na direção do campo, tiveram sorte de mais ninguém estar indo naquela direção. Eles entraram o mais rápido que puderam no vestiário, para que Kyo se trocasse. Depois de trocado ele pegou sua vassoura e se sentou ao lado das batedoras. Julian estava de pé, andava de um lado para o outro.

–O plano é o seguinte: não atrapalhem o Kyo! –exclamou ela, olhando seria para eles. –Já fazem dois anos que não ganhamos da Sonserina e vinte e três que não ganhamos a taca, desde que Harry Potter se formou, Hunter é o melhor que já tivemos desde ele, espero que vençamos!

Ela pegou sua vassoura e parou a porta do vestiário, bem na sombra, onde poderia ver o movimento nas arquibancadas.

Kyo sentia seu coração na garganta, seu nervosismo invadia suas entranhas queimava seu cérebro. Eles ficaram parados, esperando por mais ou menos vinte minutos até que Julian os chamou:

–Vamos, posição de vôo, goleira, batedoras, artilheiros e apanhador, nessa ordem!

Eles se ajeitaram a porta do vestiário, Kyo pode ver as arquibancadas lotadas. Sentiu seu estomago lhe cair aos pés.

–Esse nervosismo é normal no primeiro jogo? –perguntou ele aos trigêmeos.

–É, não esquenta! –disse Ciro.

–Isso ai, daqui a pouco passa! –concordou Renan.

–Vamos nós! –terminou Felipe.

–Vocês se lembram do seu primeiro jogo? –continuou o garoto.

–Eles eu não sei, mas eu levei um balaço na cabeça e desmaiei! –disse Felipe com um sorriso maldoso.

–Kyo! –chamou Julian.

–Oi.

–Você voa a maior velocidade que conseguir tirar dessa vassoura, ninguém pode ver seu rosto até o apito soar! Vamos voar!

Julian disparou para fora, seguida por Amanda e Silvia, logo depois foram Felipe, Ciro e Renan, Kyo, por ultimo deu impulso em sua vassoura. Foi incrível, todo o nervosismo desapareceu, a sensação do vôo, a velocidade, a altura. Ele disparou com toda a velocidade que sua vassoura poderia atingir, mal podia ver as pessoas nas arquibancadas, que mais pareciam borrões difusos, ele ouvia as pessoas gritarem de excitação, o coro da Grifinória.

–E ai vem a Grifinória! –gritou alguém em algum ponto das arquibancadas. –A capitã, Julian Spinner nas balizas, Silvia Sniper e Amanda Bynes brincam com os balaços, Ciro, Renan e Felipe Weasley goleiam e alguém corre atrás do pomo! Não temos informações de quem seja o apanhador da Grifinória, mas parece que ele é bom! Olhe como ele corre pelo campo! Ou melhor, não olhem, pois ele é muito rápido!

Kyo viu alguns borrões verdes surgirem do outro lado do campo, eram quase tão velozes quanto os jogadores da Grifinória, mas pareciam estar brincando. Kyo pode reparar que o mais veloz deles era o apanhador.

–Olha só a Sonserina! Nossa super campeã nos últimos doze anos! –Agora Kyo viu quem narrava, era um garoto gordinho, que usava as vestes da Corvinal. –Augustus Blond defende as balizas, Johnny Gooday e Chandler Arturo com os balaços, Juliano Bluemoon, o capitão, Kaiak Simphony e Evan Evans com a goles e no pomo Carla Malfoy!

Kyo quase engasgou com a própria língua, era não reparara que a apanhadora da Sonserina era a irmã de Malfoy. Ele tinha certeza de que era um garoto. Por um instante passou mais devagar, ao lado da garota, para quem a visse de uma certa distancia dava-se a entender que ela era uma garota. Ele acelerou de novo, bem a tempo de ver o prof º Clooney entrar em campo segurando uma vassoura e o baú com as bolas. Quando ele chegou ao centro do campo todos os jogadores se reuniram à volta dele, pousando, os apanhadores mais distante.

–Eu quero ver um jogo limpo! –exclamou o professor, ele parecia se referir especialmente ao capitão do time da Sonserina. –Capitães, apertem suas mãos!

Julian apertou a mão de Julian bluemoon, que sorria estranhamente, parecia haver uma batalha pessoal entre os dois. Desviando o olhar, Kyo viu Carla Malfoy sorrindo, presunçosa, para ele. O professor chutou o baú com as bolas com força, os balaços dispararam para o alto, seguidos dos quatro batedores, ele pegou a goles e lançou ao alto, os artilheiros e goleiros voaram, por fim soltou o pomo, que voou em volta de Kyo, logo depois de Carla e sumiu no ar. o apito soou.

–E começa o jogo! Ciro para Renan, de volta para Ciro, passa para Felipe! Bluemoon toma posse da goles! E temos uma informação de que o apanhador da Grifinória é Kyo Hunter, do primeiro ano! E a goles está com Felipe, que marca! Dez a zero para a Grifinória!

Kyo viu a torcida da Grifinória vibrar, grande parte dela composta por pessoas da Corvinal e Lufa-Lufa, que detestariam torcer pela Sonserina. Carla parecia uma águia, tinha os olhos espremidos e olhava pelo campo todo, a procura da minúscula bolinha de ouro. Já Kyo achava mais pratico percorrer o campo atrás do pomo, caso o encontrasse já estaria bem perto dele.

Ele olhou o placar mágico que ficava atrás das balizas, estava sessenta a vinte para a Grifinória. Ele viu Evan Evans tomar a goles das mãos de Felipe bem em frente às balizas da Grifinória e converter, estava sessenta a trinta.

Kyo mergulhava para um lado e para o outro, disparava do nada em direção a lugar nenhum, ele achava que era para procurar, mas intimamente sabia que era para exibir a potencia de sua vassoura. Ele avistou o pomo, estava ao pé da baliza central da Sonserina. Ele se arrumou em sua vassoura e se preparou para disparar naquela direção, mas mal passou cinco metros e alguém surgiu na sua frente, ele freou da melhor maneira que conseguiu.

Carla tinha um sorrisinho no rosto, um sorriso que Kyo não conseguiu entender. O pomo desaparecera.

–Você é doida? –gritou o garoto.

–Só um pouco! –disse ela, seu sorriso se alargando.

Kyo inclinou a vassoura para trás, a fúria estampada em seu rosto. Ele voou por alguns instantes, olhando atentamente para todos os lados, Carla seguia-o de perto. Kyo tentou mostrar-lhe toda a potencia de sua vassoura, mas a garota era uma ótima piloto, e facilmente o alcançava quando ele parava. Agora o jogo estava muito equilibrado, apesar de a Sonserina ter virado, cento e dez a cem para a Sonserina.

Kyo não gostou nada do placar. Tinha que achar logo o pomo, essa brincadeira com Carla já estava lhe enchendo o saco. A garota o seguia sorrindo, como se fosse a coisa mais divertida do mundo. Kyo mergulho em direção ao chão, para se livrar de Carla, bem perto do chão ele puxou sua vassoura para se recuperar do mergulho. Mas quando se deu conta Carla já estava ali, do seu lado.

–Qual é, Malfoy? Gamou? –gritou o garoto, irritado.

–Acho que sim, você é mó gracinha... –disse a garota, deixando Kyo muito vermelho.

–Nem por isso! Eu te dou uma foto! –caçoou Kyo, para ver se também irritava a garota.

–Não, Hunter, prefiro o verdadeiro...

Agora sim Kyo se envergonhou, se concentrando o máximo que pode disparou com sua vassoura, subia e descia, fazendo zigue-e-zague, mas Carla era mais esperta, apenas ia em linha reta, cortando caminho.

Não tinha como, Kyo admitira que Carla era uma esplendida piloto.

Ele já desistira de despista-la, quando avistou mais uma vez o pomo, pouco atrás de Carla, mais ou menos cinqüenta metros. Ele se virou e encarou a garota, de repente o sorriso dela desapareceu.

–Que foi Hunter? Gamou? –zombou Carla.

–Não, ganhei! –exclamou Kyo.

–Como as...

Ela não pode terminar a frase, Kyo disparou atrás do pomo, e ela, vendo-o voar daquele jeito, se virou pra seguir a mesma rota. Kyo esticou sua mão para capturar o pomo, mas este, ao perceber a ação do garoto, disparou para o mais longe possível do garoto, Carla seguia Kyo de perto.

Correndo atrás do pomo eles atravessaram uma batalha de balaços, travada entre os batedores. Kyo teve que desviar duas vezes dos balaços lançados por Johnny Gooday e Chandler Arturo. O pomo era muito rápido para seu tamanho, Kyo tentava imprimir o máximo possível de velocidade a sua vassoura, mas este estava sempre a pelo menos um metro dele.

Eles chegaram a entrar numa valeta que estava entre o campo e as arquibancadas. Eles ficaram correndo ali atrás do pomo. Carla era muito boa em desviar dos objetos que poderiam atrapalhar em seu vôo, Kyo também tinha alguma habilidade, mas perdia muita velocidade, por isso o espaço entre ele e o pomo estava cada vez maior.

–Anda, Hunter, ou vou ter que te atropelar! –gritou Carla, logo atrás dele.

–Fica na sua, ai atrás! –exclamou Kyo.

Kyo se deitou um pouco mais na vassoura, para aumentar um pouco mais sua velocidade. A distancia entre ele e Carla finalmente aumentava, e entre ele e o pomo diminuía.

Kyo mais uma vez esticou a mão para capturar o pomo, mas um susto o impediu de pegá-lo, um balaço passou zunindo pelo seu ouvido, atirado por Chandler Arturo. O pomo subiu de súbito, Kyo disparou da valeta atrás dele, com Carla em seu encalço.

Eles deram uma volta pelo campo atrás do pomo, ninguém mais jogava, Juliano Bluemoon teria aproveitado a ocasião, se não fosse Julian monopolizar a goles. Kyo viu os dois balaços vindo em sua direção, nem Amanda nem Silvia poderiam ajuda-lo, ele desviou deles facilmente, mas Carla, que tinha sua visão bloqueada pelo garoto, só desviou do primeiro, o segundo lhe atingiu no estomago. O balaço parou por um instante quando atingiu a garota, depois disparou na direção de Kyo.

–É assim?!? –exclamou ele. –Então você vai me ajudar!

Kyo aproveitou que o balaço era mais rápido do que ele e apoiou o braço nele, pegando impulso. Rapidamente ele alcançou o pomo. O balaço e o pomo pareciam ter a mesma velocidade, pois a mais ou menos um metro do pomo Kyo não conseguia mais se aproximar.

–Vai, vai, vai! –dizia ele para a vassoura.

Ele não podia chegar mais perto, esticou seu braço o máximo que pode. Estava quase, soltou o balaço e se lançou para cima do pomo, esquecendo a vassoura. Ele apertou bem o pomo em sua mão, e tudo o que sentiu depois foi uma forte batida em sua cabeça.


Kyo sentia sua cabeça dolorida, abriu seus olhos de leve, estava na ala hospitalar de Hogwarts. Sabia pois já estivera ali para buscar uma poção fortificante para Tiago. Ele olhou a volta, todo o time de quadribol estava ali, Uandalini, Tiago, Sarah e Ananda também estavam, em hipótese alguma ele esperaria qualquer outra pessoa. Ninguém falava nada, estavam todos sentados em banquetas, Kyo reparou que Uandalini parecia querer manter distancia. Foi Tiago quem falou primeiro:

–Foi uma bela pegada, hein?

–Bela sou eu! –exclamou Amanda. –Foi a melhor que eu já vi! Pena que ele se estrepou todo...

–É mesmo, –comentou Silvia –ele vai ser bom!

–Bom ele já é! –exclamou Ciro.

–Nos fez ganhar da Sonserina! –complementou Renan.

–Quebrou o maior tabu da historia de Hogwarts! –terminou Felipe.

–Será que ele também ganha da Corvinal? –perguntou Julian.

–Por que? –questionou Sarah.

–Tathiane Priscila. –disse Julian.

–Que? –perguntaram os trigêmeos Weasley, em uníssono.

–É isso mesmo, ela voltou, parece que se recuperou da contusão. –explicou Julian.

–Mas ela não caiu de cinqüenta metros? –perguntou Renan.

–Caiu, mas parece que ela encontrou uma poção que curou o braço dela. –Julian deu de ombros.

–Que droga! –exclamou Felipe.

–Por que? –perguntou Tiago. –O que é que essa Tathiane tem demais?

–Ela é só a melhor apanhadora da historia da Corvinal, –explicou Ciro.

–Em seu penúltimo jogo quebrou o recorde de Harry pegando o pomo em dois minutos! –continuou Renan.

–Recorde o qual foi conseguido contra a Corvinal! –terminou Felipe.

–Ela não é tão boa quanto meu pai! –disse alguém as costas deles.

Eles se viraram e viram Lilian, a garota parecia um tanto mal humorada.

–Que é que você quer aqui? –perguntou Uandalini, inquisitorialmente.

–Eu vim ver como estava a nova “promessa” da Grifinória, como diria meu pai. –disse a garota secamente.

–Ele está inconsciente, agora você pode ir! –exclamou ela.

–Calma, eu não vim roubar seu namorado, só queria ver como ela está para dar noticias ao meu pai. –disse Lilian.

Se Kyo achara que Ananda ficara vermelha, não tinha idéia do quão vermelha Uandalini podia ficar. Ele sentiu metade de suas costelas quebrarem com o esforço para não rir.

–É, ele realmente é bom, –comentou Lilian –mas vejamos como se sai contra a Corvinal!

–Nós seremos campeões esse ano! –gritou Julian.

–Vejamos, vejamos! –disse a garota, indo embora.

–Menina idiota! –exclamou Julia, Kyo estava esperando sair fumaça pelos ouvidos dela.

Ouve mais um silencio, Kyo quase se sentiu espremido pelo peso da tensão que estava no lugar.

–Por que será que a Malfoy não tentou usar a varinha nesse jogo? –perguntou Ciro.

–Que? –perguntaram Sarah e Tiago em uníssono.

–A Malfoy, por que ela não tentou usar a varinha? –repetiu Renan.

–Sei lá, acho que ela gostou do Kyo... –chutou Silvia, completamente fora de si.

–Por que? Ela sempre usa? –perguntou Uandalini.

–Pelo menos contra a Grifinória. –disse Julian.

–Falando em Malfoy e varinha, Ananda, você ainda não disse por que enfeitiçou Malfoy... –questionou Tiago.

–Não enche, Tiago! –disse a garota.

–Ah, vai, conta... –implorou o garoto.

–Qual é Tiago, não é preciso ser nenhuma Sheeba Amapoulos para saber que eu gosto do Kyo! –exclamou a garota.

O silencio caiu como uma rocha, todos na sala olhavam estupefatos para Ananda, a garota nem ficara vermelha. Kyo sentiu pena dela, mas também tinha uma outra coisa, que ele não sabia o que era. Talvez fosse coisa idade.

–Co-como é que é? –perguntou Kyo, sem conseguir se conter.

–Kyo... –sibilou Ananda –Vo-você estava acordado?

–Acho que sim... –cochichou Kyo.

Nesse momento Madame Pomfrey entrou no quarto no garoto para espantar as visitas. Kyo sentiu vontade de dar um chute bem na cara pelancuda dela.

–Vamos, crianças! –disse ela. –Ele precisa dormir!

–Espera mais um pouco Madame Pomfrey! –pediu Tiago. –E se puder trás umas pipocas, a coisa tá ficando boa!

–Nada disso! Amanha vocês falam com ele, agora vão para a cama.

–As cinco da tarde? –perguntou Sarah.

–Então vão passear, estudar, qualquer coisa...

–Espera ai! –insistiu Tiago, o time de quadribol já estava na porta, eles sabiam que não adiantava teimar.

–Não insista! Vão embora agora! –exclamou ela, Tiago finalmente se intimidou.

Eles iam saindo, com exceção de Uandalini.

–Madame pomfrey, a Ananda pode ficar mais um pouco? –perguntou Kyo, sua cabeça latejava.

–Para..? –perguntou a mulher em tom inquisitorial.

–Precisamos conversar sobre um assunto pessoal, podemos?

–Vocês têm vinte minutos –disse ela –e a senhorita, saia. –completou ela, se dirigindo a Uandalini.

–Eu não arredo o pé daqui! –disse a garota, afundando num sofázinho.

–Ah, se vai! Mobili Corpus! –ela agitou a varinha na mão de Uandalini, que flutuou alguns centímetros acima do sofá e foi na direção em que a varinha de Madame Pomfrey apontava.

Ananda se sentou no lugar onde Uandalini estava. Seu rosto completamente retorcido.

–O que é que você quer? –perguntou ela.

–Você realmente gosta de mim? –perguntou Kyo, em resposta a ela.

–Claro, você é um cara bem bacana, alem de ser inteligente.

–Não se faça de besta! Sabe muito bem que não é disso que estou falando!

–Do que é então?

–Você gosta de mim?

–Eu... er...

–É só dizer, sim ou não!

Kyo se levantou e se sentou no braço da cadeira, olhando diretamente nos olhos cor de mel da garota, como eram bonitos.

–Você é linda, sabia? –disse Kyo, sem pensar.

–Hã?

–Você é linda.

A garota olhou para ele, seus olhos marejando, Kyo não sabia o que fazer.

–É... eu realmente te amo...

O rosto do garoto se aproximou do dela, os olhos vidrados os de um nos do outro, os lábios se abrindo de leve, chegando cada vez mais perto...

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