O Expresso de Hogwarts



––––CAPITULO SETE––––

O Expresso de Hogwarts

Kyo não conseguira dormir aquela noite, era primeiro de setembro, as aulas em Hogwarts começariam e ela temia que alguma coisa acontecesse, e ele ainda não sabia como era que ele iria para Hogwarts, Harry não dissera nada.

Ele passara a noite olhando para o teto, sem fazer nada, sabia que não havia nada de interessante ali, mas cismava em continuar olhando. Não tinha nada melhor para fazer, já lera todos os livros da escola, já polira centenas de vezes o cabo da vassoura e penteara as cerdas, conversava com Edwiges, arrumara o malão, tentara algumas coisas com a varinha, mas fora repreendido por seu pai, por causa do barulho.

Aquela tinha sido a noite mais longa da vida de Kyo. Ele não sabia mais o que fazer, quando os primeiros raios da aurora brilharam na janela de seu quarto. Ele desceu correndo, não havia ninguém acordado, ele pensou em sentar-se no sofá e assistir tv, mas provavelmente não estaria passando nada de interessante. Ele foi até a cozinha, resolveu fazer o café da manha.

O garoto estava tão distraído que queimou nada menos do que sete torradas, e colocara açúcar demais no café, tendo que refaze-lo. Quando sua mãe entrou na cozinha tinha nas mãos um taco de baseball, sua expressão mostrava susto.

–O que está acontecen... –começou ela, mas ela parou ao ver o garoto.

–Bom dia, mãe.

–Ahn... bom dia, por que você está fazendo o café da manha?

–Ah, é que eu tava sem nada pra fazer, passei a noite em claro.

–Ah, seu pai também, foi dormir agora a pouco.

Ele serviu sua mãe, que fez uma careta quando experimentou o café.

–Como você fez esse café? –perguntou ela.

–Coloquei água com café para ferver e...

–Desconfiei.

–Que foi?

–Nada, mas deixe me fazer mais um pouco de café.

A mãe do garoto se prontificou em frente ao fogão. Kyo comia torradas com geléia de morango quando a campainha tocou. O garoto correu para atender a porta, seus irmãos desciam a escada ainda de pijamas. Ele abriu a porta e deparou com Harry, estava vestido como uma pessoa completamente normal, ao lado dele estava uma garota, era muito bonita, cabelos negros e rebeldes que lhe caiam levemente até os ombros e olhos verdes, idênticos aos de Harry, mas tinha alguns traços orientais, que lhe davam um charme extra.

–Oi, Kyo. –disse Harry animado.

–Oi... –disse ele tirando os olhos da garota –Entra ai, minha mãe tá fazendo o café.

–Não, não vai dar, temos que estar na estação King Cross até as dez.

–Por que? –perguntou Kyo.

–O trem para Hogwarts, sai de lá, às dez horas.

Kyo olhou para o relógio na parede, não costumava usar no pulso, eram seis e cinqüenta.

–Ainda faltam três horas e dez. –disse Kyo.

–Eu sei, –respondeu Harry –Mas hoje metade das escolas do país voltam as aulas também, acho que teremos um pequeno congestionamento.

–Mas um congestionamento de três horas?! –exclamou Kyo.

–Não, mas creio que você ainda tem que arrumar suas coisas.

Eles escutaram passos na escada, o Sr. Hunter descia, ainda usava o hobbie e as pantufas, eles olhou para Kyo, mas pareceu não ver Harry.

–Quem está ai? –perguntou o Sr. Hunter.

–Ah, é o Harry, pai. –respondeu o garoto.

–Bom dia Sr. Hunter. –disse Harry, enfiando a cabeça na porta.

–Bom dia Harry, –e se voltando para Kyo. –Cadê seus óculos?

–Putz, estão na cabeceira, daqui a pouco eu vou lá pegar. Entra ai Harry, eu já arrumei o malão, acho que da tempo de vocês tomarem o café da manha aqui.

–Mas nós já toma... –começou Harry.

–Entra logo, tá? –interrompeu Kyo, puxando Harry pelo braço. Ele olhou para a garota que estava com ele e deu de ombros.

Kyo jogou Harry na cozinha dos Hunter.

–Mãe, serve ai o Harry... e a garota também.

–Tá bom. Bom dia, Harry.

–Bom dia, Sra. Hunter. –disse Harry, beijando o rosto da Sra. Hunter.

A Sra. Hunter continuou seus afazeres, mas se virou e deu uma olhada na garota que acompanhava Harry, Harry pareceu perceber e ficou desconcertado:

–Ah, desculpe, essa é minha filha, Lilian.

–Olá, Lilian, tudo bem? –disse a Sra. Hunter, o Sr. Hunter fez apenas um sinal com a cabeça.

–Tudo, obrigada. –disse a garota, Kyo reparou que a voz dela era muito bonita.

–Mãe, eu vou lê em cima pegar minhas coisas, e pai, se arruma de daqui a pouco nós vamos sair. –disse Kyo.

–Sair pra que? –perguntou o Sr. Hunter.

–Harry explica pra ele. –exclamou Kyo saindo da cozinha.

Kyo correu pela escada, quase escorregou no ultimo degrau, entrou no quarto, pegou os óculos e pôs no rosto, era incrível como era muito melhor quando usava os óculos. Pegou o malão, com algum esforço, e pôs embaixo do braço, tentou pegar a gaiola de Edwiges, mas ficou meio complicado, ele pegou, então, a varinha que estava na mesinha de cabeceira e a pôs na bainha da calça. Depois de uns quinze minutos de luta contra a gravidade, ele conseguiu chegar até o andar debaixo, suado e cansado, mas conseguiu, ele voltou correndo e pegou a gaiola de Edwiges, lutou contra a vontade de pegar sua Thunderbolt, e desceu, quando chegou lá embaixo pela segunda vez encontrou seu pai terminando de dar o no na gravata, Harry e Lilian estavam sentados no sofá, Amanda e Junior desciam as escadas atrás dele.

–Acho que você já está pronto. –disse Harry, quando o garoto pôs a gaiola de Edwiges em cima do malão.

–Também acho.

–Mas cadê sua varinha? –perguntou Harry.

–Ah, tá aqui. –ele levantou a camiseta e mostrou a varinha na bainha da calça.

–Então vamos.

Eles se dirigiram a porta, o carro de Harry estava estacionado a porta, o Sr. Hunter pegou o seu na garagem, Kyo pôs o malão no porta-malas e Harry pôs o de Lilian no porta-malas do próprio carro. Kyo foi com Harry no carro deles, o Sr. e a Sra. Hunter foram no carro do Sr. Hunter com Amanda e Junior.

–E então Kyo, ansioso? –perguntou Harry, logo após saírem.

–Ansioso? Não dormi a noite toda! –exclamou o garoto.

–É, a Lilian também.

Kyo olhou para a garota, ela o fitava, mas virou o rosto quando viu que o garoto reparara. Kyo se lembrou de assunto que eles não terminaram no Beco Diagonal.

–Harry, você ainda não me explicou direito o que é quadribol.

–Em Hogwarts você vai aprender, e aposto como vai adorar. Pena que você não vai poder jogar ainda nesse ano... –disse Harry.

–Por que? –perguntou o garoto.

–Porque alunos do primeiro ano não entram no time, não estou querendo me achar, mas eu fui o único aluno na historia de Hogwarts que entrou no time no primeiro ano.

–Times? –perguntou Kyo.

–Isso, eu jogava pela Grifinória.

–E o que é isso? –perguntou Kyo.

–Ah, é outra casa de Hogwarts.

Depois disso houve um silencio, Kyo estava imaginando como seria esse tal quadribol, imaginou algumas pessoas voando montados em vassouras chutando quatro bolas de futebol na direção de traves que voavam. Se fosse isso mesmo seria a coisa mais cômica da face da Terra.

Quando chegaram na estrada principal, que levava a Londres e a estação King Cross eles depararam com um enorme engarrafamento. Kyo supôs que deveria ter uns dois quilômetros. Alguns motoristas estressados que já estavam há algumas horas no engarrafamento gritavam palavrões e xingavam as mães dos motoristas a sua frente. O barulho das buzinais era insuportável.

–É, parece que vamos ficar parados por alguns momentos. –disse Harry, mal conseguia conter a frustração em sua voz.

–Pai, são só alguns minutos... –disse Lilian, tentando acalmar.

–Agora multiplique isso por sessenta. –disse Harry. –Esse é o tempo que ficaremos aqui.

–A, qual é Harry, cadê seu espírito esportivo? Vamos aproveitar para ficarmos longe dos pivetes doidos! –disse Kyo, esperançoso.

–É verdade, eu não suporto aqueles dois moleques, pelo menos aqui, presos estamos livres deles.

–De quem vocês estão falando? –perguntou Lilian.

–Ah, dos meus irmãos, são dois xaropes mimados –explicou Kyo.

–Ah, eu queria ter irmãos. –disse Lilian, Harry abaixou a cabeça.

–Ah, não ia querer se tivesse, principalmente mais novos. –brincou Kyo.

O transito de repente passou a andar devagar, mas continuamente, o animo de Harry melhorou.

–Acho que se continuarmos assim chegaremos a estação até as nove horas! –exclamou Harry.

E não deu outra, as nove e quinze eles estavam na estação desembarcando os malões de Kyo e Lilian. Eles entraram na estação que estava apinhada de gente, vários uniformes se misturavam na multidão, que graças à coloração conflitante parecia dez vezes mais cheia. Harry pegou dois bilhetes e entregou para Kyo e Lilian, Kyo olhou para o seu, Expresso de Hogwarts estação King Cross dez horas plataforma 9 e ½.

–Harry, plataforma nove e meio? –perguntou Kyo.

–É, por quê?

–Pelo que eu sei as plataformas vão de um em um e não de meio em meio... –disse o garoto.

–Calma, daqui a pouco você vai ver.

Os irmãos de Kyo, que escutaram a conversa deles, se dobravam de rir da cara do garoto, assim como Kyo Amanda sabia que não existia plataforma nove e meio. Kyo carregava o carrinho com seu malão e Edwiges, que dormia com a cabeça embaixo da asa. Lilian também tinha uma coruja, a dela era parda, as pessoas ficavam olhando para ele enquanto eles passavam. Eles chegaram ao pilar que separavam as estações nove e dez, haviam grandes placas de plástico penduradas no teto com os dizeres: Plataforma Dez Expresso Surrey e Plataforma Nove Expresso Nothinghan, Kyo olhou de uma placa para outra.

–Plataforma nove e plataforma dez, cadê a nove e meio? –perguntou Amanda.

–Calma. –disse Harry. –Kyo, você está vendo aquele pilar, é um portal que o levará a plataforma nove e meio.

–O que? –perguntou Kyo.

–Aquele pilar, você deve passar por ele para entrar na plataforma.

–Como?

–É só encostar e entrar. Lilian, vai primeiro e mostra pra ele.

–Tá certo.

A garota saiu correndo com seu carrinho na direção do pilar, Kyo achou que ela bateria com tudo, mas não, ela passou direto. Kyo arregalou os olhos.

–Como ela fez aquilo? –perguntou para Harry.

–Ela não fez nada, simplesmente passou, é uma passagem secreta.

–Nossa. Eu posso ir? Quer dizer, não vou bater, nem nada?

–Não, é só ir, se sentir medo é só correr.

Kyo concordou com a cabeça e saiu na direção do portal, tinha certeza de que iria bater, não sabia o que fazer, começou a correr, imaginou todas as pessoas da estação rindo da cara dele, e Harry se desculpando, dizendo que errou quando achou que ele poderia ir para Hogwarts. Ele fechou seus olhos, se preparou para o impacto, e, não sentiu nada, abriu os olhos e estava num lugar totalmente diferente, uma plataforma apinhada de gente, uma locomotiva vermelha onde os haviam os dizeres Expresso de Hogwarts, ele olhou para cima e viu uma placa vermelha onde haviam os dizeres Plataforma nove e meio Expresso de Hogwarts.

O garoto não sabia onde estava ao certo, mas sentia seu coração pulsar mais forte. Depois de mais ou menos um minuto Harry apareceu com seus pais e seus irmãos atrás dele. Lilian estava parada logo à frente, olhando para o trem.

–E então? Como se sente? –perguntou Harry.

–Não sei, mas é muito bom... –disse o garoto.

–E você Lilian? –perguntou Harry novamente.

–Uma bruxa.

Kyo achou estranho escutar a garota falar aquilo, mas não disse, olhou para o trem, centenas de garotos andavam pela estação, e o dobro de pais. Os pais de kyo olhavam pela estação estupefatos, assim como seus irmãos, que não pareciam crer, principalmente Amanda.

–Nossa, que lugar incrível... –disse ela.

–Kyo, –disse Harry –o ingresso que eu te dei, cuidado, você não pode entrar no trem sem ele.

–Eu vou ter que ficar com ele durante quanto tempo? –perguntou Kyo.

–Bom, Hogwarts tem até a sétima serie... –começou Harry.

–Sete anos?!? –perguntou Kyo.

–Não, você só precisa dele durante o primeiro embarque.

–Então é só agora?

–É, mas eu guardaria, pode ser útil mais tarde.

Kyo foi até a porta do trem, havia um homem vestindo um terno roxo parado a porta, ele pegava os bilhetes das mãos dos alunos que entravam. Kyo virou-se para Harry e seus pais.

–Eu vou entrar.

–Ah, eu também vou, pai. –disse Lilian.

Kyo ia pegar seu malão, mas Harry o impediu.

–Que foi? –perguntou o garoto.

–Não precisa levar o malão, vão levar pra você.

–Quem?

–Empregados de Hogwarts.

–Ah, tchau querido, eu vou sentir sua falta. –disse a Sra. Hunter.

–Tchau, mãe! Tchau, pai!

–Tchau, pai! –disse Lilian para Harry.

O garoto foi até a porta do trem e se virou, sua mãe chorava, e, por incrível que pareça, o Sr. Hunter também lutava contra as lagrimas. Lilian abraçou Harry e entrou, entregando o bilhete para o homem a porta.

–E ai, Kyo, até o próximo verão. –disse Harry.

–Falou. –disse Kyo, apertando a mão de Harry.

Kyo entregou seu bilhete para o homem na porta e entrou, virou-se para dar um ultimo tchau e viu Amanda correndo em sua direção, ela vinha com um enorme sorriso no rosto, mas quando alcançou a porta bateu numa barreira invisível, como um muro.

–Que droga é essa? –gritou ela.

–Desculpe senhorita, as alem de não ter idade para entrar na escola você não possui o bilhete que permitiria sua entrada neste trem. –disse o homem a porta, calmamente.

–Mas eu quero ir! –insistiu Amanda.

O homem apenas sacudiu a cabeça em sinal negativo. Kyo adentrou o corredor do trem, atrás de Lilian, não queria ir sozinho, mas não a encontrou, por isso entrou numa cabine vazia mais ou menos no meio do trem. Ele olhou pela janela a procura de seus pais, mas não os viu.

Continuou procurando, e encontrou alguém que queria ver mais ainda do que queria ver seus pais, a garota que encontrara no Beco Diagonal. Ele pensou em chamar a atenção dela, mas sentiu uma pontada de vergonha, por isso ficou parado na janela esperando que ela reparasse nele.

–Sr. Hunter? –perguntou uma voz esganiçada a porta da cabine.

–Sim... –começou Kyo, mas parou ao ver quem estava ali.

Uma criatura baixa e verde, com olhos castanhos do tamanho de bolas de tênis, tinha um abafador de chá como chapéu e uma fronha suja como roupas.

–Pois não? –respondeu o garoto sem saber o que mais dizer.

–Essa mala e essa coruja são suas? –perguntou a criatura, mostrando o malão e a corujas de Kyo.

–S-sim.

–Ah, então...

A criatura, de alguma maneira mágica, estalou os dedos e as coisas de Kyo se arrumaram no bagageiro. O garoto olhou de volta para a criatura.

–Obrigado...

A criatura sorriu, ou pelo menos tentou, e desapareceu. Kyo ficou olhando para o nada por alguns instantes, e de repente se lembrou da garota, olhou pela janela, mas ela havia desaparecido. Contrariado ele se sentou, olhando para o nada.

–Quanto tempo será que demora até chegarmos a Hogwarts? –se perguntou ele.

Ele fitou o teto por alguns instantes, de repente um garoto abriu a porta da cabine.

–Oi. –disse ele.

Tinha o malão debaixo do braço e era ruivo, muito ruivo e sardento, seus olhos eram azuis rubi e pareciam duas lanternas sob os cabelos azuis.

–Oi. -disse Kyo.

–Será que eu posso ficar com você nessa cabine? –perguntou o garoto. –As outras cabines estão lotadas.

–Tudo bem.

Kyo se levantou e ajudou o garoto com a mala, depois que os dois se sentaram o garoto se apresentou.

–Eu sou Tiago Weasley, e você?

–Ah, eu sou Kyo, Kyo Hunter.

O queixo do garoto caiu.

–Kyo Hunter? Nossa, você é o Kyo Hunter?

–É, por que?

–Nossa cara! Por que? Você é um dos meninos que sobreviveram! Você e Harry Potter foram os únicos a sobreviver a Você-Sabe-Quem!

–Você está falando de Voldemort?

O garoto recuou ao som daquele nome, pareceu a Kyo que ele tinha medo, Kyo tentou se desculpar.

–Foi mal, eu não sabia que você tinha medo.

–Não tudo bem, meu pai pegou a mania de dizer esse nome, mas eu pensei que de todo mundo você...

–Não é que eu queira parecer corajoso, mas eu nunca soube que as pessoas tinham medo.

–Mas você provavelmente cresceu com medo de que ele voltasse...

–Não, eu não sabia de nada até um mês atrás, meus pais são trouxas.

–Nossa, eu pensei que você fosse sangue-puro...

–Não, meus pais não são bruxos, minha tia é que era, mas eu cresci ao lado de Harry, que sempre me escondeu o que era.

–Nossa, você conhece o Harry?

–Claro, ele é meu melhor amigo. E você, o conhece?

–Ele é meu padrinho...

O garoto de repente se voltou para a janela, parecia achar que falara demais. O trem começou a se movimentar, Kyo viu as arvores passarem cada vez mais rápido e a paisagem mudar aos poucos.

–Você tem mesmo a..? –perguntou Tiago depois de algum tempo.

–Cicatriz? Tenho. –Kyo levantou o cabelo e mostrou a cicatriz.

O queixo de Tiago caiu, ele se aproximou para olhar melhor.

–Desculpe... –disse Tiago, baixando o rosto.

Kyo achou que seria melhor puxar assunto:

–Seus pais são bruxos?

–São, minha mãe é francesa, neta de uma veela e meu pai era o melhor amigo de Harry na escola, acho que ainda é.

–Nossa, eu queria ser filho de bruxos... –disse Kyo se perguntando o que era um veela.

–Ah, é bem legal, mas às vezes da vontade de ser trouxa, aproveitar as coisas legais que eles tem.

–É, às vezes é bem legal, mas eu acho que ser bruxo vai ser bem melhor, Harry me disse que não tem lugar melhor que Hogwarts.

–Meu pai também, eu quero chegar lá logo...

De repente eles ficaram em silencio de novo, Kyo olhava para o teto, Tiago pela janela. De repente escutaram uma voz do lado de fora da cabine:

–Estou te dizendo, eu vi Harry Potter e Kyo Hunter conversando na plataforma. –era uma voz arrastada

–Pode ser Willian, mas não vai adiantar sair por ai procurando ele cabine por cabine. –respondeu uma voz feminina.

As vozes se distanciaram, Kyo e Tiago se encararam.

–Quem será que era? –perguntou Kyo para Tiago.

–Não faço a mínima idéia, mas deve ser um boboca querendo fazer amizade com você por causa de sua fama...

Tiago pareceu se dar conta do que falara, e ficou muito vermelho, seu rosto quase sumira debaixo dos cabelos.

–Não que eu tenha tentado fazer amizade com você por causa disso...

–Fica tranqüilo, você não fazia a mínima idéia de quem eu era.

Tiago mostrou ficar aliviado, mas ainda parecia constrangido. Eles passaram o resto da manha conversando, Kyo queria saber cada vez mais sobre o mundo mágico. Já passara e muito do meio-dia quando uma bruxa gorducha e sorridente apareceu à porta da cabine, ela empurrava um carrinho cheio de embalagens estranhas. Tiago sorriu quando olhou para o carrinho.

–Boa tarde. –disse ela.

–Boa tarde. –disseram os garotos.

–Eu tenho bolos de caldeirão, varinhas de alcaçuz, sapos de chocolate, sucos de abóbora....

–Vamos querer tudo! –disseram os garotos em uníssono.

Ambos dividiram o dinheiro para pagar tudo o que compraram, um lugar da cabine foi ocupado pelos doces que compraram, eles se divertiam enquanto comiam. Kyo pegou um sapo de chocolate.

–Esse sapo, não é de verdade, é? –perguntou para Tiago.

–Não, é enfeitiçado para parecer um de verdade, ele só pode dar... –começou Tiago enquanto o sapo pulava das mãos de Kyo pela janela –uma vez.

–Nossa, isso é legal. –disse Kyo, enquanto pegava outro sapo, desta vez sem deixa-lo pular.

–E tem um cromo no fundo.

–Cromo?

–É, cada sapo tem um diferente, eu já tenho todos. Vê ai qual você tirou.

Kyo olhou no fundo da caixinha pentagonal, havia um cromo com uma foto dele, ele leu o que estava escrito: Kyo Hunter o outro menino que sobreviveu, do outro lado do cromo havia uma foto sua, Kyo olhou para ela e a foto piscou pra ele.

–A foto... –começou ele.

–O que é que tem? –perguntou Tiago.

–Ela piscou para mim...

–Isso é normal, todas as fotos se mexem.

–Não as que eu conheço.

–É verdade, você é filho de trouxas. Mas não liga, logo você se acostuma...

Kyo sorriu.

Eles comeram vários bolos de caldeirão, algumas varinhas de alcaçuz, quase todos os bolos de chocolate.

–Nossa, eu nunca comi tanto doces na minha vida... –disse Kyo massageando o estomago.

–É, eu também... –concordou Tiago.

De repente a porta se abriu, um garoto de cabelos louros e olhos cinzentos estava ali, seu rosto era fino e pálido, atrás dele haviam dois brutamontes e uma garota, muito parecida com ele, era muito bonita.

–Andei procurando por ai e me disseram que Kyo Hunter está nesta cabine, é verdade? –perguntou o garoto de olhos cinzentos.

Kyo e Tiago se entreolharam, o garoto olhava diretamente para Kyo.

–Sou eu, por quê? –perguntou Kyo.

–Ah, eu sabia, não é difícil identificar um Weasley, logo percebi que era mais um pe rapado. –disse o garoto com um sorriso malicioso.

–Eu não sou um pé rapado. –sussurrou Tiago.

–Claro que não Weasley, seu pai não é o homem de confiança do ministro? –caçoou o garoto.

–O que você quer? –perguntou Kyo, a cada segundo gostava menos do garoto.

–Ah, me desculpe, sou Willian Malfoy, e essa é minha irmã –apontou para a garota –Carla, os dois brutamontes são Crabbe e Goyle.

O garoto estendeu a mão para Kyo, que a ignorou, continuou encarando o garoto.

–Sabe, eu gostaria de ser seu amigo, te mostrar que algumas pessoas em Hogwarts são melhores que outras, –disse e indicou Tiago –como as pessoas de sangue-puro, como eu.

O garoto pôs a mão no próprio peito, um sorriso presunçoso nos lábios. Kyo se aproximou dele, um tipo de fúria correndo por suas veias, ergueu seu dedo e enfiou no nariz do garoto:

–Olha aqui o... Malfoy, eu acho que sei julgar quem é bom ou não pra ser meu amigo, e pelo jeito julgo bem, pois escolhi ser amigo de uma pessoa que em momento nenhum me julgou por ser um completo trouxa, como você me julgaria.

O garoto olhou assustado para Kyo, um espasmo de fúria perpassou pelo seu rosto, ele recuou um passo.

–Você vai se arrepender, Hunter. –disse ele.

–Acho que não, o Tiago nem de longe parece com você.

–Olha essa sua boca, Hunter, ela pode te causar problemas.

–Com você? Acho que eu resolvo.

–Então tenta! –gritou Malfoy.

Kyo não pensou duas vezes, encheu a mão na cara do garoto. Mal recuou sua mão escutou um estalo e sentiu como se uma frigideira tivesse batido na sua cabeça, ele cambaleou e se largou no sofá da cabine.

–Não toque no meu irmão. –disse a irmã de Willian, tinha sua varinha em punho e apontava para Kyo ameaçadoramente.

–Nossa, valeu Carla, esse cara é realmente um trouxa, partir pra agressão física, droga... –Willian limpava o sangue que escorria de seu nariz.

Willian se adiantou em direção aos doces dos garotos que estavam ao lado de Kyo, Kyo segurou a mão dele.

–O que você pensa que está fazendo? –disse ele massageando o cocuruto da cabeça.

–Pegando os seus doces, os nossos já acabaram. –disse Malfoy, displicente.

–Nada disso! –exclamou Kyo.

–Deixe-o pegar... –começou Carla.

A garota se virou e guardou a varinha, recuou um passo e fez sinal para que Malfoy saísse da cabine.

–Posso saber o que está acontecendo aqui? –perguntou uma voz feminina, Kyo se lembrou vagamente dela.

Uma garota de cabelos castanhos e lanzudos presos num rabo de cavalo e olhos muito verdes, ela apontava a varinha para a irmã de Malfoy, que parecia estar com medo, Kyo a reconheceu:

–Você não é a recepcionista da clinica?

–Eu sou... –começou ela –Kyo Hunter?

–É, sou eu, mas o que você está fazendo aqui? –perguntou Kyo.

–Eu estudo em Hogwarts, estou no sétimo ano.

–Nossa, será que todo mundo sabia sobre Hogwarts, menos eu?

A garota olhou para Kyo. Willian e seus capangas aproveitaram para sair fora.

–Você tá no primeiro ano, não é? –perguntou a garota.

–Acho que sim.

A garota olhou para Tiago, Kyo achou que deveria apresenta-los.

–Ah, esse ai é o Tiago, Tiago Weasley, e essa é... –Kyo fez força para se lembrar do nome da garota.

–Letícia Longbotton. –disse a garota.

–Ah, é isso mesmo. –se envergonhou Kyo.

–Deixa eu ir, minha irmã está sozinha na cabine, ela também está no primeiro ano. –a garota foi embora, Kyo e Tiago ficaram olhando para a porta.

–É sempre ruim ser atingindo por um feitiço? –perguntou Kyo.

–Não sei, nunca fui atingido por um...

–Então deve ser ruim...

–Agora só falta a Sarah aparecer... –disse Tiago, viajando para outro lugar, Kyo supôs que era um ponto longínquo da memória do garoto.

–Quem é Sarah? –disse Kyo se largando no seu lugar.

–É uma amiga minha, depois eu te apresento...

Mal o garoto disse isso a porta da cabine se abriu novamente, uma garota de olhos negros e cabelos castanhos e lanzudos apareceu, era muito bonita e já usava as vestes da escola, as pernas dela estavam meio amostra pelo tamanho da saia da escola, Kyo sentiu uma pontada no ventre. Ela meio que olhava para o chão, então não reparou em quem estava na cabine.

–Vocês não viram um gato por ai? A garota da cabine oitenta e três perdeu o dela...

–Sarah? –perguntou Tiago.

A garota ergueu o rosto que se iluminou num sorriso, ela correu a abraçar Tiago.

–Nossa, Ti, faz tanto tempo! –exclamou ela.

–É, desde os dez anos, sua mãe resolveu se mudar para a Bulgária!

–Ela foi morar na antiga casa do meu pai. –disse a garota soltando Tiago e olhando nos olhos dele.

–É, e me deixou longe da minha única amiga. –exclamou Tiago.

–Eu também estava longe de você, acha que eu gostei?

–Sei lá...

Kyo apenas olhava, os dois provavelmente eram velhos conhecidos, Kyo achou que Tiago provavelmente podia ver o futuro, pois mal acabara de dizer o nome da garota e ela aparecera.

–E quem é o seu amigo? –perguntou Sarah.

–Ah, é o Kyo, Kyo Hunter.

A garota teve que recolocar seu queixo no lugar, Kyo sentiu-se constrangido, já não estava mais gostando de ser reconhecido por todos, era chato que todos soubessem quem ele era, menos ele mesmo.

–Nossa, é ele mesmo? –perguntou Sarah.

–É, mas não fica assim, acho que é chato ser reconhecido por todo mundo. –disse Tiago, Kyo sentiu que não podia ter arrumado um amigo melhor.

–Foi mal. –disse a garota para Kyo.

–Tudo bem, acho que vou ter que me acostumar.

Tiago e a garota ficaram se encarando, Kyo queria que Tiago dissesse o nome dela, apesar de já saber. Como o garoto não disse nada, Kyo se adiantou:

–Seu nome é Sarah, certo?

–Ah, é, o Tiago é meio lento com essas coisas... –disse a garota, deixando Tiago muito vermelho.

–Legal, er... –Kyo não sabia o que dizer, seus olhos se dirigiram às pernas das garotas e ele não conseguiu se frear: –você é muito bonita.

–Ah, valeu, você também... –Kyo ficou muito vermelho, mas não tanto quanto a garota, que tinha a pele muito pálida.

Kyo reparou que Tiago estava ficando constrangido, ou até mesmo nervoso, Kyo não sabia se por ciúmes ou por falta de atenção.

–E então, do que você falava mesmo? –perguntou Kyo mudando de assunto. –Quem perdeu o que?

–Ah, a garota da cabine oitenta e três perdeu o gato dela, eu acabei esquecendo... –disse a garota, a aflição lhe estampando o rosto.

–Aqui não entrou nenhum gato, entrou, Kyo? –perguntou Tiago.

Kyo encolheu os ombros e fez sinal negativo com a cabeça.

–Tudo bem, –disse Sarah –a gente se vê em Hogwarts.

Ela ia saindo da cabine, mas voltou e olhou para as roupas do garoto, Kyo achou que ela não gostara dos seus jeans.

–Se eu fosse vocês eu me trocaria, tá ficando tarde e nós chegaremos daqui a pouco. –ela indicou a janela, realmente escurecia, apesar de Kyo achar que eram apenas as nuvens pesadas que cobriam o céu.

Os garotos pegaram suas vestes nos malões e se trocaram, Kyo achou que ficou muito esquisito com as vestes negras de Hogwarts, mas não tanto quanto Tiago, cujos cabelos vermelhos pareciam mais chamas.

Eles passaram mais algum tempo conversando, Tiago contava sobre sua amizade com Sarah desde o nascimento da garota, que era dois meses mais nova que ele. O garoto praticamente confessara que gostava da garota, o que Kyo achou engraçado, nunca acreditara no amor, principalmente porque nunca o experimentara.

Kyo e Tiago resolveram dar uma volta pelo trem, haviam ficado enfurnados o dia inteiro na cabine. O trem estava bem movimentado, quase todos os alunos pareciam ter resolvido dar uma voltinha, Kyo teve que se desviar de umas cinco garotas que corriam pelo corredor.

–O que está acontecendo? –perguntou Kyo.

–Sei lá, deve ser alguém aprontando alguma coisa pelo corredor...

–Vamos lá ver?

–Ah, não sei...

Kyo não esperou que Tiago terminasse a frase, pegou o braço do garoto e o puxou para o meio da multidão. Era muito complicado passar pela multidão, Kyo reparou que varias pessoas se esqueceram de terminar de colocar a roupa, inclusive algumas garotas, que Kyo achou um pouco... é melhor não falar, mas ele teve que admitir que gostou.

Finalmente chegaram a fonte do tumulto, três raposas dançavam alegremente no meio de um vagão sem cabines, as pessoas em volta riam e cantavam, muitos curiosos, como eles, esticavam os pescoços para verem melhor, Kyo se perguntou aonde àquelas raposas aprenderam a dançar.

–Por que será que eu sabia que eram vocês? –perguntou Tiago com uma nota de tédio na voz.

As três raposas pararam de dançar imediatamente e encaram Tiago, Kyo podia jurar que elas estavam rindo, de repente, como num passe de mágica (?) elas se ergueram e nos seus lugares apareceram trigêmeos ruivos de cabelos até o meio do rosto e muito altos, tinham um físico bem desenvolvido, os três riam de Tiago.

–Ah, qual é Tiago? Deixa a gente zoar.

–É isso ai, você é pior que o tio Percy!

–Parece até um irmão chato! Ei, peraí... você é um irmão chato!

–Eu posso até ser chato, –disse Tiago, irritado –mas a não ser que você tenham se esquecido a mamãe disse que se ficar sabendo que vocês andaram se transformando no a escola ficariam de castigo até suas barbas ficarem maiores que as de Dumbleodore!

Os trigêmeos ficaram muito vermelho, Kyo temeu que seus rostos desaparecessem em meio aos cabelos.

–Foi mal, cara, mas acho que ter barbas maiores que as de Dumbleodore é meio impossível. –disse um dos gêmeos, tentando fazer graça.

–Calma Felipe, são só uns cem anos, nada que uma bela poção do sono não nos ajude a enfrentar sem perceber. –disse o outro.

–Assim não vai ter graça, se ficarmos cem anos dormindo o tio Jorge e o tio Fred vão inventar coisas muito melhores que as nossas! –completou o terceiro.

–Ai, isso é serio. –insistiu Tiago.

–Ah, falou. –disse o gêmeo do meio.

–Beleza. –disse o da direita.

–Certo, –disse o terceiro, o único que pareceu reparar na presença de Kyo –mas quem é o deslocado?

–Ah, esse aqui é o Kyo. –disse Tiago.

–Aê, cara, beleza? –perguntou o gêmeo que reparou nele.

–Nós somos os trigêmeos Weasley, o barulho de Hogwarts, eu sou Felipe, aquele é o Renan –apontou para o gêmeo que reparou em Kyo e finalmente apontou para o terceiro– e o outro é o Ciro.

Eles fizeram algum tipo de sonoplastia tentando imitar trombetas. Todos à volta riram, até mesmo Tiago que estava muito serio não conseguiu se conter. Tiago virou as costas e foi embora, Kyo correu atrás dele, com os trigêmeos em seus calcanhares.

Quando entraram na cabine encontraram Sarah sentada lá dentro.

–Onde vocês foram? –perguntou a garota com severidade.

–Qual é? Você é minha dona? –perguntou Tiago com ignorância.

–Não sei, acho que depende de você.

–Uie!!! –disseram os trigêmeos Weasley em uníssono.

–Nós fomos...–Tiago parou para pensar um pouco– acabar com a festa de umas raposas.

Os trigêmeos Weasley caíram na gargalhada, assim como Kyo, que não pode se conter.

–Não entendi. –disse a garota.

–Deixa pra lá. –comentou Kyo, entre risos.

–Então, o que você queria mesmo? –perguntou Tiago, Kyo teve a impressão de que ele estava com vergonha de a garota ter se imposto sobre ele.

–Ah, eu tava andando pelo trem e resolvi parar aqui. –explicou a garota.

–E é assim? Você simplesmente para aqui, sem mais nem menos? –perguntou Kyo.

–É mais ou menos, você não liga, não é? –continuou a garota.

–Ah, não, imagina, eu não me incomodo... –Tiago fez uma careta de hipocrisia.

–Ai, se eu fosse você ia dar um role, não vai querer ver esses dois brigando, principalmente por motivos bestas como esse. –disse um dos gêmeos, Kyo imaginou que fosse o Renan.

–Por que?

–Só pra você ter uma idéia na ultima briga ela bateu nele com um abajur carnívoro do pai dela. –disse um outro que Kyo desconfiou ser Felipe.

Os outros dois concordaram com a cabeça e saíram da cabine. Kyo, ao ver que Sarah já tinha a varinha em punho resolveu dar uma volta também. Ao fechar a cabine viu a garota do banco, ela andava pelo corredor, vinha em sua direção, ele queria falar com ela, se prontificou, ajeitou o no da gravata, de modo que ele parecesse bem largado,deu o primeiro passo e, de repente, escutou uma explosão em sua cabine. Virou-se, abriu a porta e entrou.

Tiago e Sarah tinham as varinhas em punhos, um apontava para o outro, ambos cobertos por fuligem, havia uma coruja parda no banco da cabine. Kyo, o mais devagar que pode, estava com medo de que um deles resolvesse ataca-lo, pegou a coruja, havia uma pequena carta amarrada na perna, ele desamarrou e leu:

Olá querido,

Eu sei que nos despedimos a pouco, mas seu pai achou que seria bom se você tivesse uma coruja, para que pudéssemos nos comunicar, comprei essa porque alem de bonita é bastante resistente a viagens longas, bom acho que é só isso, até mais ver,

Um abraço apertado,

Sua mãe.

–Tiago é pra você. Da sua mãe. –disse Kyo entregando a carta para Tiago.

Tiago pegou a carta e a leu, olhou para Kyo, seus olhos brilhavam:

–Uma coruja...

–E o que é que tem? –perguntou Sarah.

–Eu nunca tive uma coruja, meus pais sempre me proibiram. –respondeu o garoto.

–E por que? –perguntou Sarah novamente.

–Eles achavam que era perigoso um garoto de treze anos ter uma coruja, pelo menos minha mãe achava.

–Ah, sei lá, tem seus fundamentos, –disse Kyo –algumas corujas são realmente perigosas, podem até arrancar um olho.

–Isso é fantasia trouxa! –exclamou Sarah. –eles maltratam as corujas e dizem que elas atacaram aleatoriamente.

De repente eles sentiram o trem tremer um pouco mais do que o normal, Sarah olhou pela janela, Kyo também, estava muito escuro lá fora, Sarah, retirando sua varinha de dentro das vestes, girou-a no ar e um tipo de relógio apareceu.

–Já são oito horas. –disse a garota.

–Oito horas? Já? Como? –perguntou Kyo, que não entendera como o tempo pode passar tão rápido.

–Sei lá, acho que a gente ficou conversando e não viu o tempo passar. –disse Tiago, olhando serio para o relógio que Sarah conjurara. –Onde você aprendeu isso?

–Minha mãe me ensinou, ela disse que iria ser útil, é melhor que andar com um relógio. –disse a garota.

Kyo olhou para o próprio relógio de pulso, se sentira mal, se era mesmo um bruxo, porque estava usando um relógio?

–E não tem nenhuma palavra mágica? –perguntou Tiago, a própria varinha em punho.

–Tem, mas não da pra ensinar agora, o trem já vai parar... a garota apontou pra fora.

Era verdade, as coisas, apesar de desfocadas pelo escuro, passavam cada vez mais devagar. Kyo subiu no banco para pegar seu malão, mas Tiago o impediu:

–O que você está fazendo?

–Pegando meu malão, eu acho.

–Não precisa, os elfos vão leva-los. –disse Tiago.

–Ah, então tá.

–Vocês deviam se envergonhar, –disse Sarah asperamente –fazer os pobres elfos ficarem trabalhando assim, tsk, tsk, tsk.

–Ah, se é assim, então vai lá pegar o seu. –disse Tiago, a malicia brilhando em seus olhos.

–Ah, er... minha cabine está muito longe.

–Hu-hum, mente que eu gosto.

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